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sábado, 23 de julho de 2016

"VAIDADE DE VAIDADE... TUDO É VAIDADE"

Numa sociedade moderna como a presente, repleta de inovações, tecnologia, cores e formatos desenvolvidos com o intuito de chamar a atenção, não é estranho pensar que as pessoas também sintam esse desejo, as vezes inconsciente, de ser visto e admirado. A isso deram o nome de vaidade, e diferente de outrora, não deve ser encarada como uma obsessão, mas sim como uma adequação aos padrões estéticos de uma sociedade moderna.

Não só as mulheres e pessoas com melhores condições financeiras, mas também os homens e pessoas mais pobres estão investindo cada vez mais na aparência. E esse fenômeno tem uma explicação plausível: pode parecer cruel, mas é fato que pessoas bonitas ocupam melhores cargos e ganham melhores salários, pois uma boa aparência passa a sensação de profissionalismo e perfeccionismo.

Outra motivação para essa mudança de comportamento é a pressão psicológica que a mídia causa nas pessoas. Estar rodeado de exemplos de padrões de beleza na música, televisão, cinema, internet e em revistas faz um indivíduo comum se sentir "fora do eixo", com a sensação de que algo está errado com ele, então quanto antes se adequar aos padrões de beleza do momento, melhor.

Mas é claro que, mesmo com a grande quantidade de informações depositadas em propagandas cultuando a beleza e juventude, não se deve exagerar. A vaidade é bem vinda quando for para a melhora e conservação da autoestima de um indivíduo, mas nunca quando essa vaidade se transforma em obsessão. Já é de conhecimento geral que a busca incansável pela beleza a qualquer custo pode levar à doenças graves como a anorexia, bulimia ou ainda depressão.

Sabendo disso, a pessoa deve ter a sensatez de "reciclar" todo o conteúdo que recebe diariamente dos diversos meios de comunicação e utilizar somente o que for realmente bom. E é justamente na busca pelo ponto de equilíbrio que está o desafio.

Conceito de "vaidade"


Em primeiro lugar vamos ver o que significa vaidade na nossa língua portuguesa: Vaidade, segundo o dicionário Aurélio, é a qualidade daquilo que é vão (fútil, insignificante, que só existe na fantasia, falso, ilusório e inútil), pode ser também um desejo imoderado de atrair a admiração; presunção.

A vaidade é definida, entre outras coisas, como o excessivo desejo por merecer a admiração dos outros (Aurélio). Os dicionaristas dizem ainda que o vaidoso é presunçoso (convencido), orgulho excessivo, arrogância e fútil (sem seriedade).

A vaidade consiste em uma estima exagerada de si mesmo, uma afirmação esnobe da própria identidade. Para alguns, a vaidade é mais utilizada hoje para estética, visual e aparência da própria pessoa.

Jesus sempre nos deu uma grande dica sobre como tratar a vaidade: "Aquele que quiser ser o maior, que seja o menor" (Lucas 22:26). Isso em tese deveria servir de orientação e alerta para nos guiar a por um caminho sem percalços, quando o assunto é vaidade.

Precisamos estudar a palavra "vaidade" no original hebraico e grego, compararmos as várias vezes em que ela é usada na Escritura e qual o verdadeiro sentido que esse vocábulo possuía nos tempos antigos.

  • Vaidade no hebraico advém de duas palavras. Habel, shav, que significa vazio e oco. Seu uso no Antigo Testamento estava relacionado ao abandono do único Deus verdadeiro e à busca de ídolos que não podiam satisfazer às necessidade de Israel pelo simples fato de não existirem. A adoração a ídolos, então, tornou-se sinônimo de vaidade, pois era como se o povo israelita estivesse buscando ajuda no vazio. "Rejeitaram os estatutos e a aliança que fizera com seus pais, como as suas advertências com que protestaram contra eles; seguiram os ídolos e se tornaram vãos..." (2 Reis 17:15).
  • No grego, vaidade é representada pelo substantivo mataiotes e também significa vazio. Não há qualquer relação entre vaidade e o uso de joia roupas ou ornamentos. Seu significado, em primeiro lugar, refere-se ao mundo criado que, no pecado e sem preencher o propósito inicial para qual foi criado, tornou-se vazio: "Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou" (Romanos 8.20). Vaidade no grego mataiotes é também usado por Paulo para expor a forma de pensar e o estilo de vida dos gentios que não agradam a Deus: "Isto, portanto, digo e no Senhor testifico, que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos" (Efésios 4:17). Vaidade no grego mataiotes, também podia denotar as palavras impressionantes, mas vazia, de falsos mestres que muito falam, mas não possuem conteúdo nenhum: "Porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões carnais, por suas libertinagens, aqueles que estavam prestes a fugir dos que andam no erro" (2 Pedro 2:18).

