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sábado, 9 de abril de 2016

FAMA!


"Foi com surpresa que os 1,3 milhão de seguidores de Leonardo Gonçalves no Facebook receberam a notícia, na tarde desta sexta-feira (08/4), que o cantor gospel planeja uma pausa na carreira. O choque não foi à toa. Afinal, são raros os hiatos que acontecem quando um músico está em seu melhor momento, caso de Gonçalves. Nos dois últimos anos, o cantor de 36 anos saltou do nicho cristão para encontrar lugar no mainstream - com shows ao redor do país, alguns até em praças organizados por prefeituras; participação em programas de TV aberta, como o Esquenta com Regina Casé, na Globo, e presença em eventos badalados, como quando cantou no casamento de Thiaguinho e Fernanda Souza. 
A boa fase e o aumento da fama, na verdade, deram um empurrão na decisão da pausa. Em conversa com o site de VEJA, Gonçalves fala sobre as dificuldades de lidar com o excesso de exposição, o mercado da música gospel e afirma que, por enquanto, não tem planos de voltar do período sabático. (...)" - Extraído do site Folha Gospel (Veja na íntegra http://folhagospel.com/modules/news/article.php?storyid=32028.)
Lendo esta matéria do site FG, estive pensando como escrever um artigo sobre a fama e a vida espiritual. Eu gosto de escrever artigos que provocam primeiro a minha mente e depois falam ao meu coração. Se falam comigo creio que também podem ser úteis para quem vir as ler. O que a fama tem de tão perigosa que até o próprio Cristo conscientemente a evitava? Quero compartilhar neste texto o resultado de minhas reflexões.

Bem cedo em seu ministério, Jesus sofreu o assédio do diabo propondo-lhe ser rico e famoso. Durante aqueles dias de tentação no deserto, o diabo levou-o para um alto monte, e de lá, mostrou-lhe a glória de todos os reinos deste mundo e fez uma proposta tentadora: "Tudo isto lhe darei, se prostrado me adorares" (Mateus 4:9). Eu creio que esse ataque do diabo era fruto de um planejamento exímio, cuidadosamente revisado por muitos milhares de anos da experiência maligna na "arte" de derrubar os homens. 

Em todos os três ataques satanás usou das Sagradas letras para confundir o Cristo, o que nos dá uma pequena mostra de que em matéria de teologia o diabo conhece tudo. Neste ponto, puxo por um assunto paralelo: nunca na história da Igreja o conhecimento das escrituras esteve tão à mão, disponível para quem quiser se aprofundar. São dezenas e dezenas de enciclopédias, dicionários bíblicos, comentários, bíblias de estudo para várias correntes de interpretações e vertentes teológicas, sites e blogs.

O que tanto conhecimento pode fazer? Transformar um novo convertido em um doutor em divindade? Sim! É muito comum você conversar com pessoas que agem como se tivessem participado de um congresso no céu. Elas se julgam tão conhecedoras de Deus que até o que a Bíblia diz sobre Ele perde a importância como base.

Eis aí a armadilha do diabo. O acúmulo de conhecimento não significa acúmulo de sabedoria. O excesso de conhecimento pode inchar as pessoas predispostas à presunção, à soberba, à arrogância e à morte espiritual. É um tipo de fermento que só faz inflar o ego. Entendo que foi nisso que "aquele" querubim ungido caiu. E também foi enaltecendo o grande conhecimento que havia no fruto da árvore da ciência do bem e do mal que aquele mesmo "querubim" trouxe o mal e a morte para desgraça da humanidade. O apóstolo Paulo entendeu isso quando aconselhou a aquisição do saber com temperança, e não ir além dos limites de cada um
: "Porque pela graça, que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um" - Romanos 12:3.

A fama cavando o abismo do orgulho


"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração pois é dele procedem as saídas da vida" (Provérbios 4:23). E mais "Enganoso é o coração e mais perverso do que todas as coisas" (Jeremias 17:9). O orgulho é um pecado que nasce e toma forma no coração, até o momento que a pessoa se acha como Deus. O sucesso e a fama no meio religioso tem servido de âncora e farol para a idiossincrasia de muita gente. É muito mais atrativo pregar um "evangelho" que vá ao encontro das necessidades de conforto e riqueza humanos do que o legítimo Evangelho. A carroça à frente dos bois. Nos últimos dias do cárcere do apóstolo Paulo em Roma, isto ficou patente. Paulo morreu sozinho, abandonado e desprezado. Por que? Porque o evangelho que pregava era "diferente" dos novos "senhores" da Igreja. Segundo eles, Paulo era um fracassado, um homem sem fé, um pastor que não prosperou! Aliás, aos olhos de muitos dos "senhores da igreja" atualmente, Paulo seria o exemplo de um cara que fracassou em seu exercício ministerial!

