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domingo, 19 de fevereiro de 2017

ACONTECIMENTOS - O "MANÍACO DE CONTAGEM"

 Em 26 de janeiro de 2009, Adina Feitor Porto, de 34 anos, saiu de sua casa, no bairro Lindéia, na região do Barreiro, para atender um cliente e, desde então, não foi mais vista. Trabalhava com o marido em uma empresa de gesso. Seu corpo foi encontrado uma semana depois no município de Sarzedo, região Metropolitana de Belo Horizonte. Depois do estupro foi estrangulada.


No dia 16 de abril de 2009, Ana Carolina Assunção, 27 anos, foi com o filho de 1 ano, por volta das 18 horas, buscar a mãe na loja, no bairro Industrial, em Contagem, região Metropolitana de BH. Sua mãe estranhou quando, ao aguardar a filha na porta da loja, viu o carro da administradora passar direto. Ligou, então, para o genro que, ao contactar Ana, esta disse estar bem e que havia chegado em casa, o que não era verdade. Seu irmão, Jair, também avisado da suspeita de sequestro-relâmpago de Ana, também telefonou para ela que, a todo tempo repetia que estava bem e pediu que ele não fizesse tantas perguntas.

Seu carro foi encontrado horas depois, na Avenida Governador Benedito Valadares, no bairro João Pinheiro, região Noroeste da grande BH, em local deserto e de pouca iluminação. Estava seminua no banco traseiro do veículo, tendo sido violentada e estrangulada com o cadarço do tênis dentro do seu automóvel, ao lado do filho. O bebê não foi agredido, sendo deixado dormindo no colo da mãe morta.

Em 17 de setembro de 2009, Maria Helena Lopes Aguilar, 49 anos, saiu da sua loja no Barro Preto, região Centro-Sul de BH,  e não chegou em casa no bairro Industrial. Dona de duas lojas de confecções, seu corpo foi achado no dia seguinte, no banco traseiro de seu carro, no bairro Califórnia, também na região Noroeste, violentada e estrangulada com o cinto de segurança do carro. Teve o celular furtado.

⇰ Natália Cristina de Almeida Paiva, 27 anos, desapareceu no dia 07 de outubro de 2009, quando saía de casa, no bairro Santa Margarida, no Barreiro, para ir à PUC-MG, em Betim, região Metropolitana de BH, onde cursava Direito. Nunca chegou à faculdade. Morava na casa da mãe com seus dois filhos, uma menina de 3 anos e um menino de 9 anos. Seu carro foi encontrado um dia depois em uma rua do bairro, porém, em 29 de outubro um corpo em estado de decomposição deu entrada no IML, sendo impossível sua identificação e, 30 dias depois, foi enterrado como indigente. Em fevereiro de 2010 veio a confirmação: exames de DNA comprovaram que o corpo era de Natália.

Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, 35 anos, contadora, saiu da faculdade onde trabalhava, no bairro Floresta, região Leste de BH, indo buscar a filha de 15 anos na casa de uma amiga, a três quarteirões de sua casa. Antes, a contadora ia passar na Escola Municipal Nossa Senhor Aparecida, na rua Uruguai, para pegar um documento com um colega de trabalho. Edna telefonou para ele às 19h40min, dizendo que já estava quase na porta da escola, pedindo que ele a esperasse no portão, mas não apareceu. Seu carro foi encontrado no mesmo dia, com a chave na ignição, porém, um corpo foi encontrado no dia seguinte, numa estrada de acesso ao Condomínio Retiro das Pedras, em Nova Lima, região Metropolitana de BH, usando uma aliança com seu nome e estrangulada com um cabide de arame revestido com material plástico que Edna usava no carro para pendurar um blazer. 

Como mantinha as unhas grandes e bem cuidadas, a perícia encontrou pedaços de carne e pele debaixo delas. Por conhecer o temperamento de Edna, a família na época chegou a pedir que divulgassem que o assassino possivelmente estaria ferido, mas não deram atenção. Constataram que Edna foi violentada quando estava desmaiada ou morta.

Em todos os casos, os celulares das vítimas foram levados, deixando objetos de maior valor. Assim nasceu nas crônicas policiais o 

"Maníaco de Contagem".


