Neste capítulo da série especial de artigos, trago um enfoque biográfico de uma das personalidades religiosas mais controversas do seguimento cristão. Com um visual nada ortodoxo, estilo "hiponga", amado por uns, não tão amado por outros e questionado por muitos, Caio Fábio é daquelas pessoas marcantes, que não passa desapercebida.
De personalidade forte e contundente, ele é do tipo que não tem papas na língua. Fala de tudo, sobre tudo e geralmente tudo o que fala levanta algum tipo de polêmica, suscita debates e divide opiniões. E ele não está nem aí com o que falam a seu respeito.
O pastor - embora ele não goste muito de ser chamado assim - amazonense de 64 anos, que mora em Brasília é o líder do ministério Caminho da Graça. Produtor de vídeos para o programa Papo de Graça, exibido pela web, líder de caravanas de estudo para as terras bíblicas e casado com Adriana D'Araujo há 19 anos, Caio Fábio diz que os dois têm um ótimo convívio com sua ex-esposa, com quem teve cinco filhos (um deles morreu atropelado e o outro nasceu sem vida). Vamos conhecer um pouco sobre a vida desse que há tempos é um dos grandes nomes no seguimento cristão.
O início
O então reverendo Caio Fábio D'Araújo Filho, mais conhecido como Caio Fábio, marcou a trajetória de discipulado e evangelismo no país. Publicou centenas de livros e fundou a Fábrica da Esperança, um complexo de assistência social dentro da favela de Acari, no Rio de Janeiro. Ali implementou uma estrutura de cursos e atividades que atendiam mais de 24 mil adolescentes nos últimos três anos de existência.
Como integrante da Igreja Presbiteriana, durante 10 anos, abriu a programação da TV Globo todos os sábados, a convite da direção da emissora. Escrevia editorias compartilhados no Jornal O Globo e no Jornal Extra. Criou a Rádio Vinde Brasil AM e a Rádio Vinde na Rádio Fluminense. A Vinde possuía uma rede de 20 livrarias espalhadas pelo país. O pastor também realizou Cruzadas Evangelísticas por 25 anos, e muitas Cruzadas e Congressos Mundiais, onde era representante do Brasil. Nos anos 90, coordenava a revista Vinde e a Vinde TV, dois canais por onde transmitia suas pregações e conteúdo cristão. Foi também presidente da Associação Evangélica Brasileira por sete anos.
Fez amigos e teve inimigos. Em abril de 1998, divorciou-se da primeira esposa, Alda D'Araujo, após concluir que o casamento havia acabado e lamenta pela traição que cometeu. Era referência e respeitado por autoridades, intelectuais e artistas brasileiros. Passou por escândalos na esfera política, teve depressão, deixou tudo para trás e se refez. O grande pensador se afastou e… sobreviveu.
O divórcio e o calvário
Caio Fábio se casou aos 19 anos com Alda Maria Fernandes. Essa união rendeu 4 filhos, Ciro, Davi, Lukas e Juliana. Em comum acordo com sua esposa, optaram pelo divórcio após 25 anos de casamento. Sem dúvida, a questão mais polêmica sobre o ministério de Caio Fábio é seu divórcio e adultério. Muitos afirmam que seu ministério foi invalidado por conta de tais decisões. Primeiro, falaremos sobre o divórcio. Antes de tudo, a opinião do próprio Caio:
"Em 1978, quando se discutia se o divórcio seria ou não instituído no Brasil, eu tinha 23 anos, já era pastor, e servia em Manaus. Como já fazia três anos que tinha um programa na tevê, e como pregava em todos os lugares na cidade, eu era figura carimbada em todos os debates que havia. Por isso me chamaram, juntamente com o Presidente da OAB local, o arcebispo, o bispo, e todos os líderes católicos, a fim de debatermos o tema do Divórcio. Foram horas de debate ao vivo, na Rede Amazônica de Televisão. E tentaram me trucidar. Razão?
