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quinta-feira, 30 de julho de 2015

DIGA NÃO AO MEDO

"Porquanto, Deus não nos concedeu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio (...) No amor não existe receio; antes, o perfeito amor lança fora todo medo."
2 Timóteo 1:7; 1 João 4:18a 

Síndrome do pânico, fobias e terrores noturnos. Esses são alguns do males que originam-se nesse que tem sido um dos principais fatores que caracterizam a queda de muitos irmãos e também tornam-se um desafio à medicina moderna: o medo.

O medo é um terrível sentimento que ataca a mente e torna-se um empecilho à ousadia, à motivação, à perseverança do indivíduo. Espiritualmente pode causar uma tragédia na vida do crente que vive constantemente envolvido em meio a uma batalha espiritual, que algumas vezes manifestam-se também no mundo físico, na forma de enfermidades que são chamadas de "doenças modernas".

O espírito maligno que se aproveita do medo - que em alguns casos é mecanismo de defesa natural em todo ser humano - em conjunto com a derrota que é o resultado de quem a ele sucumbe. Imagine o que seria da Igreja se ela entoasse cânticos de desânimo, de derrota, de medo? Quantas derrotas teríamos no dia-a-dia?! Mas se esse espírito de medo não consegue se expressar em cânticos, ele penetra sutilmente na Igreja de muitas outras maneiras.

O medo tem levado muitos crentes à derrota, à frustração e ao fracasso. Dependendo da forma como se lida com este sentimento (que pode ser benéfico, conforme enfocarei em posterior artigo) é muito grande a possibilidade de ser aprisionado em seus tentáculos e ficar sem condições de dar um passo em direção à uma próxima etapa, um próximo degrau.

Entendendo o medo - o que diz a ciência


Respiração difícil, coração acelerado, mão úmidas, pernas tremendo, peito pulando, rosto vermelho, boca seca, mandíbula dura. Sente-se desligado do que acontece a sua volta, perdido, sem controle. São alguns possíveis sintomas do medo.

O que provoca medo? - Qualquer situação que seja percebida como ameaçadora. Esta ameaça pode ser física, moral ou de qualquer outra ordem. Alguns exemplos: Ansiedade ao participar de entrevistas ou reuniões; Perder o sono pela expectativa dos resultados de exames médicos; pensamentos referentes a possibilidade de rompimento do relacionamento, etc.

Algumas vezes damos nomes diferentes à mesma sensação como: apreensão, preocupação, ansiedade, angustia, mas são termos que podem estar se referindo ao medo. Na Bíblia, em algumas passagens ele é chamado de espírito angustiado (Isaías 61:3) e espírito abatido (Provérbios 17:22, Isaías 57:15). 

Às vezes a pessoa pode não estar consciente do medo, não percebe inseguranças, mas mesmo assim eles podem impedir situações novas como por exemplo um relacionamento satisfatório ou um emprego interessante. Alguns ficam ansiosos quando tem uma entrevista de emprego, sente medo , e algumas vezes mentem para si mesmos dizendo que não querem este emprego, e podem evitar a entrevista por medo de uma possível reprovação. O medo pode ser manifestar como uma “voz” dizendo que as coisa darão erradas.

Algumas vezes o medo pode se parecer com vozes críticas que dizem que você não consegue, que não é tão bom quanto aquela outra pessoa, não é tão bonita como gostaria, etc. O medo pode abranger todas as intensidades, desde uma insegurança leve até o terror total. O medo pode estar presente em: insegurança , preocupação, ansiedade, fobias, ataques de pânico e TSTP, transtorno do estresse pós traumático.

O que é medo - Podemos entender o medo como sentimento de insegurança em relação a uma pessoa, uma situação ou um objeto. Medo é pessoal, o que assusta um pode ser indiferente do outro. Existem pessoas com medo de espaços abertos e não saem de casa, tem pessoas que sentem muita ansiedade de entrar no metrô, outros tem medo de tarefas como por exemplo, organizar uma festa, outros tem medo de baratas, avião, gatos, etc. 