As controvérsias das teologias evangélicas


As igrejas evangélicas brasileiras têm grande dificuldade de compreender o termo "vaidade" que, no linguajar dos crentes, carregam toda conotação pejorativa. 

Gostar de vestir-se com esmero, adornar-se com qualquer joia ou cuidar do cabelo, tingindo, alisando ou penteando-o de uma forma estética, é considerado pecado na maioria das igrejas de vertente pentecostal. O texto apresentado como base bíblica para tal conclusão é o Salmo 24:3-4, onde está escrito: "Quem subirá ao monte do Senhor, ou que estará no seu santo lugar? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente" (ênfase minha). Pois bem, vamos elucidar o núcleo desse verso e entendê-lo no seu contexto.
  • "...que não entrega a sua alma à vaidade..." - Vaidade no hebraico awvshav significa: falsidade; vazio de fala, mentira; inutilidade.
A Bíblia também usa a palavra vaidade quando refere-se ao sopro (vida), a enfermidade, algo vazio.

"Desde aos meus dias o comprimento de alguns palmos; à tua presença o prazo da minha vida é nada. Na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade" (Sl 39:5, ênfase minha).

Salomão também usa a palavra vaidade nesse sentido de algo vazio, oco: "Vaidade de vaidade! Diz o pregador; vaidade de vaidade! Tudo é vaidade'" (Eclesiastes 1:2).

Observe que na lógica do apóstolo Paulo, vaidade é colocar esperança naquilo que é vão, passageiro, perecível. Ele então fala em ver sua vida à luz da eternidade (1 Coríntios 15:54). Neste mundo tudo é passageiro e ninguém leva nada daqui. Por isto Salomão diz: "tudo é vaidade". A vida só deixa de ser vaidade quando entregamos a nossa vida a Deus e o servimos de todo coração. Tudo que o homem faz sem dedicar a Deus ou não um alvo que é Cristo é vaidade, ou seja, vazio.


Vaidade exterior e interior



As normas de conduta do cristianismo neotestamentário parecem mais interessadas no interior do que no exterior dos homens. A palavra "vaidade" não é um termo que descreve uma pessoa cuidadosa vestida ou de adornos no corpo; pelo contrário, esse vocábulo valoriza-se ao modo de viver de tudo o que Deus criou é bom e agradável: "Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas" (Tito 1:15).

Paulo vivia sob o postulado de que as coisas importantes são aquelas que não veem, pois tudo o que os nossos olhos contemplam um dia passará. Sendo assim, para o apóstolo o que é finito deveria ser considerado vaidade: "Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não vêem são temporais, e as que se não se veem" (2 Co 4:8).

  • 1. Faz-nos juízes da lei

Fazendo uma avaliação sobre alguns costumes do ser humano constatamos de que tudo que é bom, é considerado errado, ou pecado. Notamos que as pessoas julgam as outras e não olham pra dentro de si. Avaliam um comportamento e julgam-no achando que este está errado, mas fazem isso, sem base nenhuma. 

Se alguém não gosta e não quer tal costume, então fala mal e cria uma regra como se fosse uma doutrina bíblica. Muitas vezes, quando estamos julgando nossos irmãos por causa da sua postura exterior, podemos estar julgando mal e condenando a si mesmo (Rm 2:1-3). O ser humano não tem condições de conhecer o coração das pessoas. Uma pessoa pode aparentar santa, mas seu coração pode estar longe de Deus. Você pode julgar e desqualificar uma pessoa pelo seu porte e aparência exterior, mas são plenamente aceitas por Deus.

