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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A VOLTA DE JESUS - PARTE FINAL, ESCATOLOGIA BÍBLICA

Escatologia significa "Doutrina das Últimas Coisas" e, portanto, tem como escopo o estudo das profecias concernentes ao fim desta era e a volta de Cristo. É também a terceira e última parte da série especial A Volta de Cristo. Devido a sua complexidade e ao fato de eu não dominá-lo, me aterei aqui ao que tenho como entendimento desse assunto tão relevante à fé cristã. Não tenho a pretensão de ser referência em Escatologia (quem sou?!), mas sim compartilhar com os meus leitores e seguidores no blog o que tenho aprendido sobre o tema.

Em relação à volta do Senhor Jesus, a única unanimidade que há entre os teólogos é que ela acontecerá. Nos demais aspectos, são várias correntes defendidas. Cada um com sua teoria e opinião. É praticamente impossível definir como será a volta do Senhor e os demais acontecimentos dos últimos dias. São os mistérios do Senhor!

Já no tempo dos apóstolos a segunda vinda de Cristo era negada (2 Pe.3:4), e ainda hoje encontramos pessoas que negam a realidade desta doutrina. Por isso é necessário demonstrar, pelas Escrituras, a sua realidade. Ela é estabelecida por vários testemunhos bíblicos: 
  1. Pelo Testemunho dos Profetas (Ezequiel 21:26,27; Zacarias 14:3-5; Malaquias 3:1). 
  2. Pelo Testemunho de João Batista (Lucas 3:3-6). 
  3. Pelo Testemunho de Cristo (João 14:2,3). 
  4. Pelo Testemunho dos Anjos (Atos 1:11). 
  5. Pelo Testemunho dos Apóstolos (Marcos 13:26; Lc 21:27; 1 Jo 3:1-3; Tiago 5:7; 1 Pe 1:7,13; 1 Tessalonicenses 4:13-18; Hebreus 9:27).

A seguir, transcrevo as principais correntes defendidas pelos teólogos. Os assuntos são:


  • I - A Segunda Vinda de Cristo
  • II- O Arrebatamento da Igreja
  • III- A Tribulação
  • IV- O Milênio
  • V- Os Juízos Futuros
  • VI- As Ressurreições

I - A Segunda Vinda de Cristo


A Natureza da Segunda Vinda

1) Não é Espiritual
  • a) Como a vinda do Espirito Santo no Pentecostes.
  • b) Como na conversão do pecador.
  • c) Como na conversão do mundo, pela expansão do cristianismo (Lc18:8; 2 Ts 2:13-12; 1 Tm 4:1; Lc 17:26-30).

2) É Literal:

a) Pessoal e Corporal - A parousia indica presença pessoal (At 1:11; 1 Ts 4:14-17). A palavra parousia é usada nas seguintes passagens: (Mt 24:3,27,37,39; 1 Co 1:8;15:23; 1 Ts 2:19, 3:13, 4:15, 5:23; 2 Ts 2:1; Tg 5:7; 2 Pe 1:16;3:4,12; 1 Jo 2:28; e nas seguintes passagens referindo-se a homens: 1 Co 16:17; Filipenses 2:12; 2 Co 10:10).

b) Visível - A apokalupsis indica a visibilidade da vinda do Senhor (Ap 1:7,9-11; Mt 24:26,27,30; Lc 21:27; Tito 2:13; 1 Jo 3:2,3; Is 52:8; Os 5:15). O termo apokalupsis é usado nas seguintes passagens: Rm 8:19; 2 Ts 1:7; 1 Pe 1:7,13; 4:13 
  • Obs.: O termo epiphaneia (aparição, manifestação) é usado tanto para o primeiro advento (2 Tm 1:10), como para o segundo (2 Ts 2:8; 1 Tm 6:14; 2 Tm 4:1,8; Tt 2:13).

3) É súbita - Veja as passagens em Ap 22:7,12,20; Mt 24:27.

4) É iminente - do ponto de vista profético - Veja as passagens em Tt 2:13; Hb 9:28; 1 Ts 1:9,10; Rm 13:11.

5) É próxima, do ponto de vista histórico (Lc 21:28; Mt 16:3; 24:33; 24:3).

6) Em duas Fases (Sofonias 2:3): 
  • a) A primeira fase: O arrebatamento da igreja, nos ares (1 Ts 4:16,17; Jo 14:3); a parousia.
  • b) A segunda fase: A revelação ao mundo, na terra (2 Ts 1:7-9;2:7,8; Cl 3:4; Ap 1:7; Jl 3:11; 1 Ts 3:11; Zc 14:4,5; Jd14).

