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sábado, 3 de junho de 2017

VAI UM "OUTRO EVANGELHO" AÍ?

"Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vô-lo dissemos, agora de novo também vô-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema" (Gálatas 1:6-9 - grifo meu).

Todo natal e páscoa algumas revistas de circulação nacional como a Super Interessante, Galileu, Mundo Estranho e as vezes até a Veja, Época ou Istoé apresentam matérias de capa sobre a descoberta de "novos" evangelhos e a verdade sobre Cristo. Por exemplo joguei o na busca do site da revista Super Interessante o descritor "Jesus" e voltaram 365.000 resultados. 

Como exemplo podemos citar a reportagem do dia 27/08/2015 intitulada "Papiro que diz que Jesus tinha esposa é autêntico, afirmam cientistas", o qual supõe a veracidade de um fragmento copta. Ou da revista Galileu de 14/08/2015 que afirmou: 
"Relíquias e manuscritos encontrados nos últimos anos têm ajudado arqueólogos e cientistas a compreender com mais detalhes as pessoas com quem o Messias dos cristãos viveu e revigoram a busca por evidências sobre seu passado".


Jesus Cristo superstar


Encontramos também em livros famosos, alguns Best Sellers. Tais livros sempre estão nas estantes de destaques das livrarias e sites de compra de e-books. A mídia televisiva também tem dado muita atenção aos "novos" evangelhos como programas específicos, documentários (muito comuns em emissoras de TV a cabo) e filmes. Um bom exemplo é o livro, que também foi adaptado para o cinema, "O Código Da Vinci", escrito por Dan Brown (2004). 

Aqueles que estão publicando estes materiais sugerem que o cristianismo seja revisto ante estas descobertas, que nos círculos teológicos são chamados de Nova Escola e tem em Walter Bauer seu expoente. Algumas perguntas não podemos deixar de fazer: seria isto verdade? Todo o cristianismo histórico deve ser revisto? Por que estes texto não entraram no Canon bíblico?

Darell Bock (2007) em seu livro "Os evangelhos perdidos" nos ajuda a entender e responder estas perguntas. Em resposta a Walter Bauer, e a Nova Escola, Bock aborda as questões levantadas pela recuperação dos vários evangelhos e toda a aclamação e publicidade conferida a eles por especialistas que publicam não só no meio acadêmico, como também para o público em geral. Desta forma Bock trabalha em seu livro de maneira sistemática e coerente, de forma que não só o leitor especializado nas questões histórico-teológicas, mas também o público em geral possa compreender com facilidades as questões impostas pelas publicações sensacionalistas da nova escola.

A grande questão é que estas descobertas, que são apresentadas para o público leigo como novas perspectivas, são na verdade antigos textos cuja perspectiva estava sepultada a séculos. Não há nada de novo para o público especializado, tendo em vista que já são a muito conhecidas por arqueólogos, historiadores e teólogos. Porém o que chama maior atenção é que os propagadores destas ideias são doutores pesquisadores de grandes universidades como: Elaine Pagels da Universidade de Princentos, Bart Ehrman da Universidade da Carolina do Norte, Marvin Meyer da Universidade Chapman.

Assim Bock se propõe a analisar todas as questões como um guia turístico, ao publico geral, com o objetivo claro de ajudar na compreensão desta questão. Seu percurso começa introduzindo o leitor nas questões básicas da história primeva do cristianismo, dividindo em três períodos básicos: 
  • período apostólico, 30-100 d.C.; 
  • período dos pais apostólicos e o surgimento de obras alternativas, 100-150 d.C.; e de 150-400 d.C., 
  • o período dos apologistas e demais alternativas. 
Assim conclui que realmente houve uma diversidade de visões na fé cristã nos primeiro séculos, de modo que as fontes que temos acesso hoje são parte de um todo, mas mesmo assim a nova escola carece de critérios historicistas.

"Novo" evangelho, velhas mentiras


Em seguida dedica 3 capítulos a uma revisão histórica sobre o gnosticismo, a mais relevante expressão alternativa do cristianismo no II século de nossa era, e todos os textos alternativos são deste movimento. O problema inicial é poder definir este movimento, tendo em vista a sua complexidade e variedade. Em essência o que era comum as correntes gnósticas era a visão da deidade, isto é, a distinção entre o Deus criador e o Deus transcendente. 

Quanto a origem e desenvolvimento do gnosticismo, segundo o autor, se deu de forma muito aleatória, tendo em vista a grande ramificação, falta de coesão e conexão entre as partes deste movimento. Sugere também que o gnosticismo seja mais recente do que o cristianismo, seguindo o padrão apresentado pelos próprios documentos gnósticos.

Na sequência discute o método histórico, ideias e argumentos que alimentam o tema central de sua obra. As declarações da nova escola são muito contundentes, pois afirma transformar toda a história da igreja primitiva e de como a conhecemos hoje, porém tais afirmações são limitadas e carecem de historicidade. Nosso autor da um destaque maior para Walter Bauer, acadêmico alemão do Novo Testamento e historiador da igreja primitiva, seu pensamento principal gira em torno de desafiar o consenso geral de sua época de que a heresia seria uma reação à ortodoxia, porém sua questão não está provada.

