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sábado, 9 de maio de 2015

REFORMADORES - #4 - MARTINHO LUTERO: O HOMEM, O MITO

Fechando a série especial de artigos Reformadores, trago o nome mais importante do movimento, Martin Luther (Martinho Lutero - 1483/1546). Lutero foi o principal reformador do movimento revolucionário denominado Reforma Religiosa Protestante. 

Foi a partir das suas 95 teses fixadas na Igreja Castelo de Wittenberg que o movimento protestante tomou força em toda Europa. Vale destacar que o nome protestante foi dado aos evangélicos de forma pejorativa, termo a que os evangélicos aderiram porque discordavam e protestavam veementemente contra as práticas da igreja Católica Romana da época, as quais eram consideradas abusivas e sem base bíblica.

Um nome, um legado 


Nascido em Eisleben, Alemanha, a 10 de novembro de 1483, Lutero era filho de camponeses católicos alemães. Como era comum na época, foi alvo de uma disciplina rígida. 

O menino Lutero aprendeu, entre outras coisas, a orar aos santos, realizar boas obras e reverenciar o papa e a igreja. Cedo, aos 5 anos, Lutero começou a estudar latim em uma escola local. Já aos 12 anos, foi aluno de uma escola de uma irmandade religiosa em Magdeburgo. 

Em 1505 recebeu grau de Mestre em Artes da Universidade de Erfurt, e em 1505 e começou a estudar Direito. Pouco tempo após iniciar seus estudos de Direito, Lutero resolveu tornar-se monge e entrou no Mosteiro Agostiniano de Erfurt. A sua ordenação foi em 1507. Em seguida, deixou o Mosteiro para ensinar filosofia moral na Universidade de Wittenberg. 

As afirmações de Lutero tinham fundamento bíblico e diziam 1) que Deus perdoava de graça a quem cresse em Jesus Cristo e 2) que não se pode comprar o perdão de Deus ou conquistá-lo por méritos ou esforços próprios. Baseou-se nos textos de Romanos 5:1 e Romanos 3:20, que dizem, respectivamente: 
"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio do nosso Senhor Jesus Cristo"
e ainda: 
"Ninguém será justificado diante dele por obras da lei". 

Primeiramente, Lutero não tinha o objetivo de criar uma nova Igreja, e sim que a Igreja Católica da época se arrependesse de seus desvios e retornasse aos ditames bíblicos. 

Todavia, diante da excomunhão de Martinho Lutero, do posicionamento do papa e das perseguições e mortes aos protestantes, não houve alternativa, senão o rompimento com a igreja romana e o consequente surgimento das Igrejas Cristãs Protestantes ou Igrejas Evangélicas oriundas da Reforma Religiosa: Igreja Luterana, Igreja Calvinista e Igreja Anglicana, entre outras. Os ideais de Lutero foram recepcionadas pela sociedade europeia como a grande esperança de transformações. 

A Igreja Católica era a grande senhora de terras e outras riquezas; dominava a política, as relações comerciais, tutelava as leis com as normas canônicas, etc., ao passo que a população em geral não conseguia viver dignamente. 

O povo e as lideranças estavam cansados de ser explorados, pagando altos impostos, sem ter nenhum retorno. Ansiava-se por reformas nas diversas áreas da sociedade. 

A partir da Reforma Protestante, o progresso tornou-se evidente. As ideias humanistas começavam a se desenvolver. Com a tradução da Bíblia para a língua alemã (outrora, apenas em latim) e a criação de escolas gratuitas e para todos, abriram-se novos horizontes para uma sociedade que, embora já na Era Moderna, vivia como se ainda estivesse na Idade Média. 

Sobrevieram perseguições, torturas e mortes de protestantes em fogueiras em praças públicas (movimento da contra-reforma ou da reforma católica com o ofício da denominada "santa inquisição"). 

Apesar dos inúmeros massacres, destacando-se o do dia de São Bartolomeu (Paris), o movimento Protestante expandiu-se e fortificou-se cada vez mais. Tais perseguições e torturas só terminaram séculos depois, com a Revolução Francesa e a Declaração dos Direitos do Homem, que também trouxeram para a sociedade a conquista da liberdade religiosa: 
"Todo cidadão é livre para pensar e crer no que quiser"

A obra, o ministério 


Antes de Lutero, outros tentaram reformar a Igreja Católica Romana, entre eles, Wycliff e Jan Hus (que foram queimados por heresia segundo a igreja católica romana), sendo que encontramos vestígios de tentativa de reforma a partir do século XII. 

Lutero era padre agostiniano, professor com mestrado em teologia pela Universidade de Erfurt (Alemanha), tendo passado maior parte de sua vida lecionando na Universidade de Wittenberg. 

Tudo começou quando Lutero fez uma viagem a Roma em 1510 e ficou chocado com a corrupção do clero. Na época, o Papa era Leão X. Segundo nos conta a história, havia continuado com os costumes ratificados pelo Papa Sixto IV (1471-1484) que cobrava tributos para funcionamento de bordéis e um imposto especial sobre os sacerdotes católicos que tinham amantes. 

Em 1510, Lutero surpreende-se com toda sorte de irregularidade e ostentação papal, enquanto o que vê nas ruas de Roma é pobreza, fome e prostituição; e ainda se depara com outro problema: a venda de indulgências. 

As indulgências eram papéis vendidos pelo clero onde o Papa prometia a absolvição dos pecados dos mortos e dos vivos, livrando-os do purgatório; era um tipo de "get out of purgatory card". 

