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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

JESUS, O EXEMPLO MÁXIMO DE INTEGRIDADE

A apresentação deste artigo se dá devido a grande necessidade atual de cristãos "de caráter", especialmente líderes que possuam integridade. Infelizmente está se tornando comum deparar-se com líderes que "caíram" e "ex-pastores" que abandonaram a fé que tanto pregaram, como também a descoberta de escândalos envolvendo-os.

Dentre tantas razões que levou a esta situação, uma delas é a falta de modelos saudáveis que servissem de exemplos. Nesse âmbito, a proposta é que Jesus sirva como modelo e exemplo máximo a ser seguido, pelo menos em dois sentidos: na Sua integridade em cumprir as profecias do Antigo Testamento (obediência à Palavra) e na Sua integridade de um caráter puro e completo (perfeito).

O primeiro sentido não será difícil demonstrar, pois basta uma lida rápida nos evangelhos e ficará evidente, como relatado pelos próprios evangelistas, o cumprimento de Jesus às profecias. Já o segundo será abordado dentro das próprias profecias como inferências implícitas e algumas vezes, explícitas.

O caráter íntegro de Jesus pode ser abordado e subdividido de muitas maneiras, mas neste escopo se fará uso das características do fruto do Espírito dada por Paulo em Gálatas 5:22, que foi subdividido em três áreas por Stott: a atitude "para com Deus, outras pessoas e ele mesmo"[1]. A abordagem será limitada às “profecias-cumprimentos” dos livros de Isaías e do evangelho de Mateus.

I. Amor, Alegria e Paz

"Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: A terra de Zebulom e a terra de Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia das nações, o povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou." Isaías 9:1-2 e Mateus 4:14-16 [2]
Jesus, após a morte de João retirou-se da Judéia para o norte, para região da Galiléia, "para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías". O amor de Jesus ao Pai é facilmente observável em sua obediência à Sua Palavra, basta ler o contexto imediato, a sua tentação no deserto (Mt 4:1-11), na recusa em desobedecer e usar seu poder para benefício próprio. Pode-se levantar a seguinte questão: Jesus cumpriu conscientemente a profecia de Isaías ou o evangelista a interpretou postumamente? Para o próprio evangelista Jesus conhecia perfeitamente a Palavra de Deus (Mt 22:29), e por esse ângulo é fácil compreender o cumprimento dessas profecias.

Não pode passar despercebido o fato de os povos que viviam nessa região serem pagãos, ou seja, era a "Galiléia dos gentios", o que, para um Judeu, seria complicado obedecer (lembre de Jonas em Nínive), e muito menos com alegria e paz! No verso 17 de Mateus 4, fica claro a paz de Jesus em substituir a função de arauto do Senhor de João Batista, que fora preso, paz esta que é "muito diferente da noção geral de paz, visto ser uma possessão interna que traz consigo a serenidade mental." [3] "O conteúdo da mensagem de arauto do Senhor é literalmente o mesmo da palavra de João: 'Arrependei-vos'." [4]

Diante da firmeza de Jesus em demonstrar seu amor a Deus dando continuidade à pregação, com risco de sua própria vida, o evangelista aplica o restante da profecia de Isaías dizendo que o povo "viu uma grande luz" e sobre eles, nas regiões da "sombra da morte a luz raiou".

O amor, a alegria e a paz são, em primeiro lugar: "seu amor à Deus, sua principal alegria é a sua alegria em Deus e a sua paz mais profunda é a sua paz com Deus" [5]. Quando as pessoas baseiam seus relacionamentos no amor, e não no poder, elas terão condições de dar aos outros o melhor de si mesmas. O amor permite que o indivíduo tenha esperanças, as busque e enfrente as adversidades. A alegria e a paz representam a força e a firmeza de caráter, sinceridade e honestidade. Uma pessoa em paz consigo mesma e com Deus mantém sua palavra, é íntegra, correta, honesta e sincera.

II. Longanimidade, Benignidade e Bondade


"Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças." Isaías 53:4 e Mateus 8:17

Jesus havia feito uma série de exortações (conhecido como o sermão do monte), e agora, no capítulo 8, Mateus passa a descrever curas realizadas por Cristo. O interessante neste episódio é a longanimidade de Jesus em atender a solicitação dos necessitados, pois "é o mesmo Redentor que ainda hoje e em todos os tempos está a disposição dos possuídos, dos cativos e dos que sofrem." [6]

Pode-se imaginar o desgaste físico e emocional que a multidão impunha a Jesus, e mesmo assim ele mantinha a paciência procurando sempre o bem daqueles que necessitavam, mesmo, muitas vezes, sendo perseguido!

