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quarta-feira, 1 de julho de 2015

MÚSICA "DO MUNDO" OU MÚSICA DE ONDE?

Você já deve ter ouvido ou mesmo se feito a seguinte pergunta: "Crente pode ouvir 'música do mundo'", e/ou "ouvir 'música do mundo' é pecado?" Por mais evolução que se testemunhe, tal dúvida ainda paira densamente no meio cristão, principalmente entre os evangélicos e mais especificamente entre os mais jovens. Estudos, congressos, pregações, ministrações, seminários e afins sobre esse tema é muito comum - na internet tem um incontável número de postagens (e aqui vai mais uma!) sobre esse assunto que, inexplicavelmente, persiste em gerar polêmicas, confusões, rachas. Mas afinal o que dizer o termo "música do mundo" e, se a música não for do mundo, de onde ela então?

Conceito de música


Música é a combinação de ritmo, harmonia e melodia, de maneira agradável ao ouvido. No sentido amplo é a organização temporal de sons e silêncios (pausas). No sentido restrito, é a arte de coordenar e transmitir efeitos sonoros, harmoniosos e esteticamente válidos, podendo ser transmitida através da voz ou de instrumentos musicais. A música é uma manifestação artística e cultural de um povo, em determinada época ou região. A música é um veículo usado para expressar os sentimentos. A música evoluiu através dos séculos, resultando numa grande variedade de gêneros musicais, entre eles, a música sacra ou religiosa, a erudita ou clássica, a popular e a tradicional ou folclórica. Cada um dos gêneros musicais possuem uma série de subgêneros e estilos.

"Música do mundo" (entre " "), e/ou música secular


Temos que começar definindo o que seria "música do mundo". Música feita por um não crente? Especula-se de maneira leviana que todo cantor/compositor/músico não crente consagra suas músicas ao diabo. Será mesmo? Todos?! Eu não posso afirmar, pois não tenho como provar. Mas, então, para sermos coerentes, não deveríamos usar nada que foi feito por um descrente: roupas (inclusive os ternos, considerados "roupa de ministros"), sapatos, óculos, carro, ônibus... Não podemos comer em restaurantes nem comprar um cachorro quente na esquina, se o dono do come-em-pé não for crente. Pois é tudo "do mundo".

Mas, se música "do mundo" é aquela que tem uma letra que vai contra os valores de Deus, letras que falam de traição, adultério, ciúmes, ódio, desejo de vingança, etc., então temos que considerar também como "do mundo" muita música "gospel" que tem letras com erros doutrinários graves, que pecam contra Deus do mesmo jeito. Heresia é pecado tanto quanto adultério. Se música do "mundo" se referir ao estilo - tipo rock, samba, hip hop, funk - aí temos outros problema, pois não existe como definir um ritmo que seja "santo" e outro que seja "mundano" (alguém saberia precisar quais eram os ritmos nos quais se entoavam os salmos). Eu acredito numa só coisa: TUDO o que é bom vem de Deus!

Enfim, para uma definição mais coerente com o que se quer conceituar, o correto é dizer então música secular. Que é a música em oposição à música sacra. No mundo ocidental, a música secular começou a desenvolver-se no fim da idade média, por consequência do enfraquecimento do poder da Igreja Católica, que outrora influenciava todos os aspectos da vida medieval, incluindo a música. A música secular na idade média envolvia canções de temas amorosos, satíricos e dramáticos. Percussões, harpas e sopros eram, no início de sua história, os instrumentos mais usados, por serem fáceis de carregar por músicos viajantes.

As técnicas nos instrumentos eram geralmente ensinadas via tradição oral. A letra era, na época, o grande destaque da música secular, já que as letras eram feitas para que pessoas comuns pudessem cantar juntas. Nas definições atuais que colaboram para a continuação da História da Música, o termo Música Secular refere-se a qualquer tipo de composição musical que não tenha cunho religioso. Às que são voltadas para religião recebem a categoria de Música Gospel. O termo Gospel vem do seu significado em inglês “evangelho”, portanto refere-se tanto as composições católicas como protestantes.