Devemos lembrar que naquela época a morte era uma questão iminente: as pestes, as guerras, a fome, a falta de higiene, entre outros fatores, deixavam as pessoas preocupadas em sofrer ainda mais após a morte. É esse o cenário em que nascem as indulgências, criadas como uma forma de captação de recursos financeiros para a construção da Basílica de São Pedro (em Roma). 

Ao retornar para Alemanha Lutero expõe esse fato em suas aulas na Universidade de Wittenberg e indaga aos colegas se porventura, haveria alguma passagem bíblica que justificasse tamanho absurdo e abre o debate sobre as indulgências. Lutero era um grande estudioso dos livros de Romanos (Novo Testamento) e dos escritos agostinianos e disse não encontrar razão para tal prática na Bíblia Sagrada. 

Em 31 de outubro de 1517, Lutero que chegara a conclusão que 
"NÃO havia evidência Bíblica para acreditar que o Papa tinha o poder de retirar as almas do purgatório"
fixa suas 95 teses na porta da Igreja Castelo de Wittenberg, onde questionava a questão das indulgências. 

Recebeu apoio do povo e do Príncipe Frederico - o Sábio, uma vez que o descontentamento era geral (o povo por pagar impostos a Roma e os príncipes que além de pagar altos impostos a Roma ainda tinham seu poder e soberania subjugados a Igreja Católica Romana). Enquanto suas idéias se propagavam por toda a Europa, a Alemanha rompia a ligação com a Igreja Católica Romana.
 
Na verdade, como já dito, Lutero não pretendia criar uma nova religião ou uma nova igreja, ele queria que a mesma fosse reformada e voltasse aos padrões Bíblicos. A Europa já sofria havia tempos com o Tribunal da Santa Inquisição mesmo antes da Reforma Religiosa Protestante, bastava discordar da doutrina católica para ser considerado herege e ser queimado em fogueiras em praças públicas, sem falar que a Igreja Católica Romana era a grande senhora de terras e de riquezas. 

A Dieta de Worms - 1521 - O Imperador Romano Carlos V pede um encontro com os Príncipes e com os Bispos, convocando Lutero para negar seu posicionamento. Mas, Lutero declara que foi convencido pelas Escrituras, que não aceita a autoridade do Papa e dos Conselhos que se contradizem entre si, que sua consciência está cativa a Palavra de Deus, e que não vai negar nada contra a consciência, nem mesmo para salvar-se, e termina dizendo: 
"Deus ajude-me. Amém." 

Após o encontro no Palácio de Worms e de sua declaração pública, Lutero é considerado um "fora da lei". O Imperador edita a Dieta de Worms, declarando Lutero herege ordenando sua morte. Mas, o Príncipe Frederico da Saxônia, forja um sequestro para salvá-lo, levando-o em proteção para o Castelo de Wartburg, próximo a Einsenach. Lutero aproveitou o tempo que ficou exilado para traduzir o Novo Testamento para a língua alemã, para que todos pudessem estar a par das Escrituras Sagradas. Terminou a tradução em 1522. 

Lutero foi um grande difusor da leitura na Alemanha, inclusive, trabalhou incessantemente, e também proporcionou a reforma na educação alemã juntamente com seu amigo Melanchthon, defendendo o ensino e a escola pública ofertada pelo Estado para todos, aplicando um novo modelo educacional. 
"A ideia da escola pública para todos, organizada em três grandes ciclos [fundamental, médio e superior] e voltada para o saber útil nasce do projeto educacional de Lutero" (FERRARI, Márcio. Martinho Lutero o criador do conceito de educação útil. Nova Escola, São Paulo,n. 187, p. 30-32, 2005). 

Em 1530 foi assinada a confissão de Augsburgo pelos príncipes e entregue ao Imperador Carlos V, o documento preparado por Melanchthon, professor, humanista e cristão protestante, que defendia os fundamentos e princípios da fé cristã reformada, denominada a Confissão de Fé Luterana.

Conclusão 


A Reforma Protestante difundiu-se por toda a Europa e juntamente com as ideias humanistas, (apesar de Lutero não declarar-se humanista) trouxe grande desenvolvimento nas áreas social, econômica e política para a sociedade. Lutero permaneceu em Wittenberg por longos anos onde viveu com sua esposa e filhos, apesar de mais tarde, ir morrer onde nasceu em Eisleben em 1546. 

Faleceu de derrame cerebral em 1546, aos 63 anos de idade. Seu corpo foi sepultado na Igreja do Castelo de Wittenberg, onde, cerca de 30 anos antes, havia afixado suas 95 Teses.

[Fonte de Pesquisas para toda a série de artigos Reformadores: OLSON, Roger E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas. Tradução de Gordon Chown. São Paulo: Vida, 2001; O sonho se realizou. In: Revista Mackenzie. Ano 1, n.1, 1998. Disponível em: dez 2005; IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Literatura Evangelística. 250m a 350m – 71/2000 – 4ª Ed. Blumenau /SC e acervo de matérias disponíveis na Internet.]
"Lutero" (Luther), alemão de 2003 dirigido por Eric Till. No papel principal, Joseph Fiennes. O filme cobre a vida do reformador alemão Martinho Lutero, desde que ele tornou-se um monge até a Confissão de Augsburgo. Com a direção de Eric Till.

A Deus, toda glória. 
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E nem 1% religioso.

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