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quarta-feira, 6 de julho de 2016

"LIBERDADE, LIBERDADE": VEM AÍ 1ª CENA DE SEXO GAY DA TV!

Pois é, depois de todo o auê causado pelo primeiro beijo entre personagens gays há dois anos, na novela das 21 horas, "Amor à Vida", que também mostrou pela primeira vez um personagem gay atuando no núcleo principal, fazendo um grande sucesso pelo público, a Rede Globo "saí na frente" outra vez. Observam-se também os avanços, como por exemplo, a emissora voltar a polemizar, dessa vez em sua atual trama das 11, "Liberdade, Liberdade". 

É que está prevista para ir ao ar no próximo dia 12 de julho a primeira  cena de sexo gay da televisão brasileira. A sequência será protagonizada pelos personagens André Coelho Raposo Viegas (Caio Blat) e coronel Tolentino (Ricardo Pereira). Só o anúncio da tal cena já está causando polêmica na internet.

A Rede Globo, aproveitando cenário social favorável, aponta para a abordagem sobre a construção de personagens homossexuais em suas tramas, e também algumas temáticas em que ainda é notável uma grande barreira, que muitas vezes surge por preconceito, conservadorismo social e por outros fatores. Ano passado a novela "Babilônia", também exibida às 21 horas, da autoria de Gilberto Braga, amargou histórico fracasso com a rejeição em massa do público às personagens lésbicas, interpretadas pelas veteranas e talentosas atrizes Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg. A novela já causou polêmica quando apresentou em seu primeiro capítulo uma cena onde as personagens Teresa (Fernanda) e Estela (Natália) se beijavam.

Globo e a trajetória dos gays em suas novelas


A telenovela (ou novela) tal como conhecemos hoje, enquanto formato de ficção televisiva, surgiu em 1963, podendo ser definida como uma narrativa ficcional de serialidade longa, exibida diariamente e que termina por volta de 200 capítulos, ou seja, é levada ao ar seis dias por semana e tem uma duração média de oito meses. 

A introdução dos primeiros personagens gays nas novelas trata-se da evolução desse assunto, começando das mudanças notáveis entre a década de 70 e 80, principalmente sobre os comportamentos desses personagens.

Algumas cenas sobre homossexualidade, de sexo, críticas à igreja, e claro, todas as cenas de críticas ao governo, ou de indícios delas, foram cortadas. Porém, mesmo com todo esse contexto social de ditadura, que esteve presente principalmente nos anos 70, surge o primeiro personagem homossexual em uma novela. Em 1970, exibida às 22 horas e escrita por Dias Gomes: "Assim na Terra Como No Céu" traz ao ar Rodolfo Augusto, um cabeleireiro interpretado por Ary Fontoura e marcado por estereótipos.

Percebe-se que os autores ousaram ao tratar da censura, o que se observa é que não eram os autores que não queriam falar sobre o tema, trabalhar de forma mais ampla e fugir de estereótipos, mas sim que, além da rejeição do próprio público, e da adequação que a emissora fez diante dessa situação, a censura foi a principal causadora da abordagem superficial desse assunto.

A partir da década de 80, gays e lésbicas começam a aparecer com mais intensidade nas telenovelas da Globo, provocando, assim, polêmica e muita audiência. Nesse período, o Brasil se vê livre do regime militar, que termina mais precisamente no ano de 1985. Ganhou força no país, o momento de maior liberdade de expressão, as pessoas, naquele tempo, começaram a se sentir livres com o fim do momento de tensão política e militar, dessa forma, queriam expressar isso de algum modo. 

Essa década, artisticamente, foi um prato cheio de inovação e também nos comportamentos humanos, cores vibrantes, mudanças de moda, músicas com letras fortes, parecia que todos comemoravam, enfim, a liberdade da sua forma. Essa foi a sensação vivida por muitos em grande parte desse tempo, a começar pelo fim da censura oficial do jornalismo em 1980.

Outra novidade sobre personagens homossexuais aconteceu em "Brilhante" (1981), de Gilberto Braga: Inácio Newman (Dennis Carvalho) e Sérgio (João Paulo Adour) eram namorados. Em "Um sonho a mais" (1985), três personagens se travestem e Ana Bela (Ney Latorraca) protagonizou o primeiro "selinho" homossexual nas telenovelas da Globo. Em "Vale Tudo" (1988), a telenovela também mostrou uma relação estável entre duas mulheres Laís (Cristina Prochaska) e Cecília (Lala Deheinzelin), que mantinham uma relação completamente discreta, sem nenhum tipo de carícias de namoradas, passando muitas vezes até despercebida pelo público como um casal lésbico. Outro casal lésbico, dessa vez mais jovem, duas adolescentes, voltaria à cena na novela "Mulheres Apaixonadas" (2003), de Manoel Carlos (na época, inclusive, se cogitou um beijo entre as personagens, mas a emissora declinou da exibição da cena).