Música do mundo (sem as " ")


A Música do Mundo ou World Music refere-se à música tradicional ou música folclórica de uma cultura criada e tocada por músicos relacionados a essa cultura. O termo foi concebido por Robert E. Brown no início da década de 1960, significando uma amálgama de artes cênica selaboradas de modo a promover a harmonia e o entendimento entre culturas. O expoente máximo da Música do Mundo, segundo a visão de Brown, era aprender as danças e estilos musicais executando-os.

Pode ou não pode?


Vou responder fragmentando em três perguntas rapidamente:
1. Pode-se curtir música secular? Pode se jogar na frente de um caminhão? Pode até ir para o inferno se quiser também (existe vida além do “pode ou não pode”)?
2. Claro que Deus se importa com isso.
3. Não, não é pecado curtir música secular. Mas, também, não é pecado atravessar a rua de olhos fechados. Só que isso não é muito esperteza.

Primeiramente, não gosto de dizer se pode ou não pode, criando uma aparência de regras e correndo o risco de virar religioso. Acho muito raso e imaturo a atitude de querer colocar regras, poder ou não poder, em tudo. Existem muitas coisas nesta vida cristã que podemos fazer as quais não são muito boas ou não fazem nada por sua vida espiritual, mas, ao mesmo tempo não podemos dizer enfaticamente que são pecados. A Bíblia em nenhum lugar condena qualquer estilo de música. A Bíblia em nenhum lugar condena qualquer tipo de instrumento. A Bíblia menciona vários tipos de instrumentos musicais de corda e de sopro. Apesar da Bíblia não mencionar o tambor especificamente, ela menciona outros instrumentos de percussão (Salmo 68:25; Esdras 3:10). Quase todas as formas de música moderna são variações e /ou combinações dos mesmos tipos de instrumentos musicais, tocados em velocidades diferentes ou com ênfase elevada. Não há nenhuma base bíblica para declarar um estilo particular de música como sendo um estilo que desagrada a Deus ou que seja fora da vontade de Deus.

O conteúdo da letra 


Já que nem o propósito ou estilo de música é o que determina se um Cristão deve ou não escutar música secular, o conteúdo da letra deve ser levado em consideração. Mesmo que não falando especificamente de música, Filipenses 4:8 é um excelente guia quanto ao que devemos procurar na letra das músicas que escutamos: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”. E aqui é válido salientar que estudos científicos comprovam que a música exerce uma influência muito grande na mente do ser humano. Por exemplo, todos os grandes exércitos, como o da Alemanha na época de Adolph Hitler, dos Estados Unidos, da Rússia, da Inglaterra, de Israel (desde os tempos bíblicos, cujo exemplo mais emblemático e marcante está registrado em 2 Crônicas, capítulo 20) e tantos outros em tempos de guerra, usavam a música como fator fundamental para motivar seus soldados. A música, inclusive, está inserida no corpo militar do Exército Brasileiro. Pois bem, voltando para Filipenses 4:8, se essas são as coisas que devem ocupar nossa mente, então com certeza essas devem ser as coisas que devemos convidar às nossas mentes através de música e de sua letra. Pode a letra de uma música completamente secular ser verdadeira, respeitável, justa, pura, amável, de boa fama e de louvor? Se a resposta é sim, então não há nada de errado em escutar música secular dessa natureza.

Ao mesmo tempo, é bem claro que muito da música secular de hoje não segue o padrão de Filipenses 4:8. Música secular geralmente promove imoralidade, violência; enquanto ao mesmo tempo menospreza pureza e integridade. Se uma música promove tudo aquilo a que Deus se opõe, um Cristão deve evitar escutar esse tipo de música. No entanto, há muitas músicas seculares que não mencionam Deus, mas ainda promovem bons valores, tais como: honestidade, pureza e integridade. Se uma canção de amor promove a santidade do casamento e/ pureza de amor verdadeiro – mas não menciona a Deus ou a Bíblia – então não tem problema em escutar a tal canção.

