Total de visualizações de página

quarta-feira, 10 de julho de 2019

LIVROS QUE EU LI - "O FATOR MELQUISEDEQUE", DON RICHARDSON

"E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: 'Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos.' E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo" (Gênesis 14:18-20). 
"Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque" (Salmo 110:4). 
"Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque" (Hebreus 6:20).
No livro "O Fator Melquisedeque" o autor Don Richardson conta mais de 25 histórias fascinantes, que mostram como Deus plantou a semente do evangelho em cada cultura do mundo. Esta espécie de revelação geral de Deus é chamada pelo autor de "O Fator Melquisedeque", em uma alusão ao nome do sacerdote a quem Abraão prestou homenagem no livro de Gênesis. Embora esta cerimônia religiosa demonstrada não salve ninguém do seu pecado, Don Richardson a vê como exemplo de uma ponte para o conhecimento do evangelho. 

Entendendo o contexto


Melquisedeque é um personagem bíblico com rápida passagem no Antigo Testamento. Era rei de salém (futura Jerusalém) e sacerdote de El Elyon, o Deus Altíssimo. Em Gênesis, é narrado um encontro de Melquisedeque (Rei da Justiça) com Abraão, que o considera sacerdote do mesmo Deus que seguia e, como consequência, lhe entrega voluntariamente o dízimo. 

Este fato indica que outros, além de Abraão e sua família, criam no Deus Altíssimo, sendo este o fator explorado por Don Richardson neste livro. Obra, clássica, surpreendente e necessária, tanto por seu cunho missiológica quanto pelas interpretações bíblicas nela apresentadas.

Partindo do encontro relatado, o autor nos apresenta o fato de que a Promessa de Deus para Abraão deve ser entendida para além de um pacto tribal: 
"Em ti serão abençoadas todas as famílias (povos) da terra (Gn 12:3)". 
Seria o início de um processo de revelação especial, que passa a coexistir com a revelação geral de Deus, conhecida por Melquisedeque.

Contexto missiológico


Como obra missiológica, e partindo da existência da revelação geral, denominada de "Fator Melquisedeque", entende que diversos a receberam, sendo preparados para o evangelho. O livro é assim dividido em duas partes: 
  • na primeira, apresenta casos onde o Fator Melquisedeque se apresenta; e 
  • na segunda, trata da forma como o novo testamento reforça a noção de que a revelação não é exclusiva de um povo, sendo fundamental levar o cristianismo a todos.
Don Richardson inicia a trajetória do livro com uma história cretense, narrada por Epimênides, quando um deus desconhecido teria livrado-os de uma peste, ou praga. Em Atos 17:22-23, Paulo, ao falar aos atenienses, retoma a história: 
"Então Paulo levantou-se na reunião do Areópago e disse: 'Atenienses! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos, pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio'". 
Também em Tito 1:12, faz referência a esta história, denominando Epimênides de profeta.

No entanto, apesar da indicação da existência de Deus, os gregos da época de Epimênides O recusaram. Segundo o autor, quando o homem rejeita o Deus único, há uma tendência de multiplicação de deuses menores, em uma busca frustrada de substituição.

É importante ressaltar que para os gregos o termo Theos indicava a ideia do Deus supremo. No entanto, tinham dificuldades de entendê-lO como designação de um nome pessoal. Daí a opção, no evangelho, por "logos", ou verbo, em uma estratégia de aproximação (João 1:1).

Se Deus se revelou a povos pagãos, ou não judeus, esta deve ser completada pela revelação especial, denominada pelo autor de "Fator Abraão", a partir de estratégias que possibilitem identificar que falamos do mesmo Deus, e assim, abrir-lhe os olhos, como indicado em Atos 26:17,18.

Um só Deus


Seguindo na mesma linha, o autor nos apresenta relatos de povos que, de alguma forma, tiveram acesso a revelação geral, como o caso de Pachacuti, rei inca, conquistado pelos espanhóis, construtor de Machu Picchu. Ele questionou o deus sol, e saiu em busca do verdadeiro Deus, denominando-o de Viracocha, criador de todas as coisas. No entanto, esta concepção ficou restrito a nobreza, e de certo forma, morrendo com a conquista pelos espanhóis. 

Ou seja, como indicado em Atos 14:17, Deus não ficou sem testemunho, havendo o reconhecimento quase universal de um Senhor supremo. Segundo o autor, estes exemplos demonstram que o Deus dos Céus prepara o caminho missionário, e que o sucesso se dá por causa da religiosidade local, e não apesar dela. Este fato seria distinto do sincretismo, que levaria ao fator sodoma, ou seja: sobrepor a religião politeísta e idólatra a religião monoteísta nativa, uma estratégia do inimigo. 

Aliando sua perspectiva missionária com um forte conhecimento bíblico, o autor nos indica que a ideia de missão permeia toda bíblia, iniciando em Abraão, quando há a promessa de que nele seriam benditas todas as famílias da terra. Assim, a aliança abraâmica seria a base para o que Cristo viria cumprir. Concepção afirmada em Apocalipse (7:9), quando é indicado que todos os povos, tribos, línguas e nações seriam alcançados pelo descendente de Abraão, Jesus Cristo. Neste sentido, o autor dedica parte de seu livro para demonstrar como os evangelhos apresentam Jesus atuando a favor dos gentios, em um cumprimento a aliança abraâmica. 

O ponto alto teria sido a expulsão dos comerciantes do pátio dos gentios, no templo de Herodes. Este local seria destinado a receber, honrar e orar pelos estrangeiros. Aqui Jesus cita Isaías, que afirma que o templo é casa de oração, para todas as nações:
"...e lhes disse: 'Está escrito: "A minha casa será chamada casa de oração"; mas vocês estão fazendo dela um "covil de ladrões"'" (Mateus 21:13).
"...esses eu trarei ao meu santo monte e lhes darei alegria em minha casa de oração. Seus holocaustos e seus sacrifícios serão aceitos em meu altar; pois a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos" (Isaías 56:7).

Conclusão


Por fim, o autor demonstra que a resistência missionária, e de entendimento de que a promessa abraâmica seria para todos, estaria presente já nos primeiros apóstolos, apresentada a partir de sua relutância em obedecer a grande comissão. Após a leitura de um quarto do livro de Atos, encontramos os apóstolos ainda em Jerusalém, até dois eventos mudarem o rumo da história: a dispersão cristã devido a perseguição judaica e romana, e a escolha de Paulo para servir de instrumento para agir junto aos gentios.

No demais, os sistemas de fé dentro das inúmeras sociedades do mundo, de alguma forma, exaltam ao Criador, através de hinos e de suas tradições que falam sobre o povo que experimenta o distanciamento de Deus e a situação aflitiva ocasionada pela transgressão, apresentando costumes bíblicos, buscando o livro perdido, fazendo reuniões - ainda que não muito claras - para adorar o Deus verdadeiro, praticando guerra à idolatria, utilizando provérbios que fazem convocação a honrar os pais, o amor a Deus e ao próximo, arrependimento, perdão, oração... 

Expressando a escolha divina e o seu amor por uma nação em particular, a esperança e a volta final do Deus sublime e, para muitos, ainda desconhecido!

Leitura mais que recomendada e que leva sem mais delongas o meu carimbo de
Ao Único Deus, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário