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quinta-feira, 1 de outubro de 2020

PERSONAGEM BÍBLICO: JUDAS ISCARIOTES (HÁ MUITO DELE EM MIM... E EM VOCÊ?)

Você já parou para analisar o quanto temos uma enorme facilidade em julgar, encontrar e apontar defeitos? Somos céleres para isso. Muitos são os personagens bíblicos, com os quais ninguém arrisca se identificar, como por exemplo: Caim, o irmão de Abel (Gênesis 4:1-16); Esaú, o irmão de Jacó (25:22-36); os irmãos de José (37); o rei Saul (1 Samuel 15); o jovem rico (Mateus 19:16-30); Judas Iscariotes... dentre outros.

Mas, será mesmo que estamos assim, digamos, tão distantes desses personagens? Será mesmo que não seríamos capazes em absoluto de fazer o que eles fizeram? Bom, para não parecer que eu estou julgando os outros, vou falar por mim e como base para o que eu estou dizendo, vou escolher um deles, talvez o que consideramos mais desprezível deles, o enigmático Judas Iscariotes, que ficou conhecido como o discípulo que traiu Jesus, para me identificar. Não se assuste: 
  • Para entender o contexto desse artigo, você não pode ler só essa introdução, torcer o nariz e sair por aí fazendo interpretações levianas e precipitadas.

Quem foi Judas Iscariotes


Dentre os numerosos personagens bíblicos, talvez nenhum te­nha deixado para a posteridade uma memória tão trágica e ignominiosa quanto Judas Iscariotes. Tanto que seu nome tornou-se, ao longo dos séculos, sinônimo de desprezo e escárnio, transformando-se na própria epítome da traição. 

A ignomínia que se apropriou desse nome pode ser facilmente percebida em festas folclóricas como a "Malhação de Judas", que todos os anos vemos repetir-se em nosso país, durante as comemorações da Semana [chamada] Santa.

Embora, com o decorrer do tempo, o nome Judas tenha sido grandemente estigmatizado, seu emprego nos tempos bíblicos era muito comum, como vemos nos exemplos que o Novo Testamento nos fornece.

Ele pertenceu ao grupo dos doze discípulos que Jesus chamou para acompanhá-lO, e seu nome sempre aparece em último lugar nas listas que trazem os nomes dos apóstolos. Durante seu ministério, Jesus escolheu alguns de seus discípulos para serem apóstolos, pessoas que receberiam ensinamento mais pessoal, com o propósito de se tornarem os futuros líderes da Igreja (Lucas 6:13-16). Um dos 12 escolhidos foi Judas Iscariotes. Ele ficou encarregado do dinheiro (era o tesoureiro) do grupo mas tinha por hábito roubar da bolsa comum.

Não se sabe muito sobre a vida de Judas. Ele era judeu, filho de um homem chamado Simão (outro nome muito à época). Judas é a forma grega do nome hebraico Judá e não se sabe ao certo qual é a origem do nome Iscariotes. Provavelmente essa palavra seja derivada do termo hebraico 'ish Queriyot. É possível que seja uma referência a um lugar chamado Queriote, visto que em certos manuscritos do Evangelho de João aparecem as palavras apo Karyoto, mas isso nunca foi confirmado, sendo, portanto, apenas especulação teológica.

Contudo, se o significado de Iscariotes for realmente este, o que é muito possível, então encontramos a informação sobre o local de origem de Judas. O Antigo Testamento menciona dois locais com o nome de Quiriote. O primeiro era localizado em Moabe (Jeremias 48:24,41; Amós 2:2). Já o segundo, Quriote-Hezrom, ficava localizado aproximadamente ao sul de Hebrom (Josué 15:25).

Há também quem defenda que Iscariotes não seja uma indicação de seu lugar de origem, mas um tipo de designação infame para identificá-lo. Para isso, alguns estudiosos sugerem que essa palavra tenha origem num termo que significa “um assassino”, e, portanto, a interpretam no sentido de “o homem da adaga”.

