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segunda-feira, 6 de maio de 2019

DISCOS QUE EU OUVI - 52: "TOMATE", KID ABELHA

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Para início de conversa, sou suspeito pra falar sobre Kid Abelha, pois sempre fui muito fã da banda, na minha opinião, uma das melhores do boom das bandas de pop e rock na década de 1980. Estamos acostumados a celebrar as décadas de lançamento de grandes álbuns internacionais, mas e a prata da casa? Embora divida muitas opiniões, não podemos negar a importância do Kid Abelha para o pop rock nacional. Sobre o disco em questão, se alguém for procurar o terceiro disco do Kid Abelha em CD, deve se preparar.

O terceiro disco do grupo, "Tomate", completou 30 anos em 2017 e marcou uma verdadeira transição na vida da banda, que tinha acabado de sair da fase inicial para tentar entrar em um campo mais profissional. Tomate foi o primeiro disco sem a participação de Leoni, saído do Kid após inúmeros problemas de relacionamento com o restante do grupo. Ausente das lojas virtuais (as "físicas" onde estão?) há muito tempo, ele só pode ser encontrado em sites de compras alternativas com preços variando entre 100 e 200 reais. É simples entender o motivo de tamanha distorção no mercado de discos. Trata-se da velha teoria da oferta e da procura. 

Um pouco sobre a história da banda


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Responsáveis por educarem sentimentalmente pelo menos três gerações, o Kid Abelha (& os Abóboras Selvagens) conseguiram a façanha de fazer música pop sem necessariamente apelar para a pobreza de letras e arranjos medíocres. Tendo na linha de frente a belíssima Paula Toller (essa mulher não envelhece, meu Deus!), emplacaram músicas de sucesso em três décadas diferentes, se tornando um dos campeões de hits radiofônicos do Brasil, afinal de contas, quem nunca ouviu uma música do Kid Abelha que atire fale agora ou se cale para sempre. Vamos fazer um resumo pela obra da banda mais importante do pop nacional.
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Tendo Paula Toller nos vocais, George Israel no Saxofone, Bruno Fortunato na guitarra e Leoni no baixo, além de principal compositor do grupo, o Kid Abelha & os Abóboras Selvagens lançavam em 1984 seu primeiro disco, "Seu Espião". Olhando hoje para ele, parece mais uma coletânea de grandes sucessos. Apesar de execrado pela crítica especializada, afirmando que a banda jamais se consolidaria no rock nacional (parece que o jogo virou, né bebê?), o disco é recheado de músicas que são hits até hoje como 'Como Eu Quero', 'Fixação', 'Pintura Íntima', 'Nada Tanto Assim', 'Porque Não Eu?' e 'Alice (Não Me Escreva Aquela Carta de Amor)'. No disco, temos a primeira demonstração do potencial de Leoni em compor músicas prontas para o sucesso.
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No ano seguinte, vem o segundo trabalho dos Abóboras Selvagens, "Educação Sentimental". Se no primeiro disco, a temática das músicas permeavam o universo adolescente, no segundo já se passeia mais pelo mundo juvenil. Assim como "Seu Espião", "Educação Sentimental" também é uma coletânea de hits. 'Lágrimas e Chuva',
'Os Outros', 'Garotos', 'Educação Sentimental 1 e 2' são algumas das músicas que compõem o disco. Ele também é o primeiro com a participação de Leoni nos vocais, nas músicas 'Educação Sentimental 1' e 'Conspiração Internacional' e é também seu último disco na banda.
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Com o intuito de acabar com os rumores de que a banda chegaria ao fim após a saída de Leoni, é lançado em 1986 "Ao Vivo". Apesar de poucas faixas, apenas nove músicas divididas em seis faixas, todas músicas tiveram novos arranjos, incluindo metais e mostrando uma qualidade na sonoridade da banda que muitas vezes, as gravações em estúdio não conseguiam mostrar fielmente. Nesse disco, o Kid regrava a música 'Nada Por Mim', 
parceria de Paula Toller com o vocalista d’Os Paralamas do Sucesso Herbert Vianna, gravada originalmente pela cantora Marina Lima. Um bom disco e que serviu para dizer que o Kid Abelha continuava mais vivo que nunca. Chegamos então ao

"Tomate"!


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Lançado em 1987, Tomate só saiu em CD em 1996, pela Warner. Ficou disponível por pouco tempo e nunca mais foi visto, a não ser na mão de colecionadores empedernidos, capazes de pedir valores abusivos como os mencionados no início desse artigo. Apesar de massacrado pela crítica na época do lançamento, "Tomate" não é um álbum ruim do Kid Abelha, que usava o complemento & Abóboras Selvagens pela última vez na capa do disco. É apenas um trabalho de transição, no qual Paula Toller e George Israel precisam se mexer para dar conta do trabalho árduo de composição.

Até o segundo – e belíssimo disco – as canções do Kid Abelha eram da autoria de Leoni, baixista e cérebro da banda. Até hoje Leoni é considerado um dos grandes songwriters do rock nacional oitentista, capaz de assumir a figura feminina em suas letras como, por exemplo, em 'Os Outros' ou 'Garotos', ambas de "Educação Sentimental", lançado em 1985 pela banda, com a missão de manter o nível da estréia, "Seu Espião", que emplacara quase todas suas faixas nas rádios.