Caso Desvendado


Exames comprovaram que o esperma encontrado nos corpos de Ana Carolina, Maria Helena e Edna Cordeiro pertenciam à mesma pessoa. Em um dado momento, o assassino passou a usar os telefones das vítimas o que fez com que a polícia, através de rastreamento, chegasse a um suspeito: Marcos Antunes Trigueiro, de 32 anos. 

Em fevereiro de 2010, ao ser revistado por um policial, foi percebido um forte odor de fezes, pois, Marcos possuía uma bolsa para colostomia, o que o ligou ao crime de Edna, pois, seu carro, segundo a polícia, estava repleto de fezes. Porém, Trigueiro só confessou os crimes após a confirmação do exame de DNA.

O assassino "galã"


Forte, olhos verdes, 1,86m de altura, Trigueiro é o mais velho de 3 irmãos – os outros são Alexandre e Viviane. A família tinha um histórico de violência: 
"Nosso pai, depois de separar da mãe, viveu com a gente à força, e só batia, era pontapé, soco, eu tenho uma clavícula quebrada até hoje, devido às agressões. O Marcos sempre foi calado, não tinha amigos",
diz o irmão Alexandre, de 29 anos. Há relatos de que o pai de Marcos, o falecido caminhoneiro Nívio Antônio, esquentava chaves de fenda para queimá-los. Tanto o pai e a mãe bebiam muito e sua mãe nunca foi visitá-lo na cadeia... não se viam há sete anos. Segundo Alexandre, o irmão não tinha amigos e seu único passatempo, já adulto, era jogar videogame: jogos de luta, arrancar cabeça, perna, braço.

Já no terceiro casamento e pai de 5 filhos, à época dos fatos, a sogra de Trigueiro disse que sua filha, Rose Paula, gostava muito dele e sempre o considerou um bom marido. Rose é evangélica, o marido a acompanhava nos cultos. Uma das duas ex-mulheres de Trigueiro também o elogiou ao depor e disse que a separação aconteceu por ela ser muito mais velha e por ele ser romântico demais. Segundo ela, depois da separação ele teria mudado. Passou a chantageá-la exigindo dinheiro para não sequestrar a filha.

Pintor desempregado, estava escondido embaixo da cama, no barracão onde morava com a mulher e uma filha, quando o policial chegou e se fez passar por um cliente, interessado em comprar seus objetos de artesanato.

Em 2004 foi acusado de roubar e matar o taxista Odilon Ribeiro. Como sequer houve auto de necropsia, saiu em 30 dias. Preso novamente em fevereiro de 2005 por roubo, fugiu em outubro. Recapturado em janeiro de 2006, cumpriu um terço da pena de 5 anos, passou ao regime semiaberto e saiu de vez em junho de 2008. Quando preso pelos assassinatos em Contagem, confessou o assassinato do taxista, ocorrido há 6 anos antes.

Modus Operandi


Agia da seguinte forma: abordava suas vítimas nos carros, as levava a lugar ermo e as estuprava. Então, pedia que vestissem novamente a roupa e, quando elas achavam que seriam libertadas, ele as estrangulava, só roubando o aparelho celular. Todas as suas vítimas eram morenas claras, de classe média e cabelos compridos. Curiosidade: as vítimas tinham o mesmo perfil da mãe de Marcos.

Em sua avaliação psicológica, ele não quis falar sobre os crimes. Demonstrou frieza afetiva, indiferença, calma, fala baixo, nunca olha nos olhos e não se perde no raciocínio.

Permaneceu no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional São Cristóvão. Atualmente, cumpre pena na Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, pelas seguintes condenações:
  • 28 anos de reclusão – vítima: Maria Helena
  • 34 anos e 4 meses – vítima: Ana Carolina
  • 36 anos e 9 meses – vítima: Edna Cordeiro
Os julgamentos pelos crimes praticados contra Adina e Natália ainda não foram realizados...

Será que foi ele?


Ainda em 2010, as investigações davam indícios do suposto envolvimento de Trigueiro com uma das 18 mulheres mortas entre os anos de 1999 e 2001 na região da mata das Abóboras, em Contagem e na mata da UFMG, em Belo Horizonte.

