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segunda-feira, 27 de julho de 2015

DA GLÓRIA AO PRANTO

Você já deve ter visto a cena: um líder de uma igreja se envolve em algum escândalo e os meios de comunicação se voltam para ele, violentamente. Em momentos como esse, não adianta nem pedido de perdão em cadela nacional, pois quanto mais se fala, mais enrolado fica.

Imagino que as comunidades cristãs nunca se acostumarão com a queda de seus líderes. O problema é que, apesar do número de escândalos estar cada vez maior, as igrejas não sabem nem mesmo como reagir. O dilema em horas como esta costuma ser: defender o pastor das críticas alheias, ou ajudar a derrubá-lo com uma devastadora disciplina.

Harry Schaumburg [Harry W. Schaumburg, 47 anos, é um conselheiro que passou toda a sua carreira profissional abordando os problemas do pecado sexual. Seu programa de aconselhamento é pioneiro e realizado em uma semana de estudo intensivo da Bíblia atraiu mais de três mil pessoas nos EUA e mais de vinte países estrangeiros. Por mais de trinta anos, o Dr. Schaumburg está envolvido em ajudar pessoas a se afastarem da prática do pecado sexual e a ter a intimidade restaurada. Ele é o autor do best-seller "Falsa Intimidade: Vencendo a luta contra o vício sexual", o primeiro livro sobre o tema da dependência sexual de uma perspectiva bíblica. Foi publicado em espanhol, português, italiano, russo, chinês e coreano. Seus livros mais recentes são: "Sem mácula", "Redenção do pecado sexual", "Restauração de relações terminadas" e "Guia Imaculado de Estudo para indivíduos e casais".], no livro "Falsa Intimidade..." (Ano 1997, páginas 239, Editora Mundo Cristão),  assusta-nos com a informação de que 37% dos pastores americanos já se envolveram sexualmente com pessoas de suas igrejas. Este número só contabilizou os desvios sexuais. Se outros desvios de comportamento estivessem em pauta (escândalos financeiros conjugais etc.) o susto se transformaria num pesadelo.

Em hipótese alguma desejo fazer apologia do pecado, mas uma defesa do amor cristão pelos pecadores, quer sejam líderes ou não. Suas posições já são bem pesadas (cf. Tiago 3:1, 2), e a falta de amor das igrejas faz com que a maior parte deles, ao passar por dificuldades, acaba escondendo, camuflando ou usando máscaras, em vez de procurar ajuda.

O problema está, então, dentro de nossas fronteiras. Não adianta esconder a cabeça debaixo da terra imaginando que as situações se resolverão naturalmente. A tendência de fingir que tudo vai bem não ajudará ninguém, muito menos a Igreja de Deus. Precisamos urgentemente repensar a maneira como trabalhamos ou tratamos o erro dos nossos líderes.

A própria Escritura Sagrada nunca tentou esconder os erros dos seus personagens. Os exemplos mais claros podem ser encontrados na nas narrativas da monarquia, que começa com Saul e termina com o último rei de Judá. Todos gostam de relembrar os belos atos desses homens, mas não podemos nos esquecer das suas falhas. Eles não são simplesmente modelos de virtude. São, na verdade, protótipos de homens e mulheres que, no ministério de Deus, vencem, sofrem, choram, perdem, vivem.

Quem foram eles? Saul, o maior entre todos os homens de Israel, terminou como um louco suicida, atormentado por demônios, consultando feiticeiras e caçando seus aliados. Davi, o homem segundo o coração de Deus, o maior dos valentes de Israel, tornou-se assassino e adúltero. Salomão, o homem mais sábio de sua época, autor de salmos e provérbios de incomparável beleza, concluiu seus dias como um louco idólatra colecionador de mulheres.

Precisamos aprender a enfrentar o pecado, tanto em nossas vidas quanto na vida dos outros. Devemos estar o tempo todo examinando-nos para ver se ainda estamos de pé. Devemos ter consciência da própria pecaminosidade e fragilidade. Devemos crer no poder de Deus para restaurar qualquer pecador. Assim, apesar das cicatrizes que com certeza ficarão, vai ficar mais fácil passar por todas as fases de um líder, desde os dias de glória, até as noites de pranto.

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