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quinta-feira, 16 de maio de 2019

SERÁ QUE O DESERTO É MESMO TÃO RUIM?

"Uma voz clama: 'No deserto preparem o caminho para o Senhor; façam no deserto um caminho reto para o nosso Deus'" (Isaías 40:3).
O deserto é o templo original de Deus, Sua habitação pessoal aonde Ele leva os que O seguem para encontrá-lO e estar em Sua presença. Foi no deserto que Deus chamou e enviou Moisés, e lhe deu os Dez Mandamentos. Foi ali que Deus formou Israel e levou Moisés a criar o Tabernáculo. O deserto também foi onde Deus preparou Davi para ser o rei de Sua nação e o protótipo do Seu Filho. Deus também se encontrou com o profeta Elias e preparou Seu profeta João Batista no deserto. 

O Espírito Santo levou Jesus até o deserto para ser testado, tentado e aprovado como Messias. A Palavra também nos diz que o pensamento teológico de Paulo foi desenvolvido e finalizado no deserto. O deserto foi bem ligado com o início do ministério de Jesus. Mas, afinal qual tipo de lugar era o deserto?

O deserto é um lugar quente, árido, inóspito e solitário. Quem caminha no deserto fica com sede e não encontra água, fica com fome e não encontra comida, fica com calor e não encontra sombra. No deserto estamos completamente vulneráveis, dependentes.

Não podemos nos esconder no deserto. Da mesma forma, não nos podemos esconder de Deus. Precisamos nos abrir, ser vulneráveis, depender completamente dEle. Quando fazemos isso, Deus faz milagres. Ele nos dá tudo que precisamos e transforma nosso deserto em um lugar fértil e bonito!

O deserto: bom, mas difícil


O deserto ainda é o templo de Deus e o lugar de Sua presença pessoal. Ele leva todos os Seus líderes a passarem por diferentes tipos de deserto para nos transformar em Suas ferramentas, para mudar vidas e tornar visões em realidade. Em vista de tudo o que Deus já fez no deserto, precisamos reconhecer que ir para o deserto para encontrar com Deus é bom, seja onde for e signifique o que significar para nossas vidas. 

Muitos cristãos pensam que uma experiência no deserto é algo a ser evitado ou um lugar de onde precisamos escapar o quanto antes. O fato é que o deserto só se torna uma experiência ruim quando nos recusamos a aprender o que Deus quer nos ensinar e a confiar nEle quanto ao que quer que façamos. Se o deserto é o templo santo de Deus, o lugar onde Ele se encontra com os que O seguem para prepará-los para o Seu tipo de grandeza – e é – e se o deserto é onde Ele prova que os Seus estão preparados para o Seu propósito, tanto para Ele quanto para eles – e é – então o deserto só pode ser bom! É um lugar difícil, estressante e muitas vezes isolado, mas não é um lugar ruim. Entrar na presença do Deus santo é sempre algo bom.

Às vezes, pessoas ou eventos que não podemos controlar são o que nos levam para o deserto. Alguém que amamos (como nossos filhos ou pais idosos), membros de nossas equipes criando tensão no ministério ou um chefe dificultando nossas carreiras podem nos levar ao deserto mesmo sem saber. Nós não causamos essas situações, não as escolhemos e não sabemos como ou quando nossa luta vai acabar.

O que é o deserto


O que é esse deserto que estamos enfrentando? Em sua essência, é uma metáfora bíblica para aqueles momentos áridos e estéreis da vida – sejam espirituais, físicos ou emocionais – aonde Deus nos leva para nos testar, transformar, purificar, provar e preparar para a Sua grandeza em nossas vidas. São os momentos difíceis na vida através dos quais crescemos nas mãos de Deus de acordo com o Seu propósito. 

Às vezes, Seu alvo é simplesmente purificar nosso caráter. Outras vezes, quer melhorar alguma dimensão da nossa capacidade. Outras ainda, Ele age para nos provar, para mostrar aos outros que somos qualificados para a liderança. Sua intenção é sempre o nosso bem, mesmo quando outros têm intenções más, como no caso de José. É por isso que nossas jornadas pelo deserto exigem grande confiança nEle. Apenas lembre que o zigue-zague pelo deserto é a distância mais curta para tornar-se frutífero.

