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segunda-feira, 26 de junho de 2017

PASTOR: VOCAÇÃO, CHAMADO MINISTERIAL OU PROFISSIONAL LIBERAL NA FÉ? - 2

"Profissão" é um trabalho, atividade especializada dentro da sociedade geralmente exercida por um profissional. Algumas atividades requerem estudos extensivos e a masterização de um dado conhecimento tais como advocacia, medicina, ou engenharia por exemplo. Outras dependem de habilidades práticas que requerem apenas formação básica (ensino fundamental ou médio), como as profissões de faxineiro, ajudante, jardineiro entre outras.

A vida não é feita só de momentos claros nos quais se percebe perfeitamente a vontade de Deus. Muitas vezes é necessário seguir por caminhos escuros e até incomuns. Muitos devem lutar duramente para seguir sua vocação. A Palavra de Deus não dispensa ninguém de pensar, de tatear, de buscar, de tomar decisões.

O que significa ser um pastor?


O conceito de pastor hoje é bem mais abrangente e evidenciado que no Novo Testamento. Aliás, muito pouco mencionado lá. Os serviços atribuídos ao pastor de cada igreja local, hoje, eram atribuídos com mais frequência aos presbíteros, anciãos e bispos - sempre no plural, nunca no singular. Com o tempo, a classe expandiu o seu grau de importância a tal ponto que quase podemos equipará-los aos sacerdotes levitas do Antigo Testamento.

Ser pastor hoje é pertencer a uma classe dominante, ter uma posição conceituada que muita mãe desejaria para seus filhos e muitas mulheres para seus maridos! É um grande título religioso, uma posição de muito destaque social sem concorrência e de salário compensador (dependendo da instituição-igreja).

Cristo não concedeu cargos, cabides de emprego, profissionais religiosos, líderes religiosos, donos de Igrejas, empresários de Igrejas, donos da verdade. Ele tinha somente uma intenção quando concedeu os dons ministeriais: que as pessoas se sentissem VOLUNTÁRIAS em Seu serviço (assim como Paulo e Pedro).
"Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho" (1 Pedro 5:2). 
Os dons ministeriais eram um trabalho de "pastoreio".

Os pastores levavam as ovelhas a ficar juntas (arrebanhavam), a fim de que elas fossem comer das melhores pastagens. Toda a tentativa de controle, autoridade humana, "forçar a barra", pressão, tentar "exercer domínio" sobre a Igreja, inventar estratégias, fazer do ajuntamento "massa de manobra", controlar as pessoas com chantagens, cargos e remunerações, aproveitar o cargo e "título do dom" para ter privilégios de qualquer pessoa, não procedia daquela "mente unificadora" que é Cristo. 

Não era um trabalho profissional (não havia remuneração), ninguém era obrigado, ou persuadido a fazer nada. Não dependia da capacidade humana, mas tudo era essencialmente espiritual, atendendo ao chamado do Mestre.

Paulo fazia questão de afirmar que deixava de lado, toda a sua intelectualidade e capacidade humana para se submeter à direção do Espírito e executar o seu ministério (1 Coríntios 2:4-7). O trabalho que Cristo concedeu aos vocacionados teria de passar e iniciar nEle mesmo. Quem extrapolava o espiritual não se submetia ao Espírito, deixava de ser "membro" de Seu ministério. 

Como anda escasso este trabalho nos dias de hoje! A demonstração de Espírito e de poder, somente é concedida aos vocacionados, àqueles que realmente têm os dons. Os outros têm somente palavras bonitas e... muita enganação.

As atividades exercidas pelo pastor não podem ser consideradas como uma profissão, uma vez que o liame entre a atividade exercida por ele e sua igreja é vocacional e de natureza religiosa, onde se busca retribuição espiritual e não material. A submissão à doutrina da igreja decorre da fé que professa e não se confunde com a subordinação jurídica do empregado, o que o torna diferente de um profissional.

O que significa ser um pastor, quais os critérios, características e a missão pastoral de acordo com que revela a Palavra de Deus são totalmente negligenciados e toma-se um conceito humano e empresarial para explicar o ofício e as funções de um pastor.

Isso causa muitos conflitos e perturbações à vida da Igreja e por fim incentivam oportunistas, interesseiros e preguiçosos a se candidatarem a futuros ministros.

Não deveria ser assim. Mas por que isso acontece?


Fabricando pastores em série


Porque pouco ou nada se ensina sobre o assunto. O pastor ou o educador cristão tem, muitas vezes, receio de ministrar e até falar sobre o que significa ser um pastor do ponto de vista bíblico, porque pensa que estará ministrando em interesse ou defesa própria. E assim, o povo fica sem entender a questão e aí se originam os erros e as distorções existentes.

Por causa também disso, o universo evangélico criou vários "tipos de pastores".

