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terça-feira, 1 de novembro de 2016

PERSONALIDADE RELIGIOSA - ALAN KARDEC


Espiritismo. Mas, afinal o que é o espiritismo? É ciência como querem alguns? É filosofia ou Religião? Seu fundador codificou o espiritismo em cinco livros: O livro dos Espíritos (1857), O livro dos Médiuns(1859), O Evangelho Segundo o espiritismo (1863), O céu e o inferno (1865) e a Gênese (1863).

Sua origem data do século XIX, época em que o então professor e pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804/1869), adotando o pseudônimo de Allan Kardec, concentrou em cinco obras básicas ensinamentos colhidos a partir dos depoimentos de várias pessoas tidas como tendo a faculdade de se comunicar com os chamados "mortos" em vários países, os quais foram atribuídos aos chamados "espíritos superiores" também denominados "espíritos mais evoluídos".

O Espiritismo defende a interação incessante dos seres espirituais, os quais são denominados "desencarnados" na vida cotidiana e procura expor uma explicação racional comprovável por estudos científicos para diversos fenômenos paranormais, desde a existência e comunicação com os espíritos até a existência de Deus.

O termo espiritismo (do francês "espiritisme") surgiu como um neologismo, mais precisamente um "porte-manteau", criado pelo pedagogo francês Rivail, sob o pseudônimo de "Allan Kardec", para nomear especificamente o corpo de idéias por ele sistematizadas inicialmente em "O Livro dos Espíritos" (1857). E é sobre ele, Kardec, considerado o "pai do espiritismo moderno", que irei falar nesse capítulo da série especial Personalidade Religiosa.

O Professor Rivail


Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, nasceu como Hippolyte Léon Denizard Rivail, em Lyon, na França, dia 03 de outubro de 1804.

Recebeu desde o berço educação primorosa. Muitos de seus antepassados distinguiram-se na advocacia e na magistratura por seu talento e elevada moral. Ele, no entanto, sentiu-se atraído, desde a juventude, para a Ciência e a Filosofia.

Fez os primeiros estudos em Lyon e em seguida enriqueceu sua bagagem cultural em Yverdon, na Suíça, com o célebre educador [Johann Heirich] Pestalozzi (1746/1827). No Instituto Pestalozzi desenvolveu as ideias progressistas do Positivismo, que o colocariam mais tarde no roll dos mais célebres livres pensadores que a humanidade conheceu.

Voltou à França bacharelado em Letras e Ciências. Como linguista notável, falava corretamente, além do francês, o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol. À Rue de Sèvres, 35, em Paris, fundou uma instituição de ensino, onde ministrava Química, Física, Astronomia e Anatomia Comparada. Não cobrava daqueles que não podiam pagar, revelando, desde cedo, seu caráter humanitário.

Publicou uma rica série de obras na área de educação, principalmente versando sobre matemática e gramática francesa, numa demonstração de rara versatilidade, iniciando, aos 20 anos de idade, com a edição do Curso Prático Teórico de Aritmética.

Várias de suas respeitadas obras foram integradas ao currículo de estudos da Universidade de França. Em 1849, no Liceu Polimático, rege as cadeiras de Fisiologia, Astronomia, Química e Física.

Espiritualidade


O Professor Rivail era um espírito cético, respeitado por toda a classe acadêmica pelo senso crítico e sua imparcialidade, características marcantes de seu caráter firme e resoluto.

Temperamento infenso à fantasia, sem instinto poético nem romanesco, todo inclinado ao método, à ordem, à disciplina mental, praticava, na palavra escrita e falada, a precisão, a nitidez, a simplicidade, dentro de um vernáculo perfeito, escoimado de redundâncias. 

Camille Flammarion (astrônomo, pesquisador psíquico e divulgador científico francês - 1842/1925) denominou-o: "O bom senso encarnado".

Sua obra


Após 50 anos de preparação acadêmica e moral, Hippolyte Léon Denizard Rivail seria convocado pela espiritualidade para codificar a Doutrina Espírita.

Em 1854, ouviu falar, pela primeira vez, em mesas girantes. Rivail, que estudara durante muitos anos o magnetismo mesmeriano, acreditou tratar-se de um fenômeno magnético. "É com efeito muito singular, - diz Rivail - mas, a rigor, isso não me parece radicalmente impossível. O fluido magnético, que é uma propriedade da eletricidade, pode perfeitamente atuar sobre os corpos inertes e fazer com que eles se movam."