Contudo, essa última interpretação é bem pouco provável. Normalmente é aceito que a designação "Judas Iscariotes" signifique simplesmente "Judas, o homem de Quiriote".

Discípulo em plenitude, mas não em essência


Judas acompanhou Jesus ao longo de todo o seu ministério, junto com os outros apóstolos. Ele viu os milagres, aprendeu de Jesus e participou da pregação das boas novas. Jesus sabia desde o início que Judas iria traí-lo mas não o excluiu nem deixou de lhe mostrar seu amor (João 6:70,71).

Ele também é frequentemente mencionado na narrativa bíblica dos Evangelhos, às vezes apenas como "Judas", mas geralmente seu nome é acompanhado com alguma descrição que o distingue dos demais. Por exemplo: ele é chamado de "Judas, que o traiu", "Judas Iscariotes, filho de Simão", "Judas filho de Simão Iscariotes", ou apenas "o traidor" (Mt 26:14,25,47; 27:3; Marcos 14:10,43; Lc 22:3,47,48; João 6:71; 12:4; 13:2,26-29; 18:2-5).

Jesus errou ao escolher Judas? Definitivamente, não!


Jesus escolheu Judas porque sabia que fazia parte do plano de Deus. Ninguém obrigou Judas a trair Jesus mas quando ele fez essa escolha ele cumpriu as profecias.

Jesus não cometeu um erro. Antes de escolher os 12 apóstolos, ele orou durante uma noite inteira! (Lc 6:12,13) Jesus escolheu cada apóstolo pessoalmente, para fazer parte de um grupo íntimo de futuros líderes da igreja. Judas recebeu uma grande oportunidade para fazer a diferença no mundo.

Jesus sabia que um amigo o iria trair. Isso já tinha sido profetizado (Jo 6:70,71; 13:18). Ele sabia o que se passava no coração de cada pessoa.

Judas e eu, eu e Judas


Enfim, é fácil e cômodo julgar Judas como um vilão ou vítima, mas eu fico impressionado com o fato de que, de várias formas, ele é exatamente como eu.  Judas era um seguidor de Jesus e um pregador do evangelho, mas existia uma mente dividida nele. No final, ele abandonou a fé que antes professava. Aqui estão quatro coisas que facilmente passam desapercebidas na história de Judas.

1. O comprometimento dele


Judas teve comprometimento com Jesus, e não havia nenhuma razão para se pensar nada além de que ele era sincero na sua fé. Assim como os outros discípulos, ele deixou tudo para seguir nosso Senhor. Judas estava ativamente envolvido com o ministério, e foram dados dons espirituais memoráveis a ele. Lucas nos conta que Jesus chamou “os doze” juntos — isso incluía Judas — e 
"...deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar doenças, e os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos" (Lc 9:1,2).
Assim como eu, Judas Iscariotes era um pregador do evangelho! Ele tinha recebido o dom de curar, e ele exerceu autoridade sobre demônios. Envolvimento ativo no ministério é algo bom e maravilhoso; mas não é, em si mesma, garantia de saúde ou vida espiritual.

2. A oportunidade que foi dada a ele


Judas andou com Jesus por três anos. Ele viu de perto e pessoalmente a maior vida já vivida. Você não pode ter exemplo de fé melhor do que Jesus ou melhor ambiente para formação de fé do que Judas teve andando com o Salvador.

Ele testemunhou os milagres diretamente. Quando Jesus alimentou os 5.000, Judas estava lá. Ele tomou do pão e distribuiu junto com os outros discípulos. Quando Jesus acalmou a tempestade, Judas estava lá. E ele estava lá quando Jesus ressuscitou Lázaro de dentro os mortos. Você não pode ter evidência melhor para fé do que Judas teve.

Judas ouviu todos os ensinamentos de Jesus também. Ele ouviu o Sermão no Monte, então ele sabia que existe um caminho estrito que leva à vida e um caminho largo que leva à destruição. Ele ouviu os avisos que Jesus deu aos fariseus, então ele sabia que existe um inferno para evitar e um céu para ganhar. Ele ouviu a parábola do filho pródigo, então ele sabia que Deus está pronto para dar as boas vindas e perdoar aqueles que se desperdiçaram em muitos pecados.