7) Analogias - Há na Bíblia algumas analogias interessantes a estes dois aspectos da segunda vinda. Vamos analisá-las uma a uma:
  • a) Davi - A volta de Davi da outra banda do Jordão depois de Abraão e seus seguidores terem sido derrotados, a ida de Judá ao seu encontro, e a volta dos dois juntos para Jerusalém (2 Samuel 19:10-15,40; 2 Sm 20:1-3).
  • b) Joiada - A revelação particular de Joiada aos capitães e aos cários, e sua revelação pública um pouco mais tarde (2 Reis 11:4-12).
  • c) Pedro - O encontro de Pedro com Jesus, andando sobre as águas. Pedro foi até Ele, e os dois voltaram juntos para o barco (Mt 14:22-34).
  • d) Paulo: Quando Paulo aproximou-se de Roma, os irmãos foram ao seu encontro e todos voltaram juntos para a capital (At 18:15,16).
  • e) Isaque - O encontro de Isaque com Rebeca (Gênesis 24). Neste trecho Abraão é um tipo de um Rei que faria o casamento de seu Filho (Mt 22:2). O Servo anônimo um tipo do Espirito Santo, que não fala de si mesmo mas das coisas do Noivo para conquistar a noiva (Jo 16:13,14), e que enriquece a noiva com presentes do Noivo (1 Co 12:7-11; Gálatas 5:22-23), e que traz a noiva ao encontro do Noivo (At 13:4; 16:6-7; Rm 8:11; 1 Ts 4:14-17). Rebeca é um tipo da igreja, a virgem noiva de Cristo (Gn 24:16; 2 Co 11:2; Efésios 5:25-32). Isaque, um tipo do Noivo, a quem não havendo visto, a noiva ama através do testemunho do Servo anônimo (1 Pe 1:8), e que sai ao encontro de Sua noiva para recebê-la (Gn 24:63; 1 Ts 4:14-17). 
Estes episódios não provam a teoria, mas ilustram a dupla natureza da volta de Cristo.

8) Pré-Tribulacional: A primeira fase (Ap 3:10). 

9) Pós-Milenista: A segunda fase (Ap 20). 

9) Pré-Milenista: A primeira e segunda fase (2 Tm 2:12).

A. Posição Pós-milenista

1) Significado - A segunda vinda de Cristo se dará depois do milênio.

2) Ordem dos acontecimentos - A parte final da Era da Igreja (ou seja, os seus últimos mil anos) é o Milênio, que será uma época de paz e abundância promovida pelos esforços da igreja. Depois disso, Cristo virá. Seguir-se-á então uma ressurreição generalizada, e depois desta um juízo geral e a eternidade.

3) Método de interpretação - A interpretação pós-milenista é amplamente espiritualizada no que tange a profecia. Apocalipse 20, todavia, será cumprido num reino terreno, estabelecido pelos esforços da igreja.

B. Posição Amilenista

1) Significado - A Segunda vinda de Cristo se dará no fim da época da igreja e não existe um Milênio na Terra. Estritamente falando, os amilenistas creem que a presente condição dos justos no céu é o Milênio, e que não há ou haverá um Milênio terrestre. Alguns amilenistas tratam a soberania de Cristo sobre os corações dos crentes como se fosse o Milênio.

2) Ordem dos acontecimentos - A Era da Igreja terminará num tempo de convulsão, Cristo voltará, haverá ressurreição e juízo gerais e, depois, a eternidade.

3) Método de interpretação - A interpretação amilenista espiritualiza as promessas feitas a Israel como nação, dizendo que são cumpridas na Igreja. De acordo com esse ponto de vista, Apocalipse 20 descreve a cena das almas nos céus durante o período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.

C. Posição Pré-milenista.

1) Significado - A segunda vinda de Cristo acontecerá antes do Milênio.

2) Ordem dos acontecimentos - A Era da Igreja termina no tempo da Tribulação, Cristo volta à Terra, estabelece e dirige seu reino por 1.000 anos, ocorrem a ressurreição e o juízo dos não-salvos, e depois vem a eternidade.

3) Método de interpretação - O pré-milenismo segue o método de interpretação normal, literal, histórico-gramatical. Apocalipse 20 é entendido literalmente.

4) A questão do arrebatamento - Entre os pré-milenistas não há unanimidade quanto ao tempo em que vai ocorrer o arrebatamento.

II. O Arrebatamento


A - A Ocasião do Arrebatamento

Pós-milenistas e amilenistas veem o arrebatamento da igreja no final desta era e simultâneo com a segunda vinda de Cristo. Entre os pré-milenistas, há vários pontos de vista.