Já é um fato provado que qualquer coisa que alguém deixe ocupar sua mente vai mais cedo ou mais tarde determinar sua linguagem e comportamento. Esse é o princípio por trás de Filipenses 4:8 e Colossenses 3:2-5: estabelecer pensamentos que agradam a Deus. 2 Coríntios 10:5 diz que devemos levar "cativo todo pensamento à obediência de Cristo". Essas passagens deixam bem claro a que tipo de música não devemos escutar.

É claro que o melhor tipo de música que devemos escutar é aquela que adora e glorifica a Deus. Há vários músicos Cristãos talentosos em quase todo tipo de música, de clássica, ao rock, ao rap, ao reggae. Não há nada de errado com qualquer estilo de música. É a letra que determina se uma canção é aceitável ou não. No entanto, se um estilo de música secular, seja o ritmo ou a letra, pode vir a ser determinante para que você considere se envolver em algo que não glorifique a Deus, então deve ser evitado.

Minhas considerações finais


Há vários músicos seculares que são imensa e inquestionavelmente talentosos. Música secular pode ser bastante divertida. Há muitas músicas seculares que têm melodias atrativas, conselhos bons e mensagens positivas. Ao determinar se um Cristão "deve" ou não escutar música secular, há três fatores que devemos considerar:

[1] O propósito da música. É música apenas para louvor, ou será que Deus criou a música para relaxar e entreter? O músico mais famoso da Bíblia, o Rei Davi, tinha como propósito principal usar a música para adorar a Deus (veja Salmo 4:1; 6:1; 54:1; 55:1; 61:1; 67:1; 76:1). No entanto, quando o Rei Saul estava sendo tormentado por espíritos perversos, ele chamava Davi para tocar a harpa para acalmá-lo (1 Samuel 16:14-23). Os israelitas também usaram instrumentos musicais para advertir contra o perigo (Neemias 4:20) e para surpreender os inimigos (Juízes 7:16-22). No Novo Testamento, o Apóstolo Paulo instrui os Cristãos a encorajarem uns aos outros com música: “falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais” (Efésios 5:19). Então, enquanto o propósito principal da música aparenta ser louvor, a Bíblia com certeza dá espaço para usá-la com outros propósitos.

[2] O estilo de música. Triste dizer que o estilo de música é um assunto que causa divisões entre os Cristãos. Há cristãos que inflexivelmente exigem que instrumentos musicais não sejam usados. Há outros Cristãos que só querem saber de cantar os hinos da antiguidade. Há Cristãos que querem música mais agitada e contemporânea. Há Cristãos que afirmam que conseguem adorar a Deus mais em um ambiente parecido com um concerto de rock. Já outros afirmam que só adoram ao som de músicas que mais parecem mantras indus. Ao invés de reconhecer suas preferências como sendo pessoais e distinções culturais, alguns Cristãos declaram que seu estilo de música é o único “bíblico”, afirmando com isso que todos os outros estilos não agradam a Deus e são satânicos. Entretanto, conforme já disse acima, a Bíblia não CONDENA NENHUM TIPO DE RITMO, ESTILO OU GÊNERO MUSICAL.

[3] E, não querendo ser o dono da verdade, mas tentando buscar um mínimo de equilíbrio, analisemos. Se o que autentica a música como mundana ou secular é ela não falar de Deus explicitamente podemos excluir várias canção tidas como canções evangélicas. Se o que autentica é a motivação de quem escreveu como encarar uma boa parte das músicas ditas sacras do cantor cristão e da harpa cristã, que eram na maioria das vezes músicas usadas nos saloons (bares) americanos nos anos de 1800? E não há como negar que Deus fala muito através destas músicas, e muita gente já foi confortada, encorajada e ouviu uma resposta de Deus vindo das letras destas canções.

