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sábado, 25 de julho de 2015

SER O NÃO SER, EIS A QUESTÃO

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." 

João 6:32

A história não é feita unicamente de documentos escritos. Está gravada em imagens, que são muito mais poderosas no imaginário que a escrita, pois permitem que a perpetuação das fantasias ocorra facilmente. Em livros didáticos, no cinema, nos quadrinhos, muitos fatos são interpretados por meio de uma representação visual. Quanto maior a distância do fato ocorrido ou dos registradores serem de culturas e períodos diferentes, maior a ocorrência de equívocos. 

Existem vários tipos de estereótipos. Alguns são detratores, geralmente descritos para etnias exóticas, outros são utilizados como estimuladores de ideais nacionalistas. O primeiro caso pode ser exemplificado com Heródoto (V a.C.), ao descrever a prática dos citas de beberem nos crânios de seus inimigos. Era uma fantasia, com o intento de enaltecer os gregos, contrastando-os com a barbárie dos "primitivos". O mesmo estereótipo foi renovado pelo cristianismo, com Jordanes descrevendo os hunos (VI d.C.) e cronistas da Baixa Idade Média caracterizando os vikings (XIV d.C.). Culturas e escritores diferentes, mas a mesma imagem fantasiosa: a figura do outro porta características bestiais, no caso, o suposto ato de utilizar os crânios como taças. Imaginar esses três povos citados como animalescos era algo normal para os parâmetros daqueles intelectuais.

Já percebeu que todos nós temos uma imagem bem quadradinha, bem certinha de quais os tipos de comportamento são adequados para cada tipo de pessoa? Quando pensamos em um professor, imaginamos que ele deve ser inteligente, sério, com relativo senso de humor, mas sem ser dado a comportamentos excessivos, como baladas, bebidas etc. Quando pensamos em um padre, logo imaginamos que ele não pode beber, falar determinados tipos de frases ou gostar desse ou daquele programa de TV. Se pensarmos em um juiz de direito, ele deverá ser inteligente, sério e excessivamente formal, e de poucas palavras. É difícil concebermos um pastor, por exemplo, que seja irreverente, divertido...

No entanto, todos estes estereótipos castradores tem um único objetivo: aprisionar, controlar. Já reparou nas igrejas como é comum encontrarmos pessoas dizendo que devemos agir assim ou assado, que falar isso ou aquilo é pecado, que não podemos ouvir isso ou aquilo, senão é pecado? Pois é, esse tipo de comportamento nada mais é do que uma necessidade de controle que certas pessoas tem. Há pessoas que não possuem autocontrole e, em razão disso, precisam se esconder em ambientes castradores, cheios de regras impositivas para evitar que se percam totalmente em uma vida desregrada. Então quanto mais e mais regras melhor e, para que tais regras possuam um real poder de controle, é necessário impô-las também a outras pessoas. Esse dilema não é novidade. Já na igreja em Corintio Paulo passou por muitas lutas, tentando evitar que irmãos se digladiassem entre si e perdessem o principal foco, que era o evangelho de Jesus. As brigas e imposições estavam em todos os temas: roupas e corte de cabelo feminino, comer este ou aquele tipo de comida, horário de oração, quem lideraria a igreja etc.

Pois é, há muito tempo o ser humano não sabe lidar com a própria liberdade. Isso porque a liberdade traz responsabilidades. A escolha traz consequências. Mas o que as pessoas precisam entender é que Jesus veio para que tivéssemos vida em abundância. Ele quer que sejamos livres e não rodeados por regras e estereótipos. Quer que sejamos autênticos. Deus não espera que estejamos sempre certos, Ele conhece nossas limitações. Ele também não espera que sejamos perfeitos e jamais cobraria isso de nós. Ele conhece nossas limitações. Não é a sua roupa, seu modo de falar ou o que você ouve que irá determinar quem você é, mas sim o seu coração.

Todos nós tomamos atitudes impensadas. Todos nós fazemos escolhas erradas. Isso faz parte da vida. Deus não deseja que permaneçamos no erro, pelo contrário. Ele quer que cresçamos e amadureçamos. Mas isso tem que acontecer de forma genuína e não porque estamos limitados por uma série infindável de regras. Isso é covardia! Deus quer que sejamos ousados, que nos arrisquemos. É possível que com isso erros aconteçam, mas a cada queda Ele nos ajudará a levantar e seguir adiante. Em outras palavras, pessoas que ficam enclausuradas em uma prisão de regras são covardes e não há qualquer mudança espiritual nelas. Elas apenas evitam o erro ou pecado porque são obrigadas, e não porque tenham passado por uma real mudança.

Portanto, meu caro, se quiser experimentar o melhor de Deus saia dessa bolha que te aprisiona. Jesus veio e cumpriu toda a lei, que até então nenhum homem poderia cumprir e por conta do sacrifício dele na cruz hoje todos nós somos livres para nos aproximarmos do trono da graça de Deus. Então não tenha medo de ser quem você é. Assuma suas vontades, seus anseios e expectativas. Só assim estará aberto para uma real mudança e crescimento espiritual. Já ouviu que o primeiro passo para solucionar um problema é reconhecer que ele existe? Pois bem, é exatamente isso. Já imaginou como o mundo seria se todos começassem a assumir a sua verdadeira natureza, se submetendo apenas a vontade de Deus e não mais a regras tolas e estereótipos sociais?

Seria maravilhosa a mudança que Deus operaria em nós. Então por que não? Por que não mudarmos? Afinal se queremos mudar o mundo, é importante que comecemos mudando nosso próprio mundo. Que tal mudar seus paradigmas agora? Que tal parar de rotular as pessoas? Que tal parar de impor limites a si próprio e aqueles que nos rodeiam? Liberte-se. Erre. Conserte. Acerte. Erre de novo... é um ciclo. Lembre-se: você não é perfeito. Ninguém é. Você não tem obrigação de acertar o tempo todo. E que tal parar com esse jogo de gato e rato com aqueles que nos rodeiam? Apontamos o erro dos outros, porque não queremos ver os nossos próprios erros. Afinal, é bem mais fácil cuidar do problema alheio, pois não possuímos qualquer responsabilidade ou envolvimento emocional. Já quando o calo é no nosso pé... Está na hora de amadurecermos. Assumirmos quem realmente somos, com qualidades e defeitos, para só então ter um relacionamento puro e verdadeiro com Deus.

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