1. Arrebatamento pré-tribulacional

A) Significado - O arrebatamento da Igreja (ou seja, a vinda do Senhor nos ares para os Seus santos) ocorrerá antes que comece o período de sete anos da tribulação. Por isso, a Igreja não passará pela Tribulação, segundo este ponto de vista.

B) Provas citadas: 
  • A promessa de ser guardada (fora) da hora da provação. (Apocalipse 3:10);
  • A remoção do aspecto de habitação no ministério do Espírito Santo exige necessariamente a remoção dos crentes. (2 Tessalonicenses 2);
  • A tribulação é um período de derramamento da ira de Deus, da qual a Igreja já está isenta. (Ap 6:17, conforme 1 Ts 1:10; 5:9);
  • O arrebatamento só pode ser iminente se for pré-tribulacional. (1 Ts 5:6).

2. Arrebatamento mesotribulacional

A) Significado - O arrebatamento ocorrerá depois de transcorridos três anos e meio do período da tribulação.

B) Provas citadas:
  • A última trombeta de 1 Coríntios 15:52 é a sétima trombeta de Apocalipse 11:15, que soa na metade da tribulação.
  • A Grande Tribulação é composta apenas dos últimos três anos e meio da septuagésima semana da profecia de Daniel 9:24-27, e a promessa de libertação da Igreja só se aplica a esse período. (Ap 11:2; 12:6).
  • A ressurreição das duas testemunhas retrata o arrebatamento da Igreja, e sua ressurreição ocorre na metade da tribulação. (Ap 11:3,11).

3. Arrebatamento pós-tribulacional

A) Significado - O arrebatamento acontecerá ao final da Tribulação. O arrebatamento é distinto da segunda vinda, embora seja separado dela por um pequeno intervalo de tempo. A igreja permanecerá na terra durante todo o período da tribulação.

B) Provas citadas:
  • O arrebatamento e a segunda vinda são descritos pelas mesmas palavras.
  • Preservação da ira significa proteção sobrenatural para os crentes durante a tribulação, não libertação por ausência (assim como Israel permaneceu no Egito durante as pragas, mas protegido de seus efeitos).
  • Há santos na terra durante a tribulação (Mateus 24.22).

4. Arrebatamento parcial

A) Significado - Somente os crentes considerados dignos serão arrebatados antes de a ira de Deus ser derramada sobre a terra; os que não tiverem sido fiéis permanecerão na terra durante a tribulação.

B) Provas citadas:
  • Versículos como Hebreus 9:28, que exigem vigilância e preparo.

B- A Descrição do Arrebatamento:

1) Os textos: 1 Ts 4:13-18; 1 Co 15:51-57; João 14:1-3

2) Os acontecimentos:
  • Descida de Cristo.
  • A Ressurreição dos mortos em Cristo.
  • A Transformação de corpos mortais para imortais dos crentes vivos na ocasião.
  • O encontro com Cristo nos ares para a subida ao céu.

III. A Tribulação


A) Sua Duração - É a 70ª semana de Daniel e, portanto, durará sete anos (Dn 9.27). A metade desse período é apresentada pelas expressões “42 meses” e “1.260 dias” (Ap 11.2,3).

B) Sua Distinção - Ver Mateus 24:21 e Apocalipse 6:15-17.

C) Sua Descrição
  • Julgamento sobre o mundo. As três séries de juízos descrevem esse julgamento (selos, Ap 6; trombeta, Ap 8-9; taças, Ap 16).
  • Perseguição contra Israel (Mt 24:9,22; Ap 12:17).
  • Salvação de multidões (Ap 7).
  • Ascensão e domínio do anticristo (2 Ts 2; Ap 13).

D) Seu Desfecho - A tribulação terminará com a reunião das nações para a batalha de Armagedom e com o retorno de Cristo à terra (Ap 19).

IV. O Milênio


A) Definição - O Milênio é o período de 1000 anos em que Cristo reinará sobre a terra, dando cumprimento às alianças abraâmica e davídica, bem como à nova aliança.

B) Suas Designações - O Milênio é chamado de "Reino dos céus" (Mt 6:10), "Reino de Deus" (Lucas 19:11), "Reino de Cristo" (Ap 11:15), a "regeneração" (Mt 19:28), "tempos de refrigério" (Atos 3:19) e o "mundo por vir" (Hb 2:5).

C) Seu Governo
  • Seu cabeça será Cristo (Ap 19.16)
  • Seu caráter. Um reino espiritual que produzirá paz, equidade, justiça, prosperidade e glória (Is 11.2-5).
  • Sua capital será Jerusalém (2.3).