Vejam alguns deles a seguir:

  • 1. O pastor de "final de semana e feriados"

Este entende o pastorado como um trabalho complementar e secundário. Somente o exerce quando não realiza outra atividade. Durante a semana possui um emprego e trata de se dedicar a ele e a seus afazeres pessoais. Quando chega o final de semana ou feriado se veste de pastor e vai à igreja pregar e rever seus irmãos. Durante o meio de semana não se pode contar com ele. Estou trabalhando, afirma. Quando perguntam como sustenta a família, ele diz orgulhosamente:
- Tenho o meu trabalho. Não toco em um centavo do dinheiro da igreja.
E isso vai sendo ensinado à congregação que "pastoreia".

  • 2. O pastor "nominal"

Este entende o pastorado como uma forma de ostentação. Ama ostentar seu título de pastor nos círculos familiares, eclesiásticos e de relacionamentos. Não se preocupa com o rebanho do Senhor e muito menos com o que pensa o Senhor do rebanho. Está sempre buscando outros e mais títulos, porém sempre com a motivação errada. Ele quer ser destacado entre os demais. O nome de Jesus é só mais um detalhe. O nome dele é que importa ser notado e comentado. Geralmente fazem questão absoluta de registrarem seus nomes na placas denominacionais: "ministério fulano de tal".

Muitos destes "pastores" se tornam em outro tipo que chamo de "midiáticos" (verdadeiros "showmen"), ou seja, usam a mídia (internet, televisão, rádio, TV a cabo, etc...) para propagar seus devaneios com roupagem de cristianismo com intenções de adquirir fama e prosperidade material às custas do povo desavisado. E isso vai sendo ensinado à congregação que "pastoreia".

  • 3. O pastor "profissional"

Este entende o ministério pastoral como mais uma profissão e a Igreja de Cristo como mais uma empresa. Cumpre com suas obrigações trabalhistas, que foram pré-determinadas em sua contratação, e está tranquilamente consciente que pode ser dispensado por seus empregadores se não as cumpri-las. Busca agradar seus "chefes" fazendo aquilo que os agrada, porque se não o fizer pode ficar desempregado.
É um profissional do púlpito. É um político eclesiástico. E isso vai sendo ensinado à congregação que "pastoreia".

  • 4. O pastor "falso"

Este não foi chamado para ser pastor. Não possui vocação e por isso não consegue amar o rebanho como deveria. Pode até ser um bom crente, porém não tem ferramentas espirituais para pastorear e teima em prosseguir. Não deseja se aprofundar no conhecimento bíblico, não deseja se sacrificar em prol do reino de Deus. Não se preparou para o ofício pastoral porque não entende isso ser relevante. Não possui coração de pastor. Causa dores e sofrimentos em si e no rebanho. Produz maus costumes e heresias. É motivo de piadas e "chacotas" dos descrentes e até de membros de sua congregação. E isso vai sendo ensinado à congregação que "pastoreia".

  • 5. O pastor "enviado de satanás"

Este entende o que significa o ministério pastoral e por isso, diabolicamente, procura perverte-lo e corrompe-lo diante dos olhos apavorados do povo. Desta forma, tenta produzir falta de credibilidade sobre o ofício e a pessoa dos demais pastores. A desconfiança e incredulidade ao pastorado são suas intenções. São enviados de satanás para iludir e enganar o povo de Deus e assim deturpar o real sentido e significado da Igreja, das doutrinas bíblicas e do episcopado. E isso vai sendo ensinado à congregação que "pastoreia".

  • 6. O pastor "preguiçoso"

Este pensa que ser pastor é ficar à toa. Não aceita trabalhar secularmente, mas também não deseja trabalhar ministerialmente. Não estuda. Não se prepara. Sequer prepara um sermão. O púlpito é muito mais frequentado por outros irmãos do que por ele. De vez em quando prega e justifica que está dando oportunidades a futuros pregadores. Não frequenta a EBD, nunca ministrou em uma sala, porque preparar aula dá muito trabalho. Teologia pra ele é "coisa de fariseu". Delega o que é pra ser delegado e o que não é. Gosta de muito barulho e de chavões. Tudo pra ele é de improviso e diz que é o Espírito Santo. Não gosta e nem sabe planejar nada. Pensar, discernir, refletir pra ele é muito desgastante. Não respeita horários. É um exemplo de falta de sabedoria. O pastorado pra ele é uma fuga da realidade dura da vida. É o preguiçoso por excelência. E isso vai sendo ensinado à congregação que "pastoreia".

Existem outros maus exemplos de "pastores", mas penso que esses já são o bastante.

Diante dessa realidade, não podemos culpar a maioria do povo por não entender o ministério pastoral e considerá-lo de forma totalmente equivocada e não bíblica e também de muitos generalizarem e rotularem todos os pastores de "oportunistas, picaretas e desocupados".

Fundamentando-me biblicamente, como então devemos entender e ensinar a questão à luz das Escrituras Sagradas?
E o que veremos no próximo artigo.

A Deus toda glória.
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