Mas o problema pode não ser o metrô, o gato, a festa a ser organizada. O problema pode não ser a pessoa, situação ou objeto, mas a maneira como a pessoa percebe esta situação, pessoa ou objeto. Por exemplo, uma pessoa que precisa apresentar seu trabalho na reunião da empresa. O problema dela seria falar sobre seu trabalho? Ou o que a faz entrar em pânico é o que ela pensa que pode acontecer, exemplo: “E se não gostarem de minha apresentação, e se meu projeto for reprovado, ou se meu chefe me demitir porque descobriu que eu sou um péssimo funcionário que nem sabe apresentar um trabalho. O que vão pensar de mim?” 

Um bom passo na compreensão do medo pode ser perceber que todos os medos surgem da preocupação a respeito do que poderá acontecer em conseqüência do evento, e não o evento em si.

Reações físicas do medo

Quando sentimos medo o corpo se prepara para o famoso “lute ou fuja”. Seu corpo se prepara para dois resultados possíveis, enfrentar a situação e lutar com ela, ou sair correndo, fugir. Isso faz seu cérebro trabalhar muito intensamente, o que gera mais adrenalina. A pessoa pode se sentir: tremulo e enjoado, dores agudas nos braços, pernas e ombros, os sentidos são bombardeados com muito mais informações do que costuma administrar e por isso o cérebro não consegue filtrar tanta informação e se torna super-vigilante, e assim fica muito mais sensível ao que acontece a sua volta. 

Quando tudo isso acontece em relação a algo que não seja uma ameaça física (ou seja, você não está sendo atacado de fato) mas acontece em relação à uma ameaça emocional, como por exemplo você está medo de falar com seu chefe, começa uma espiral de terror onde a o coração dispara, e acelera a adrenalina, que pode fazer que sujam dores no corpo. 

Por exemplo: Uma pessoa tinha tanto medo de andar de metrô, mas nunca tinha entrado sequer numa estação de metrô. Portanto ele tinha fobia daquilo que ele pensava que era o metrô . Toda vez que ele passava perto de uma estação de metrô e, só de pensar em entrar, ele suava frio, seu coração acelerava, seus ombros ficavam curvados e ele achava que ia desmaiar. 

Vejam que este medo não está relacionado ao ato de entrar no metrô, mas a sensação de perda de controle que ele associava a andar de metrô. Como essa sensação toda era muito forte, ele nunca teve a chance de lidar com o medo de forma racional.

Como a Bíblia trata o medo


Nas Escrituras encontramos o que é descrito como populacho [pessoas de mau pensamento, gentalha, canalha corja, plebe, "povão", ralé, vulgacho, bagaceira, vulgo, "arraía miúda", escória, laia vasa, galera são alguns dos sinônimos listados pelos dicionaristas], uma mistura de gente que estava no meio do povo de Deus (Êxodo 12:37, 38). Era gente de diversas nações que se aproveitou para sair também do Egito e provocou uma rebelião entre os hebreus (Números 11:4, 5). O desânimo e o medo dessa gente nada tinha a ver com as promessas de Deus que fora feita a Abraão. Eles elegeram um líder para os fazer voltar ao Egito e encabeçaram uma revolta com o desejo das comidas da terra de Faraó. Ao se verem frente aos desafios que teriam de enfrentar, o medo aguçou a covardia e o desânimo abateu esse povo que a Bíblia chama de "vulgo", ou seja, não era o povo escolhido.

Os profetas do medo - No livro de Números encontramos o relato dos doze espias - doze líderes representantes das doze tribos - que foram enviados por Moisés para fazer o reconhecimento da terra de Canaã. Depois de terem visto tantos milagres e sinais desde a saída do Egito, dez desses homens acharam impossível conquistar a Terra prometida. Certamente temeram ao considerar suas fraquezas, limitações e suas possibilidades. Pensaram nos seu filhos e em suas famílias. O covarde relatório desses dez homens trouxe pânico e medo entre os filhos de Israel a ponto de haver uma derrota popular sem precedentes. Somente Josué e Calebe trouxeram palavras de encorajamento ao povo, mas foram duramente tratados e quase apedrejados não fosse a intervenção divina. Os medrosos, que não confiam no Senhor, enfraquecem o povo e minam a resistência dos filhos de Deus (Números 13). O medo opõe-se à fé.

