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sábado, 23 de abril de 2016

DISCOS QUE EU OUVI 6: "DEPOIS DA GUERRA" - OFICINA G3


A banda de rock Oficina G3 é uma das mais conhecidas (e citadas, embora não seja a única que faça um bom trabalho dentro do que se propõe) tanto dentro quanto fora segmento musical gospel. Deixando pra lá as rotulações, o Oficina G3 faz música de boa qualidade. 

A banda teve seu primeiro trabalho (Oficina G3 - "Ao Vivo") lançado em 1990 com uma formação totalmente diferente da que vemos hoje: Luciano Manga, nos vocais; Juninho Afran, guitarra e vocais; Marcos Pereira, guitarra base; Maradona, baixo e Walter Lopes, bateria. Apesar dos poucos recursos da época, o primeiro disco gravado ao vivo foi um sucesso e eles então gravaram o primeiro de estúdio em 1993, "Nada é Tão Novo, Nada é Tão Velho", com a mesma formação. 

O disco também foi bom, mas o auge mesmo veio com o fantástico "Indiferença", de 1996, Já com outra formação (saem Marcos Pereira e Maradona e entram Duca Tambasco - que já havia feito uma participação especial disco anterior -, no baixo e Jean Carllos nos teclados). "Indiferença" foi um sucesso de público e crítica e ainda hoje é lembrado como o melhor disco dessa fase do Oficina. É um disco que eu gosto muito e depois escrevo mais sobre ele, mas aqui eu quero falar mesmo é do melhor disco da fase atual do Oficina G3 (os discos citados até aqui foram lançados pela Gospel Records, gravadora que já foi extinta e era dos líderes da Igreja Apostólica Renascer Em Cristo, apóstolo Estevam e bispa Sônia Hernandes). 

"DPG" 


Aliás, os mais especialistas do que eu dizem que o Oficina está em sua melhor fase em questões de musicalidade, embora prefira os 2 primeiros discos já citados acima com a presença do ilustre Pastor Manga nos vocais. Após um tempo (e 2 discos gravados: "Além do Que os Olhos Podem Ver", de 2005 e "Eletroakústica". de 2007) com Juninho Afran assumindo, além da guitarra, o posto de vocalista (após a saída do PG que partiu para sua bem sucedida carreira solo), neste trabalho - o "DDG" -, temos uma nova contratação, o vocalista Mauro Henrique, que antes de entrar para o Oficina tinha uma banda chamada Fullrange (se não me engano). Antes do lançamento do disco andei pesquisando sobre o cara, e escutei algumas faixas de sua banda antiga, o que me fez lembrar bastante Chris Cornell do Audioslave. 

Esse álbum veio repleto de novidades, um som bastante pesado, com muita técnica vocal, muita guitarra trabalhada e um grande destaque para os teclados de Jean Carllos. Para os fãs MK da época de "O tempo" (2000) - um disco bem mais intimista e sem tanto (quase nenhum) peso (foi o tal do nü metal) - esse álbum pode ter sido um grande choque devido ao peso no som. O álbum está repleto de influências da banda americana Dream Theater (que com certeza irei citar várias vezes aqui) e que foi aclamado tanto pelo público evangélico quanto pelo público não evangélico e mereceu elogios gerais. À época de seu lançamento em 2008, o disco foi elogiado até por fãs da banda Metallica (!), que fizeram muitas comparações. Exagero? Não sei, pergunte aos fãs do Metallica. 

O disco merece um faixa a faixa 


01) "D.A.G." - com a ambientação de uma guerra aliada a orquestrações, teclados e uma rifferama que marca o início do primeiro arrasa-quarteirão deste registro, é uma faixa de introdução que deve se chamar "Durante a Guerra", pois ouve-se sons que lembram uma guerra. Logo se ouve um teclado bem calmo, seguido de uma guitarra bem pesada, que antecede a próxima faixa do disco. 

02) "Meus Próprios Meios" - De cara, duas coisas chamam a atenção: a atuação do vocalista Mauro Henrique, com muito drive e uma interpretação irretocável que realmente me impressionou à primeira ouvida; e o peso e agressividade do som dos caras, que se justifica por ser a música de abertura do disco, e aliás uma das melhores.

