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terça-feira, 16 de maio de 2017

ASSUNTOS DIFÍCEIS DA BÍBLIA - O REI QUE FOI COMIDO POR VERMES

Dando sequência à série especial de artigos Assuntos Difíceis da Bíblia, trago um episódio no mínimo intrigante e que não é muito citado em pregações, muito talvez, por aparentemente se tratar de um assunto sem grande "apelo teológico", apesar do grande ensinamento que ele nos traz.

No capítulo 12 do livro de Atos nos é dito que um certo Herodes – que é conhecido dos historiadores seculares como Herodes Agripa I – mandou matar o apóstolo Tiago, e quis fazer o mesmo com Pedro, mas um anjo apareceu e libertou Pedro da prisão. Então, próximo do fim do capítulo, Lucas nos dá este relato: 
"Herodes, tendo-o procurado e não o achando, submetendo as sentinelas a inquérito, ordenou que fossem justiçadas. E, descendo da Judéia para Cesaréia, Herodes passou ali algum tempo.  
Ora, havia séria divergência entre Herodes e os habitantes de Tiro e de Sidom; porém estes, de comum acordo, se apresentaram a ele e, depois de alcançar o favor de Blasto, camarista do rei, pediram reconciliação, porque a sua terra se abastecia do país do rei.  
Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: 'É voz de um deus e não de homem!' No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou" (19-23, grifo acrescentado). 
Naturalmente, esta é o próprio tipo de história que os céticos dizem que prova que a Bíblia não é historicamente acurada. É muito forçada, eles dizem, para ser verdade. 

Acontece, contudo, que a morte de Herodes Agripa é contada também pelo historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo. Sua narrativa diz: 
"Então, quando Agripa tinha reinado durante três anos sobre toda a Judéia, ele veio à cidade de Cesaréia, que antes era chamada Torre de Strato, e ali ele apresentou espetáculos em honra a César, ao ser informado que ali havia um festival celebrado para se fazerem votos pela sua segurança. Em cujo festival uma grande multidão de pessoas principais se tinha reunido, as quais eram de dignidade através de sua província. 
No segundo dia dos quais espetáculos ele vestiu um traje feito totalmente de prata, e de uma contextura verdadeiramente maravilhosa, e veio para o teatro de manhã cedo; ao tempo em que a prata de seu traje sendo iluminada pelo fresco reflexo dos raios do sol sobre ela, brilhou de uma maneira surpreendente, e ficou tão resplendente que espalhou horror entre aqueles que olhavam firmemente para ele; e no momento seus bajuladores gritaram, um de um lugar, outro de outro lugar, (ainda que não para o bem dele) que ele era um deus; e acrescentavam: 'Sê misericordioso conosco, pois ainda que até agora te tenhamos reverenciado somente como um homem, contudo doravante te teremos como superior à natureza mortal'.  
Quanto a isto o rei não os repreendeu, nem rejeitou sua ímpia bajulação. Mas, estando ele presente, e depois olhou para cima, viu uma coruja pousada numa corda sobre sua cabeça, e imediatamente entendeu que este pássaro era o mensageiro de más notícias, como tinha sido antes mensageiro de boas notícias; e caiu na mais profunda tristeza.  
Uma dor severa também apareceu no seu abdome e começou de maneira muito violenta. Ele portanto olhou para seus amigos e disse: 'Eu, a quem chamais deus, estou presentemente chamado a partir desta vida; enquanto a Providência assim reprova as palavras mentirosas que vós agora mesmo me disseram; e eu, que por vós fui chamado imortal, tenho que ser imediatamente afastado depressa para a morte...'  
Quando ele acabou de dizer isto, sua dor se tornou violenta. Desse modo, ele foi carregado para dentro do palácio; e o rumor espalhou-se por toda parte, que ele certamente morreria dentro de pouco tempo... E quando ele tinha se esgotado muito pela dor no seu abdome durante cinco dias, ele partiu desta vida" (Antiguidades, XIX, 7.2 - ênfase e grifo acrescentadas). 
Por isto defendo a importância do conhecimento da História. Josefo é muito mais prolixo do que Lucas, mas a concordância entre as duas histórias é tocante. Os relatos são bastante diferentes, para que nenhum pudesse ter sido copiado do outro. E são bastante semelhantes para atestar um ao outro a autenticidade, ainda que Josefo pareça acrescentar alguns pormenores até fantasiosos (como as tais corujas, por exemplo). 

A exatidão histórica da Bíblia 


Este é um exemplo de como as fontes antigas, não cristãs, dão testemunho da exatidão histórica da Bíblia. E é uma de muitas. Naturalmente, isto coloca os incrédulos numa posição bem desconfortável. Se a Bíblia é consistentemente acurada em retratar tais eventos como a morte de Herodes, então não temos razão sólida para duvidar dos seus registros de milagres. 