Logo mais tarde o magnetizador Fortier volta a falar com Rivail e lhe diz que as mesas não só se movem, mas pensam, respondem perguntas. O cético Rivail diz a Fortier: "Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode se tornar uma sonâmbula." No início do ano de 1855 o Sr. Carlotti diz a Rivail que, no fenômeno das mesas, há influência das almas dos mortos.

A primeiro de maio de 1855, Rivail presencia uma suposta manifestação espiritual. Uma "alma evocada" pelo magnetizador Carlotti "se comunica" através da médium Sra. Roger. A despeito de seu ceticismo, rendeu-se à evidência da comunicabilidade dos espíritos, convencido pela característica inteligente das comunicações. Diz Rivail que "a honradez da médium e a dignidade do magnetizador produziram em mim súbita conversão à Escola Espiritualista. Eu tinha dado um avanço para a Verdade."

A oito de maio Rivail presencia o fenômeno das mesas girantes. "O mais notável acontecimento da minha vida", declarou ele.

Rivail passou a frequentar as reuniões, no entanto não se sentia à vontade, pois enquanto muitos se entretinham em questionar os Espíritos sobre as insignificâncias do mundo material, Kardec se remoía no desejo de transformar aquela mesa numa cátedra. Ele via, ali, uma revelação transcendental, muito além de mera manifestação mecânica.

Uma noite, manifestou-se Zéfiro, declarando-se seu "espírito protetor". Contou-lhe que o conhecera em uma existência anterior, no tempo dos Druidas, na Gália, quando Rivail teria se chamado Allan Kardec. Zéfiro revelou a Rivail sua missão de Codificador da Doutrina Espírita, para a qual seria convocado pelo chamado "espírito de verdade".

Certa feita, perguntou a Zéfiro se lhe era possível evocar o espírito Sócrates. Para espanto dos presentes, a resposta foi positiva. "Você já o consulta amiúde mentalmente", diz Zéfiro.

Em seguida, recebem, através da "Tupia", a mensagem de Sócrates: "A verdadeira Filosofia dos espíritos adiantados só poderá ser revelada ao que for digno de receber 'a verdade'."

Semanas mais tarde Kardec pergunta o que deve fazer para receber a missão, e obtém como resposta: "O bem, e dispor-se a suportar corajosamente qualquer provação para defender a 'verdade', ainda que precise... beber cicuta". Kardec insiste em saber se está apto ao cometimento.

Resposta: "A nossa assistência não te faltará, mas será inútil se não fizeres o que for necessário. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos encarniçados se conjurarão para tua perda; ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos que te parecerão os mais dedicados; terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício de teu repouso, da tua saúde, da tua vida.",

Kardec responde, simplesmente: "Aceito tudo, sem restrição e sem idéia preconcebida. Está em tuas mãos a minha vida. Dispõe do teu servo."

O método


O Professor Rivail percebeu a futilidade das pessoas que participavam das reuniões, apenas interessadas em divertir-se. Percebeu também que a presença da jovem Caroline Baudin influenciava na qualidade das manifestações.

Já percebera, então, que os Espíritos eram apenas as almas dos mortos, que não diferiam das almas dos vivos. Alguns sérios, outros galhofeiros; uns sábios, outros ignorantes, e que, aos consulentes que demonstravam apenas curiosidade, respondiam Espíritos pouco evoluídos, também interessados em divertir-se.

"Fazia-se mister andar com a maior circunspecção e não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir", diz Kardec.

Passou então a reunir-se em casa do Sr. Baudin, pois percebia que a serenidade do ambiente e das pessoas facilitava a manifestação dos bons Espíritos. "Tratava os espíritos como tratava os homens."

Morte


Já com cerca de oito milhões de seguidores, faleceu em Paris, a 31 de março de 1869, aos 64 anos de idade, em decorrência da ruptura de um aneurisma, quando trabalhava numa obra sobre as relações entre o Magnetismo e o Espiritismo, ao mesmo tempo em que se preparava para uma mudança de local de trabalho.