Lugar de infertilidade


João pregou no deserto, que segundo a profecia de Isaías 40:3-5, foi mal preparado para a chegada da glória do Senhor. O deserto foi o lugar lógico para o trabalho de João porque simbolizava os corações do povo, corações secos e mortos. Ele veio para tirar as barreiras espirituais do povo que poderiam impedir a vinda do Messias. Foi uma tarefa formidável: 
"Todos os vales serão levantados, todos os montes e colinas serão aplanados; os terrenos acidentados se tornarão planos; as escarpas serão niveladas" (Is 40:4). 
Para realizar esta transformação João veio para este povo árido pregando arrependimento (Mt 3:2,7-10). O arrependimento em que João insistiu não era nada despreocupado, mas envolveu uma reorientação radical da vida (note Lucas 3:10-14). Tornar este deserto num lugar frutífero exigiria mudanças em todo aspecto do dia-a-dia do povo. Pessoas hoje estão em situações parecidas e para qualquer pessoa estar preparada para Cristo na sua vida, tem que estar disposta a mudar sua vida em todo sentido.

Classificação do deserto

Lugar de simplicidade


A vida de João combinava bem com o deserto em que habitava. Ele usava roupas feitas de pelos de camelo com um cinto de couro e se alimentava com gafanhotos e mel silvestre. Evidentemente, João não tinha outro alimento nem outra roupa à sua disposição no deserto. É claro que João não valorizou nem bens, nem conforto, nem honra. 

Nós estaríamos dispostos a sermos chamados para o deserto? Diversos discípulos tiveram que passar por severas aflições; Paulo, por exemplo: 
"Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos....Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo" (1 Coríntios 4:11-13). 
O escritor de Hebreus cita outros exemplos: 
"Outros enfrentaram zombaria e açoites; outros ainda foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada.  
Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era digno deles. Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas" (11:36-38). 
Nem todo servo de Deus sofre tudo isso na vida, mas para servir ao Senhor temos que estar dispostos a passar por severas tribulações, colocar as necessidades dos irmãos acima das próprias luxúrias (Lc 3:11; 12:33; 14:33), colocar o reino acima de todas as coisas (Mateus 6:33; 8:20), e deixar de nos preocupar com questões de comida e roupa (Mt 6:25-34; Lc 10:7,8). A simplicidade de João no deserto serve como desafio para nós.

Lugar de libertação


Talvez a ideia do deserto esteja mais ligada com a ideia da libertação e da salvação do que com qualquer outra ideia. Lembramo-nos de como o Senhor soltou os israelitas das garras dos senhores egípcios e providenciou-lhes redenção no deserto: 
"O povo que escapou da morte achou favor no deserto" (Jeremias 31:2). 
Do mesmo jeito, nós, ao ficarmos libertos da escravidão do pecado, passamos para o deserto (Oséias 2:14; Apocalipse 12:6, 14). O deserto vem a simbolizar um lugar de salvação da servidão cruel. Que bênção! Infelizmente, a geração dos israelitas reclamou do deserto. Repetidas vezes, os israelitas se queixaram das dificuldades no caminho e queriam retornar à escravidão egípcia (veja Êxodo 14:11,12; 16:3; 17:3; Números 11:4-6; 14:1-4). Não fazia sentido que eles quisessem voltar para a angústia do Egito. 

Será que cristãos às vezes passam pelos mesmos sentimentos e almejam a vida que levavam antes de seguir Cristo, a vida do pecado? Quando olhamos para trás ou tentamos ficar com as coisas do passado arriscamos nossa alma: 
"Naquele dia, quem estiver no telhado de sua casa, não deve descer para apanhar os seus bens dentro de casa. Semelhantemente, quem estiver no campo, não deve voltar atrás por coisa alguma. Lembrem-se da mulher de Ló!" (Lc 17:31,32).

Lugar de prova


Para Jesus, o deserto foi o lugar em que encontrou o tentador e foi testado. Para os israelitas, o deserto foi o lugar de provação também. Os resultados eram totalmente opostos. Jesus derrotou satanás em tudo. No caso dos israelitas, todos eles passaram pelo mar e participavam da alimentação providenciada por Deus no deserto; porém, 
"Deus não se agradou da maioria deles; por isso os seus corpos ficaram espalhados no deserto" (1 Coríntios 10:5). 
É uma lição forte, porque aproximadamente 603.550 homens saíram do Egito, mas apenas dois deles entraram na terra prometida! No deserto onde 99,99% dos israelitas fracassaram, Jesus venceu. Qual era a diferença? Jesus confiou no Senhor e na Palavra. Ele citou a escritura: 
"Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (Mt 4:4; veja Deuteronômio 8:3), 
e mostrou a importância da palavra citando-a cada vez que o diabo se aproximou. 

