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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

OBSTINAÇÃO: A TÊNUE LINHA ENTRE A FÉ E A TEIMOSIA


"E o SENHOR advertiu a Israel e a Judá, pelo ministério de todos os profetas e de todos os videntes, dizendo: Convertei-vos de vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos e os meus estatutos, conforme toda a lei que ordenei a vossos pais e que eu vos enviei pelo ministério de meus servos, os profetas. Porém não deram ouvidos; antes endureceram a sua cerviz, como a cerviz de seus pais, que não creram no SENHOR seu Deus" - 2 Reis 17:13,14

  • Significado de Obstinação


s.f. Afeição excessiva às próprias convicções, ideias, pensamentos etc. Grande persistência para resolver algo ou alcançar algum objetivo. Ação que expressa essa persistência. Ação de se prender com empenho a alguma coisa; teimosia (Etm. do latim: obstinatio.onis).

Fomos chamados para dar frutos bons e permanentes (João 15:16). Infelizmente muitas são as gerações que passaram pela história do cristianismo deixando pegadas negativas de uma vida pautada na obstinação. Pior ainda é imaginar que não se trata de pessoas leigas quanto aos princípios do cristianismo, até porque o próprio conceito de obstinação já sugere que aquele que a pratica é conhecedor das normas e diretrizes, porém, não se deixa convencer do caminho certo e mantém-se persistentemente no ato de teimosia. 

Portanto, veremos como Deus enxerga a obstinação e que efeitos essa prática provoca na vida do crente.Como podemos definir uma pessoa obstinada? Podemos dizer que se trata de uma pessoa teimosa, que não cede, mas também podemos defini-la como persistente ou perseverante. Quando dizemos que uma pessoa é teimosa o sentido é pejorativo, porém quando classificamos essa mesma pessoa como perseverante a sensação é agradável, ou seja, quando usamos a palavra obstinação para classificar alguém precisamos ter absoluta certeza do que estamos querendo dizer. 

Entretanto, seja qual for o sentido dessa palavra o que estamos querendo dizer neste artigo é que é necessário haver um equilíbrio em nossas atitudes para que não venhamos a transpor determinados limites e sair da qualidade de pessoas obstinadas (perseverantes) para nos transformar em pessoas obstinadas (teimosas). Já que, a partir do momento que transpomos essa linha tênue, estaremos entrando por uma estrada perigosa que nos levará por caminhos cheios de obstáculos e que marcarão de forma negativa as nossas vidas.

Onde estamos querendo chegar? O que pretendemos com esse artigo? Mostrar que a perseverança, a tenacidade e a persistência têm limites e que, a partir de um determinado ponto vira teimosia, levando as pessoas a persistirem no erro, por isso, precisamos ter a sabedoria de parar, refletir, ouvir e até retroceder e que não adianta continuar insistindo em determinados posicionamentos que precisam ser mudados, pois as consequências serão sérias e nos marcarão de forma implacável. 

A obstinação que Deus desaprova


Deus, através de diversos profetas, advertiu ao povo de que ele estava mergulhado na iniquidade, que precisava mudar e retroceder do seu mau caminho, mas ele não deu ouvido e permaneceu com o seu coração endurecido e continuou a sua caminhada pela tal estrada que leva à destruição. 

E assim é conosco, Deus jamais nos forçará a tomar a decisão de ouvi-lO, de entender que precisamos mudar, de que precisamos nos arrepender e pegar o caminho correto, essa decisão sempre será nossa e Ele sempre estará esperando a nossa resposta, entretanto o que precisamos ter em mente é que, a partir de um determinado ponto, podemos ficar tão longe que pode ser que não dê mais para Ele nos alcançar.

O objetivo desse estudo/artigo é ensinar com exemplos bíblicos, como a obstinação é um pecado que vigora em nossos dias e identificar as variáveis com respeito a murmuração, reclamação, desobediência, fofoca e etc. Mostrar também as consequências de tal pecado florescente nas igrejas e a possível libertação.

"Porém Samuel disse: Tem porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. 
Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Portanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei." - 1 Samuel 15:22,23
A OBEDIÊNCIA é a chave para uma vida de sucesso. A orientação bíblica que recebemos é a de que devemos meditar na Palavra de Deus dia e noite, a fim de não nos desviarmos dela, trilhando assim, o caminho da obstinação (Josué 1:8). Não adianta a gente envolver-se com incontáveis trabalhos em nome de Deus, pensando em agradá-lO, pois se nossa vida não estiver em conformidade com os preceitos bíblicos, não seremos capazes de servi-lO e muito menos de agradá-lO.

a - Deus dispensa holocausto


A Bíblia nos ensina que a oração dos obstinados de coração é abominável para Deus (Provérbios 28:9). Se assim é, tente imaginar como Ele enxerga o sacrifício oferecido por essas pessoas. O capítulo um do livro do profeta Isaías mostra a condição em que Israel se encontrava quando Deus manifestou sua Palavra em forma de julgamento. 

A acusação feita pelo próprio Deus contra o seu povo escolhido é de rebelião absoluta nascida de um coração ímpio e antinatural. Embora a mensagem do Senhor já tivesse sido transmitida por Amós e Oséias, aquele povo obstinado não lhe dera ouvidos, e sua perversidade os conduzira a inúmeras infrações contra Deus. porém, continuavam cultuando e sacrificando em longos rituais que chamavam de "adoração". 

