A IGREJA OU SUA FAMÍLIA, QUAL É MAIS IMPORTANTE?

• O que é Família: Designa-se por família o conjunto de pessoas que possuem grau de parentesco entre si e vivem na mesma casa formando um lar. Uma família tradicional é normalmente formada pelo pai e mãe, unidos por matrimônio ou união de fato, e por um ou mais filhos, compondo uma família nuclear ou elementar.

• O que é Igreja: Igreja, do latim ecclesia, é um templo cristão, é o local da pregação dos ensinamentos de Cristo, obedecendo os princípios da ética cristã. Igreja é o conjunto de fiéis unidos pela mesma fé e que celebram as mesmas doutrinas religiosas. Em sociologia Igreja é um grupo religioso organizado e institucionalizado.

Existe muitos que ensinam que "a Igreja vem em primeiro lugar, depois a família e ponto final" e para isso justificam este pensamento na passagem bíblica "Quem não deixar pai e mãe, irmãos, casa, campos por amor de mim, não verá o Reino de Deus" – Marcos 10:30,31. Não preciso dizer que trata-se de mais um clássico caso de texto isolado do seu contexto, não é mesmo? Mas, o que diriam deste texto: ⇩

"Se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente"  – 1 Timóteo 5:8.

Com este versículo gostaria de abordar este assunto esclarecendo o seguinte:

1. A Igreja é importante, pois o Senhor a instituiu, porém a mesma é composta de famílias.
2. A Igreja é importante, pois é através da mesma é que os princípios de vida cristã são ensinados, através da doutrina da Palavra de Deus, a Bíblia; porém é na família que os fundamentos devem ser alicerçados.
3. Na Igreja é onde devem estar os verdadeiros homens e mulheres de Deus chamados para o exercício dos dons ministeriais; porém é na família que eles nasceram seguindo o exemplo de seus pais na vida de fé.
4. A Igreja é o lugar da união de pessoas que se dizem cristãs, ou seja, seguidoras de Jesus Cristo, porém é na família que esta unidade deve ser ensinada e vivida.
5. A Igreja (templo) é o local onde as famílias se reúnem em comunhão para adorar o Senhor, porém é na família que o altar de Deus encontra as vidas.

Templo ou Vida, eis a questão

É bom lembrar que a Igreja como nós a conhecemos, um templo de quatro paredes não era a prioridade na Igreja primitiva. As Igrejas se reuniam nos lares. O lar era um permanente seminário de instruções cristãs, onde os preceitos, onde os mandamentos, os ensinos do Senhor eram aprendidos para serem praticados no dia a dia.

Infelizmente hoje a realidade é bem diferente. Os lares não estão cumprindo o seu papel na instrução dos verdadeiros valores de Deus. De fato alguns colocam a Igreja (a denominação, a placa) como prioridade, talvez por não sentirem a presença de Deus em suas próprias casas. Os homens como sacerdotes – salvo as exceções  –, não estão cumprido o seu papel de sacerdotes de suas famílias. 

Eles precisam levá-las ao templo para que outros ministrem a elas. Os filhos não estão recebendo orientação bíblica em suas casas. Pela misericórdia de Deus quando alguns se convertem necessitam de famílias espirituais diferentes da sua de origem, para receberem delas cuidado e proteção espiritual. Não deveria ser assim.

É a partir da família que o alicerce deve ser fundamentado. A família em torno da Palavra, dos cânticos, do testemunho, da comunhão e oração. É com pesar que concluímos que muitas Igrejas estão doentes. Doentes por que? Porque suas famílias não recebem alimento diário. Este alimento só é dado nos finais de semana. Durante a semana ficam famintas porque a leitura, o estudo da Palavra e a oração estão sendo negligenciadas em seus próprios lares.

Pastor na Igreja, "lobo" em casa

Outro dado também alarmante é o que diz respeito à família pastoral. Pastores espalhados neste mundo que têm um enorme zelo em alimentar as famílias de sua Igreja, mas que deixa a sua própria faminta. Nos cultos, nas classes de escola bíblica, transformam-se em homens santos, poderosos na oração. 