Quando Jesus entrou na casa de Simão, o fariseu (Lucas 7:36-38), uma mulher aproximou-se por detrás do Senhor, chorando, regando-lhe os pés com suas lágrimas, enxugando-os com seus cabelos e ungindo-os com unguento.  Ao ver isso, o fariseu logo julgou a pobre mulher pela sua aparência exterior (é os que os fariseus fazem!), e pela sua reputação (que também é um juízo meramente exterior); como se não bastasse, disse consigo mesmo: "Se este fora profeta, bem saberia quem é essa mulher que tocou, porque é pecadora"

Jesus então confrontou o fariseu Simão, afirmando que este, mesmo tendo toda aparência religiosa, estava seco por dentro (sepulcro caiado). Aquela mulher, todavia, ainda que possuidora de uma baixa reputação era rica interiormente. A aplicação prática daquele evento foi tremendo: "...perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele há quem pouco se perdoa, pouco ama" (v. 7).

É um exercício inútil julgar uma pessoa pela sua maneira de vestir, porquanto o profeta Jeremias nos afirma que "Enganoso é o coração [não o órgão, mas o interior], mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto, quem conhecerá?" (Jeremias 17:9).


Fariseu da época de Jesus
Julgar sobre quais vestimentas são ou não "vaidosas" leva-nos a um nível de legalismo sufocante e criminoso. O líder deve se preocupar com as vestes sensuais e que venham desonrar a quem usa, mas julgar alguém e dizer que é mundano pelas vestes, caímos da graça do Senhor: "Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do seu irmão, ou julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; ora se julgas a lei, não és observador da lei, mas Juiz. Um só é Legislador e juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem é, que julga ao próximo?" (Tiago 4:11-12; Colossenses 2:16, 18).

Hipocrisia disfarçada de santidade!


Estipular que um tipo de ornamento no corpo das mulheres é vaidade, mas um ministro com prendedor de gravata, ou um dente de ouro não pode ser vaidade? Ou um quadro que colocamos para enfeitar uma casa, os lustres que usamos para decorar as luzes que iluminam nossas casas, uma banheira de hidromassagem, uma torneira coberta de ouro no banheiro não seria também uma espécie de vaidade?Uma pick up 4X4 (ou qualquer outro veículo de luxo) e importada também não seria vaidade? Não seria o uso da gravata uma vaidade? 

Sobre a gravata - acessório que tantos "homens de Deus" não abre mão -, por exemplo, surgiu em culturas de clima frio como uma espécie de cachecol que esquentava o pescoço. Entretanto, ao ser estilizada e aperfeiçoada - por um estilista homossexual, só pra constar - a ponto de perder sua função inicial, foi lançada na moda masculina e tornou-se mero adorno no pescoço dos homens. Principalmente dos políticos autoridades e dos pastores. No Brasil, a gravata não possui utilidade nenhuma se não adornar. Se é vaidade uma mulher usar brinco, também é vaidade o homem usar uma gravata!

A psicanálise, inclusive, descreve a gravata como um símbolo "inconsciente" do pênis! Isso mesmo, meus caros! 

Freud, em sua obra "A interpretação dos sonhos", afirma na seção de representação por símbolos, no capítulo VI, que
"Nos sonhos produzidos por homens, a gravata aparece amiúde como símbolo do pênis. Sem dúvida, isso ocorre não apenas porque as gravatas são objetos longos, pendentes e peculiares aos homens, mas também porque podem ser escolhidas de acordo com o gosto - uma liberdade que, no caso do objeto simbolizado, é proibida pela Natureza."
Mais à frente, em uma nota de rodapé, ele ainda registra um sonho de um paciente em que a gravata aparece como símbolo do pênis.

