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segunda-feira, 18 de julho de 2016

O SERMÃO DO MONTE - 4ª. BEM AVENTURANÇA - PARTE 2

"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos" - Mateus 5:6 (grifos meus) - Parte 2
Devido a extensão e complexidade do tema, esta beatitude requer uma segunda parte. Ainda persistem as perguntas: Como ter fome e sede de justiça? Onde encontrar fartura de justiça? A resposta para estas perguntas nos fará compreender melhor os conceitos apresentados por Jesus no sermão do monte.
"Ó VÓS, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente, e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura. Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as firmes beneficências de Davi" (Isaías 55:1-3).
O paradoxo perdura: Diante de uma multidão faminta e sedenta Jesus declara que aqueles que têm fome e sede são felizes. As necessidades básicas dos ouvintes de Jesus eram evidentes. Porém, Jesus não se atem a problemática social. O fato de não ser tolerante às injustiças sociais não aproxima o homem de Deus. Promover projetos de cunho social não é o caminho que conduz aos céus.

Em um mundo em crise social, econômica, política, familiar, etc, as pessoas desejam mudanças urgentes e clamam por justiça, mas esta 'fome' e 'sede' de justiça não é a que traz a verdadeira felicidade. A mensagem do evangelho não coaduna com a teologia da libertação.

Somente os pobres de espírito têm sede e fome de justiça. Os 'ricos' espirituais são aqueles que se consideram justos diante de Deus. São aqueles que se justificam por meio de suas ações diante dos homens.

Os pobres nada têm neste mundo para sentirem-se seguros, mas eles terão o reino dos céus. Somente os pobres de espírito sentem fome e sede de justiça, e em Deus serão fartos. Aquele que concede o reino dos céus é justo e justificador, e somente ele pode satisfazer o que é exigido pela sua justiça.

O profeta Isaías há muito tempo anunciou aos pobres que bastavam vir e comprar o melhor que se podia oferecer: vinho e leite. Que convite! Que alegria! Os pobres foram convidados a terem o que as suas posses não podiam arrematar.

Porém, o profeta protesta: "Porque gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer?" (Isaías 55:2). A quem o profeta se referia? Aqueles que consideravam não ter sede e fome! Aqueles que consideravam ter trabalhado o bastante para satisfazer as suas necessidades. Estes trabalharam em vão.

Os pretensos ricos estavam gastando naquilo que não podia satisfazer a necessidade essencial do homem.

A resposta do "enigma"


Mas, de que maneira os pobres de espírito podem saciar a fome e a sede? A resposta é bem simples: "Ouvi-me atentamente... Inclinai os vossos ouvidos...". Simples assim ser abastado de justiça? É isso que o profeta Isaías disse: Todos que ouvirem atentamente a palavra de Deus, estes comerão o que é bom, o melhor! O que pode fazer deleitar a alma.

Qual é o deleite da alma? O que a palavra de Deus pode suprir? Se o homem tem sede e fome de justiça, ela será saciada a partir do momento que se obter da vida que há em Deus. Só após tornar participante da natureza divina o homem estará abastado de justiça.

Não é o trabalho do homem que satisfaz a necessidade da alma. Não é doações, não é pratos de sopas, não é reconhecendo os erros do dia-a-dia, não é fazendo sacrifícios que o homem irá satisfazer a necessidade primária da criatura de Deus.

O que satisfaz a necessidade dos homens é o fruto do trabalho de Deus: 
"Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si" ( Is 51:11 ).
O fruto do trabalho do servo do Senhor se resume em conhecimento. Conhecimento é transmitido através da palavra! O trabalho do Senhor é realizado por meio da sua palavra, e todos que participarem do fruto oferecido terão nova vida.

Após aprender daquele que é humilde e manso de coração "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas" (Mt 11:29), o homem encontrará descanso e o verdadeiro alimento para a alma.

Excedendo aos escribas e fariseus de ontem...


Cristo não estava preocupado com a miséria socioeconômica do povo. A falta de moradia não era a causa ou a bandeira do evangelho. O evangelho social não estava em voga no discurso do Messias.

Cristo levou a iniquidade de todos nós, mas é o conhecimento transmitido por Ele que nos justifica. Ou seja, quando Paulo diz que a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra de Deus, nada mais é do que aprendermos com Aquele que é manso e humilde de coração.

Através do conhecimento adquirido vem a fé, e por meio da fé podemos agradar a Deus. Após adquirir vida através da palavra de Deus, adquirimos um espírito manso, somos justificados, ou seja, declarados justos diante de Deus.

Não é o caráter do homem que é transformado. O homem não recebe uma moral 'nova' ao adquirir o conhecimento do Santo. Antes, o homem tem o seu ser criado novamente em verdadeira justiça e santidade (Efésios 4:24), e a sua alma alcança descanso no Bom Pastor.

Aqueles que entram por Cristo haverão de entrar, sair e achar pastagem. Estes estão de posse do descanso prometido por Deus (João 10:9 ; Salmo 23).

...de hoje e de sempre


Através do evangelho de Cristo o homem descobre a justiça de Deus (Romanos 1:17). Ao se alimentar das promessas contidas no evangelho, o homem alcança maravilhosa fé que provem de Deus e passa a ter vida dentre os mortos.

O ladrão na cruz foi justificado ao refugiar-se em Cristo após reconhecer a sua miséria. Ele não tentou agarrar-se a vida aqui, mas implorou pela futura (Mt 10:39). Talvez aquele homem nunca desejasse a justiça dos homens. Talvez ele sempre fosse um excluído da sociedade. Mas, um único encontro com a justiça de Deus revelada aos homens foi o suficiente para que um pobre de espírito obtivesse a vida eterna.

Jesus continuou a falar da necessidade em se ter fome e sede de justiça em contraste com a situação dos fariseus e saduceus: 
"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus"  (Mt 5:20).

Conclusão


Somente aqueles que se alimentam da palavra de Deus têm em si a justiça maior, que ultrapassa em muito a dos fariseus. Basta o homem reconhecer a sua pobreza espiritual que Deus não negará o alimento necessário que produz nova vida:
"Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei" (Is 55:10 -11).
Para os homens, os fariseus e os escribas representavam o que a sociedade tinha de melhor, mas a análise de Cristo é diferente: "Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade" (Mt 23:28).

Só em Cristo é possível obter a justiça que vem de Deus. Após ser justificado por meio de Cristo o homem obtém o direito de entrar no reino dos céus.

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