A ligação do maníaco, réu confesso do assassinato das cinco mulheres, com pelo menos 12 dos crimes mais antigos também foi investigada pela Polícia Civil.

No período de 1999 a 2001, a polícia trabalhava com o seguinte perfil para o suspeito de matar as mulheres: um homem jovem, na faixa de 20 a 40 anos (Trigueiro tinha 22 anos); casado, pai de filhos (ele morava com Maria Aparecida e tinha uma filha); atuava em dias de semana, entre 17h e 18h, quando as vítimas deixavam o trabalho; preferência por mulheres jovens, fortes e bonitas, na faixa de 20 a 30 anos; preferência pelo trecho entre o Anel Rodoviário, entre a Via Expressa e o viaduto São Francisco, onde há mato excessivo e pouca iluminação; possivelmente usava revólver para intimidar as vítimas (como Trigueiro fazia nos casos comprovados).

O advogado de Marcos Trigueiro, afirmou que seu cliente não tem envolvimento em nenhum dos casos antigos que haviam sido reabertos. 
"O Marcos é um cara muito sincero. Se fosse de sua autoria, ele disse que falaria. Eu até falei para ele que esses novos crimes não mudariam em nada sua situação, já que ele deve atingir a pena máxima. Mesmo assim, ele negou. Qualquer crime que aparece tentam atribuir a ele. Mas até agora, não teve nenhuma prova material", 
afirmou o defensor em entrevista ao jornal O Tempo.

O maníaco na UBER?


Recentemente surgiu um alerta nas redes sociais (no WhatsApp, principalmente), na última semana de dezembro de 2016. De acordo com o texto que foi bastante compartilhado, Marcos Antunes Trigueiro – (ou o Maníaco do Industrial, em uma das versões do caso) – teria se beneficiado com o indulto de natal e estaria à solta.

O aviso ainda chamava a atenção para um detalhe importante: O condenado estaria trabalhando como motorista de Uber e usando isso como disfarce para enganar suas vítimas!!!

Será que isso era verdade ou mais uma farsa da web via mídias sociais?

O texto alarmista se espalhou rapidamente e deixou muita gente preocupada, mas não havia nada de verdade nesse alerta.

Conclusão


Algumas versões desse mesmo boato afirmavam que o tal homem estaria trabalhando em Maceió, em Brasília e em outras cidades brasileiras. Na verdade, Marcos Antunes Trigueiro – o Maníaco de Contagem está cumprindo uma pena que, se somada, daria 159 anos de prisão em regime fechado (o que aqui no Brasil dá 30 anos, no máximo). 

De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (SEAP), Trigueiro está preso desde o dia 12 de março de 2010 e permanece no sistema prisional, na penitenciária Nelson Hungria em Contagem. A Polícia Civil emitiu uma nota explicando que o rapaz começou o regime fechado em novembro de 2014 e só terá direito a pedir progressão do regime em 2021.

Quanto a parte desse boato que afirma que o ex-detento estaria trabalhando para o Uber, a assessoria de comunicação da empresa respondeu aos jornalistas que ele não está inscrito "até porque está preso".

O portal BHaz conversou com o advogado do detento Marcos Trigueiro, Rodrigo Bizzotto, que disse:
"É mentira! Meu cliente ainda não tem esse direito nem qualquer outro. Ele foi condenado por crime hediondo, a pena é muito alta. Vai demorar pelo menos mais uns 10 anos para que o Trigueiro consiga algum benefício desse tipo", 
afirmou o defensor ao Bhaz.

O carro preto usado para ilustrar o tal texto veiculado em algumas versões não tem nada a ver com o Maníaco de Contagem. Na verdade, essa foto era de uma notícia de novembro de 2015, quando um conflito entre taxistas e ubers aconteceu durante a Fashion Week, em São Paulo! A placa do veículo, inclusive, é de Carapicuíba – interior de São Paulo – bem longe das cidades citadas nesse boato!

A notícia sobre o Maníaco de Contagem estar solto e trabalhando com o Uber, graças a Deus, era falsa. E, cá pra nós, que ele apodreça na cadeia.

Fonte: notícias veiculadas na mídia e no site do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

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