Não, eu não estou "desviando" (ou será que estou?). E também não estou brincando! Nunca falei tão sério em toda minha vida. A indignação toma conta de meu ser, pois não dá mais. “Evangélico” no Brasil virou sinônimo de movimento financeiro religioso, algo meio sem ética – ou totalmente se preferir – em que se rouba e depois ora pedindo perdão a Deus. O recrudescimento da qualidade espiritual e teológica que degringola ladeira abaixo Brasil afora revela que algo cheira mal na fé evangélica (ou plagiando o filme, “Fé de mais não cheira bem”). A verdade nua que expõe as vergonhas impossíveis de serem tapadas com uma folhinha de videira, é que hoje a cristandade está com a síndrome de Geazi, servo do profeta Eliseu (2 Reis 5:20-27). Correndo atrás dos tesouros de Naamã, a cristandade gananciosa (2 Reis 5:20) mente e camufla situações para justificar seus pecados (2 Reis 5:22); pior, esconde o pecado (2 Reis 5:24), mostrando a hipocrisia em que vive (2 Reis 5:25). Negociam a unção por qualquer vintém que os eleve ao estrelato gospel, ao reconhecimento humano, ao posto de celebridade gospel. Chafurdam no lamaçal da corrupção política e outras, cuja base é a falência moral e total falta de temor.
Não é apenas isso (ou tudo isso), mas a Igreja Evangélica no Brasil virou um monstrengo, uma bizarra, medonha colcha de retalhos, que mistura “alhos com bugalhos”, Bíblia com água, óleo “consagrado em Israel”, rosas com poderes sobrenaturais para “espantar” males e maldições diversas, toalhinhas com o poder de cura, caminhar sobre um "vale de sal" resolverá todos os meus problemas (financeiro, obviamente) - e nada importa se eu continuar caminhando também na sem-vergonhice, afinal, pra que uma mudança radical de vida? - e um sem número de amuletos que nada deixa a desejar a seus pares, como pés de coelhos, trevos de quatro folhas e ferraduras.
Os pastores deixaram de ser homens de reconhecida piedade para serem executivos da fé; jogaram no lixo a orientação de Paulo para serem ministros de Cristo, que se ocupassem da leitura da Escritura, “à exortação e ao ensino” (1 Timóteo 4:12,13), para serem ministros de si mesmos, onde a “escritura” agora é autoajuda, e a exortação e o ensino viraram barganha de promessas. As igrejas viraram casas de câmbio. Fico imaginando Jesus pilotando um potente rolo compressor diante de um desses suntuosos templos, catedrais, castelos, palácios... pocilgas, sepulcros caiados. Agradeço a Deus por estas coisas ainda me escandalizarem (ruim pra mim se assim não fosse...), pois o que sinto é uma revolta contra aqueles que “seguiram pelo caminho de Caim, e por causa do lucro se lançaram no erro de Balaão...” (Judas 11).
Por isso não me chamem de “evangélico”, pois este termo implicava numa atitude baseada no Evangelho de Cristo. Mas hoje isso virou um termo jocoso e maldoso. Não quero mais compactuar com pastores que trocam ou vendem e compram igrejas (isso mesmo!) como se fossem propriedades privadas, investimentos financeiros fonte de lucro fácil. Não quero mais saber deste “evangelicalismo” e seus eloquentes discursos cheios de um triunfalismo banal, com frases feitas, filosofias de prostíbulos, sem ética, sem sã doutrina e que está mandando milhares para o inferno, criando um sem número de frustrados e um enorme exército desiludidos com a fé e com a graça.
Chega deste evangelho de faz-de-conta, em que Jesus é apresentado como um “amigão”, um "severino" (aquele que faz de tudo um pouco, um "quebra-galhos") mas nunca como Senhor. Chega deste “evangelho” sem cruz, sem vergonha e mentiroso. Com certeza, Pedro está certo quando afirma pelo Espírito Santo: “... Tais homens têm prazer na luxúria à luz do dia... enganam os inconstantes e têm o coração exercitado na ganância. São malditos. Eles se desviaram, deixando o caminho reto e seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça” (2 Pedro 2:13-15).
Chega deste evangelho de faz-de-conta, em que Jesus é apresentado como um “amigão”, um "severino" (aquele que faz de tudo um pouco, um "quebra-galhos") mas nunca como Senhor. Chega deste “evangelho” sem cruz, sem vergonha e mentiroso. Com certeza, Pedro está certo quando afirma pelo Espírito Santo: “... Tais homens têm prazer na luxúria à luz do dia... enganam os inconstantes e têm o coração exercitado na ganância. São malditos. Eles se desviaram, deixando o caminho reto e seguindo o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça” (2 Pedro 2:13-15).
E agora? Onde estão os apóstolos que pedem dinheiro e se envolvem com as maracutaias religiosas, as fraudes doutrinárias, os cambalachos “espirituais”, as gambiarras da “fé”? E o que dizer de suas indizíveis reuniões solenes com a inaudível trilha sonora de seus cânticos estridentes? Onde estão aqueles que oram pelo dinheiro sujo e pedem em nome de Deus que os abençoe? Onde estão aqueles que vendem igrejas com membros e tudo mais? Que pedem “trízimo” (não estou brincando), ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo? Onde estão os profetas com suas “profetadas” e palavras “ungidas” (Filhos do diabo!)? Onde está a Igreja que diz proclamar em alta voz que o Brasil é do Senhor Jesus? Ouçamos Isaías: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que transformam trevas em luz e luz em trevas, e ao amargo em doce, e o doce em amargo!... Por isso a ira do SENHOR acendeu-se contra o seu povo, e o SENHOR estendeu a mão contra ele e o feriu...” (Isaías 5:20, 25a).
Aqui não é um julgamento – se bem que eu posso sim julgar e baseado na Palavra (Jesus NUNCA disse que não se pode julgar!). Que ninguém me venha com a falácia de “Não julgueis para não serdes julgados”, pois isso é um simplismo de que se aproveitam muitos daqueles que são desonestos e usam a Bíblia para justificar suas ações. Diante da injustiça não podemos nos calar, seja ela de um evangélico ou não. Não me chamem de evangélico, pois não quero este evangelho mercadológico, materialista, mercantilista, promíscuo. Quero apenas ser cristão, quero apenas seguir a Cristo e viver para Ele. Em nome de Jesus, me deixem ser apenas servo (Filipenses 2). E olha que para ser um eu ainda preciso mudar muito! Mas é o que eu preciso ser, servo.
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