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segunda-feira, 27 de maio de 2019

PAPO RETO - O DESAFIO DO PERDÃO NA INFIDELIDADE CONJUGAL

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É fácil um líder religioso falar de perdão em sua mensagem. Mas perdoar é mais difícil do que as palavras dizem. Na palavra "perdoar" tem a parte que diz "doar". Você doa, de graça, algo a alguém que não merece. Ou você recebe o que não merece, o perdão, mesmo sendo culpado. No contexto da salvação, é exatamente isso o que Deus fez conosco (Efésios 2:1-9).
Claudia Bruscagin, professora da PUC-SP diz: 
"Perdoar não é a negação dos sentimentos de mágoa, ira e rancor. É reconhecer os sentimentos e então escolher não agir por eles" ("Religiosidade e Psicoterapia", Editora Roca, p. 60, 2008). 
Perdoar tem que ver com escolha. Mas e os sentimentos de dor? Escolher perdoar os elimina?

Perdoar, não é esquecer


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Diz-se que quem perdoa, esquece. Na verdade, quem perdoa genuinamente, primeiro lembra, analisa, desabafa a dor, depois trabalha para esquecer por decisão consciente de fazer isto. O perdão não é de graça. Quem perdoa tem que pagar o preço de abandonar seu desejo de fazer justiça com suas próprias mãos. É isto fácil? De jeito nenhum! Envolve grande risco porque o ofensor pode não demonstrar arrependimento e permanecer abusivo. Ou se interromper o ciclo de abusos, pode não admitir para o ofendido seus erros. Como conviver com uma realidade em que o ofensor não admite seus erros, não pede perdão, não quer tocar no assunto, quer viver como se tudo estivesse legal e como se não tivesse ocorrido um trauma muito doloroso?

O perdão não é de graça porque ele não livra a pessoa dos resultados de seus atos. O povo de Israel foi perdoado, porém, de cerca de dois milhões de pessoas que andaram pelo deserto após saírem do Egito, somente duas entraram na Terra Prometida. Havia um preço. Aquele que maltrata outra pessoa física, sexual ou psicologicamente, tem que assumir as consequências de seu ato; caso contrário, o perdão não terá sentido nem significado. 

Perdoar não é passar por alto as consequências das agressões. Isto é injustiça. O perdão bíblico é sempre um ato realizado num contexto de justiça. Em nenhuma parte é um ato isento de responsabilidade. Seria confundir perdão com impunidade, e não é isso o que a Bíblia apresenta. 

Não se pode viver num contexto de rancor. Mas é importante entender que o perdão tem seu tempo de desenvolvimento, é pessoal e, em muitos casos, um milagre.

O desafio de perdoar a traição conjugal


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Uma das dores emocionais mais devastadoras é a de ter sido traído pelo cônjuge. Isto porque quando se casa por amor o vínculo afetivo formado ao longo do namoro, noivado e casamento é muito forte e o nível de confiança depositado no cônjuge passa a ser um dos mais profundos nas relações humanas. Quando ocorre a infidelidade, quebra-se muita coisa e o perdão se faz necessário em algum momento no futuro. Vamos analisar isto.

Qualquer pessoa, cristã ou não, está sujeita à paixões afetivas. Quando ela é religiosa, o compromisso de fidelidade é assumido não só para com o cônjuge, mas para com Deus também. Ocorrendo adultério, além da quebra da fidelidade com o(a) companheiro(a), ocorre também a quebra do relacionamento com Deus. 

No contexto cristão, a infidelidade parece denunciar uma falta de compromisso não somente com o casamento, mas também com Deus, com a fé e seus preceitos. Para o casal religioso, a reconstrução do relacionamento após um caso de infidelidade exige que não somente a dinâmica da relação seja revista, mas também a interação de cada um dos membros do casal com Deus, pois o perdão de Deus é tão importante quanto o perdão do cônjuge traído.

Cada cônjuge tem um papel quanto ao perdão ao ocorrer a infidelidade. O do traído é oferecer o perdão, o do traidor é buscá-lo. Ambos devem avaliar seu relacionamento e restaurar a relação, mudando o que erraram e acima de tudo perdoando verdadeiramente. Mas o que é o perdão verdadeiro? Depende dos sentimentos? Depende de esquecer o fato?

O perdão verdadeiro

A cura através do perdão


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É muito importante entender que o perdão cura a pessoa que perdoa. Viver ressentido é viver com a dor agarrada em você. A palavra "ressentimento" significa "re-sentir", ou seja, sentir de novo. O perdão interrompe sentir a dor contínua. Quando você perdoa, a dor vai embora e você se sente melhor, mesmo que o perdão não possa produzir o restabelecimento do relacionamento interrompido pela quebra da fidelidade e confiabilidade na vida do casal.

