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terça-feira, 12 de julho de 2016

DISCOS QUE EU OUVI -14: MICHAEL JACKSON - "THRILLER"

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No dia 30 de novembro de 1982, chegava às lojas um disco que mudaria os rumos da indústria fonográfica. "Thriller" é mais que o álbum mais vendido da história. Este trabalho é o grande marco da música negra dentro da cultura pop, o ponta pé para a era dos videoclipes e a consolidação do foi o maior ídolo musical da era moderna, Michael Jackson. Ao lado de Quincy Jones, o cantor produziu nove faixas que marcaram a vida de uma geração e até hoje influencia a composição de novos hits.

Eu nunca fui fã de Michael Jackson. Na década de 1980, eu vivia o apogeu de minha juventude, mas a música pop não era o meu estilo preferido... aliás, eu nunca tive um estilo preferido. Sempre fui bem eclético em meu gosto musical. Mas quando eu vi o clássico videoclipe - ou melhor, a superprodução - da faixa que dá título ao sexto álbum dele não deu outra. Assim como a maioria das pessoas dessa época, corri lá e comprei o discão. 

O último de uma era, o primeiro de uma geração 


A produção de "Thriller" durou cerca de nove meses e marcou a segunda parceria entre Jackson e Jones, que se iniciou em "Off The Wall" (1979), o lançamento anterior. O ritmo de R&B e disco que foi implantado no primeiro álbum solo de MJ, não sumiu no álbum seguinte, no entanto, deu lugar a uma série de mudanças que marcariam a gravação do mesmo. Aos poucos, o mundo eletrônico começava a tomar conta dos estúdios, baterias e sintetizadores apareciam como uma aposta de tendência nos próximos anos. 

"Thriller" foi um dos últimos discos a ser predominantemente analógico. Alguns trechos de bateria eletrônica foram usados, mas o montante final do disco foi usado da maneira tradicional. De acordo com Quincy Jones, a intenção era manter as "sujeiras" do som: 
"É limpo demais, e não quero que minha música soe assim, pois ela não é concebida desta forma. A música é concebida com paixão e deve soar assim"
declarou o produtor no livro "Thriller: A Vida e a Música de Michael Jackson", de Nelson George (2011, Ed. Zahar, 197 pg). 

A seleção 


Não se sabe ao certo quantas músicas foram escolhidas para o início dos trabalhos. Relatos contabilizam mais de 100 composições, escutadas uma a uma por Michael, que com a ajuda de Jones escolheu nove. Além da genialidade dos colaboradores, o processo de seleção talvez tenha sido a etapa mais importante para o sucesso de Thriller. Faixas como 'Billie Jean', 'Beat It', 'Human Nature' e 'Wanna Be Startin Something' carregam uma série de significados embutida desde as letras até os arranjos. Sem contar na parceria com Paul McCartney em 'The Girl is Mine' (dobradinha de sucesso que deu tão certo que foi repetida no ano seguinte em 'Say, Say, Say', dessa vez no disco do beatle "Pipes Of Peace") . 

Salada mista 


A mistura de ritmos e a inserção de gêneros alheios ao soul e R&B foram preponderantes para a disseminação do álbum. Numa época onde ainda existia o preconceito em combinar instrumentos dentro da música negra, 'Beat It' apresentou um solo de guitarra que mudou a música. Os segundos que Eddie Van Halen toca na faixa fizeram inúmeros críticos taxarem o álbum como algo "branco demais" para um artista negro. Ou criticar os ritmos africanos de 'Wanna Be Startin Something' por não se encaixarem com o padrão do soul e funk dos últimos trabalhos de Michael Jackson. 

Posteriormente, os mesmos céticos ratificariam a miscêlania de "Thriller" como a bíblia da música pop contemporânea. Como dois gênios a frente de suas realidades, Jackson e Jones montaram um conjunto de músicas e referências transcendentes ao tempo. Em questão de semanas, o álbum se tornou um fenômeno, vendendo cerca de 500 mil cópias por semana e encerrando 1983 com quase 30 milhões de discos vendidos. 

Além disso, sete singles foram lançados e alcançaram o topo das paradas. Na maior premiação musical da época, o Grammy Awards, o álbum estabeleceu o recorde de oito premiações em uma noite. 

Um marco para a cultura pop mundial 


Outro importante fator para o alcance mundial de Thriller foi o seu apelo visual - a começar pela capa inusitada, com MJ e um tigre de colo. Após os clipes filmados com baixa produção de "Off The Wall", o cantor começou a investir em suas habilidades narrativas e no gosto pelo cinema. O primeiro exemplo foi o clássico vídeo de 'Billie Jean', onde ele escapa de um papparazzi, ao mesmo tempo em que dança em uma calçada iluminada pelos seus passos. 

