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segunda-feira, 8 de julho de 2019

SE O CUMPRIMENTO DA PROMESSA ESTÁ EM JERUSALÉM, O QUE VOCÊ ESTÁ INDO PROCURAR EM EMAÚS?



Lucas 24:13-25


A história dos dois discípulos a caminho de Emaús é uma das últimas narrativas do evangelho de Lucas. Marcos fala sobre eles de forma abreviada em apenas 2 versículos (16:12,13).

Significado e localização de Emaús


A palavra Emaús vem da expressão hebraica Hammat, que significa "fonte de águas quentes", ou "riacho quente" e era um povoado que ficava à 11 km de Jerusalém de onde eles saíram. Atualmente é uma cidade de localização incerta e alguns arqueólogos a identificam com Qubeibeh, cerca de 11 km a noroeste de Jerusalém. 

Quando os Cruzados chegaram nesta localidade em 1099, encontraram ali um forte do período romano denominado Castellum Emaús. Conhecer a localização da cidade de Emaús é importante, porém, não conhecê-la não abala a veracidade dos fatos ali ocorridos. O que está escrito, é lição para todos os tempos, lugares e circunstâncias. 

Digamos que Emaús seja mesmo esse território desconhecido e misterioso para a arqueologia, como misterioso e incerto é o terreno do nosso coração. 

Análise exegética e contextual


O contexto da história todos nós sabemos, Jesus havia sido crucificado na sexta-feira e já havia se passado 3 dias desde sua morte. Ele então ressuscita, e se encontra com aqueles dois homens que estavam conversando enquanto caminhavam. Jesus então os questiona sobre o que estavam discutindo e percebe que eles estavam tristes e decepcionados. Ao analisar o texto de forma detalhada encontramos as 4 razões da decepção e tristeza daqueles dois homens, e é sobre isso que iremos falar:
  • 1) Estavam no caminho errado – A primeira coisa que nos chama a atenção aqui é que eles estavam indo para Emaús, sendo que deveriam permanecer em Jerusalém. Jesus confirma isso no verso 49 do capítulo 24 de Lucas após se reencontrar com eles e com os 11. Vimos acima que Emaús significa "fonte de águas quentes" e isso simboliza conforto. Jerusalém significa "lugar de paz". Sabe o que tem a nos dizer? Eles estavam trocando Jesus que é a verdadeira fonte de água viva (João 4:13,14) por outra fonte. Eles estavam saindo do lugar de paz porque não creram na promessa de que Jesus ressuscitaria.
Nós muitas vezes agimos da mesma forma. Estamos tão próximos do caminho certo, mas não estamos no caminho certo. Abandonamos o lugar onde deveríamos aguardar o cumprimento da promessa e trilhamos outro caminho simplesmente porque não cremos.
  • 2) Eles não conheciam Jesus – Eles andaram com Jesus por pelo menos 3 anos, viram Ele ressuscitar mortos, dar vista à cegos, fazer paralíticos andar, perdoar pecados, realizar todo tipo e sinal e maravilhas, viram Ele pregar sermões maravilhosos! Mas não reconheceram Jesus. E sabe porquê? Eles ainda não tinham tido uma experiência verdadeira com Jesus. A incredulidade impediu que eles O reconhecessem. Estavam tristes (v.17). Eles viam Jesus como profeta, mas não como Messias (v.19)!
Muitos de nós se encontram exatamente nessa situação. Conhecem Jesus apenas de ouvir falar ou até já presenciaram Ele realizar cura e sinais na vida de outros, mas não tiveram uma experiência pessoal com Jesus. Ainda estão incrédulos. Estão tristes. Ainda não veem Jesus como Ele realmente é, como Senhor e Salvador, ou seja, ainda não O conhecem.
  • 3) Eles não se conheciam – Ao responder o questionamento de Jesus, sobre o que estavam conversando, eles demonstram que além de não O conhecerem, também não se conheciam. Disseram que os chefes dos sacerdotes e as autoridades O crucificaram. Ainda não tinham entendido que Jesus morreu pelos pecados deles e de toda humanidade. João Calvino disse certa vez o seguinte:
"Nossa dignidade está no reconhecimento de nossa indignidade".
Muitas vezes nosso maior erro é não se conhecer realmente como nós somos. Nós somos pecadores, falhos e não temos nenhum mérito em nós mesmos. A única coisa que nós merecemos é o inferno. Quem crucificou Cristo fomos nós!
  • 4) Estavam decepcionados e desesperançosos – Aqueles dois homens depositaram suas esperanças em algo que Jesus não veio fazer. Em algo que Jesus não tinha prometido. Achavam que Ele iria libertar a nação judaica da sujeição a Romana. Jesus tinha algo profundamente maior e melhor para eles, o perdão dos pecados e a vida eterna, mas eles estavam com seus olhos voltados para algo passageiro e efêmero.
  • 5) Não tinham discernimento – Em algumas versões Jesus os chama de néscios, que significa tolo ou sem discernimento. Apesar deles conhecerem as profecias bíblicas a respeito de Jesus não conseguiram entender que a Cruz era o caminho para glória de Jesus. A maior história da humanidade estava se desenrolando debaixo do nariz deles, mas eles não estavam discernindo, não estavam entendendo.

    Quantas pessoas agem igualmente hoje em dia, mesmo presenciando o mover e o milagre de Deus de perto não conseguem discernir e estão totalmente apáticos. Mesmo presenciando os sinais proféticos se cumprindo a cada dia, continuam sem entender.