Especialistas de várias áreas da saúde emocional, são unânimes em afirmar com base em pesquisas e estudos que a única forma de curar a dor que não se cura por si mesma é o perdão à pessoa que o magoou. Segundo eles, o perdão cura a memória ao trabalhar a mudança de pensamentos. Aquele que vive remoendo sua dor pode ser mais prisioneiro que o agressor e, ao perdoar, liberta-se da prisão.

Ainda de acordo com os especialistas, perdoar não é passar por cima dos próprios sentimentos, ou simplesmente "dar a outra face". É um processo longo e dolorido, pois é um ato voluntário de renúncia ao direito legítimo de estar ressentido, de julgar negativamente o ofensor ou agressor e demonstrar uma atitude de compaixão e generosidade para com ele, apesar de não merecer. 

Perdoar não é a negação dos sentimentos de mágoa, ira e rancor. É reconhecer os sentimentos e então escolher não agir por eles. Também significa que os maus sentimentos podem voltar e que talvez seja preciso perdoar mais de uma vez.

Cura não significa que após o perdão tem que haver reconciliação. Alguns casos não há, porque o ofensor foi longe demais ou porque ele não se interessa pela humilhação necessária para tratar a ferida ou porque a ferida destruiu a sustentação do relacionamento semelhante a um prédio abalado por um tremor que tem sua estrutura condenada pela Defesa Civil para a segurança de todos. 

Deus teve que destruir os antediluvianos porque eles não aceitaram o perdão e chegaram a um ponto de não-volta, de não-arrependimento, de não-perdão. Eles queriam prazer, mas não perdão, porque ficaram movidos pelas emoções, dominados pelos demônios da vaidade, da carnalidade, da mundanidade. Ou seja, não foi Deus quem não os perdoou, eles foram quem rejeitaram a liberação do perdão divino. Isso acontece também nos relacionamentos.

A diferença entre o perdão e a desculpa


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Perdoar não é desculpar o erro da pessoa, assim como arrependimento não é o mesmo que remorso. A desculpa ocorre quando há a compreensão de que a pessoa não é culpada pelo que fez. Você não desculpa no sentido de tirar a culpa, porque ela é real. Procura perdoar escolhendo fazer isto independente do sentimento porque o perdão não é um sentimento, é uma escolha. Escolha de não cultivar a mágoa contra a pessoa que machucou você.

Há ritmo e estágios diferentes para cada um viver o processo de perdoar. Se alguém der um soco no seu rosto, produzirá uma marca visível na pele. Pode sangrar, fica roxo, inchado, etc. e a cura desta pancada demora um tempo, se você perdoou o agressor ou não. Algo parecido ocorre no processo de cura da dor da "pancada" da traição. 

Os estágios do perdão


Os estágios para se alcançar o perdão são: mágoa, rancor, cura e reconciliação. O primeiro passo é reconhecer os sentimentos e assumi-los. Na fase de reconciliação em casos de infidelidade (ou outros) é importante que o cônjuge que traiu, se quiser seguir na reconciliação: 
  1. Aceite sua responsabilidade pelo ocorrido; 
  2. expresse sincero pesar e arrependimento; 
  3. de alguma forma ofereça compensação conveniente;
  4. prometa não repetir a conduta, e 
  5. peça perdão.
Ou seja, na reconciliação, quando possível, o ofendido convida a pessoa que o machucou de volta para sua vida. Se o outro vem honestamente, o amor pode atuar e juntos podem desenvolver um novo relacionamento. Esse estágio depende tanto da pessoa a ser perdoada quanto da que perdoa; às vezes a pessoa não volta e é preciso se curar sozinho.

Conclusão


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O tempo cura. Mas nessa cura pode haver, e em geral há, mudanças profundas no relacionamento entre as pessoas envolvidas. Uma pessoa traída, pode precisar de anos de restabelecimento emocional para se recompor da tragédia e voltar a viver com serenidade. 

É como você jogar uma pedra num lago sereno e formar múltiplas ondas. As ondas se formam, não porque o lago é malvado, mas porque ele responde à uma lei da Natureza. Um coração partido não se recompõe rapidinho com qualquer "band-aid", seja ele cristão ou não.
"Só ele cura os de coração quebrantado e cuida das suas feridas" (Salmo 147:3).

[Fonte: portalnatural.com.br/saude-mental, por César Vasconcellos, cristão, médico psiquiatra e psicoterapeuta, especialista em Psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria e Associação Médica Brasileira, membro da American Psychosomatic Society, consultor psiquiatra da revista Vida & Saúde e Diretor Médico do Portal Natural. Também é autor dos livros "Casamento: o que é isso?", "Consultório Psicológico", "Saúde Total" e do audiolivro "Casamento: o que é isso? Comentado"]

Ao Deus do perdão, toda glória. 
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E nem 1% religião

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