Os israelitas, por causa da incredulidade causada por duro coração, caíram 
"durante o tempo da provação no deserto" (Hb 3:8). 
Como os israelitas, cristãos hoje passaram pelo mar do batismo e participam da ceia do Senhor. Há um sério perigo de que a mesma coisa aconteça hoje: 
"Essas coisas ocorreram como exemplos para nós... Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós" (1 Co 10:6, 11). 
No deserto da provação, confiaremos na Escritura e venceremos a tentação ou seremos autoconfiantes e cairemos?


Lugar de bênção


João, voz que clamava no deserto, anunciou Jesus como aquele que batiza com o Espírito Santo. Vários textos proféticos mostram uma visão do deserto transformado por Deus num lugar bem frutífero (Is 35:1, 6; 41:18,19; 43:19-21; 51:3). Especialmente interessantes são os trechos que ligam o novo vigor do deserto com a provisão do Espírito. 
"A fortaleza será abandonada, a cidade barulhenta ficará deserta... até que sobre nós o Espírito seja derramado do alto, e o deserto se transforme em campo fértil, e o campo fértil pareça uma floresta" (Is 32:14,15). 
"Pois derramarei água na terra sedenta, e torrentes na terra seca; derramarei meu Espírito sobre sua prole, e minha bênção sobre seus descendentes" (44:3). 
As maravilhosas bênçãos que estão disponíveis em Cristo vêm por causa do trabalho do Espírito Santo que tem sido derramado sobre o povo de Deus (Ezequiel 39:29).

Por que o deserto?


Por que será que, de toda a beleza da Criação, com suas montanhas cobertas de neve e vales verdejantes, seus mares imponentes e ilhas exuberantes, Deus escolhe o deserto para ser Seu templo de transformação de vidas? Por que escolhe chamar Seus líderes a um lugar tão desagradável? Por que fazer desse lugar estéril uma escola de polimento de Seus líderes? Porque o deserto é uma imagem da realidade, um vislumbre dos corações dos Seus líderes e dos seus seguidores. A aridez e a futilidade físicas do deserto representam exatamente a aridez e a futilidade espirituais dos Seus líderes até entrarem no Seu templo sagrado no deserto.

Não importa quantos relances de beleza possamos ter – e o deserto tem momentos belos – no fim das contas, nós líderes somos tão áridos e infrutíferos quanto o deserto do Sinai à parte da pureza e do poder que a presença de Deus produz em nós. Até que Deus transforme nossa escassez em beleza, nos ensinando o que mais importa quanto a nós como líderes, lideramos na futilidade de nossos desertos pessoais. De fato, o que mais importa não é o que fazemos com nossas mãos, mas o que Deus faz com nossos corações. 

O deserto da vida é a clínica de cardiologia de Deus, o lugar aonde Ele nos leva para transformar nossos corações de modo a libertar nossas mãos da futilidade do nosso ego e levá-las à graça frutífera. Uma vez que tenha transformado nossos corações, o que fazemos com nossas mãos ganha um impacto eterno através de ações frutíferas transformadoras. 

Entramos no deserto na futilidade da nossa tolice e saímos dele sendo frutíferos na sabedoria de Deus e Sua poderosa fraqueza. Fazemos a mesma coisa que sempre fizemos; mas agora os cinco mil são alimentados, os espiritualmente mortos são ressuscitados, os desinteressados são encorajados, os surdos podem ouvir e os cegos podem ver – tudo por causa da graça de Deus através de nós.

Uma vez não basta


Nossa experiência no deserto não acaba depois de passar por lá uma única vez. De certa forma, nunca saímos completamente do deserto, porque Deus não vai terminar o processo de transformar nossos corações até que estejamos plenamente em Sua presença, quando Ele nos der um novo coração, perfeito. Então continuamos em nossas lutas no deserto, às vezes com menos intensidade, às vezes com exigência ainda maior; com frequência voltando, em meio a nossas lutas, a lugares antigos agora transformados em oásis refrescantes pela boa mão de Deus. 

