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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A SÃ DOUTRINA - A CEIA DO SENHOR (OU "SANTA CEIA")

Quase todas as igrejas que proclamam seguir a Cristo observam a Ceia do Senhor. O pão e o fruto da videira são elementos comuns nas assembleias de adoração de vários grupos religiosos. Mas há diferenças no entendimento a respeito desta comemoração. Neste artigo, examinaremos o que a Bíblia ensina sobre a Ceia do Senhor para aprender como devemos participar dela hoje em dia.

O que é a Ceia do Senhor? Como e quando deve ser celebrada? Quem pode participar dela? Quero esclarecer um pouco desta ordenança de Jesus praticada em nossas igrejas…

O exemplo de Cristo


Quatro textos registram os pormenores da primeira "Ceia do Senhor". Três destes relatos estão nos evangelhos (Mateus 26:26-29; Marcos 14:22-25 e Lucas 22:19-20) e o outro está em 1 Coríntios 11:23-26. Podemos aprender como Jesus e os apóstolos celebraram a ceia comparando estes relatos. Por favor, pare uns poucos minutos para ler cada uma destas quatro passagens, antes de continuar este estudo. Observe as minúcias:

  • O propósito: "Fazei isto em memória de mim" (Lucas 22:19). A Ceia do Senhor é nossa oportunidade para lembrar o sacrifício que Jesus fez na cruz, pelo qual ele nos oferece a esperança da vida eterna: "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha" (1 Coríntios 11:26). A Ceia do Senhor não pretende ser um memorial do nascimento, da vida ou da ressurreição de Cristo. É um momento especial no qual os cristãos refletem sobre o Salvador sofredor para serem lembrados do alto preço que ele pagou por nossos pecados. Precisamos manter este tema central do evangelho (1 Coríntios 2:1-2) em nossas mentes.
  • Os símbolos: Jesus usou dois símbolos para representar seu corpo e seu sangue. É claro que ele não ofereceu literalmente seu corpo (que ainda estava inteiro) nem seu sangue (que ainda estava correndo através de suas veias). Ele deu aos discípulos pão sem fermento para representar seu corpo e o fruto da videira (suco de uva) para representar o sangue que estava para ser derramado na cruz. Ele não deixou dúvida sobre a relação deste sacrifício com nossa salvação: "Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão dos pecados" (Mateus 26:28).
  • A ordem: Quando comparamos estes quatro relatos, podemos também ver a ordem na qual a ceia foi observada: 1] Jesus primeiro orou para agradecer a Deus pelo pão e então todos o partilharam. 2] Ele orou de novo para agradecer ao Senhor pelo cálice, e todos beberam dele. Deste modo, ele chamou especial atenção para cada elemento da ceia.


Uma Instituição de Cristo


"…o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e disse: 'Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.' Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: 'Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes em que o beberdes, em memória de mim.' Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha" (1 Coríntios 11:23-6).
Observando a expressão "fazei isto", percebemos que se trata de uma ordem de Jesus. É um imperativo, e fica ainda mais evidente ser uma ordenança para a Igreja, quando Jesus repete a expressão "todas as vezes que"… mostrando que este ato deveria ser parte da nossa prática cristã.

Conceito contextual de "memorial"


  • Memorial: É uma instituição permanente, de interesse geral, voltada para a preservação e propagação de informações históricas compostas de dados, documentos e imagens relativas a pessoas, instituições ou lugares.
Lugar algum das Escrituras mencionam o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico do ato ao dizer: "fazei isto em memória de mim".

Pão sem fermento - Porque pão sem fermento? Jesus instituiu a ceia do Senhor durante os dias judaicos dos pães asmos, uma festa anual na qual somente pão sem fermento era permitido entre os judeus (veja Lucas 22:15 cf. Êxodo 12:18-21). Podemos apreciar mais claramente o significado do pão sem fermento quando consideramos o significado simbólico do fermento na Bíblia. 