Mas essa escolha não é arbitrária, e há algumas correlações que podemos apontar entre a representação simbólica do uso da gravata e o pênis enquanto encarnação do Falo.
  • Em primeiro lugar, como já observado anteriormente, a gravata não tem nenhuma função útil na composição do vestuário. Poderíamos muito bem passar sem ela. Dessa forma, sua finalidade é puramente estética e simbólica.
  • Em segundo lugar, devemos reparar nas ocasiões em que o uso da gravata se faz socialmente desejável ou mesmo imperativo. Os homens usam gravatas quando querem passar uma impressão de autoridade, respeitabilidade, poder, potência, seriedade, confiabilidade, entre outras coisas.
  • Em terceiro lugar, tanto o pênis quanto a gravata são objetos que ficam pendurados na parte frontal do corpo masculino. Mas enquanto o pênis é dependurado um pouco abaixo da cintura, a gravata fica dependurada no pescoço. Se a grava fosse usada na altura da cintura, sua semelhança com o pênis ficaria de tal forma evidente que qualquer um reconheceria sua finalidade simbólica. No entanto, ocorre um deslocamento de seu local de uso.
  • Em quarto lugar, quando nos voltamos para o conceito psicanalítico de Falo, percebemos como fica mais clara a correlação simbólica gravata-pênis.
David E. Zimerman, em sua obra Fundamentos Psicanalíticos, afirma ser "... o falo, na antiguidade greco-romana, a representação simbólica do poder, concentrada no órgão anatômico pênis...".

O psicanalista J. -D. Nasio aponta nessa mesma direção na obra "Édipo - o complexo do qual nenhuma criança escapa", quando afirma ser o pênis uma encarnação do "símbolo de potência" do Falo.

O Falo não é uma simples representação peniana. Ele é símbolo de poder, de potência, ou ainda mais: de onipotência. Assim sendo, o pênis, enquanto que uma encarnação, uma representação simbólica do Falo, é uma representação de força, de poder, de autoridade.

A partir disso podemos compreender que a gravata, pelo fato de ser utilizada em determinadas ocasiões e visando causar determinadas impressões (de autoridade, respeito, força, etc.), que são as mesmas simbolizadas pelo Falo, é uma representação de sua encarnação, a saber, do pênis.

De outra forma, podemos dizer que os homens, por não poderem exibir socialmente seus próprios órgãos genitais, elegem de forma inconsciente um substituto simbólico, em dimensões ampliadas, quando querem demonstrar possuir as características fálicas (de poder, potência, etc.) encarnadas pelo pênis.

Ufa! Depois dessa, pode ir respirar, ilustre senhor!

Templos e catedrais... Usos e costumes


Se vaidade fosse pecado, porque os templos evangélicos são tão bonitos, porque os pastores só vão de terno e gravata, as pessoas que frequentam sempre estão com a melhor roupa? Se for assim, são todos pecadores!!!

Quando os pastores vão há uma reunião convencional, procuram se apresentar da melhor forma possível. Usam os melhores ternos, camisas e gravatas prendedores de gravata de ouro e bons sapatos. Tudo isso é bom e agradável. Mas, nas suas igrejas eles agem diferentes principalmente com as mulheres. Usam um jugo de proibições colocando um cabresto e ainda chamam de "Jezabel" e as tratam muitas vezes como se fossem umas pobres jumentas. Esquecem dos ensinos bíblicos que a mulher é uma adjutora e ambos tornam uma só carne. Não seria uma descriminação? Também podemos chamar de hipocrisia?

Para muitos pastores, ver uma mulher adornada é símbolo de mundanismo, mas um homem de gravata de seda e um prendedor de ouro não são! Não estamos sendo incoerentes? Não estamos usando dois pesos e duas medidas? Dizer que uma mulher que usa joia é vaidosa, mas comprar uma camionete do ano e cheio de frisos niquelados e de cores berrantes não é vaidade? 

Teríamos de arbitrar sobre os enfeites que deveríamos fazer parte dos nossos óculos, quais cores seriam permitidas nas nossas roupas, ou seja, estaríamos presos a um sistema de fiscalização de nossa conduta. Seriamos, em ultima análise, roubados da liberdade em Cristo. Qualquer julgamento temerário que fizermos podemos estar julgando mal. É o que muitos fazem nas igrejas.

Deus não vê como nós vemos e não condena a nossa cultura, mas condena sim o pecado e o pecador não arrependido. Se tivermos condições de nos vestir bem e nos adornarmos, para louvor de sua glória, estamos sendo abençoados por Ele e isto não é vaidade porque é para Ele. 

Conceito popular de vaidade é declarado na Bíblia pela expressão composta de vanglória: "Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmos" (Filipenses 2.3). "Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros" (Gálatas 5.26).