"Educação..." era mais contido, mais maduro e totalmente identificado com aquele momento espaço-tempo de Zona Sul carioca e seus jovens, saindo dos pátios dos colégios, chegando em casa e ligando seus rádios ou vendo programas de clipes na televisão. Era o pessoal que ia ao Circo Voador nos fins de semana, que ligava para as FMs para pedir música, enfim, um tempo que não volta mais e Leoni foi capaz de dar conta do relato de seus tiques e taques emocionais. 

Era, portanto, uma presença enorme a ser suprida. Após uma discussão pesada, na qual estariam envolvidos assuntos amorosos – Leoni era namorado da vocalista Paula Toller no início do Kid – o baixista deixou a banda e fundou outro grupo, o Heróis da Resistência e, hoje em dia, tem uma simpática carreira solo.

Paula Toller e George Israel, saxofonista da banda, assumiram então a composição e não se saíram mal. Aproveitaram um movimento natural – a maturidade da banda – e centraram fogo em letras que falavam de assuntos ainda não abordados. 

O maior exemplo é a bela 'Amanhã É 23', balada que encerra o disco - e entrou na trilha sonora da novela global "O Outro", como tema da personagem Glorinha da Abolição, interpretada pela Malu Mader -, cheia de climas e viradas de bateria (a cargo de Claudio Infante, da banda de Lulu Santos) bem executadas, que servem de moldura para uma Toller melancólica assumindo uma voz maternal insuspeita para falar de uma filha, numa estranha associação. Toller foi criada pelos avós, talvez o motivo para essa visão. A música puxou o álbum e ainda vieram três outros sucessos: 'No Meio da Rua' e 'Me Deixa Falar', 

além da faixa-título. 

A presença de Nilo Romero e Claudio Infante deu à sonoridade do Kid Abelha uma ressonância inédita até então, mas que não se repetiria, uma vez que Romero era apenas um convidado e Infante deixaria o grupo no ano seguinte. É possível detectar alguns slaps de baixo e viradas de bateria que não apareceram em qualquer gravação antes (e depois) de "Tomate".

A produção de Liminha, repetindo a participação nos dois trabalhos anteriores, contribui para a sonoridade mais profissional, como evolução natural do próprio uso do estúdio por conta das bandas daquela época, todos se aprimorando tecnicamente.

"Tomate"?


A ideia do título do disco é o lado negro da Força da presença da dupla Israel/Toller nas composições. Paula havia lido um texto do poeta Murilo Mendes sobre a apreciação crítica de um tomate como uma escultura de arte. Além disso, o óbvio trocadilho com "too much" (demais) também se fazia presente no contexto. Em 1987, no entanto, gravar um disco "ruim" significava chegar às 100 mil cópias vendidas, número atingido por "Tomate" sem muitos problemas.

Editado em CD há 23 anos e nunca mais posto à venda em nenhum formato, "Tomate" é item de colecionador para fãs do Kid e um bom exemplo de banda em busca do amadurecimento enquanto lida com fama, imagem e perda. Vale a pena, é um trabalho bem interessante e cheio de nuances.

Conclusão


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"Tomate" é o meu disco preferido na discografia do Kid (e eu gosto de toda ela). Pontapé inicial da parceria Paula-George nas composições do Kid, o disco traz arranjos mais voltados para o funk-soul americano e uma temática mais adulta nas letras, expressando bastante amadurecimento na sonoridade do grupo, mostrando que a banda estava crescendo junto com o público. Se não mudou o mundo, como outros clássicos do rock mundial, marcou sim uma transição na forma como o Kid Abelha seria visto dali para a frente. Se não for o melhor trabalho do Kid Abelha, com certeza está entre os melhores. Vale a audição e o meu carimbo de

Top 5 do Kid

  1. "Tomate" (1987)
  2. "Meu Mundo Gira em Torno de Você" (1996)
  3. "Educação Sentimental" (1985)
  4. "Tudo é Permitido" (1991)
  5. "Seu Espião" (1984)

Discografia


  • "Seu Espião" (1984
  • "Educação Sentimental" (1985)
  • "Kid Abelha – 'Ao Vivo'" (1986)
  • "Tomate (1987)
  • "Kid" (1989)
  • "Tudo é Permitido" (1991)
  • "Iê Iê Iê" (1993)
  • "Meio Desligado" (1995)
  • "Meu Mundo Gira em Torno de Você" (1996)
  • "Autolove" (1998)
  • "Coleção" (2000)
  • "Surf" (2001)
  • "Acústico MTV" (2002)
  • "Pega Vida" (2005)
  • "Multishow Ao Vivo: Kid Abelha 30 Anos" (só lançado em DVD)

[Fonte: Monkeybuzz, por Carlos Eduardo Lima; Som dos Sons, por Abner Moabe] 

A Deus toda glória.

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E nem 1% religião

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