São mestres na hora de expulsar os demônios, porém em casa não são sacerdotes. Maltratam suas esposas, espancam os seus filhos e se transformam totalmente. Estes homens em nome de sua denominação e até em nome de Deus abrem os seus pulmões e dizem: "A Igreja vem em primeiro lugar, depois a família e ponto final". Estes tais  – que, infelizmente, não são poucos – devem desconhecer: ⇩

"Esta é uma declaração digna de todo crédito: Se alguém almeja o episcopado [equivalente a 'pastoreio'], de fato, deseja algo excelente. É fundamental, pois, que o bispo [equivalente a 'pastor'] seja irrepreensível, marido de uma só esposa, equilibrado, tenha domínio próprio, seja respeitável, hospitaleiro, capacitado para ensinar; não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas sim amável, pacífico e não amante do dinheiro. 

O bispo deve também governar bem sua própria família, sabendo educar seus filhos a lhe serem submissos com todo o respeito. Porquanto, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da Igreja de Deus? Não deve ser recém convertido, a fim de que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o Diabo. Também é necessário que tenha bom testemunho dos de fora, para que não seja envergonhado nem caia na armadilha do Diabo"   –  1 Timóteo 3:1-7 (VKJA, grifos meus).

Amados do Senhor. A instrução que você está recebendo neste momento tem o seu respaldo bíblico. A Palavra de Deus nos diz ainda: "...mas se alguém não cuida dos seus e principalmente dos de sua família negou a fé e pior que o incrédulo"   – 1 Tm 5:08. Depois de Deus, vem a família e a seguir a Igreja. A família em relação aos dogmas, ao exercício ministerial, à denominação, às atividade eclesiásticas... precisa estar na frente.

Que adiantaria, por exemplo, eu como pastor ganhar inúmeras famílias para Cristo, e perder a minha para o diabo? E esta é a triste realidade na vida de muitos pastores.

Deus, o Lar e a Igreja

A ordem dos fatores nesse caso aqui altera toda a sentença. A Igreja deve ser a extensão lar. Se adoro na Igreja, devo adorar em meu lar; se ensino na Igreja devo, ensinar em meu lar; se mantenho comunhão com outras famílias na Igreja, eu devo também ter comunhão com os da minha casa... Por não observar estas verdades é que vemos tantos relacionamentos frustrados, tantas famílias desunidas, destruídas, divididas, angustiadas, tristes, espiritualmente mortas... longe de Deus.

Eu tenho o pensamento que um trabalho de evangelismo e até mesmo missionário deve ter o seu ponto de partida em nossa casa, em nosso lar. Precisamos levar cada componente de nossa casa ao conhecimento de Cristo Jesus, urgentemente. Alguns se justificam citando a passagem bíblica em que Jesus disse: "Não há profeta sem honra, a não ser em sua própria terra, e em sua própria casa" (Mateus 13:57). Eis-nos defronte de mais um caso de versículo isolado do seu contexto.

Esse ilustres se expressam assim para poder continuar agindo em duplicidade em suas vidas. Ou seja, querem usar a própria Bíblia para respaldá-los na prática de pecados. Amados, devemos ser uma expressão de Cristo, uma mesma pessoa na Igreja e dentro de casa. Não devemos usar máscaras. Devemos ser transparentes, devemos ser nós mesmos. Aqui, vale o conselho do apóstolo Paulo: "Sede meus imitadores como eu sou de Cristo!" (1 Coríntios 11:1).

Conclusão

A Igreja somos nós. A Igreja não são quatro paredes. São pessoas lavadas e remidas pelo sangue do cordeiro. A verdadeira Igreja é composta de santos, isto é de indivíduos santificados pela Palavra do Senhor e/ou separados para aprendê-la e praticá-la. Não são poucos obreiros por aí que gastam noites de oração em vigílias, sobem e descem montes  buscando ao Senhor. São bons pregadores, expositores da Palavra por excelência, mas em seus lares parecem  – ou são até piores   –  que outras pessoas às quais chamam de ímpios. Eu tenho as minhas dúvidas com base na Palavra se o Senhor os atendem.

Que Deus nos ilumine debaixo de sua Graça, de sua unção para reconhecermos que a nossa família tem prioridade em relação ao cuidado que julgamos ter com a nossa Igreja. Deus tenha misericórdia do seu povo chamado cristão, ou seja, seguidor, imitador de Jesus Cristo. Não faz sentido vivermos em duplicidade. É indigno viver em tamanha hipocrisia.