Com os próprios olhos, Judas viu a evidência mais clara. Com os próprios ouvidos, ele ouviu o melhor ensinamento. Com os próprios pés, ele seguiu o maior dos exemplos. E mesmo assim, este homem ainda traiu Jesus.

O coração humano está além do entendimento (Jr 17:9), e há algo incompreensível sobre uma pessoa que abandona a fé que ela antes professava ter. É difícil entender como um jovem criado por pais piedosos no contexto de uma igreja saudável, ensinado sobre as verdades da Escritura desde criança e fundamentado em apologética possa desistir de Jesus.

A história de Judas contém uma lição importante para os pais, líderes, e amigos que lamentam por alguém amado que abandonou a fé. Eles se preocupam:
  1. Onde foi que eu errei?
  2. O que mais eu poderia fazer?
  3. Nós falhamos no nosso ensino?
  4. Nós falhamos no nosso exemplo?
  5. Nós deveríamos ter mergulhado nosso filho ou filha ou amigo em um ambiente diferente?
Mas Judas nos ensina que nem mesmo o melhor exemplo, a evidência mais convincente, e os melhores ensinamentos — o melhor ambiente para a incubação da fé — não podem, em si e por si mesmos, mudar o coração humano.

3. A escolha que ele fez — Judas teve escolha? Sim, Judas teve escolha.


Jesus viu a maldade crescer no coração de Judas mas ele lhe deu todas as oportunidades para mudar seu destino. Antes de decidir trair Jesus, Judas aprendeu com ele sobre o amor e o perdão de Deus, viu grandes milagres e até pregou o evangelho, junto com os outros apóstolos! (Mt 10:5-7)

Jesus tratou Judas como amigo e lhe mostrou o caminho da verdade. Ele até avisou Judas do perigo de sua traição (26:23,24). Judas sabia que podia resistir ao diabo, tal como Jesus tinha feito no deserto. Mas quando satanás tentou Judas, ele escolheu ceder à tentação. Por amor ao dinheiro e influência do diabo, Judas traiu Jesus.

Satanás fez um ataque implacável à alma de Judas, assim como ele faz um ataque implacável a todos os que escolhem seguir a Cristo. Nós lemos sobre o ataque de Satanás em Judas:
"Então satanás entrou em Judas, chamado Iscariotes" (Lc 22:3).
O diabo já havia induzido Judas Iscariotes, filho de Simão, a trair Jesus (Jo 13:2).
"...Satanás entrou nele" (13:27).
As claras declarações da Bíblia sobre a atividade de satanás têm levado alguns a dizer "Bem, pobre Judas, ele não teve nenhuma chance. Satanás entrou nele. O que ele poderia fazer a respeito disso?" Mas essa afirmação desconsidera o fato de que Judas abriu o coração para satanás.

Judas estava roubando da bolsa de dinheiro coletado, e quando ele manteve esse pecado em segredo, satanás entrou nele. Ele fez um acordo com os chefes dos sacerdotes e então sentou à mesa do nosso Senhor com pecados conhecidos que ele não confessaria, e satanás entrou ainda mais fundo em sua vida. Pecados não confessados abrem a porta para o poder de satanás.

Satanás não ganha nenhuma base na vida das pessoas que estão andando na luz com Jesus. Ele só ganha acesso quando a porta que está e/ou lhe for aberta. 

É a majestade única de Jesus que permite Ele conquistar o homem sem que o homem se aproxime dEle primeiro. Mas a fragilidade de satanás é provada por isso, ele não pode se aproximar de uma alma, a não ser que essa alma se volte para ele primeiro.