Em Neemias 6:12-14, encontramos a história do profeta que, juntamente com outros líderes corruptos -, com certeza, medrosos também - tentaram levar pânico procurando atemorizar o homem de Deus. Neemias diz que um de seus homens foi subornado para amedrontar e tentar fazê-lo abandonar a obra da reedificação dos muros de Jerusalém, obra essa que havia sido pre-determinada pelo próprio Senhor, portanto, a vitória já conquistada. Nessa passagem registrada no livro do profeta Neemias - um corajoso servo de Deus - notamos semelhanças nas estratégias de satanás para tentar impedir a obra do Senhor, usando como arma, as deficiências e limitações humanas. Se Neemias tivesse agido como um covarde e permitido que o espírito de medo assumisse o controle da situação, provavelmente não teria obtido êxito em seus propósitos, o que poderia causar um atraso na conclusão da obra de Deus e impediria que seu nome fosse arrolado no rol dos vencedores da Bíblia. Mas ele foi corajoso, perseverante e deixou o Espírito de Deus atuar em si e fluiu toda aquela coragem, determinação no meio do povo e a obra de Deus foi concluída. Neemias era o líder levantado por Deus, se ele perecesse ao medo, todo o povo que já estava ferido pelos anos de cativeiro, certamente pereceria junto.

O exército de Israel e o profeta Elias - Outras duas situações onde o medo atacou homens de Deus registrados na Bíblia são as que envolveram o gigante filisteu Golias e os integrantes do exército de Israel. O medo e a intimidação foram as únicas armas usadas pelo filisteu em sua investida contra o experiente e temido exército israelita (1 Samuel 17). O profeta Elias, conhecido e respeitado por seus feitos miraculosos e poderosos em nome do Senhor, logo após derrotar os 450 profetas de Baal (mais 400 de Asera), num feito sobrenatural de fé (1 Reis 18), foi intimidado pelas ameaças da perversa rainha Jezabel e, com medo, fugiu para o deserto, se enfiou numa caverna e vitimado por uma profunda depressão teve até vontade de morrer (1 Reis 19). 

O pescador que teve medo das águas - O episódio bíblico que retrata com bastante peculiaridade o problema do medo é o que relata a caminhada de Pedro sobre as águas do mar da Galileia (Mateus 14:27-33). Ali, quando se deu conta que seus pés não pisavam em terra firme, o pânico invadiu-lhe a alma e logo começou a afundar. Não fosse a intervenção soberana do Senhor do universo, provavelmente tivesse morrido afogado. Afinal, como veterano pescador - Pedro era o líder na sua equipe de pescadores - acostumado aos riscos e armadilhas da profissão, nada era, com certeza, uma de suas frequentes atividades e, portanto, na qual ele tinha muita habilidade. Mas o medo apavorante paralisou sua mente e impediu que tomasse qualquer iniciativa para salvar-se. 

É natural que convivamos com o medo em maior ou menor grau, diante de circunstâncias específicas, principalmente as pessoas incertas de seu futuro. Até certo ponto ele acaba tendo efeito benéfico, pois serve para abrir os olhos e evitar situações de consequências desastrosas. E também contribui para se depender mais de Deus, como no caso de Pedro, que era uma pessoa alto-confiante, alto-suficiente, arrogante.

No entanto, quando assume proporções doentias, desfigura e aliena o indivíduo, tornando-o completamente desencorajado para enfrentar os desafios da vida. Ele hesita em decidir, não é capaz de sair da teoria e passar para a ação, amofina-se ao menor sinal de perigo, não vê as possibilidades que estão diante e prefere permanecer prostrado em sua desolação pessoal. Nesse estágio de letargia, já passou para o nível do pânico com seu efeito aterrorizador. 

O medo do futuro pode fazer com que as pessoas percam o ideal, deixem de sonhar e vivam estagnadas em suas angústia existencial. A falta de coragem limita o campo de ação à mesma rotina de sempre e conduz à inoperância. Ao invés de interagir de forma positiva com as alternativas possíveis, preferem viver como parasitas consumidos por fobias e improdutivos à sociedade. Há crentes que têm medo de macumba, de feitiço e até do demônio. Devemos nos lembrar e aplicar em nossas vidas os preceitos bíblicos que são armas contra o medo, como os registrados no Salmo 91, que não são para serem usados como amuletos, mas para serem praticados. Não é o Salmo 91 que pode fazer alguma coisa por alguém, mas sim o Deus que o inspirou.