Eu dizia que o divorcio era um remédio amargo que só se deveria ministrar se fosse para salvar o paciente. Mas eles preferiam ver o paciente morrer casado. O casamento como instituição era maior que a vida. Era uma reedição do 'Sábado maior do que o homem' — coisa essa que Jesus enfrentou. Divórcio é sempre divórcio. Separa! Quebra! Entretanto, o divórcio como decisão física, e depois, legal; só divorcia os que espiritual, psicológica e realmente já estejam divorciados. Há muitos casais que jamais se divorciarão objetiva e legalmente, embora vivam divorciados de seus cônjuges legais a vida toda. Sou a favor de que todo aquele que nunca conseguiu se casar com o cônjuge, se divorcie; caso isto lhe faça mal, e crie na pessoa as doenças do desvalor.
E sou a favor de que todos os que já foram casados e são casados, não se divorciem — não sem fazerem de tudo para salvar o casamento, no caso de crises. Pois onde um dia houve amor, aí o amor pode sempre se renovar. Porém, onde nunca houve aquele amor gostado e desejado, que é o amor entre homem e mulher — mas, ao contrário, só existe tristeza, amargura, maus tratos, indiferença, agressões, traições, covardia, silêncio, falta de intimidade, manipulação, e opressão — então, em tais casos, sou a favor de que se divorciem. Posto que já vivem como divorciados.Era isso que pensava aos 23 anos de idade, e é isso que penso até hoje" (Extraído do site de Caio Fábio).
A aplicação do que Caio afirmou, para sua própria vida, foi tomar um remédio amargo como última possibilidade, visto que seria impossível manter seu casamento de forma sadia, a não ser como casamento de aparência, um casamento fariseu.
Acerca do próprio divórcio, Caio afirmou ser "um inferno", visto que sabia as consequências destruidoras daquela decisão, e jamais a teria tomado se não fosse necessária. Hoje, Caio Fábio e sua ex-esposa convivem de maneira harmoniosa e amigável, sua esposa nunca se pronunciou publicamente denegrindo a imagem de Caio, ao contrário, os dois convivem de maneira sadia quando se vêem, por conta do vínculo dos filhos.
A "queda"
O Divórcio foi pedido pelo próprio Caio a esposa, junto a uma confissão particular sobre seu adultério. Segundo Caio, a esposa pediu alguns dias para se organizar antes do divórcio se tornar público, mas a história vazou. Não houve nenhum flagrante de seu adultério, não houve nenhuma descoberta da parte de ninguém de seu erro, houve uma confissão de seu erro.
O próprio Caio reconheceu e confessou seu erro de modo corajoso e sincero, sem justificativas, Caio afirma reconhecer que errou, e que o culpado foi ele do seu adultério. Apesar das dimensões públicas que isso tomou, Caio preferiu manter a sua integridade diante de Deus, confessando seu pecado, do que manter um pecado oculto, escondido, somente para continuar com seu status diante dos homens.
Preferiu a glória de Deus do que a glória dos homens. Biblicamente, podemos dizer que um pecado honestamente confessado diante de Deus não tem perdão? O adultério de Caio Fábio foi perdoado e esquecido por Deus, seu divórcio foi um fim inevitável de seu erro, todavia, os mais envolvidos convivem bem, então por que os que nada sabem sobre o assunto ainda julgam Caio por isto?
Muitos pastores e líderes vivem cobiçando mulheres no coração, ou deliberadamente cometem adultério oculto, e continuam nas cátedras e púlpitos de maneira hipócrita. Sem falar no fato de que pecado é pecado, seja ele adultério, ou mentira, roubo, hipocrisia, dentre outras mazelas que encontramos nos púlpitos das igrejas. Se Caio foi sincero, por que o condenamos? Por que acolhemos os que ocultam seu pecado e castigamos o sincero?
Não estou aqui fazendo apologia ao erro e ao pecado e muito menos posando de advogado de defesa de Caio Fábio. Mas faço sim apologia ao acolhimento e a Graça de Deus em favor do pecador arrependido. Sem dizer o fato de que há diferença no justo que comete um erro, mas se arrepende, daquele que vive em iniquidade. Caio teve um casamento de 25 anos, e adulterou uma única vez.
Vários personagens importantes da Bíblia cometeram pecado e foram perdoados por Deus após arrependerem-se. O maior e mais importante rei da história de Israel, Davi, cometeu adultério, homicídio, e após arrepender-se, foi perdoado por Deus. Por que seria diferente hoje, se Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente?