O diálogo em Emaús


Por que eles demoram tanto a reconhecer Jesus? Porque estavam preocupados, aflitos, descrentes, amedrontados. A crucificação havia acabado com a fé deles. A esperança do Messias Salvador, tinha se esvaído, como fumaça. Eles foram capazes de descrever para Jesus todos os últimos acontecimentos de Jerusalém, da conversa sobre ressurreição, mas o coração estava endurecido. 

Para eles, tudo já não passava de uma fábula, um engano. Se Jesus fosse mesmo o Messias teria triunfado em vida, sobre a morte. E Jesus repreende os dois: 
"Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Por ventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E Jesus lhes contou sobre as Escrituras" (Lc 24:25-27).
Ao dizer: 
"E hoje é o terceiro dia desde que tudo isso aconteceu..."
eles demostram que não criam no sobrenatural de Deus. Os judeus tinham uma crença de que a alma deixava o corpo no terceiro dia, ou seja, se algo não tinha acontecido até ali, não ia acontecer mais. Isso tudo os deixou decepcionados.

Essa mesma atitude se repete em nossos dias. Pessoas que buscam a Deus não pelo que Ele é, mas porque querem a resolução imediata de seus problemas. Querem casar, querem restaurar seus casamentos, querem empregos, querem cura para suas doenças físicas e da alma, querem uma casa, um carro, querem resolver seus problemas financeiros, querem tudo! Querem a benção de Deus, mas não o Deus da benção! E ainda querem do jeito e no tempo que eles imaginam! E como se não bastasse, não creem no sobrenatural de Deus.

Conclusão


Só quando Jesus partiu o pão é que os olhos deles foram abertos. Eles lembraram dos momentos que presenciaram onde Jesus ceava e partia o pão com eles. Mateus 14:19 descreve o milagre da multiplicação dos pães e peixes, onde Jesus agiu exatamente da mesma forma no partir do pão:
"Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões."
E o coração dos dois começa a arder pela autoridade de Jesus, pela verdade da Palavra: 
"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" (Hebreus 4:12).
Isso é muito profundo. Jesus tomou o pão, abençoou, o partiu, entregou aos discípulos e estes que alimentaram a multidão. Ele deixou bem claro que para nós o reconhecermos, temos que partir o pão! Quando deixamos de partir o pão, deixamos de conhecer à Cristo.

Outra coisa que nos chama a atenção nessa história é que esses 2 homens só tiveram a oportunidade de mudar de rota e de reconhecer a Jesus porquê tiveram 3 atitudes:
  • 1ª – Convidaram Jesus para entrar na casa deles.
  • 2ª – Deixaram Ele assumir a posição de anfitrião e celebrar a ceia.
  • 3ª – Voltaram para Jerusalém correndo.

Lições a caminho de Emaús


Ansiedade gera incredulidade e vice-versa. Quando estamos nesse estado, é impossível enxergarmos a presença de Jesus, acreditarmos em Sua providência. Os discípulos mesmo mantendo diálogo com Jesus, não O reconheceram. Apenas quanto ouviram a Palavra e viram as marcas da crucificação. 

Mas foi no ouvir da Palavra que os corações foram transformados. Não há outra maneira de se alcançar a Salvação a não ser crendo na Palavra de Deus que é o Próprio Jesus. Ele é o Único e verdadeiro caminho que conduz a eternidade com Deus (Jo 14:6). E essa Salvação, não apenas pós morte, é a algo que acontece bem aqui nesse mundo.

Veja, um dos sentidos da Palavra Salvação na Bíblia é "marpe" (dicionário Strong 14.832) = restauração de saúde, remédio, cura, medicação, tranquilidade. Marpe, vem de "Rapha", verbo curar, sarar, restaurar. Jesus é nossa cura completa, do corpo, da alma e do espírito, para séculos sem fim, amém!

É possível que muitos de nós, mesmo tendo um diálogo com Jesus, não O reconheça. Isso é assustador, mas acontece. Foi o caso daquele jovem rico, descrito em Marcos 10:17-22. Ele ouviu Jesus, mas se negou a segui-Lo porque o coração era avarento. O amor às riquezas era maior que o amor por Jesus. Triste. Os discípulos em Emaús, ouviram a Jesus e disseram: 
"Fica conosco". 
Eles convidaram Jesus a cear não apenas à mesa deles, mas a fazer morada em seus corações. Essa é escolha que Deus quer de nós, que convidemos Jesus a morar em nós. E o mais incrível de tudo isso é: Ele não rejeita um convite desses. Ele nunca diz: "não vou", "não posso", "fica para outro dia", "esqueça", "jamais!". Ele pode aparecer em qualquer lugar, nas mais adversas circunstâncias:
  • Apareceu para Paulo a caminho de Damasco (Atos 9:3-6). 
  • Para os discípulo na praia (Jo 21:1-14). 
  • Para Zaqueu embaixo de uma figueira (Lc 19:1-7).
  • Para a samaritana na beira do poço (Jo 4).
Onde você estiver Ele vai ao seu encontro. Ele não resiste a um coração humilde e cheio de fé.

Os salvos ressuscitarão em corpo de glória. Nosso corpo abatido será transformado. Deus nos dará um novo nome (Apocalipse 3:12) e uma corpo que não poderá ser corrompido (1 Coríntios 15:35).

Que esse encontro de Jesus com os discípulos no caminho de Emaús, seja como lição para alcançar os perdidos em preocupações, ansiedades, aflições e incredulidade. Que "no partir do Pão", almas sejam saciadas pelo Pão da vida que é Jesus. Que Jesus de nossos lábios ouça o convite: 
"Fica conosco amado Mestre, precisamos de Ti que é nosso Bálsamo."
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso. 

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