Não era permitido fermento nos sacrifícios oferecidos a Deus, no Velho Testamento (Levítico 2:11). A ideia de impureza ou pecado é claramente associada com fermento em vários textos. Por exemplo, Jesus usou fermento para falar simbolicamente de falsas doutrinas (Mateus 16:11-12). Paulo usou o fermento para representar falsa doutrina e corrupção moral (Gálatas 5:7-9,13,16; 1 Coríntios 5:6-9). 

É plenamente adequado, então, que o sacrifico perfeito e sem pecado do próprio Filho de Deus seja representado por pão sem fermento: 
"Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebramos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade" (1 Coríntios 5:7-8).
O próprio Jesus já havia se identificado usando como figura de linguagem o pão:
"Este é o pão que desce do céu, para que todo o que dele comer não morra. Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que deverei dar pela vida do mundo é a minha carne" (João 6:50,51).
E se você ler o versículo 52, verá que os religiosos daquele tempo (assim como muitos de hoje), não entenderam absolutamente nada do o Mestre estava falando, pois estavam fazendo um raciocínio totalmente carnal. 

A ceia do Senhor, portanto, é um momento de recordação, de reflexão do que Ele fez por nós ao morrer na cruz para a remissão dos nossos pecados. Quando a celebramos, estamos anunciando a morte do Senhor Jesus até que Ele volte! Os elementos são, portanto, figurativos, e não literais.

Um ritual de aliança


Os orientais davam muito valor às alianças, e as respeitavam. Quando Jesus institui exatamente o pão e o vinho como os elementos da Ceia, ele sabia exatamente o que estava fazendo. Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue, o mais alto nível de aliança a que alguém poderia se submeter.

Ao contrair uma aliança deste nível, as duas partes estavam declarando que misturavam suas vidas e tudo o que era de um passava a ser de outro e vice-versa; por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a aliança NO seu sangue, estabelecendo com isso, na ceia, um ritual de aliança.

No Velho Testamento vemos Abraão indo ao encontro de Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo, e levava pão e vinho. O que era isto? Um ritual de aliança. Quando ceamos, estamos reconhecendo que realmente estamos aliançados com Cristo, e que nossas vidas estão misturadas, fundidas uma na outra  (1 Co 6:17).

Jesus deixou bem claro aos que o seguiam que não bastava apenas simpatizar-se com Ele ou segui-lO pelos milagres que operava, mas que era necessário aliança, e aliança no mais elevado e sagrado nível que os judeus conheciam: a aliança de sangue.

Muitos não compreendem isto por não conhecer os costumes da época, mas era a este tipo de aliança que Jesus se referia ao proferir estas palavras:
Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (João 6:53-56).
É óbvio que Jesus não falava sobre canibalismo, comer a carne literalmente, mas sim sobre aliança, sobre mistura de vida; isto fica claro quando o Mestre conclui dizendo que tal pessoa permaneceria nele e ele nesta pessoa. Este texto também não fala diretamente da Ceia, mas sim da nossa aliança com Cristo; embora deixe claro qual é figura da Ceia: um ritual de aliança onde testemunhamos comunhão entre nós e o Senhor Jesus Cristo.

Um tempo de comunhão



  • Koinonia: Do original Grego que significa comunhão. É uma expressão muito usada na igreja entre os cristãos, que quer dizer: participação, companheirismo, comunicação, ter em comum, compartilhar.
No tempo apostólico as ceias eram também chamadas de "ágapes" (ou "festas de amor" – Judas 12), o que reflete parte de seu propósito. As ênfases na expressão "corpo" que encontramos no ensino bíblico da ceia, reflete esta visão de unidade e comunhão:
"Ora, vós sois o Corpo de Cristo, e cada pessoa entre vós, individualmente, é membro desse Corpo. (...) "assim também nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e cada membro está ligado a todos os outros" (1 Coríntios 12:27; Romanos 12:5).
A mesa é um lugar de comunhão em praticamente quase todas as culturas, civilizações e épocas, e a mesa do Senhor não deixa de ter também esta característica.

Um ato de consequências espirituais


Na epístola de Paulo aos coríntios, fica claro que a Ceia do Senhor tem consequências espirituais; ela será sempre um momento de benção ou de maldição para os que dela participam.
  • Benção:
"Porventura o cálice da benção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?" (1 Coríntios 10:16)
Observe o termo "cálice da benção". Isto não é figurado, é real. A Ceia do Senhor traz bênçãos espirituais sobre aqueles que dela participam.