A fama é mais perigosa que a tribulação. Durante a tribulação temos a promessa da presença e da consolação de Jesus. Nos tempos de fama, o mais provável que aconteça e sermos assediados por uma multidão de bajuladores, interesseiros, maus conselheiros e mercadores de todo o tipo. Fato interessante é que Jesus não só evitava conscientemente como de vez em quando se retirava estrategicamente das oportunidades de sucesso principalmente político. A fama deve ser um atributo com um poder destrutivo tão grande, ao ponto do filho de Deus evitá-la.

Há um exemplo a analisar em Marcos 7:31-36: 
"E ele, tornando a sair dos termos de Tiro e de Sidom, foi até ao mar da Galiléia, pelos confins de Decápolis. E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele. E, tirando-o à parte, de entre a multidão, pôs-lhe os dedos nos ouvidos; e, cuspindo, tocou-lhe na língua. E, levantando os olhos ao céu, suspirou, e disse: Efatá; isto é, Abre-te. E logo se abriram os seus ouvidos, e a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente. E ordenou-lhes que a ninguém o dissessem;mas, quanto mais lhos proibia, tanto mais o divulgavam." 
Pelo pouco que conheço de Jesus, não usaria de esperteza, proibindo algo para que conseguisse um resultado eficiente. Por que neste e em outros casos ele intencionalmente evitava a publicidade? Entre duas interpretações: evitar a morte prematuramente e estar atento aos perigos da fama, eu ficou com a segundo.

A fama pode levar ao orgulho, o pior dos pecados. Aquele que leva homens e mulheres a afirmar nesciamente que não existe Deus. Para si eles são os próprios deuses. Que Deus está dentro de cada um, que as ações de cada um são atos divinos. Quando Elvis Presley tomou contato com a teosofia ficou confuso e definitivamente desviou-se, ao tornar-se simpático aos ensinos de seu cabeleireiro, que afirmava que os homens eram parte de Deus e não suas criaturas ["Um Rei Em Busca da Verdade - Uma Biografia Espiritual de Elvis Presley"; TILLERY, Gary; Ed. Seoman; 232 pág.].

Deus o criador não se deixa escarnecer, nem divide conosco a glória que é para Si. Uma das maiores vulnerabilidades que a fama traz é quanto ao posicionamento das pessoas. Creio que na mente de um pregador, pastor, bispo, reverendo, apóstolo (os títulos são em escala progressiva ficando ao contento da conveniência de cada um) famoso instaura-se uma confusão inconsciente. A perda dos velhos limites. O vício de inovar com a introdução de coisas que parecem bíblicas, mas não são. As verdades bíblicas não são confusas nem carecem de exercícios desgastantes para sua compreensão.

Arrependimento, fé, humildade, obediência e presença de Deus, eis os ingredientes necessários para a "fórmula" da unção. "Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 6:33). "O Senhor é meu Pastor e nada [de básico e essencial] me faltará" (Salmo 23:1). "Na minha angústia clamei ao Senhor; e o Senhor me respondeu, dando-me ampla liberdade" (Salmo 118:5). Mas estas coisas são "simples" demais para quem atingiu o "topo". Os novos "Herodes" querem ser ouvidos como vozes de Deus (ou seriam vozes de deuses)!

