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quarta-feira, 28 de junho de 2017

POR QUE O BRASILEIRO É INIMIGO PÚBLICO Nº. 1 DA LEITURA?

Certamente não é a primeira vez que você já ouviu ou leu algo sobre esse assunto, o da quantidade assustadora de analfabetos deste nosso Brasil. Não sei bem a cifra oficial, e não acredito muito em cifras oficiais. Números são comprovadamente manipuláveis. Prefiro me ater à obviedade inquestionável dos fatos. 

Primeiro, precisa ser esclarecida a questão do que é analfabetismo. E, para mim, alfabetizado não é quem assina o nome, talvez embaixo de um documento, mas quem assina um documento que conseguiu ler e... entender. A imensa maioria dos ditos meramente alfabetizados não está nessa lista, portanto são analfabetos - um dado melancólico para qualquer país civilizado. Nem sempre um povo leitor interessa a um governo (falo de algum país ficcional), pois quem lê é informado, e vai votar com relativa lucidez. Ler e escrever faz parte de ser gente. 

A minha história de amor com os livros


Desde muito pequeno eu fui despertado à prática da leitura pela inserção constante de gibis e livros minimalistas recheados de imagens multicoloridas e pequenos trechos de leitura. Como não me lembrar do agradabilíssimo “Festa no Céu”, excelente livro para crianças serem iniciadas na leitura! E o que dizer da maravilhosa coleção Sítio do Pica-pau Amarelo? Eu devorava e era transportado para o fascinante mundo mágico de Monteiro Lobato. Li os 23 volumes da série. A turma da Mônica, Mickey, Pato Donald, Luluzinha, Recruta Zero... Li também. E muito! Fotonovelas, romances femininos (Júlia, Sabrina...), Flash Gordon, Mandrake... Li também.

Sempre fui de muito ler, e por virtude, porque em nossa casa livro não era um objeto cotidiano, como o pão e o leite. Eu lia porque sempre gostei de ler. Lembro de minhas caixas lotadas de livro na beirada da minha cama de criança insone. Meu conforto nas noites intermináveis era acender a luz - poderia ser uma vela, uma lamparina a querosene, pois não foi sempre que tive o conforto da eletricidade em casa -, estender a mão, e ali estavam os meus amigos. Algumas vezes acordei minha mãe esquecendo a hora e dando risadas com a boneca Emília, de Lobato, meu ídolo em criança: fazia mil artes e todo mundo achava graça. 

E a escola não conseguiu estragar esse meu amor pelas histórias e pelas palavras. Digo isso com um pouco de ironia, mas sem nenhuma depreciação ao excelente colégio onde estudei, quando criança e adolescente, que muito me preparou para o mundo maior que eu conheceria. Falo da impropriedade, que talvez exista até hoje (e que não era culpa das escolas, mas dos programas educacionais), de fazer adolescentes ler os clássicos brasileiros, os românticos, seja o que for, quando eles ainda nem têm o prazer da leitura. Qualquer menino ou menina se assusta ao ler Macedo, Alencar e outros: vai achar enfadonho, não vai entender, não vai se entusiasmar. Para mim esses programas cometem um pecado básico e fatal, afastando da leitura estudantes ainda imaturos. 

Como ler é um hábito raro entre nós, e a meninada chega ao colégio achando livro uma coisa quase esquisita, e leitura uma chatice, talvez ela precise ser seduzida: percebendo que ler pode ser divertido, interessante, pode entusiasmar, distrair, dar prazer. Eu sugiro crônicas, pois temos grandes cronistas no Brasil, a começar por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, além dos vivos como Verissimo e outros tantos. Além disso, cada um deve descobrir o que gosta de ler, e vai gostar, talvez, pela vida afora. Não é preciso que todos amem os clássicos nem apreciem romance ou poesia. Há quem goste de ler sobre esportes, explorações, viagens, astronáutica ou astronomia, história, artes, computação, seja o que for.


Por que ler?


O que é preciso é ler. Revista serve, jornal é ótimo, qualquer coisa que nos faça exercitar esse órgão tão esquecido: o cérebro. Lendo a gente aprende até sem sentir, cresce, fica mais poderoso e mais forte como indivíduo, mais integrado no mundo, mais curioso, mais ligado. Mas para isso é preciso, primeiro, alfabetizar-se, e não só lá pelo ensino médio, como ainda ocorre. Os primeiros anos são fundamentais não apenas por serem os primeiros, mas por construírem a base do que seremos, faremos e aprenderemos depois. 

Ali nasce a atitude em relação ao nosso lugar no mundo, escolhas pessoais e profissionais, pela vida afora. Por isso, esses primeiros anos, em que se aprende a ler e a escrever, deviam ser estimulantes, firmes, fortes e eficientes (não perversamente severos). Já se faz um grande trabalho de leitura em muitas escolas. Mas, naquelas em que com 9 ou 10 anos o aluno ainda não usa com naturalidade a língua materna, pouco se pode esperar. E não há como se queixar depois, com a eterna reclamação de que brasileiro não gosta de ler: essa porta nem lhe foi aberta.

Conclusão


E quando entramos na esfera espiritual, de novo nos defrontamos com o dilema da falta de leitura: a maioria esmagadora dos crentes não gosta de ler a Bíblia. Há crentes com mais de décadas de conversão (inclusive muitos pastores) que nunca leram a Bíblia toda (em tempo: em meus vinte e poucos anos de convertido eu já tive o prazer de ler a Bíblia toda 15 vezes e estou precisando urgentemente lê-la novamente). Isto é triste lastimável mesmo. Me lembro da advertência do próprio Deus a Josué:
"Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido" (1:8).
E logo depois o salmista Davi cantaria:
"Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra. Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho" (Salmo 119:9, 105).
Só que parece que essas palavras se perderam com o tempo. 

Homens de bem querem um mundo melhor. E um mundo cheio de gente legal só é possível com educação e cultura acessíveis a todos. Quem começa desde cedo a ter contato com a cultura, se torna, sem sombra de dúvidas, um adulto melhor e não vai por na sua vida agraciada a culpa por qualquer mau-caratismo eventual.

O brasileiro não lê porque é talhado para achar o livro desimportante. Vamos reescrever essa história, mas agora, vamos lê-la!

Maurício de Souza, Monteiro Lobato e Fernando Sabino. Eis as mentes que hão de salvar o nosso país. Então, enchamos as nossas crianças de livros e nos tornemos o país da leitura! A Finlândia precisa de concorrentes à sua altura.

Estamos cá, nós, cheios de escritores: por ora, chega de parir homens, passemos a parir leitores!

A Deus toda glória. 
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