Olha para as passagens específicas para avaliar o que elas realmente ensinam nas áreas basilares da fé cristã, fazendo um contraponto com os textos ortodoxos, procura apresentar as obras antigas para que o leitor possa chegar as suas próprias conclusões. Quanto à imagem de Deus criador, nos novos evangelhos, é verificado em grande variedade, alguns falam apenas de Deus e outros de uma série de personagens celestiais. 

Na maioria das vezes a criação é vista como algo maligno, criada de maneira imperfeita e má. Já nos escritos tradicionais a variedade é muito menos e os conceitos são mais simples e unidos, numa questão básica de que Deus é único e o criador de tudo o que existe.
  • Quanto à humanidade de Cristo, nenhum dos novos evangelhos o apresenta de maneira estritamente humana, como é apresentado nos textos de escritores como Dan Brown, sobressaindo assim a natureza celestial ante a criação. Já os textos tradicionais vão numa direção muito oposta, declarando de maneira enfática a dupla natureza de Cristo, o senhorio e filiação a Deus.
  • Quanto às questões referentes à humanidade e sua redenção os novos materiais compartilham algumas características como a queda de toda a criação, e a divisão da humanidade em duas classes. 
  • Quanto à redenção, esta se dá pela compreensão da real origem do ser humano e procurar a dimensão espiritual da existência. Assim a redenção será somente para estes, os iluminados, que retornarão ao mundo perfeito e não material. Doutrina que difere consistentemente dos materiais tradicionais, já que estes ensinam a ressurreição física, sendo Cristo o precursor da ressurreição.
  • Sobre a obra de Cristo, existe muita superposição entre os materiais novos e os tradicionais quanto à linguagem e expressão, porém há uma diferença fundamental entre eles. 
  • Quanto à superposição esta está presente no fato de Cristo trazer para a humanidade o verdadeiro caminho para Deus, de forma que o crente reconciliado com Deus deve viver de modo a vencer os desejos da carne. A questão fundamental da fé cristã está no fato de que Cristo morreu pelo pecado do ser humano, de forma que a redenção da humanidade só é possível pela fé em seu ato de salvação. O que difere fundamentalmente dos novos escritos.
Claramente Bock demonstra seus pressupostos hermenêuticos gramático-históricos, deixando evidente para o leitor que crê na inspiração e inerrância bíblica, de forma a concordar com os primeiros concílios cristãos que excluíram os novos escritos, pois não concordam com as Sagradas Escrituras e nem com a interpretação comum da igreja cristã.

Seus argumentos são convincentes, pois apresenta uma síntese dos textos dos novos evangelhos, não só isso, como também os lê sob pontos determinados, pontos estes fundamentais da fé cristã: Deus e a obra de Cristo. Ficando evidente a falta de inspiração, inerrância e coerência dos escritos gnósticos. Motivo claro de não fazerem parte dos escritos cristãos. 

E ainda mais demonstrando a impossibilidade de Jesus ter um relacionamento conjugal com Maria Madalena, já que este é um dos pontos que mais é ressaltado pelos autores contemporâneos, visto que os textos gnósticos excluem quase que totalmente a humanidade de Cristo.

Conclusão


Só podemos agradecer a bela obra de Bock, que realmente cumpre seu objetivo de esclarecer para o público em geral as questões, muitas vezes tão controversas, que são apresentadas pelas mídias em geral como verdades absolutas, mas que na verdade procuram maculara a única verdade, a palavra de Deus.

E o objetivo desses ilustres doutores é o mesmo que desafiou o apóstolo Paulo na igreja da Galácia: confundir e perverter a fé dos cristãos. O triste é que, assim como Paulo observou em sua época, podemos também observar hoje, que não são poucos os que se deixam enredar por essas redes malignas de falsas doutrinas e acabam dando ouvidos aos novos evangelhos por elas apresentados.
"Se alguém ensina falsas doutrinas e não concorda com a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo e com a teologia que é segundo a piedade, é arrogante e nada compreende; todavia, delira em questões e controvérsias acerca de palavras. Dessa atitude, brotam as invejas, brigas, difamações, suspeitas malignas, batalhas constantes entre aqueles que têm a mente corrompida e que são privados da verdade, os quais imaginam que a piedade é fonte de lucro" (1 Timóteo 6:3-5).

[Referências Bibliográficas: ABDO, Humberto. Novas descobertas sobre a verdade histórica de Jesus. Revista Galileu, 14.08.2015. AGUIAR, Ione. Papiro que diz que Jesus tinha esposa é autêntico, afirmam cientistas. Revista Super Interessante, 27.08.2015. BOCK, Darrell L. Os evangelhos perdidos: A verdade por trás dos textos que não entraram na Bíblia. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007. BROWN, Dan. O código Da Vinci. Rio de Janeiro: Arqueiro, 2004. Fonte: http://www.napec.org]

A Deus toda glória. 
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