O resultado natural de tudo isso é que o Deus que os guiara continuava desconhecido pelo seu povo e a desgraça tomara conta de toda a nação. A pergunta de Samuel ainda ecoa nos dia de hoje: "Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios?". Ainda há quem pense que rituais e tradições suprem a necessidade que temos de obedecer a Deus incondicionalmente.

b - Deus reprova a oferta da hipocrisia


Saul não obedeceu a determinação de Deus: matou o povo mas poupou o rei Agague e o melhor do rebanho. A ordem era para que se destruísse totalmente os amalequitas e tudo o que eles possuíssem. Quando Samuel perguntou a Saul porque tinha desobedecido, ele alegou: "o povo tomou do despojo ovelhas e vacas, o melhor do interdito, para oferecer ao Senhor teu Deus em Gilgal" (1 Sm 15:21).

Sempre devemos ter em mente que andar no caminho dos Seus mandamentos é melhor do que qualquer forma de religiosidade exterior. Toda e qualquer atitude de devoção, formalidade e tradição religiosa não constituem em motivo para desobediência. O culto que agrada a Deus é uma expressão da vida de quem oferece (Gênesis 4:7). Deus se agradou de Abel e de sua oferta, diferentemente do que aconteceu com Caim. Todavia, o próprio Caim seria aceito caso procedesse bem. Isso quer dizer que Deus não aceita o que procede de um coração obstinado e desobediente, seja de que espécie for a sua oferta: cereal, verdura, dinheiro, ovelha, canções, serviços etc.


Quando a obstinação se torna um pecado


Deus mandou Samuel falar a Saul sobre seu pecado - a desobediência. Foi um encontro dos mais dolorosos da vida de Saul: o rei, um homem culpado querendo esconder sua falta! Porém havia pecado e nenhuma justificativa sanaria esse erro. Aparentemente, o pecado de Saul não passava de um pequeno descuido, mas veja como Samuel classifica suas atitudes:

a - É como a feitiçaria - "Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria"


Paulo mostra que a nossa viagem para o céu pode ser uma luta titânica entre a carne e o espírito (Gálatas 5:17). Quando o crente deseja ser vitorioso nessa luta, o que ele quer tem que ser derrotado pelo que Deus quer. "E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências" (Gl 5:24). A idolatria e a feitiçaria estão quase sempre aliadas e Samuel as coloca juntas no (v. 23). 

Naquela época as bruxas eram exterminadas (Êxodo 22:18; 1 Sm 28:7-9). Deus proibiu que seu povo tivesse alguma relação com o que hoje denominamos "ocultismo" (Deuteronômio 18:9-14). O povo de Deus não devia buscar luz nas trevas! Talvez o melhor equivalente bíblico da palavra "ocultismo" seja a palavra adivinhação: 
"Adivinhação é a tentativa de decifrar a vontade dos deuses com o uso de técnicas de magia. Os pagãos criam que podiam usar a habilidade e o engenho humano para adquirir conhecimento dos deuses sobre certas situações" (Packer, Tenney e White, The Bible Almanac, p. 114-115).
O adivinhador seria aquele que pensa poder jogar a revelação divina fora. Observe que o obstinado de coração também ignora as determinações de Deus, razão porque Samuel compara esse tipo de desobediência com a feitiçaria. Baseados nesse conceito, podemos afirmar que estamos cercados pela feitiçaria! Indivíduos que buscam seguir a própria vontade e achar o seu caminho estão fadados às trevas, pois se desviaram da luz de Deus.

Conclusão


O coração recebe e bombeia o sangue para todas as veias e vasos capilares do corpo. Em Provérbios, recebe a designação de a sede da alma e do espírito, Provérbio 4: 23. Do ponto de vista físico é uma máquina que sustenta a vida, porém, à ótica espiritual, movimenta a vida do Espírito. 

Mas, quando doente, contaminado com o vírus do pecado, é visto como uma bomba-relógio que, ao detonar, provoca a morte espiritual.

A cegueira do coração e a sua determinação para o erro são aludidas nas seguintes expressões: "Tendo conhecimento de Deus não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato" (Romanos 1:21). Uma das finalidades funestas do pecado é ofuscar a visão dos olhos do coração, causando a doença da cegueira espiritual. Na medida em que o coração é obscurecido, perde-se a visão da vontade de Deus e, consequentemente, ampliando-se as obras da carne, o pecado prolifera. O coração obscurecido ignora tanto a graça como o poder de Deus, tornando-os nulos em seu próprio raciocínio.

A obstinação é uma doença que anula o senso do comportamento compatível com a verdade. O sujeito obstinado é teimoso, inflexível e irredutível rumo ao pecado. Prefere não medir as consequências, embora saiba do perigo. Está sempre longe da justiça, Isaías 46:12. A obstinação e o obscurecimento do coração são doenças graves. Uma cega o coração, a outra encaminha o coração para o erro.

O Senhor prova o coração, efetua o diagnóstico e prescreve o remédio certo para a cura. Interiorizar a palavra, conservar o mover do Espírito Santo no âmago, andar e viver no Espírito e estar crucificado com Cristo são os recursos principais no combate ao mal do coração. Outro meio adequado é "rasgar o coração" (Joel 2:13), ou seja, buscar a restauração interior e renovação da mente (Rm 12:2). Isso representa mudança de atitude e a reconquista da sensibilidade espiritual.

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