Às vezes nós pensamos da maneira errada, temendo que satanás vai, de alguma forma, ter acesso secreto aos filhos de Deus, enquanto duvidamos que Jesus possa fazer algo por uma pessoa, a não ser que ela abra a porta. Mas a Bíblia ensina exatamente o contrário.
  • Ninguém forçou Judas nem lhe tirou a capacidade de entender. O nome do traidor não estava escrito nas profecias. Jesus só disse abertamente que Judas era o traidor na última ceia, quando ele já tinha decidido trair Jesus. A decisão foi de Judas mas Deus já tinha visto que isso iria acontecer e mudou a situação, usando a morte e ressurreição de Jesus para salvar o mundo.

4. O resultado que ele alcançou


Judas se afundou na escuridão que ele escolheu. Quando você se aproxima de Jesus, uma das duas coisas vai acontecer: 
  1. ou você se tornará completamente dEle (espírito, alma e corpo),
  2. ou vai acabar mais afastado dEle.
Entre aqueles que mais odeiam a Cristo, alguns já professaram acreditar nEle antes. Suas alegações são tão exclusivas, e suas exigências tão persuasivas que, no final, você deve se entregar completamente a Ele ou desistir dEle por completo. Não há meio termo.

Apenas aqueles que nunca O conheceram que podem permanecer indiferentes a Ele. Para aqueles que se aproximaram, os únicos resultados são devoção total ou eventual antagonismo; e todo dia, cada um de nós está indo em uma direção ou na outra.

Conclusão

O caráter de Judas Iscariotes


Em um tempo em que muitos estão abandonando a fé que um dia professaram, a história de Judas nos alerta a guardar nosso coração, para não nos afastarmos. A história de Judas também nos equipa para alcançar aqueles que podem estar perto de fugir da fé. Cristo nos chama para termos 
"compaixão daqueles que duvidam e salvar outros, arrebatando-os do fogo"(Judas [não o Iscariotes] 22,23). 
E por fim, a história de Judas nos lembra que nada de bom pode vir de desistir de Jesus Cristo. Ele é de valor supremo, e segui-lO vale qualquer custo.

Considerando todas as referências bíblicas em que Judas Iscariotes é mencionado, podemos perceber que ele reunia em si a hipocrisia, o egoísmo, a soberba, a avareza, a inveja e a cobiça. Seu caráter duvidoso pode ser muito bem resumido na designação clara e objetiva dada a ele pelo apóstolo João: 
"Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava" (12:6).
João o identificou, em poucas palavras, como sendo uma pessoa mentirosa, enganadora, gananciosa e capaz de roubar. Além disso, Judas Iscariotes era uma pessoa dissimulada. Diante do anúncio de Jesus de que havia entre eles um traidor, Judas Iscariotes foi tão frio a ponto de dizer: 
"Porventura sou eu, Rabi?" (Mt 26:25).

A arrogância de Judas o cegou, impedindo que ele se arrependesse e tivesse não só um registro, mas um dos fins mais terríveis da Bíblia.

Mas, porque eu disse no início que me identifico com ele?


Já vou explicar. Por isso eu disse no início que era fundamento ler o texto até o final. A história de Judas Iscariotes é um retrato vívido de como o homem, em sua própria natureza, é completamente depravado e perverso, apto a ser instrumento nas mãos do diabo (Jo 6:70,71). 

No versículo 70, Jesus NÃO ESTAVA SE REFERINDO EXPRESSAMENTE A JUDAS, MAS A QUALQUER UM DOS DOZE! Por isso o versículo 71 vem entre parênteses, ou seja, o evangelista João, já narrava algo que havia acontecido e não o que ainda iria acontecer. É impossível separar a pergunta sobre quem foi Judas Iscariotes das conhecidas palavras de Jesus sobre ele: 
"Mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído" (Mt 26:24).
Ai de mim se fosse o Espírito Santo e o temor que Ele gera diária e constantemente em mim (Jo 16:7-11). Não fosse esse poder que em mim opera, não tenha dúvida que a "porção Judas" certamente se manifestaria, fugir deste fato é negar o óbvio. 
  • Escrevi mais sobre Judas 👉 aqui.

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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