Outras vezes encontramos novos lugares áridos e estéreis em nossas vidas – lugares que o Pai não tinha nos mostrado antes – mesmo que eles tenham sido parte de nós desde que nascemos. Quando isso acontece, sabemos que estamos entrando mais uma vez na clínica de cardiologia de Deus para outra cirurgia cardíaca sem anestesia. Não há como dormir enquanto Deus desobstrui artérias ou substitui válvulas, quanto mais enquanto faz Seus transplantes de coração; só recebemos o benefício completo da Sua cirurgia cardíaca quando encaramos a dor e os ferimentos que causamos a nós mesmos e a outros em nossos esforços fúteis para promover nossa causa no nome de Jesus. Deus está nos corrigindo e não nos punindo ao nos fazer passar por essa dor. A única forma de nos libertarmos do pecado é estarmos totalmente cientes da morte e do custo que o pecado traz, tanto em nós quanto nos que lideramos e afirmamos amar.

Um zigue-zague


Nos movemos no deserto em um zigue-zague de luta, confusão e incerteza. Por que continuamos voltando ao mesmo lugar infrutífero? Já não estivemos aqui antes? Por que precisamos voltar? Como esse zigue-zague pode ser a distância mais curta entre onde estamos e aonde queremos ir? Deus não sabe que está desperdiçando nosso tempo nos levando de volta aos mesmos buracos secos vez após vez? Se Ele consegue controlar o universo, por que não pode controlar a nossa vida de forma mais eficiente? Por que não nos dá pessoas que estão motivadas como nós, que querem ir aonde queremos ir, que se importam tanto quanto nós?

Quando finalmente saímos do deserto e olhamos para o rastro em zigue-zague atrás de nós, percebemos que essa realmente era a rota mais rápida que Deus poderia ter escolhido para nossas vidas.

Quando finalmente saímos do deserto e olhamos para o rastro em zigue-zague atrás de nós, percebemos que essa realmente era a rota mais rápida que Deus poderia ter escolhido para nossas vidas – na verdade, a única rota pela qual poderia nos levar. Como no caso dos filhos de Israel, o problema não está em Deus, mas em nós. Se tivéssemos confiado nEle mais prontamente, Ele teria agido mais rapidamente. 

Imagine o quão rapidamente Deus poderia ter levado o povo de Israel para a Terra Prometida se tivessem confiado Nele. Teriam chegado lá em dois anos, não em quarenta. Aqui está o que precisamos perceber: Deus nos tira do deserto o mais rápido possível, mas nunca antes de estarmos prontos para seguir em frente. Pode ser por isso que alguns de nós nunca chegamos a ser frutíferos.

Conclusão


Deus tem um plano e um propósito ao nos trazer para essa terra devastada e aparentemente inútil, que é transformar nossos corações para que Ele possa gerar frutos através das nossas mãos. Uma vez que tenhamos aprendido isso, podemos voltar para o deserto com expectativa quando Deus nos impelir. Só é possível enfrentar as areias escaldantes da santidade de Deus de pés descalços, mas Deus está lá para nos confortar, nos curar e nos enviar adiante mais sadios do que antes.

O deserto é uma realidade da vida da qual não podemos fugir – um lugar estéril e desolado que revela nossa futilidade. Somos impelidos a entrar nele para sermos testados, tentados e aprovados para nos tornarmos líderes aptos diante de Deus; líderes totalmente entregues, que passaram pela escola de polimento de Deus, o deserto onde Ele tem Sua clínica de cardiologia e transforma nossos corações de pedra em corações de carne. 

Através de Ezequiel, o Senhor profetizou sobre nossa época dizendo: 
"Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o meu Espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a obedecerem fielmente às minhas leis" (Ezequiel 36:26,27). 
Precisamos refletir para verificar que temos o Espírito do Senhor em nós. Nosso coração é macio e sensível à palavra de Deus, ou nossa receptividade à vontade do Senhor parece pedra-fria, dura e petrificada? Andamos nos decretos do Senhor; observamos fielmente as suas leis? Até que ponto o Espírito reside em nós? 
"...No qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito" (Efésios 2:21-22). 
Um cristão cresce para ser cada vez mais santuário do Senhor deixando a palavra do Espírito habitar cada vez mais ricamente no seu coração, dominar cada vez mais fortemente seu andar (Ef 5:18; Colossenses 3:16), e produzir cada vez mais o fruto apropriado (Gálatas 5:22,23). Demonstramos a presença do Espírito em nós?

Temos muita coisa para aprender no deserto. Jesus venceu o diabo ali e transformou a aridez em jardim. Aproveitamos esta bênção?

[Fonte: Chamada, por Bill Lawrence; Estudos Bíblico, por Gary Fisher]

Ao Deus do deserto, toda glória. 
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E nem 1% religião

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