Quem pode dizer que Deus não perdoa o pecador arrependido?
Há os que dizem que Caio Fábio agiu de modo rebelde ante a disciplina da Igreja Presbiteriana da qual era pastor. Mentira! Caio nunca foi disciplinado, ele mesmo abriu mão do direito pastoral, por conta do adultério e por conta de outras convicções, visto que não crê na diferença entre "clero e laicado", pois todos somos sacerdotes, conforme Pedro afirma. O sacerdócio universal dos crentes, pregado desde Lutero, foi o motivador para que ele não quisesse permanecer com status sacerdotal.
Atualidade
Caio aliou-se ao mundo digital para continuar expandindo o Evangelho. O portal caiofabio.net tem sido seu maior ministério, e foi onde ele gerou o Caminho da Graça e a Vem e Vê TV, bem como a Editora Prólogos, que lança seus livros. O pastor também produz cursos à distância no canal Caio Fábio Exclusivo para centenas de alunos.
Continua com a voz mansa e prioriza a simplicidade e a graça de Deus em sua vida. Conheça um pouco de Caio Fábio após 45 anos de ministério como seguidor de Cristo em constante transformação. Caio Fábio, além de um grande pregador, sempre foi um homem comunicador.
"A comunicação é o meu trabalho. Qualquer um que seja um pregador tem que ser também um comunicador. Nem todo comunicador é um pregador, mas todo pregador precisa ser um comunicador.
Eu nunca fiz diferenciação entre as coisas. Sempre me comuniquei e, depois que me converti, passei a comunicar o Evangelho. O Evangelho e qualquer outro fenômeno de comunicação em mim se tornaram há 45 anos a mesma coisa",
disse em recente entrevista ao portal Pleno.News.
Polêmicas, não poucas
e, claro, o divórcio.
Metralhadora giratória
E sobre o que fala, faltaria tempo e espaço para eu citar aqui as incontáveis afirmações que Caio Fábio faz sobre os mais diversos assuntos (se quiser conhecer algumas, clique aqui). Uma coisa é certa, dono de um discurso liberal e autodeclarado "livre das amarras da religião", Caio Fábio é um nome relacionado a constantes polêmicas e confrontos.
Desafetos
Com posicionamentos tão, digamos, nada conservadores, não é de se estranhar que Caio colecione desafetos. Além do já citado Júlio Severo, na lista dos desafetos de Caio Fábio, constam nomes como os figurões da teologia da prosperidade o líder da Iurd, bispo Edir Macedo - a quem ele já chamou de ladrão -, o líder da IIGD, missionário RR. Soares, o líder da IMPD, apóstolo Valdemiro Santiago e líder da IARC, o também apóstolo Estevam Hernandes.
Mas, não tem como não citar a rusga existente entre ele e outro tão polêmico quanto, ainda que em em extremo oposto, o pastor Silas Malafaia. Num texto aberto e direto, Caio Fábio afirmou que "num país sério", Silas Malafaia "estaria na cadeia", pelos bens que teria acumulado num "esquema" com "laranjas".
"Tudo que ele tem está em nome de 'laranjas'. Manda ele me processar. Eu sei como funciona o 'esquema'. No fim tudo é dele. O avião é da 'igreja', mas, no fim, a 'igreja' é dele. Aprendeu com Macedo. A escola é velha […] Estelionatário e mentiroso",
afirmou Fábio.
A respeito da teologia da prosperidade, Caio Fábio disse que Silas Malafaia
"é um homem seletivo e malandro. Diz o que convém onde acha que pode. Todo argumento dele vem do Velho Testamento. Jesus não serve para justificar a 'tese'".
A respeito da questão envolvendo os homossexuais, Caio Fábio foi enfático ao dizer que o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) "odeia sim" os gays e que "as bases 'científicas' dele são as de um burro".
"Tudo nele é ódio. Até para falar de amor ele odeia. Se constrange quando se pede que ele repita algo sobre amor aos gays",
escreveu Caio Fábio. Mas, apesar dos constantes e acirrados embates entre eles pelas redes sociais
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