Guitarras muito bem colocadas, um solo de teclado muito f.º.d@. Percebe-se que os caras realmente levam as influências do Dream Theater para suas composições. Logo entra o vocal, quando vemos que Mauro Henrique com certeza era a melhor opção para o Oficina. Bem a música tem uma das melhores introduções que já ouvi, Jean fazendo uns backvocals bem marcantes na música, com certeza essa é a melhor do álbum. 

03) "Eu Sou" - A música seguinte, também deixa o ouvinte batendo cabeça com as guitarras agressivas, a forte presença dos teclados e a sonoridade mais progressiva em vários momentos, chegando a lembrar muito o Dream Theater. E tome mais técnica... outra introdução de arrepiar, no comecinho da introdução me fez lembrar um pouco. A música possui seus quase 6 minutos de duração, e 6 minutos muito bem trabalhados. 

A letra em si é muito rica, sempre que a ouço aumento meu temor a Deus. No começo é como se Deus estivesse preocupado com o seu povo por não saber Lhe buscar (é, os da igreja mesmo): "Outros querem me escutar, mas não param pra me ouvir" no refrão Deus dá aquela dica pra quem quiser andar com Ele "Quem buscar me encontrará, quem pedir recebera, quem invocar Eu vou ouvir, Eu sou". Uma letra incrível onde Deus mostra toda a sua autoridade e poder. 

O solo de guitarra do Juninho nessa música se destaca, o que não aconteceu na faixa anterior. O refrão irretocável e cheio de melodia é um dos grandes destaques em uma música repleta deles. 

04) "Meus Passos" - Segue o disco em mais uma música que mescla muito bem os tempos quebrados e incursões de teclados do progressivo com o puro heavy metal. A voz de Mauro Henrique se destaca nessa daqui, além das boas camadas de teclado e piano que dão uma emoção extra à canção. Mais uma vez destaque para o backvocal do Jean gritando "Não quero..." e o refrão com algumas frases bem legais, tipo "O bem que eu quero, esse eu não faço. O mal que eu não quero, persegue os meus passos".

05) "Continuar" - Ufa!... Aqui o disco da uma acalmada, a letra é bonita, fala sobre as lutas que passamos durante a vida. Mas com certeza o grande destaque nesse louvor são as vozes, tanto a do Mauro quanto a do Juninho. As vozes ficaram bem colocadas, e conseguimos ver (escutar) todo o potencial que o Mauro possui. A primeira balada do disco, dá uma acalmada nos ânimos e mostra que os caras também sabem diminuir o ritmo.

Talvez uma das faixas de maior louvor do trabalho, mostra a face mais agressiva das guitarras de Juninho, com linhas que reforçam o peso desse novo caminho trilhado pela banda. E não é que os teclados também contribuem para que isso aconteça? Mais um ponto para os caras. 

06) "De Joelhos" - a mais agressiva em termos de guitarra, no mesmo nível das faixas iniciais. O instrumental da música é muito bom, porém não gosto da letra. Achei muito óbvia e com muito do que já se ouve e se canta por aí. Acho que faltou criatividade (ficou muito "Diante do Trono" para o meu gosto). 

07) "Tua Mão" - Mais uma balada, é também mais um bom momento, embora inferior a todas as músicas anteriores do disco. Mas, contudo, não deixa a desejar. Uma linha bem aplicada de teclado seguido de um belo vocal com uma letra maravilhosa: "Nessa tempestade eu posso ver, a Tua presença e o Teu poder, me sustentando em Teu querer". Um belo louvor para se cantar na igreja.

08) "Muros" - Volta à carga em uma música absolutamente espetacular. Riffs poderosos, teclados viajantes e funcionais, um baixo que aparece com destaque, e Mauro Henrique outra vez mostrando porque era realmente uma das melhores opções para ser o vocalista da banda gospel mais conhecida do Brasil. A letra é fraca, porém tem o melhor vocal de todo o álbum. Como já disse o instrumental e a voz são completos, só acho a letra fraca. Logo depois vem a faixa-título do álbum... 