Um outro termo empregado neste versículo, que nos revela algo importante, é "comunhão"; quando ceamos, estamos pela fé acionando um poderoso princípio, temos comunhão com o sangue e com o corpo de Cristo! O que isto significa? Quando derramou seu sangue, Jesus o fez para a remissão de nossos pecados, logo, ao comungarmos o sangue, estamos provando que tipo de bênçãos? A purificação, e também a proteção, pois o diabo não pode transpor o poder do sangue para nos tocar (Êxodo 12:23; Apocalipse 12:12).

E o que significa ter comunhão com o corpo? O corpo de Jesus foi moído porque Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e as nossas dores carregou sobre si, e pelas suas feridas fomos sarados (Isaías 53:4,5). A obra redentora de Cristo nos proporciona cura física, e na Ceia do Senhor é um momento onde podemos provar a bênção da saúde a da cura. Muitos estavam fracos e doentes na igreja de Corinto por não discernirem o corpo do Senhor na Ceia.

Ao falar sobre comungarem com o corpo do Senhor, Paulo se referia não apenas ao corpo do Cristo crucificado por meio do qual somos sarados, mas também ao corpo ressurreto, no qual habita toda a plenitude da divindade e é fonte de vida aos que com ele comungam.

A Ceia do Senhor deve ser um momento especial de comunhão, reflexão, devoção, fé, e adoração. Tudo deve ser feito de coração e com reverência, pois é um ato de consequências espirituais.
  • Maldição
A Bíblia não usa especificamente esta palavra, mas mostra que a maldição pode vir como um juízo de Deus para quem desonra a Ceia do Senhor. Depois de ter dito que ao participar da mesa do Senhor a pessoa está anunciando a morte de Jesus até que ele venha, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, traz a seguinte advertência:
"Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 
Eis a razão porque há entre vós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo" (1 Coríntios 11:27-32).
Para muitas pessoas, a Ceia é algo que as amedronta; preferem não participar dela quando não se sentem dignas, para não serem julgadas. Mas veja que a Bíblia não nos manda deixar de tomar, e sim fazer um auto-exame antes, pois se houver necessidade de acerto devemos fazê-lo o mais depressa possível (1 João 1:9).

Deixar de participar da mesa do Senhor é desonrá-la também! Devemos ansiar pelo momento em que dela partilharemos, e não evitá-la. Mas há aqueles que querem fingir que estão bem, e participam sem escrúpulo algum do que é sagrado; para estes, não tardará o juízo.

Participar da mesa do Senhor tem consequências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é amaldiçoado. Não há meio termo; a refeição não é apenas um simbolismo; não se participa da Ceia do Senhor como se participa de uma cerimônia qualquer, pois é um momento santificado por Deus e de implicações no reino espiritual.

Quem participa


A Ceia, como ritual de aliança que é, destina-se, portanto, aos que já se encontram em aliança com Cristo (e isso não tem nada a ver com denominação); ou seja, aos que já nasceram de novo e estão em plena comunhão com Deus. Há igrejas que só servem a Ceia para quem pertence ao seu rol de membros; consideramos isto um grande erro, pois a Ceia do Senhor é para quem O serve de todo coração, independentemente de tal pessoa congregar em nossa igreja local ou não; se a pessoa faz parte do Corpo de Cristo na terra, então deve participar da mesa.

Há ainda, aqueles que afirmam só poder participar da Ceia do Senhor quem já se batizou nas águas, mas não há sustentação bíblica para isto; desde o momento em que a pessoa se comprometeu com Cristo em sua decisão ela já está dentro da aliança firmada por Jesus na cruz. Entendemos que o novo convertido deva ser encaminhado para o batismo tão logo seja possível.