Porém, personagens gays mostrados como assassinos, estereotipados, e ligados a criminalidade continuaram a existir, como em "Roda de fogo" (1986) e em "Mandala "(1987), de Dias Gomes. Levanta-se a dúvida sobre que tipo de imagem a mídia queria causar naquele momento, se era proposital, intencional ou apenas um recorte da realidade mal abordado sem nenhuma intenção. 

Outros personagens gays apareceram, em "Bebê a Bordo "(1988), de Carlos Lombardi, tratando-se de novo de uma mulher masculinizada; "Pacto de Sangue" (1989), de Regina Braga, contava com um personagem efeminado; e "Tieta" (1989), de Aguinaldo Silva, que inovou novamente ao apresentar a atriz travesti Rogéria, que interpretava as personagens Ninete e Waldemar. 

De lá pra cá o que não tem faltado são personagens gays na maioria das tramas exibidas pela Rede Globo em todos os horários.

"Liberdade, Liberdade abre as asas sobre mim"



Não é novidade para ninguém que a telenovela das 23h da "Liberdade, Liberdade" usa e abusa dos temas polêmicos para conseguir audiência e interesse do público. Não é a toa. Em época de protestos, mudança política e econômica no Brasil, temas como sistema de governo, escravidão, racismo e questões ligadas aos direitos da população LGBT continuam ainda muito atuais e vêm desde o período colonial e Império. 

Uma das temáticas abordadas pela trama é a posição do homossexual na sociedade do século 18. O personagem vivido por Caio Blat, André, sofre de amores e desejo pelo Coronel Tolentino (Ricardo Pereira).

E nos próximos dias, a emissora promete esquentar ainda mais essa polêmica. A novela, terá cenas de sexo entre dois homens, feito inédito na tevê brasileira. Como já havia prometido, a produção da trama investirá em cenas ousadas de Tolentino e André, que, depois de muito resistirem à paixão, se beijam no capítulo do dia 12 de julho e, em seguida, vão para a cama. O horário permite sequências mais quentes, então, podemos esperar no mínimo um beijo bem mais, digamos, "caliente" do que o de Félix e Niko (de "Amor à Vida").

Conclusão


Pois é. Já está gravada e editada a tal primeira cena de sexo entre dois homens na TV aberta brasileira. Apesar de todo o suspense criado em torno da sequência, sabe-se que haverá nu traseiro, que seu tempo no ar será longo, precedido por uma discussão entre o par em questão, e que o conteúdo sexual foi "esvaziado", nas palavras do diretor Vinicius Coimbra, em detrimento do aspecto afetivo.

Mas "está tudo ali, a cena tem tudo", prometem Blat e Pereira. Os dois, assim como o diretor e o autor, Mario Teixeira, falaram sobre o episódio, previsto para ir ao ar no dia 12 de julho.

Considerada sodomia, a homossexualidade era tratada como crime de lesa-majestade naquele início de século XIX. "O que importa são as consequências desse momento, e as consequências serão nefastas", explica Teixeira. "Naquela época, a sodomia era considerada crime, com enforcamento. Não era nem preconceito, porque o conceito de homossexualidade nem existia, era tratado como ato inatural, como pecado."

Autor, diretor e atores enfatizam sobretudo a questão da intolerância presente na novela em vários aspectos, como na questão da segregação dos negros, na religião, na violência doméstica, na violência contra os insurgentes à Coroa e contra a mulher. "Estou muito feliz por ter feito essa cena e pelo fato de a Globo bancar isso, não só essa temática da homossexualidade, mas voltar a abordar a questão do negro, da violência contra a mulher, vários casos horrorosos, e isso vem num ótimo momento, em que a intolerância tem se mostrado tão nociva", diz Coimbra. Assim, o caso entre Tolentino e André está absolutamente inserido nesse contexto, o que deu a todos uma margem de compreensão que vai muito além da cena em si.

Obviamente que representantes do segmento evangélico já estão em polvorosa. Há, inclusive, a possibilidade de protestos nas redes sociais. Ou seja, o negócio vai bombar!

  • Minha opinião
Acredito que isso não vai mudar absolutamente nada na vida de ninguém: quem é gay; continuará sendo; quem não é gay, continuará não sendo. Quem "tiver de ser gay", será; quem "não tiver de ser gay", não será. É vida que segue. O controle remoto está ao alcance de todos. Quem não quiser ver, que troque de canal, desligue a televisão... não veja. Simples assim!

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