Algumas formas para vencer o medo

  • 1} Nunca desistir na primeira batalha - a tendência do ser humano é evitar novas experiências ao fracassar na primeira tentativa. Mas a guerra só será ganha quando o último inimigo for derrotado. Analisemos o episódio ocorrido em Jericó, quando se deu a queda das muralhas (Josué 6). 2} O povo de Deus venceu pela confiança que gerou neles a perseverança necessária para que Ele operasse. Também não se falaria em cristianismo hoje se Jesus abandonasse o projeto de Deus em favor da humanidade no Jardim do Getsêmani (Mateus 26:36-39), levando-se em conta que ali ele estava como HOMEM. 3} Talvez o Novo Testamento não teria sido concluído se o apóstolo Paulo não suportasse as perseguições em Damasco, no início da fé, e retrocedesse à escravidão do judaísmo farisaico (Atos 9:20-25). Como se vê, quem não chega ao fim por medo ou falta de ânimo, não conclui suas realizações e nem planta para a posteridade. Portanto, a perseverança é uma das armas contra o medo. A Bíblia é uma fonte de perseverança, leia Romanos 8:31-39 e tome posse dessa Palavra em nome de Jesus.
  • Não olhar o tamanho do inimigo - conhecê-lo é parte da estratégia de guerra, mas isso deve ser feito sem que você super valorize suas próprias forças, pois faz com que percamos o referencial de grandeza do Todo-Poderoso e negligenciemos nossa total dependência dEle. Este, com certeza, foi o erro de Pedro no episódio ocorrido lá no mar da Galileia. Em questão de segundos Pedro olhou para o mar, calculou a sua profundidade, mediu a distância que o separava de Jesus para chegar a terrificante conclusão de que as profundezas o aguardavam: é matemática do medo. Esta retrospectiva relâmpago dos desafios do obstáculo o fez desviar a atenção d'Aquele que tem o controle do universo, para ver-se debatendo desesperado nas águas com as quais já estava acostumado a enfrentar. O princípio é este: mantenha o inimigo sob controle, à distância, mas sem se esquecer de que na retaguarda está o Deus Soberano que pode todas as coisas, fazendo com que nEle [em Jesus] também possamos. Foi essa a estratégia usada por Davi no seu confronto contra o incircunciso filisteu, o gigante Golias (1 Samuel 17:31-54).
  • A certeza de que o futuro pertence a Deus - aquele que ao Senhor submete a vida presente, saberá estar preparado para enfrentar os dias vindouros, sem o pânico da incerteza que caracteriza os medrosos da atualidade. A indústria maligna e oportunista do ocultismo e da adivinhação tem se aproveitado da fraqueza e incerteza dos medrosos. Passado, presente e futuro foram experimentados por Pedro, ainda citando o episódio do mar da Galileia, na mesma dimensão do tempo. Segundos depois do Mestre ter-lhe autorizado caminhar sobre as águas, o futuro lhe sobreveio na forma do provável afogamento. Mas o mesmo Jesus que, segundos atrás, já no passado, lhe permitira sair do barco, toma-lhe pela mão e o sustém no futuro que se tornou presente. Quem vive hoje com Deus, portanto, não se amedronta quanto ao amanhã, pois, Ele é, também, Senhor do tempo (Eclesiastes 3:1-11; Mateus 6:25-34; Filipenses 4:-7), e ainda que haja alguns momentos vacilantes e desafiadores, o socorro divino estará bem perto.

Conclusão


O amor de Deus (cf 1 João 4:17, 18) nos assegura uma perfeita comunhão com Ele, que exerce domínio absoluto sobre todas as coisas. À medida que o amor de Deus suplanta o egoísmo nos corações e estabelece um vínculo de harmonia na convivência pessoal, o temo perde espaço nas preocupações de cada um. Nada melhor, portanto, do que experimentar este amor que entende e sara as ambiguidades da alma para viver cada novo dia com esperança de que o epílogo trará a melhor parte da história. E aí poder-se-á dizer como o salmista "o choro pode durar uma noite, mas a alegria [certamente] virá ao amanhecer." Cultivar o coração com essa mensagem alimentará nossa fé, dará novo sentido à vida e fará com que tenha domínio sobre o medo, pois nascemos para vencer, e não subjugar-se ao fracasso. Não desesperemos. Digamos NÃO ao medo.

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