D) Sua Relação com satanás - Durante este período satanás estará acorrentado, sendo liberto ao seu final, para liderar uma revolta final contra Cristo (Ap 20). Satanás será derrotado e lançado definitivamente no lago de fogo (o inferno).

V. Os Juízos Futuros


A) O Julgamento das Obras dos Crentes
  • Tempo: Depois do arrebatamento da Igreja.
  • Lugar: No céu.
  • Juiz: Cristo.
  • Participantes: Todos os membros do Corpo de Cristo.
  • Base: Obras posteriores à salvação.
  • Resultado: Galardões ou perda de galardões.
  • Textos: 1 Co 3:11-15; 2 Co 15:10.

B) O Julgamento das Nações (ou gentios)
  • Tempo: Na segunda vinda de Cristo.
  • Lugar: Vale de Josafá.
  • Juiz: Cristo.
  • Participantes: Os gentios vivos na época da volta de Cristo.
  • Base: Tratamento dos "irmãos" de Cristo, ou seja, Israel.
  • Resultado: Os salvos entram no reino; os perdidos são lançados no lago de fogo.
  • Textos: Mt 25:31-46; Joel 3:2

C) O Julgamento de Israel
  • Tempo: Na segunda vinda de Cristo.
  • Lugar: Na terra, no "deserto dos povos" (Ezequiel 20:35).
  • Juiz: Cristo.
  • Participantes: Judeus vivos ao tempo da segunda vinda de Cristo.
  • Base: Aceitação do Messias.
  • Resultado: Os salvos entrarão no reino; os perdidos serão lançados no lago de fogo.
  • Textos: Ezequiel 20:33-38

D) O Julgamento dos Anjos Caídos
  • Tempo: Provavelmente depois do milênio.
  • Lugar: Não especificado.
  • Juiz: Cristo e os crentes.
  • Participantes: Anjos caídos.
  • Base: Desobediência a Deus ao seguirem a satanás em sua revolta.
  • Resultado: Lançados no lago de fogo.
  • Textos: Judas 6; 1 Co 6:3.

E) O Julgamento dos Mortos Não-Redimidos:
  • Tempo: Depois do Milênio.
  • Lugar: Perante o Grande Trono Branco.
  • Juiz: Cristo.
  • Participantes: Todos os não-salvos desde o principio da humanidade.
  • Base: O que faz serem julgados é a rejeição da salvação em Cristo, mas o fogo do juízo é a demonstração de que pelas próprias más obras merecem a punição eterna.
  • Resultados: O lago de fogo.
  • Textos: Apocalipse 20:11-15

VI. As Ressurreições


A) A Ressurreição dos Justos - Ver Lucas 14:14; João 5:28,29:
  • Inclui os mortos em Cristo, que são ressuscitados no arrebatamento da igreja (1 Ts 4:16).
  • Inclui os salvos durante os período da tribulação (Ap 20:4).
  • Inclui os santos do A.T. (Dn 12:2 - Alguns creem que serão ressuscitados no arrebatamento; outros pensam que isso se dará na segunda vinda). Todos estes são incluídos na primeira ressurreição.

B) A Ressurreição dos Ímpios - Todos os não-salvos serão ressuscitados depois do milênio para comparecerem perante o Grande Trono Branco e serem julgados (Ap 20:11-15). Esta segunda ressurreição resulta na segunda morte para todos os envolvidos.

Conclusão


Como vimos, o assunto é bem extenso e por mais que alguém tente resumi-lo sempre terá muito o que escrever, justamente devido às distintas interpretações das várias vertentes cristãs e seus posicionamentos teológicos quanto ao assunto. No entanto, o que fica é a certeza de que Jesus voltará, conforme prometeu e resgatará sua Igreja. Quanto a mim e a você - independente de quaisquer interpretações -, o que precisamos fazer é nos manter firmes na presença de Deus, em busca do cumprimento em nós de Sua boa, perfeita e agradável vontade, que é o que nos garante a certeza de uma vida eterna ao lado dEle.

[Fontes de todas as 3 partes da série especial de artigos: A Bíblia Anotada, pg 1642-1644; Bíblia Sagrada - Almeida Revista e Corrigida - ARC (Figueiredo); Bíblia Sagrada - Almeida Revista e Atualizada - ARA (Scofield); Bíblia Sagrada - Viva (Mundo Cristão); Dicionário da Bíblia - (D. John, Davis); Enciclopédia Bíblica - (Boyer, O.S.); Dicionário da Língua Portuguesa (Ferreira, Aurélio Buarque de).

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