Os critérios básicos são: estar aliançado com Cristo, e com vida espiritual em ordem. Contudo, não proibimos ninguém de participar, apenas ensinamos o que a Bíblia diz, para que cada pessoa julgue-se a si mesma. Nem Judas Iscariotes, em pecado e endemoninhado foi proibido por Jesus de participar da Ceia (Lucas 22:3,21). Outro equívoco presente nos segmentos cristãos é o de que crianças não podem participar da Ceia. Por Deus, onde há na Bíblia respaldo para isso?

A instrução bíblica é que a pessoa se examine a si mesma, e não que seja examinada pelos outros. Portanto não examinamos ninguém, nem as proibimos, só instruímos. Se a pessoa insistir em participar de forma indigna colherá o juízo divino. Quanto às crianças, deixemos que o próprio Senhor da Ceia fale por si:
"Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas" (Mateus 19:14).

Onde acontece


Não há um lugar determinado para se realizar a Ceia, onde quer que estejam reunidos os cristãos ela poderá ser feita.

No livro de Atos, lemos que o pão era partido de casa em casa (Atos 2:46), o que nos deixa totalmente à vontade em relação a celebrá-la em reunião nos lares; mas Paulo ao usar as seguintes palavras: "…quando vos reunis na igreja…" e "Se alguém tem fome coma em casa…" (1 Coríntios 11:18,34). 

A Ceia do Senhor é um ato de comunhão entre cada cristão e o Senhor, e é também um ato de comunhão entre cristãos. Em Atos 20:7, os discípulos se reuniam para partir o pão. 1 Coríntios 11:20-22 distingue entre a Ceia do Senhor, que era o propósito de sua reunião como uma congregação, e as refeições comuns, que eram tomadas nas casas de cristãos. Portanto, quando nos reunimos no templo ou nas casas, à semelhança dos dias do Novo Testamento, também praticamos a Ceia do Senhor nos dois locais de reunião, sendo que a maior incidência se dá no templo quando reunimos todo o corpo local (a congregação).


Quando acontece


Entendemos que não há uma periodicidade definida pela Bíblia quanto à celebração da Ceia; Jesus apenas disse:
"…fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim" (1 Coríntios 11:25b, ênfase minha).
Esta expressão "todas as vezes que" nos dá liberdade de fazermos quando quisermos, mas sempre em memória do Senhor Jesus Cristo.

É prática na maioria das igrejas, celebrar a Ceia do Senhor mensalmente no templo, contudo, esta periodicidade fica ao critério de cada denominação (podendo, inclusive, comemorar o mês inteiro, se quiser).

Como é celebrada


Como dito anteriormente, na igreja primitiva, quando celebrada nas casas, a Ceia do Senhor era também chamada de ágape ou festa de amor. Os irmãos se reuniam para ter comunhão ao redor da mesa, onde tomavam suas refeições juntos; e juntamente com as refeições celebravam a Santa Ceia. Seja como for, que seja feita de maneira festiva, pois é um momento de muita alegria. 

Conclusão

A Ceia do Senhor: Passado, Presente e Futuro


Os discípulos de Cristo são privilegiados ao participarem com Ele todas as semanas da Ceia do Senhor. Deste modo, ligamos o passado, o presente e o futuro.
  • Passado: Olhamos para trás, para o sacrifício que Jesus fez na cruz. Entendemos isto como sendo o fundamento e o centro de nossa salvação.
  • Presente: Quando meditamos no terrível preço que Jesus pagou para nos redimir de nosso pecado, nossa decisão de resistir à tentação é fortalecida.
  • Futuro: Entendemos que a morte de Jesus é a base de nossa esperança, e assim proclamamos nossa fé nEle quando olhamos em frente para a volta do Senhor e para nossa salvação eterna.
Ao participar da Ceia do Senhor devemos saber precisamos nos preparar para este momento como Jesus ordenou, saber que Ele nos conhece como somos, obedecer ao mandato de Jesus, invocar a presença do Senhor em nossas vidas, entender o significado profético da Santa Ceia, saber que o propósito é estar em comunhão com os irmãos e o objetivo de renovar nossa Aliança com Deus. Não deixe que a Ceia seja um momento qualquer em sua vida, aproveite este privilégio e responsabilidade que Jesus nos deixou preparando-se para este momento. A Ceia do Senhor é bênção de Deus para a nossas vidas.

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