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sábado, 16 de abril de 2016

DISCOS QUE EU OUVI 5: LEGIÃO URBANA - "AS QUATRO ESTAÇÕES"

Final da década de 80 - 1989, para ser mais preciso - após o lançamento de três grandes sucessos - "Legião Urbana" (1985), "Dois" (1986) e "Que País É Este" (1987) - e deixar os seus fãs esperando ruidosamente por quase 3 anos, a Legião Urbana começara a se tornar o maior fenômeno música brasileiro. 

Influenciados pela cena punk inglesa, a banda de Brasília, entre brigas e mudanças de formação, o quarto disco do agora trio tinha de vir com a responsabilidade de consolidar ainda mais o sucesso dos três discos anteriores (quando o assunto é Legião, não dá pra falar qual disco superou o outro). Tudo isso aliado à rebeldia de Renato Russo (★1960-✞1996), hoje um dos mais cultuados poetas da música nacional, tornava a Legião Urbana uma lenda.

Antes das quatro estações... 


Após a ajuda de Herbert Viana dos Paralamas do Sucesso, com Renato Russo nos vocais/guitarra, Dado Villa-Lobos na guitarra, Marcelo Bonfá na bateria e Renato Rocha (1961-2015), o Negrete, no baixo lançaram o primeiro disco em 1985. Foi uma gravação tumultuada, discussões, brigas com os produtores, confusões geradas pelas bebedeiras e drogas do Renato Russo... O sucesso do disco acabou surpreendendo a todos, e a Legião se tornando a nova sensação vinda de Brasília (DF). No ano seguinte chegaram a 600 mil cópias vendidas com o lançamento do álbum "Dois". Começaram a tocar em ginásios. 

No terceiro disco "Que País É Este", voltaram às origens e agora eram os deuses do punk rock brasileiro. De ginásios passaram a tocar em grandes estádios, apresentações estas que se tornaram cada vez mais tumultuadas devido a mistura altamente explosiva do repertório da banda com a atitude punk de Renato Russo. Os shows do Legião Urbana eram uma provocação, Renato Russo intimava a tudo e a todos. Até que chegaram...

Às quatro estações... 


Após isso, Renato Russo achava que não poderiam continuar com aquilo, ele disse certa feita: 
"Vamos fazer umas coisas mais leves, mais na paz." 
Nesse pensamento e agora com a saída do baixista Negrete, que havia desistido de tudo para ir morar numa fazenda a banda voltava a ser um trio, saiu o disco que mais vendeu: "As Quatro Estações". 

Com letras que retratavam os conflitos da adolescência, com referências à Bíblia, Camões e Buda, "As Quatro Estações" levou a Legião Urbana a estourar de vez, um álbum que continha uma batelada de sucessos todos executados a exaustão nas rádios do país. 

'Pais e Filhos'


O disco abre com a agressiva 'Há Tempos', mas é a segunda faixa do disco 'Pais e Filhos' que se torna o maior sucesso do disco e um dos maiores clássicos da música brasileira. 

A canção ainda hoje é cantada até por quem só conhece a Legião de ouvir falar. 'Pais e Filhos' já foi tema de duas novelas globais ("A Vida da Gente", 2011 e "Sete Vidas", 2015). 'Pais e Filhos' virou uma espécie de "hino". 

Mas não é só... 


Outros destaques do disco são: 'Quando o Sol Bater Na Janela Do Teu Quarto' (que faz referências ao budismo), a auto confessional 'Meninos e Meninas' (que fez parte da trilha de outra novela global, "Rainha da Sucata", 1990) onde Russo escancara sua bissexualidade assumida publicamente dois anos antes. 'Monte Castelo' que foi inspirada no capítulo 13 da primeira epístola do apóstolo Paulo aos coríntios e no Soneto 11 de Luiz de Camões. Com o disco, a Legião fez uma excursão extensa pelo país, sempre com shows lotados. 

A sonoridade punk tinha ficado de lado, mas as letras intimistas fizeram deste um dos melhores da banda junto com o álbum de estreia. "As Quatro Estações" vendeu aproximadamente 1 milhão de cópias e tornou a Legião Urbana a banda mais aclamada do rock brasileiro. 

Conclusão 


O disco "As Quatro Estações", marcou minha geração. O álbum trazia canções difíceis e complexas como não estávamos acostumados a ouvir, com uma poesia intrincada, enigmática até, que levava a debates intermináveis entre os amigos. 

Eu tinha 22 anos e era da turma que já não gostava muito da Legião (Explico: já tinha me enjoado um pouco do estilo impresso nos discos anteriores.). Mas quando ouvi o disco, passei a mudar meus conceitos sobre o agora trio. O disco não é nada fácil de entender. É preciso ouvi-lo com bastante atenção. Tanto que virou livro. 

O livro 


Quando soube do lançamento do Livro do Disco: "As Quatro Estações", de Mariano Marovatto (2015, Editora Cobogo, 88 páginas), dei um jeito de ler. Uma amiga me emprestou – era a oportunidade de entender um pouco mais sobre o emblemático álbum. Depois de ler, fiquei frustrado. 

Marovatto, que é poeta e músico, teve acesso a 86(!) fitas das gravações da Legião Urbana (14 delas, das gravações de "As Quatro Estações"), entrevistou Dado Villa-Lobos e contou, claro, com a extensa bibliografia disponível da mais famosa banda de Brasília. Muito material para as parcas 88 páginas produzidas para o livro. 

O livro ser curto não é tanto o problema: as informações realmente interessantes e relevantes levantadas por Marovatto caberiam em um artigo de jornal. O restante, são impressões desconexas, citações eruditas que nada acrescentam ao entendimento do disco ou de sua poética, causos pessoais envolvendo o conhecimento do disco e sua divulgação, um pouco de egocentrismo e impressões ininteligíveis. 

Existe também no livro de Marovatto aquela estranha forçação de barra de historiadores de buscar conexões em situações e momentos que nada tem a ver com o objeto em questão – como é o caso do ininteligível capítulo 3, onde o autor cita, em duas páginas, Castelnau, Morton Feldman, John Cage, Sex Pistols, The Clash e o movimento punk, num texto que em nada contribui com o entendimento do disco da Legião, na minha modesta visão. 

Há, é claro, coisas interessantes, como o trecho que fala sobre a frase hermética e deslocada, último verso de 'Há Tempos': 
"Ela disse: 'Lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa...'"
que mostra o método meio "dadaístico" de Renato Russo em suas composições, cortando frases de anotações e enxertando em canções possivelmente buscando o puro estranhamento. 

No final, ficou, a mim, a impressão que o disco merecia mais – afinal, são 11 faixas, todas muito ricas e marcantes. E o livro de Marovatto, apenas preguiçoso. 

♫ As faixas ♪ 


01) 'Há Tempos' 
02) 'Pais e Filhos' 
04) 'Quando o Sol Bater na Janela do Seu Quarto' 
06) '1965 (Duas Tribos)' (uma das minhas preferidas)
07) 'Monte Castelo
08) 'Maurício
09) 'Meninos e Meninas' 
10) 'Sete Cidades
"Urbana legio ominia vincit [Este era o lema de uma das melhores bandas da história da música brasileira. A frase que está presente em todos os discos da Legião Urbana (com exceção do ultimo CD da carreira, "A Tempestade...") é uma adaptação da frase do ditador romano Julio César, 'Romana Legio Omnia Vincit', que significa: 'Legionários Romanos a tudo vencem']": 
  • Renato Russo – Vocal/Guitarra
  • Dado Villa-Lobos – Guitarra
  • Marcelo Bonfá – Bateria
A Deus, o Pai, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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