Assim, aprendemos que vaidade é objetivamente descrita como sentido de vazio, inutilidade e falta de consistência. Todas as vezes que buscarmos nossa identidade no que for irreal, estamos sendo vaidosos (adoração de outros deuses, falsa adoração dos fariseus, egocentrismo do homem, ao exagero e desmedido desejo da carne e dos olhos). Quando a Bíblia fala de vaidade não está se referindo a roupa, adornos ou bens materiais. Se pensarmos assim estamos correndo em direção ao vento, que não sabe de onde vem e para onde vai.

1. A vaidade no contexto pseudocrístão é muito crucial, porém na verdade não destingimos a vaidade no sentido de pecado. Por exemplo:

  • Apreciar aplauso.
  • Apreciar elogios demasiados.
  • Gostam de ser elogiados e sentem-se orgulhosos.
  • Se for cantor ou pregador gostam de ver o povo vibrar enquanto o faz, porém não se sentem bem quando seu colega é apreciado.

2. Usar leis e proibições de roupas e adornos é inútil e pode levar a um conceito de salvação pelas obras.

Nos dias do apóstolo Paulo, a igreja de Gálatas foi a que sofreu pelo legalismo. E ainda hoje muitas igrejas estão sofrendo. A igreja da galáxia estava impregnada de fariseus convertidos, as heresias deles eram sutis, pois Paulo precisou escrever uma das suas mais duras cartas. Eles ensinavam que além da cruz era necessário a circuncisão. Paulo, veemente, contradiz essa heresia asseverando que se, alguma coisa for acrescentada à cruz, será anulado todo o poder que dela procede (Gl 4:9-10).

Somos criados para as boas obras, e não pelas boas obras. E é por meio da fé em Cristo. Paulo, em 2 Coríntios 5:17, declara que nos tornamos novas criaturas. Portanto, devemos abandonar as práticas más e nos voltarmos para a prática do bem, pois estamos em Cristo Jesus. As boas obras devem ser apenas a manifestação externa do amor que temos com Deus.

3. Gerar confusão é na verdade mundanismo.

Usar a questão de usos e costumes e dizer que as pessoas que usam adornos e roupas da moda amam o mundo significa confundir a real acepção que a Bíblia atribui ao vocábulo "mundo".
"Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente" (1 João 2:15-17).

Vamos ao contexto


A palavra mundo que João refere-se não se trata do mundo natural (físico), pois o mundo criado por Deus é muito bom. Embora caído e sofrendo os efeitos da queda, (Rm 8:20-22). O mundo é descrito na Bíblia como a sociedade incrédula e rebelde, sob a orientação do diabo que se opõe ao Reino de Deus. Paulo chega a dizer que este mundo manifesta-se através dos sistemas de pensamento que rejeitam a verdade (2 Co 10:4-5). O mundo é todo o sistema humano e egocêntrico que se desenvolve na cultura e que leva o homem ao exagero e desmedido desejo da carne, dos olhos e a soberba da vida (1 Jo 2:16). É o adoecimento de toda a produção humana e a manifestação do desejo doentio de poder e pelo dinheiro.

De acordo com 1 João 2:15, a falta de amor para com Deus abre espaço para que se desenvolva amor pelo mundo, que deixa o crente especialmente vulneráveis a áreas de ataque do inimigo. Se caminhar com fé e firmeza na Palavra, não sentirá inseguro, conseguirá evitar as armadilhas do pecado sexual, da cobiça, e do orgulho. Estas três áreas de pecados acontecem quando há insegurança, falta de fé e confiança no Senhor.

Em 1 Tessalonicenses 2:5 e em 2 Pedro 2:3 descreve o pecado do homem que usa sua posição para vantagem própria; para aproveitar-se das pessoas a quem deve servir, ele vê seus irmãos como criaturas a serem explodidas e não como filhos de Deus que devem ser servidos.

Estes pecados entristecem e afastam o Espírito Santo do ser humano. Onde há concupiscência e soberba no coração, não há lugar para o amor do Pai. O homem terá de escolher um ou outro. A mensagem de João é: se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele (Jo 2:15).

Quando Jesus esteve neste mundo ensinou os Seus discípulos acerca do amor dizendo: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22:37-39).

Muitos cristãos amam usar esta imagem
De que forma devo amar a mim mesmo? Todos têm um amor próprio. Este sentimento de valorização nos foi dado por Deus. Quando nos vestimos bem e quando cuidamos bem do nosso corpo. Sabemos que ninguém gosta de estar perto de uma pessoa com roupas sujas, fedorenta, que não escovou os dentes pela manhã ou que não cuida bem da higiene de seus pés. 