Não há razão sólida para duvidar da ressurreição de Jesus. Não há evidência sólida de que estas coisas não aconteceram. Mas na Bíblia temos testemunhas oculares de escritores que, ponto por ponto, têm provado a si mesmos como confiáveis. Mais ainda, por meio de outros estudos vemos que é completamente razoável concluir que Deus existe, meramente pelo exame do funcionamento do universo físico. 

E certamente o Deus que criou o universo é capaz de executar os milagres descritos nas Escrituras. Portanto, vemos novamente que a evidência é toda a favor de aceitar a Bíblia no que ele declara ser – a palavra de Deus. 

O que esse episódio nos ensina? 


É aquela velha história: Deus não divide Sua Glória com ninguém. É o que está escrito, veja: 
"A minha glória não a darei a outrem" (Isaías 48:11b). 
A maior besteira que alguém pode fazer é tomar para si a glória que é de Deus e foi o que fez o tal de rei Herodes. 

Análise contextual dos fatos 


O rei Herodes (lembrando que Herodes não é um nome próprio, mas um título) que governava a Judeia estava agindo contra a Igreja de Jesus. Ele mandou matar Tiago, irmão de João e depois, como viu que estava agradando os judeus, mandou prender Pedro. O Evangelho vivia seu primeiro período de perseguição. Os ventos da perseguição assolavam os irmãos, que eram presos e maltratados. 

Pedro teria sido executado não fosse a providência de Jesus, que mandou um anjo libertá-lo da prisão de forma espetacular. Herodes ficou furioso quando foi comunicado que Pedro havia fugido das masmorras do Império Romano, isso soou como um insulto à autoridade de Herodes e os guardas foram açoitados, ou justiçados, como diz o texto, afinal Pedro sumiu praticamente debaixo das barbas de Herodes. 

Era preciso fazer alguma coisa para resgatar a autoestima de Herodes e ele próprio teve uma ideia "fantástica". Num determinado dia, Herodes vestiu suas vestes reais reluzentes e se assentou no trono do tribunal romano na Judeia e fez um belo discurso. Lá pelas tantas, o povo começou a exclamar: 
"É voz de Deus, e não de homem" (Atos 12:22). 
Observe que o povo não estava dizendo que Herodes era um deus, estava dizendo que Herodes era o próprio Deus. 

Herodes ficou lisonjeado, todo orgulhoso, aquilo era a resposta que ele estava precisando para aplacar a vergonha de ter perdido Pedro dentro de seus cárceres. Só teve um probleminha: Herodes não deu glória a Deus. Herodes cometeu o erro fatal de tomar para ele a glória de Deus, sua arrogância o cegou. Não foi uma boa ideia. 

Com Deus não se brinca e no mesmo instante o anjo do Senhor feriu Herodes e ele foi comido de bichos e morreu. O "poderoso" Herodes da Judeia foi comido de vermes em vida. Deve ter sido uma cena terrível, o rei morreu na presença de todo aquele povo que, momentos antes, aclamava-o como "Deus".

Ficou provado que Herodes não era Deus e que o povo, com sua bajulação, causou, ainda que indiretamente, a trágica morte do rei que perseguia o povo do verdadeiro Deus. Foi uma dura lição. 

Hoje em dia os "poderosos" desse mundo e muitos dos que "brilham" sob os holofotes da fama gospel, não são mais comidos por vermes em vida, mas agonizam em sua arrogância, comidos por dentro pelo pecado. O pior é que o pecado da arrogância não atinge somente o povo que vive por conta própria, mas se espalha dentro dos arraiais evangélicos com grande velocidade. Costumo dizer que a arrogância é um vírus mortal que contamina com muita facilidade. 

A regra é clara: não tomemos para nós a glória que é de Deus. Isso nunca acaba bem. Nem Jesus tomou para Ele a glória de Deus Pai, veja: 
"Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus" (Mateus 19:17). 
E mais:
"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz" (Filipenses 2:5-8).
Viu como se faz? Eu vi e aprendi. E o resultado? 
"Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai" (9-11, grifo acrescentado).
Ou seja, quando somos obedientes e tributamos a Deus a glória devida, Ele próprio se incube de nos exaltar (o diácono Estêvão, o primeiro mártir do cristianismo, que o diga). 

Conclusão 


Assim como o rei Nabucodonosor, que virou boi durante sete anos, porque não atribuiu a Deus a devida glória (Daniel 4), Herodes foi comido pelos vermes pela mesma razão. A melhor maneira de glorificar o Nome de Deus é reconhecer o sacrifício de Jesus para nos salvar. Jesus deixou a Glória de Seu Pai e entregou Sua preciosa vida para pagar o alto preço dos nossos pecados, então quando você reconhece Jesus como seu Salvador, você está glorificando a Deus Pai e vai receber o Deus Espírito Santo em seu coração. Não há bem maior. 

A Deus toda glória.
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