A bondade e a benignidade são inegáveis em Jesus, além de curas que realizava, promovendo assim o bem estar das pessoas, há algo ainda mais importante que é sua morte no Gólgota. Segundo Lutero:
"parece que Mateus não cita o versículo de Isaías no seu sentido real, porque Isaías fala dos sofrimentos de Cristo e não da restauração dos enfermos. Porém, deve-se responder a isso que Mateus traz o Isaías do Cristo inteiro em todos os seus atos, isto é, não apenas a parte do sofrimento de três dias, mas a vida toda de Cristo". [7]
Isso significa que ele levou sobre si o sofrimento demonstrando compaixão, especialmente em sua morte vicária, mesmo muitos não aceitando a sua oferta sacrificial.
Stott classifica essas virtudes como sociais, pois, são principalmente voltadas para os outros e não para Deus. 
"Longanimidade é paciência para com aqueles que nos irritam ou perseguem. Benignidade é uma questão de disposição, e bondade refere-se a palavras e atos". [8]
Dar continuidade a suas decisões através de atos que o levem a alcançar o decidido, não se sentir zangado com alguém que o machucou ou enganou, perdoar ou desculpar uma ação ou pensamento errado e relacionar-se de forma adequada com os demais membros de sua sociedade são características evidentes de Jesus.

III. Fidelidade, Mansidão e Temperança


"Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios. Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo. E, no seu nome, esperarão os gentios." Isaías 42:1-4 e Mateus 12:17-21
Fidelidade consiste na consecução de ações e decisões quando se julgar necessário. Relacionados com a fidelidade estão a iniciativa, a generosidade, a coragem e a motivação. A mansidão implica em mostrar consideração às pessoas escutando-as, sendo cortês e educado; em relação a si mesmo, inclui auto-respeito e autocrítica. 

Mansidão é uma forma de honrar, e ser honrado, pelos demais. Relacionados com a mansidão estão a paciência, o respeito, a tolerância e a cortesia. E por fim, a temperança faz com que indivíduos, famílias e grupos sociais se beneficiem quando cada um conhece suas responsabilidades perante os demais. Relacionados com a temperança estão a disciplina, a responsabilidade e a estima. "Fidelidade parece descrever a certeza de se poder confiar em uma pessoa. Mansidão é aquela atitude de humildade que Cristo tem. E ambas são aspectos do auto-controle ou domínio próprio." [9]

Jesus demonstra imenso domínio da situação ao se afastar dali e evitar a publicidade (v 15). "É admirável como o Senhor demonstra a prudência recomendada aos discípulos no capítulo 10. Quando Jesus soube dos planos homicidas dos seus adversários não os enfrentou apelando atrevido ao socorro de Deus, fazendo valer o direito de receber ajuda divina. (...) Isso acontece numa proporção tal que Mateus é impelido a lembrar Isaías 42:1-4, onde o profeta afirma que a obra do servo de Deus Salvador se realiza no silêncio, sem alvoroço e sem apelações propagandistas." [10]

O domínio próprio equivale ao "domínio sobre os desejos do ego" [11], o que em Jesus, o exemplo se torna por demais interessante, pois, "jamais enfatizou sua própria vontade, mas nunca deixou de impressionar os demais com o poder da sua personalidade". [12]

Ele levará o direito e a justiça a todos os povos por meio de seu sofrimento e morte. Mansamente obediente ao Pai ele "não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo".

Mateus evoca, "a partir da profecia de Isaías, não somente que Jesus se retira para o silêncio por causa da inimizade dos líderes de Israel, mas também que seu nome se torna famoso entre os povos gentios." [13] Entretanto, a humildade de Cristo em não divulgar “seus poderes” é explícitas nas palavras do verso 19: "Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz."

Finalmente, pode-se dizer que Jesus, diante de todas as suas qualidades de caráter e integridade, é o "amado de Deus", o amado em que Deus teve prazer.

Conclusão


Diante do grande exemplo de Cristo em Sua integridade ao cumprir as profecias e diante do seu caráter reto e puro, duas aplicações devem ser feitas:

1º Assim como Jesus cumpriu as profecias a Seu respeito, os ministros para manterem sua integridade diante do Senhor, devem atentar em muito à Sua Palavra, no sentido de serem fiéis cumpridores, obedientes à voz do Senhor.

2º A integridade ministerial se torna possível à medida que o ministro aproxima-se do caráter de Cristo, imitando-O e buscando seguir Seu exemplo, para que possa dizer como Paulo: "Sede meus imitadores, como também eu de Cristo" (1 Coríntios 11:1).

[Fonte bibliográfica: [1] STOTT, John R. W. A mensagem de Gálatas. Traduzido por Yolanda Mirdsa Krievin. São Paulo: ABU, 2000. página 135. [2] Os textos Bíblicos citados são do Evangelho de Mateus na versão Revista e Corrigida da SBB.[3] GUTHRIE, Donald. Gálatas: introdução e comentário. Traduzido por Gordon Chow. São Paulo: Sociedade Religiosa Vida Nova e Associação Religiosa Mundo Cristão, 1992. Página 179. [4] RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus. Traduzido por Werner Fuchs. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1998. página 73. [5] STOTT op.cit., página 135. [6] RIENECKER op.cit., página 138. [7] Ibidem, página 138. [8], [9] STOTT op.cit., página 135. [10] RIENECKER op.cit., página 204. [11] GUTHRIE op.cit., página 180. [12] Ibidem, página 180. [13] RIENECKER op.cit., página 205.]

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