Nos trajamos bem, porque entendemos que nossa cultura aquela indumentária será mais bem aceita. Quando vamos a uma festa de casamento nos enfeitamos porque consideramos que aquela data requer que estejamos o mais bonito possível. E aqueles que pintam o cabelo o fazem para se auto-valorizarem. Se isso é vaidade, ela é aceita e estimulada por Deus. Não há qualquer relação desta busca com aquele sentimento pernicioso de querer apoiar nossa existência no que é vazio.

Se para alguns vesti-se bem é vaidade é adotar uma visão muito reduzida daquilo que o vocábulo representa em toda a Escritura. É confundir o certo com o errado.

Para Jesus vaidade também é sinônimo do que é vão. Ele considerava vaidade a piedade dos fariseus: "E em vão (com vaidade) me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. E, tendo convocado a multidão, lhes disse: – 'Ouvi e entendei: Não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai pela boca, isto, sim contamina o homem'" (Mt 15:9-11).

Os fariseus julgam as pessoas pelo aparente, por seus usos e costumes, pela roupa que usa, cor ou tamanho do cabelo, pelas palavras, atitudes, etc.... é bem verdade que muitas vezes o nosso exterior reflete o nosso interior, mas precisamos entender que acima de toda aparência Deus julga o coração! Ele está olhando para a real motivação do coração. Por isso muitos têm sido rejeitados, por sua aparência, pois certos religiosos acham que adorador precisa ter "cara" (formato) de crente, quando na verdade o cristão não tem que ter "cara", tem que ter vida e vida de Deus! Cristãos não tem que "parecer", tem que "ser" (essência)!

Isso é claramente manifesto na Escritura. O Senhor explicou ao profeta Ezequiel com as palavras do povo de Israel não expressamente o que havia em seu coração: "Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro" (33:31).

O Senhor também manifestou o mesmo princípio por intermédio do profeta Isaías: "O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu" (29:13).

A vaidade se equilibra no orgulho e os dois se equilibram em espuma


Outro dia ouvi uma frase aparentemente medíocre, mas que na verdade expressa o que muitos "cristãos" tem sido: "por fora bela viola, mas por dentro pão bolorento", ou seja, por fora há boa aparência, parece que tudo está bem, mas na verdade por dentro não há vida, mas podridão, pecado, presunção e orgulho. O ser humano está mais preocupado com o aparente, com a sua imagem e reputação sempre mostrando uma atitude hipócrita e orgulhosa diante das pessoas, e acabam julgando os outros por aquilo que eles mesmos são. "A vida de pecado dos ímpios se vê no olhar orgulhoso e no coração arrogante" (Pv 21:4).

A Bíblia diz que Deus não despreza o coração quebrantado (Sl 51:17), mas também diz que Ele resiste, se opõe, frustra e derrota o coração soberbo (1 Pe 5:5b). A primeira coisa que Deus mais aborrece está no livro de Provérbios 6:16-17: "Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima sua alma abomina: OLHOS ALTIVOS (orgulho)..." (ênfase minha). Mas quem é o orgulhoso? É o soberbo, o insolente, arrogante, desdenhoso, presunçoso, presumido e auto-suficiente. Deus não recebe adoração de um coração orgulhoso!

Mas o que vai realmente impressioná-lo é quando Ele encontra em nós um coração quebrantado! Basta Ele ver este coração e logo se aproxima de nós (Is 57:5; 66:2). Ter um coração quebrantado significa ter um coração arrependido, um coração humilde, submisso e dependente do Senhor. No mesmo capítulo que lemos de 1 Pedro e no mesmo versículo 5b, diz que "Deus resiste aos soberbos, mas aos humildes concede graça". Quando houver coração quebrantado haverá favor do Senhor, graça e benção!

Conclusão


Para sermos pessoas quebrantadas a mudança externa não será a mais importante, mas sim a interna, a que vem de dentro, que vem do coração e esta é a verdadeira circuncisão. O que Deus precisa moldar e trabalhar é o que está dentro da cada um de nós, nossa vida, nossos pensamentos, nossas motivações, nosso coração! Ele sempre trata conosco na raiz do problema e não no externo, no aparente.