Humildade é uma qualidade que poucos têm e muitos que não a tem, não a querem ter


E durante a última páscoa, Jesus tirou as vestes, e tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água em uma bacia e começou lavar os pés dos discípulos. No final do lava pés, comentou: "Dessa maneira, se de vós Eu Sou Senhor e Mestre e ainda assim vos lavei os pés, igualmente vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos um exemplo para que, como Eu vos fiz, também vós o façais" (João 13:14, 15 - Versão King James).
Tenho assistido em minha vida cristã uma sucessão de quedas de grandes homens que se embaraçaram nos cordéis da fama. Creio que nós humanos temos um fascínio por ela. Parece que, quando bate a nossa porta, procuramos agarrá-la com todas as forças. Isso me lembra uma certa leitura de como certos macacos eram facilmente capturados por uma armadilha muito eficiente. Dentro de uma cumbuca, era colocado uma pedra brilhante. Aquela armadilha era deixada em lugares comumente frequentados por eles. Depois que os macaquinho agarravam o objeto de seu desejo, não conseguiam mais se soltar, entregavam, assim, sua liberdade por ele.

A fama pode levar um cristão ao desvario. Ao receber para si a glória que é de Deus, ele fica à mercê do diabo. É público o testemunho que dou. Certos pastores no afã de fazer publicidade de suas Igrejas associam curas e milagres de seus ministérios aos nomes de suas igrejas. Uma vez isto feito, seus discípulos repercutem aquele erro. Quando vejo algum pregador ou pastor em grande destaque, principalmente na mídia nacional, preocupo-me. O sucesso dele faz com que suas atitudes, acentuação de voz e até "as línguas" estranhas que fala, sejam amplamente copiados. Por exemplo: já perdi a conta de quantos "charabacandas" tenho ouvido de pregadores. Isso sem contar os gritos, os saltos, os rodopios... 

A fama costuma produzir uma falsa sensação da aprovação total de Deus. Como na parábola do rico e de Lázaro proferida por Jesus, em que o rico acreditava que sua prosperidade era a garantia de uma vida que agradava a Deus. Em nossos dias a leitura de Romanos 12:16: "Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos", soa assustadoramente "antiquada", "démodé. Da mesma forma, a ditadura da "lei de Gerson" vem associando virtude a comportamento de "trouxas", pois o mundo é dos "espertos." O arcabouço dos princípios morais e éticos cristãos, principalmente entre o povo evangélico aluí-se. E o diabo tem derrubado e, infelizmente, ainda vai derrubar grandes líderes e os melhores "príncipes da palavra" de nossos púlpitos.

Conclusão


Não tenho a pretensão de que este artigo vá mudar o entendimento de quem já tomou a decisão de usar a publicidade em todas as oportunidades que tiver, para "pregar" o Evangelho. Mesmo naquelas em que o Senhor não aprove. Saiba definitivamente que notoriedade e a fama não eram perseguidas pelo Mestre (e isto está claríssimo nas Escrituras). Porque orava e consultava ao Pai antes de qualquer decisão ele sabia quais portas estavam abertas e quais deveria esperar ou evitar. Se eu ou você ultrapassar o limite e saltar o "muro", Deus não será mais responsável pelos nossos atos nem pela nossa ruína. Meditemos bem: "Pois que aproveitaria o homem ganhar o todo o mundo e perder a sua alma?" (Mt 16:36) e ainda (sem mencionar o nome de ninguém): "Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia" (1 Co 10:12 - VKJ).

Como é um homem [*SERVO] de Deus? Como identificá-lo?


1. Ele não é Deus!

2. Ele é salvo, mas continua sendo humano.

3. Ele tem sentimentos e emoções. E algumas vezes elas suplantam a razão e o faz errar em suas decisões e atitudes.

4. Ele não é Deus!

5. Ele é salvo, mas continua pecador.

6. Ele tem projetos, sonhos e aspirações como todas as pessoas. Às vezes esses projetos, sonhos e aspirações o conduzem para erros e pecados.

7. Ele não é Deus!

8. Mesmo sendo chamado, vocacionado e capacitado por Deus para exercer liderança na Igreja, continua sendo ovelha de Cristo, o Bom Pastor.

9. Mesmo tendo o dom e título de pastor pode ser ferido e machucado.

10. Ele não é Deus!

11. Ele é falível.

12. Mesmo sendo aquele que ensina e aconselha a outros, ele não é perfeito estando, portanto e consequentemente, propenso ao erro e até à queda.

13. Ele não é Deus!

14. Mesmo sendo aquele que sempre demonstra maior amor pelos irmãos, ele necessita ser amado.

15. Ele é apenas um homem, um indivíduo, um ser humano: ele não é Deus!

[*] As 15 características acima são integralmente aplicadas também às mulheres.

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