09) "Depois da guerra (D.D.G)" - Mais uma vez uma letra falando sobre a guerra entre os irmãos dentro das igrejas. A música começa com um solo de guitarra, Juninho praticamente faz a guitarra cantar o refrão. Juninho inicia o vocal da música, seguido de Mauro.que começa com Juninho cantando a primeira parte, sendo seguido por Mauro, que arrebenta em um dos melhores refrões do trabalho.

10) "A Ele" - É uma balada, um lindo louvor, quase 5 minutos de exaltação ao Rei dos reis. Mais uma vez Juninho divide os vocais com Mauro: "Se eu pudesse explicar ao mundo, o que é andar contigo, Oh Deus! Minhas palavras não poderiam expressar".

11) "Incondicional" - Essa última tem bons momentos, tanto que foi escolhida para virar clipe. Parece redundância, e é, mas realmente o vocalista se destaca nessas duas canções, levando a quem acredita pensar estar em verdadeira comunhão com Deus através da música. 

A introdução no violão é perfeita, muito bem trabalhada. A música é uma versão da música "I tried to change" da antiga banda de Mauro Henrique. A letra é a mais bonita de todo o álbum, é uma declaração de amor do próprio Deus para nós, embora sejamos tão falhos, Ele nunca desiste e sempre nos da uma nova chance, como diz nos versos "Eu vou estar sempre aqui esperando por você, Eu não me cansarei de te mostrar, que Eu acredito em você"

Há também outro trecho da música que fala sobre o sacrifício da cruz "Quanto tempo mais? Qual a prova maior que a cruz? Me entreguei por ti, essa é a prova maior de amor", essas palavras são simples, mas na música da impressão que o vocalista realmente está em comunhão com Deus. 

12) "Obediência" - A faixa volta a deixar as coisas mais agitadas, em uma letra que deixa mais do que claras a visão religiosa de todos os integrantes. O trabalho de vozes é uma das melhores surpresas, não só desta música mas do álbum como um todo. Aliás, confesso que não vejo nenhuma banda que faça isso de forma tão qualificada quanto o Oficina G3 hoje no Brasil. Se não me engano essa música foi composta por Celso Machado que é o guitarrista base da banda. A música é bem trabalhada, e mostra que os caras da banda realmente levam Deus a sério. Nessa faixa, aliás, a banda deixa claríssima sua identidade cristã.

13) "Better" - À partir daqui as faixas são em inglês, sendo somente "Better" de autoria própria da banda. Essa chega a ser do mesmo nível de "Meus próprios meios" tendo uma letra até melhor. Vê-se que o inglês do Mauro é ótimo e fácil de entender. O refrão já diz tudo: "Better is one day in your courts, than a thousand elsewhere (Melhor um dia em teus átrios, que mil em outro lugar)". 

Essa música é sensacional, nem parece que é uma banda brasileira tocando e ainda mais gospel, percebe-se que o mercado gospel às vezes chega a ser melhor que o secular em termos de rock. É como se fosse uma junção entre Dream Theater e Stryper: Um som progressivo, pesado, mas marcante e que leve a dita Palavra ao maior número de pessoas possível. 

14) "People Get Ready" - Cover de música de Curtis Mayfield e que ficou famosa na voz de Rod Stewart em companhia de Jeff Beck na guitarra (Isto mesmo, cara pálida, uma música secular... Aliás, belíssima. por sinal!), é uma surpresa agradável, apesar de não fazer muitas mudanças em relação à versão original.

15) "Unconditional" - a versão em inglês de "Incondicional", termina o álbum, visando claramente o mercado internacional (não são bobos nada).

Conclusão


Enfim, meus amigos, aos que acreditam, um excelente trabalho musical de uma banda que marca uma nova fase em sua carreira e que, de quebra, leva a palavra de Deus aos não crentes. Um excelente trabalho musical de uma banda que com certeza verá novos horizontes à frente com este registro. Sem sombra de dúvidas é o disco mais bem trabalhado do Oficina em todos os sentidos. Embora ainda prefira "Indiferença". "D.D.G." é um álbum que com certeza mudou muita coisa na carreira do Oficina, trazendo a eles uma nova leva de fãs por todo o mundo, e de quebra ainda levando o amor de Deus que é o mais importante. Nota 10 para o OfG3, com honras ao mérito!

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