Se o ingrediente validador é a motivação, qual seria a motivação de alguns ditos músicos e cantores cristãos que compuseram suas músicas baseados na “licença poética” que os “permitem” disseminar heresias que deturpam e alteram (aumentando ou diminuindo) a Palavra de Deus, contendo letras que sugerem um comportamento que já foi abolido pelo sacrifício de Jesus na cruz, criando assim um evangelho pasteurizado de causa e efeito? Alguns exemplos, letras com mensagens do tipo “...como Zaqueu quero subir...", "...eu tenho a marca da promessa...", "...toca na ponta do altar...", "...vão estar na plateia e você no palco..." e etc. O Novo Testamento - e até mesmo o Antigo - está cheio de licença poética, mas nenhuma se contradiz ou sugere algo que vai contra a palavra de Deus, nada que desminta ou que crie confusão com o que diz em outra página ou outro livro da Bíblia.

Se a motivação é o que autentica o que dizer destes cantores e músicos cristãos que não fazem o estilo musical que gostam e afirmam que não o fazem porque não vende? É uma motivação correta se cantar uma canção, ministrar na vida das pessoas com esta mentalidade? O que será que o “ministro” esta passando para o ouvinte? Unção de Mamom? Aliás, se existisse um medidor de motivação a grande maioria dos pastores, ministros, líderes da dita igreja evangélica estariam em maus lençóis, pois a que tudo indica uma boa parte está é atrás de dinheiro.

Ainda falando de motivação como validador, porque será que há algum tempo, após o cantor americano Michael W. Smith, compôr a canção “Let It Rain”, traduzida no Brasil como “Faz Chover” a grande maioria dos cantores evangélicos brasileiros começaram a criar/copiar canções com a temática de chuva? Receberam também a mesma revelação de Deus ou foi olho grande no dinheiro e na influência de um cantor branco e de olhos azuis vindo do primeiro mundo. Falando nisso, parece que a unção já não vem mais de Deus, através do Espírito Santo, mas da Austrália, Estados Unidos, Irlanda e por aí vai…Temos uma enxurrada de músicas traduzidas, algumas mal traduzidas, diga-se, de cantores e músicos estrangeiros sendo cantada nas igrejas onde se perde a ideia original do autor. Não tenho nada contra música estrangeira, mas por que não compor canções com ritmos próprios do Brasil como faz o pastor Atilano Muradas, Carlinhos Veiga, Stênio Marcius, Sérgio Lopes, João Alexandre? Garanto que muitos do que agora leem este artigo nunca sequer ouvir falar dos três primeiros citados, pois suas músicas não constam no "the best of" evangélico, portanto, não têm a mínima chance de constar também nos playlists das equipes de louvor.

Enfim, secular se diz de um sistema desprovido de Deus, é normalmente usado para descrever um estado ou sistema de governo onde crenças, religião e forma de governar não se misturam, uma pessoa cristã não tem vida secular, pois tudo que ela faz é (ou, via de regra, deveria ser) espiritual e para Deus (Romanos 11, 1 Coríntios 8). NÃO TENHO A INTENSÃO E NEM O INTERESSE (POR QUE TERIA?) EM INCITAR OU INCENTIVAR NINGUÉM A OUVIR OU TOCAR MÚSICA NÃO EVANGÉLICA. SE VOCÊ SERVE EM UM MINISTÉRIO QUE CONDENA ESTA PRÁTICA, FIQUE NA OBEDIÊNCIA E NÃO TOQUE OU OUÇA MÚSICAS NÃO EVANGÉLICAS. CADA UM, POIS, QUE RESPONDA POR SI DIANTE DE DEUS.

Sobretudo, "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros." 1 Coríntios 6:12, 13a

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