Conclusão


Atualmente, o trabalho iniciado por Kardec tem 13 milhões de seguidores no mundo. A maioria, 3,8 milhões, está no Brasil. Nossos espíritas têm os melhores indicadores socioeducacionais dentre os fiéis de todas as religiões praticadas no país – 31,5% deles têm nível superior completo, segundo o IBGE. Entre 2000 e 2010, eles saltaram de 1,3% da população para 2%. O sucesso nos cinemas é resultado da boa imagem da religião: em 2010, "Chico Xavier", a biografia do médium mais famoso do século 20, alcançou 3,4 milhões de espectadores e "Nosso Lar", no mesmo ano, chegou a 4 milhões.

Mas o que explica essa adesão massiva a uma doutrina que se equilibra entre a religião e a ciência no maior país católico do mundo? 
"O Brasil tem uma tradição de religiosidade popular muito aberta ao contato com a vida após a morte e a comunicação com espíritos. As classes média e alta não podiam contar com as religiões de origem africana ou indígena como expressões formais de sua fé. O kadercismo, com seu berço francês, satisfez essa necessidade", 
afirma John Monroe, historiador e professor da Universidade de Iowa.

É bem sabido que o darwinismo suscitou uma grande onda racista. Pois se a luta pela sobrevivência causava a seleção das espécies, a luta entre as raças causaria o aperfeiçoamento da espécie. Assim, o nazismo foi um dos efeitos do darwinismo.

Pois é, mas o que, porém se deixa à sombra, é a influência do darwinismo no racismo de Allan Kardec. Kardec, foi um homem que aprendeu bem mal a Gnose típica das sociedades secretas a que pertenceu. Nessas sociedades do século XIX, se ensinava uma doutrina mais ou menos influenciada pelo romantismo, doutrina em geral originada do cabalista Jacob Boehme (filósofo místico luterano alemão, 
✟1575/✩1624). Se Kardec aprendeu mal essa doutrina teosófica e romântica, ensinou-a pior ainda. Daí nasceu o sistema gnóstico grosseiro e cheio de contradições do espiritismo moderno.

Lendo os livros de Kardec, tem-se a impressão de ler textos de um aluno de ginásio que, não tendo compreendido bem a lição que recebeu, e com presunção própria aos ignorantes, escreve obras sem nexo, contraditórias e mal feitas. O resultado é uma Gnose de "basse cour", isto é, uma "gnose de galinheiro". Por ela se passa pisando como em "lama" pseudo intelectual.

Pois lendo - com repugnância - o livro A Gênese de Allan Kardec (Ed . Lake, São Paulo, 1a edição, comemorativa do 100º aniversário dessa obra) pode-se encontrar o seguinte texto, escandalosamente racista, do fundador do espiritismo moderno:
"O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso (sic!). 
Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados" [Allan Kardec, A Gênese, ed. cit. p. 187, o sublinhado e o negrito são meus].

Kardec afirma aí o mais grosseiro e brutal racismo. Ou seja, para Kardec e para os espíritas, também os amarelos (japoneses, chineses, etc.), teriam que se reencarnar em "raças superiores" ou "mais adiantadas". Hitler não diria muito diferente.

E Allan Kardec, esse racista bruto e grosseiro, pretendia que sua palavra fosse superior à Palavra de Deus, na Sagrada Escritura,pois ele escreveu:
"A reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição; só os Saduceus, que pensavam que tudo acabava com a morte, não acreditavam nela. As idéias dos Judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não estavam claramente definidas, porque não tinham senão noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo. Eles acreditavam que um homem que viveu podia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato podia ocorrer; designavam pela palavra ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação" [Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, Instituto de Difusão Espírita, Araras 1978, p. 59. O negrito e o sublinhado são meus.].
Portanto Allan Kardec se considerava mais "judicioso" do que a Bíblia, porque, naquilo que os autores inspirados por Deus "erraram", ele Kardec elucidou. Além de ser, então, um racista brutal e grosseiro, Allan Kardec era um presunçoso soberbo, que se colocava até mesmo acima da Bíblia.

[Fonte: Kardec: A Biografia, Marcel Souto Maior, Record, 2013; História do Espiritismo, Arthur Conan Doyle, Pensamento, 2004; ABC do Espiritismo, Victor Ribas Carneiro, Federação Espírita do Paraná, 1996; Para Entender Allan Kardec, Dora Incontri, Lachâtre, 2004]

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