Estava no ano de 1996 e o que de início me despertou o interesse em ir a uma locadora de fitas VHS e alugar esse filme para ver em um aparelho de vídeo cassete foi a música "Everybody's Talking", de Harry Nilsson. A canção é um clássico country romântico do ano de 1969. Este é o primeiro filme da chamada "nova Hollywood" a vencer o Oscar de melhor filme, "Perdidos na Noite" é um bom (não o melhor) representante do movimento, que mostra de maneira realista e, considerando-se os contextos, bastante atual, a dificuldade de adaptação de um jovem interiorano ao clima hostil e agitado da cidade grande. Dirigido por John Schlesinger, o longa estrelado por Jon Voight (Um pouco limitado.) traz ainda em seu elenco a grande estrela da época, o talentoso Dustin Hoffman (Fenomenal!), se afirmando como um dos filmes icônicos daquele celebrado período.
Não é bom, mas eu indico porque...
"Perdidos na Noite" é um filme que não é todo bom, mesmo assim, quando acaba você sente que ele realmente tocou você (algo que exigi bastante técnica), porque o filme tem um início e final muito bons, o problema é que parece que não se importam muito sobre o seu meio (Que fica muito cansativo e longo com sequências que poderiam ter sido extraídas sem comprometer a trama.). Mas quando você dá uma analisada geral, vê que muitas de suas cenas te marcaram, e as atuações foram excelentes (mesmo com a boa atuação de Voight, acho que ele poderia ter se dado mais ao que sugeria o personagem, entretanto, nem sei se a culpa foi dele ou do roteiro...).
Sinopse
Joe Buck (Voight) é um vaqueiro caipira do interior, que decide ir para a cidade grande para se prostituir, na esperança de ganhar rios de dinheiro, mas ao chegar lá e tentar (fracassadamente) conseguir um emprego, descobre que a vida na metrópole é muito mais difícil. É aí que ele conhece Ratso (Hoffman), um caloteiro que também vive precariamente, após um primeiro desentendimento, eles começam a ficar amigos, e se ajudar na situação difícil que se encontram, essa amizade improvável vai crescendo conforme sua situação vai piorando.
Jon Voight (Buck) |
Embora o desempenho Voight às vezes pode parecer um pouco idiota demais, é carismático, e sim, muito bom. Mas o que realmente sobressai é performance de Hoffman, que faz seu personagem muito interessante, as vezes durão e às vezes muito emocional, e você nunca sabe se ele realmente gosta do bobo cowboy, ou se ele está tentando usá-lo para ganhar o seu "mony". Mas fica até injusto comparar as duas atuações pois Hoffman tem muito mais talento que Voight (Só olhar a filmografia dos dois, e fazer uma comparação de quantos grandes papeis eles já fizeram) , apesar do último fazer um excelente trabalho. Esse dois dominam a tela quase o filme inteiro.
Dustin Hoffman (Ratso) |
Houve algumas cenas no filme que eu realmente achei chatas, como a cena de sexo selvagem entre Cass e Buck (usada para retratar até aonde ele iria pelo dinheiro, algo que já tinha sido feito em uma outra cena no cinema), ou a da festa maluca em que eles entram (que é muito longa e não mostra nada muito importante, além de dar um pouco de dor de cabeça), mas também há cenas muito fortes, como a que Buck e o adolescente gay, que mostra o quão desesperado Buck está para ganhar dinheiro, e você verá o quanto ele está desconfortável por fazer isso. Essas imagens precárias e desesperadas são realmente raras no cinema mundial, sem falar que essa visão pessimista da sociedade é muito admirada por críticos e etc (que, apesar de não ser verdade, tem um certo charme de assistir).
Algumas cenas realmente te incomodam, como as cenas da cozinha com as panelas sujas, porque você vê o quão decadente aquelas pessoas vivem, e às vezes você sente uma pena profunda por tudo aquilo. A última (e mais impactante cena) realmente toca você, a imagem dos dois amigos, depois de ter passado por tanta coisa, abraçados no ônibus, e assim mostrando como era verdadeira toda aquela amizade, é certamente uma das mais tocantes que o cinema já mostrou. E quando um filme tem um efeito desse em você, ruim ele não foi.
Em tempo: À época de seu lançamento, o filme foi classificado para maiores de 18 anos, contudo não há nenhuma cena de sexo explícito. Aliás, as cenas de sexo parecem "infantis" se comparadas a muitas que são livremente exibidas hoje na televisão.
Em tempo: À época de seu lançamento, o filme foi classificado para maiores de 18 anos, contudo não há nenhuma cena de sexo explícito. Aliás, as cenas de sexo parecem "infantis" se comparadas a muitas que são livremente exibidas hoje na televisão.
Conclusão
As vezes ele pode parecer cansativo, e muito perturbador, mas suas fortes imagens são uma coisa única no cinema, e ele não consta na lista dos 100 melhores de todos os tempos a toa.
Enfim, "Perdidos na Noite" representa bem a nova forma de se fazer cinema que tomou conta de Hollywood no final dos anos 60, ousando tematicamente e quebrando as regras convencionais do cinema norte-americano até então. O plano final, com Ratso morto no vidro ao lado do assustado Joe, enquanto este olha para as praias de Miami (acima), demonstra bem a mensagem principal do filme: a vida na cidade grande não é um mar de rosas. Sem falar das suas atuações fascinantes, portanto vale muito a pena de assisti-lo.
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