Ser quebrantado e humilde não significa ter um semblante triste, melancólico, abatido; nunca sorrir e só chorar. O quebrantamento não é um sentimento, mas é uma decisão; não é uma experiência única, mas é um processo, um contínuo modo de viver. O quebrantamento é a destruição da nossa vontade, a fim de que a vida e o Espírito do Senhor operem em nós e através de nós.

Lembre-se, não há nada que podemos esconder de Deus, Ele sonda e conhece o nosso coração (Sl 139). Que o Senhor nos de a cada dia um coração humilde e quebrantado, totalmente submisso a Sua Vontade!

Como sabemos que estamos adorando de todo o nosso coração? A Bíblia nos diz como determinar a medida desta adoração: "Pois, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração" (Mt 6:21). Seu tesouro reflete-se pelo que ocupa sua mente, sua vontade e suas emoções. Se você quer saber onde está seu coração, examine sua mente, sua vontade e suas emoções enquanto adora.

Tudo o que sou e tudo o que falo e penso brotam do meu coração. O que sai da minha boca reflete como é meu coração.
"O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração" (Lc 6:45).
Não gostamos de admitir, mas o que dizemos é o que somos por dentro. O fato é que o que dizemos sempre revelará o que há em nosso coração.
"Assim como a água reflete o rosto da gente, o coração mostra o que a pessoa é" (Pv 27:19 – NTLH).
Se de sua boca saem palavras que não glorificam a Deus nem edificam as pessoas que o cercam, então há algo errado com seu coração. Entre na presença de Deus e peça que Ele lhe revele qual é o problema e o purifique. Permita que o Espírito Santo o transforme à imagem de Deus. Quando você entrega o seu coração a Deus, permite que Sua Palavra comece a agir em sua vida:
"Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hebreus 4:12).
Imagine a eficácia da Palavra de Deus que é viva e mais poderosa e afiada do que a espada. Sua Palavra não apenas divide alma e espírito e juntas e medulas, mas julga os pensamentos e as intenções do coração. Atravessa o natural e atinge diretamente o espírito.

Depois que Deus operar em seu coração com Sua Palavra, o Espírito Santo virá e começará a obra de transformar seu coração e torná-lo semelhante ao d”Ele. Ele intercederá por nós e ministrará às áreas que causam as impurezas que mancham nosso coração.
"Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos" (Rm 8:26-27).
Nossos momentos de adoração são como um espelho no qual podemos ver o reflexo do nosso coração. Uma vez que vemos o que Deus vê, podemos permitir que Seu Espírito opere e renove as coisas que não refletem seu caráter em nós.

[Fonte: "É Proibido" - GODIM, Ricardo; "Complexo de Édipo" - FREUD, Sigmund; "Fundamentos Psicanalíticos", ZIMERMAN, David E.; "Édipo - O complexo do qual nenhuma criança escapa" - NASIO, J. D]

2 comentários:

  1. Nenhum evangelho fala da aparência de Jesus. O de João nem sequer fala da genealogia. Jesus retoricamente pergunta aos judeus, vós sabeis de onde eu sou?. Jesus quis dizer para eles, eu sou do Céu para onde todos temos que ir e morar para sempre. Pilatos pergunta a Jesus, de onde você é?. Jesus fica em silêncio. Com Pilatos Jesus ainda fala alguma coisa, mas com Herodes nada. Então quando nós humanos preocupamos com aparência, damos valores maiores aos locais onde nascemos e criamos diferenças por conta de nossas genealogias, estamos contra Jesus. Esquecemos que na hora da nossa morte, Jesus vai nos aparecer e então não sabemos o que pode acontecer com quem não o seguiu...

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  2. Vaidade costuma ter preço altíssimo. Um dia, 25 anos atrás, eu querendo trocar o meu carro ofereci um terreno hoje avaliado em R$400 mil e mais o meu carro na troca por um mesmo zero 5 anos mais novo. Deus não deixou. 3 anos atrás vendi o mesmo carro por um preço que seria o mesmo se fosse o outro trocado. Moral da história: veio a valorização imobiliária e eu teria assim queimado um patrimônio de R$400 mil. "Violentíssimo" o salário do pecado...:)

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