Este vídeo era a prévia do que se tornaria a apresentação mais famosa da carreira do Rei do Pop. No palco da festa de aniversário de 25 anos da Motown, o Jackson Five se apresentou e em seguida deixou Michael sozinho no palco. De jaqueta, camisa, luva e meias brilhantes, um chapéu, calça e sapatos pretos, ele começou a cantar 'Billie Jean', fez o famoso passo moonwalk (caminhando na lua, em livre tradução) e entrou para a história. Dali em diante, a vida de MJ mudou, "Thriller" se tornou um sucesso e a trajetória da cultura pop ganhou novos rumos. 

♩♪♫♬♭ 'Cause this is thriller, thriller night...♩♪♫♬♭


Os aparatos brilhantes da música mais clássica do álbum ganharam outros companheiros, apresentados durante clipes que também marcaria época, como a jaqueta vermelha de 'Thriller', por exemplo. Esta faixa, inclusive, ganhou o super vídeo com lobisomens e zumbis, enquanto 'Beat It' trouxe uma rixa entre gangues - ambos com icônicas coreografias feitas por Jackson em parceria com Michael Peters. A era de videoclipes super produzidos começou ali, assim como a ascensão de emissoras totalmente destinadas à música, o que elevaria a popularidade de inúmeros artistas. 

O sucesso deste álbum foi tão importante para indústria fonográfica - que àquela época já não contabilizava bons números -, quanto para a música negra no show business. Existiam ídolos como Stevie Wonder, Donna Summer e Marvin Gaye, no entanto, nenhum deles conseguia ultrapassar a barreira do preconceito. 

Se no rock Jimi Hendrix conseguiu mudar esta visão, Michael Jackson levou isso a outra dimensão, tornando a sua música aceita pela população em geral, independente de gênero ou cor. A ascensão de artistas como Whitney Houston e Eddie Murphy, por exemplo, estão diretamente ligadas ao sucesso de Thriller, por mais distante que as áreas de entretenimento estejam. 

Tal qual o planejamento de Jones e Jackson quando começaram a gravar, o álbum não ficou datado, muito menos esquecido. Até hoje músicos usam samples de faixas, ou mesmo regravam sucessos. Musicais já foram inspirados no disco e até espetáculos circenses tem boa parte de seus atos baseados nele. 

Conclusão 


Símbolo de uma geração, "Thriller" é um exemplo da genialidade de Michael Jackson e uma obra-prima musical que foi capaz de mudar a história da música em diversos aspectos. 

O disco mais vendido da história já se tornou adulto. Tem 34 anos em 2012, ano de seu 30º aniversário "Thriller" ganhou homenagens e comemorações especiais em várias partes do mundo. O sexto álbum de estúdio de Michael Jackson, foi lançado pela Epic Records na sequência do sucesso de crítica e público que o músico havia conquistado com "Off the Wall". 

As sessões para a gravação de Thriller ocorreram entre abril e novembro de 1982, em Los Angeles, com um orçamento de produção de US$ 750 mil, obtidos pelo produtor Quincy Jones. Das nove músicas do álbum, quatro delas foram escritas por Michael Jackson. Sete singles do álbum entraram para o top 10 das paradas de sucesso e três ganharam uma versão em videoclipe. 

Atualmente, "Thriller" ainda segue como o álbum mais vendido de todos os tempos, com fontes variadas que apontam números entre 51 e 65 milhões de cópias. O disco também ganhou um número recorde de oito prêmios Grammy em 1984, incluindo o álbum do ano. "Thriller" além de permitir que o Rei do Pop derrubasse algumas barreiras raciais que existiam na música popular com suas aparições na MTV, também o fez pelo seu encontro com o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, na Casa Branca. O álbum também foi o primeiro a usar os videoclipes como ferramentas de promoção musical - 'Thriller', 'Billie Jean', e 'Beat It' eram regularmente exibidos na MTV. 

Você pode ter um milhão de motivos para não gostar de Michael Jackson, mas absolutamente nada irá tirar dele tudo o que esse disco lhe deu e continua dando mesmo hoje, após 7 anos de sua morte, em 25 de junho de 2009, quando se preparava para uma nova turnê intitulada "This Is It". Bem distante da fama à qual "Thriller" lhe projetou, MJ morreu de intoxicação aguda do anestésico propofol, após sofrer parada cardíaca. O tribunal de Justiça de Los Angeles considerou sua morte um homicídio, acusou seu médico pessoal, dr. Conrad Murray.
A Deus toda glória!
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