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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

ACONTECIMENTOS — O CASO MC DALESTE

Foto tirada no show, instantes antes do cantor ser baleado / Crédito: Renato "Avaia"

Existe crime perfeito? O crime compensa? Geralmente a resposta para estas perguntas é "não", né? Pode até ser, mas, no caso em que irei relembrar aqui neste capítulo da série especial de artigos Acontecimentos, nos faz ficar reticentes sobre isso.

Quem foi o MC Daleste?


Daniel Pedreira Senna Pellegrine, ou MC Daleste, foi um jovem cantor e compositor brasileiro, que, ao lado de MC Léo e MC Gui, ajudou a popularizar o subgênero conhecido como funk ostentação e ganhou fama a partir de hits como "Gosto Mais do Que Lasanha" [música com clara apologia à maconha] e "Mais Amor, Menos Recalque". 

MC Daleste nasceu no bairro da Penha, zona leste de São Paulo, no dia 30 de outubro de 1992. De família pobre, ficou órfão de mãe ainda muito jovem. Era um aluno indisciplinado, só estudou até a oitava série, época que conheceu sua esposa, com quem foi casado durante 5 anos.

MC Daleste iniciou sua carreira musical em 2009, divulgando na internet, suas músicas "Bonde dos Menor" e "Apologia", considerada proibidona por fazer explícita apologia ao crime. Porém, em 2012, Daleste deu uma diversificada e suas músicas passaram a falar da vida de ostentação dos milionários. Gravou "Deusa da Ostentação", "Mina de Vermelho", "Água na Boca" e "Angra dos Reis", ano em que começou a aparecer na mídia.

O funk de ostentação é o funk que conta o sonho da galera da comunidade. A princípio isso realmente era um sonho, e hoje a maioria dos artistas de funk ostentação já estão conseguindo viver essa ostentação que eles pregam e ao mesmo tempo alimentam o sonho de outros jovens e até mesmo crianças das periferias. Os videoclipes desse estilo são nos quais funkeiros ostentam roupas de marca, mulheres bonitas e carros poderosos. Eles são divulgados principalmente pela internet. Alguns são vistos milhões de vezes.

Há sete anos (no dia 06 de julho de 2013, por volta das 22h:40), o cantor MC Daleste foi assassinado com dois tiros, durante um show na periferia de Campinas. Uma fanpage do cantor no Facebook ainda hoje é seguida por 346 mil internautas. Daleste fazia mais de quarenta shows por mês. Porém, durante uma apresentação em Campinas, foi assassinado com um tiro que lhe acertou o peito. 

O crime


Tinha tudo para ser mais uma apresentação das muitas que o funkeiro já havia feito ao longo de sua curta carreira, mas, o cenário do show se transformou no cenário de um crime que até hoje ainda não foi desvendado.

No instante do crime, muita gente estava filmando. Durante as investigações, a polícia buscou uma imagem que desvendasse o mistério e respondesse à pergunta que não quer calar: quem matou Daleste?

Uma foto obtida com exclusividade pelo programa "Fantástico" da Rede Globo, foi tirada segundos antes do MC Daleste tomar o tiro no peito, no meio de um show, que o matou. O autor da imagem: um dos melhores amigos do cantor.
"Ele foi para o meu lado, eu fui mais para trás, tirei a foto, foi a hora que o cara atirou", 
lembrou o fotógrafo Renato "Avaia", em entrevista ao programa.

Renato, que à época tinha 19 anos, era amigo e fã do cantor MC Daleste. A amizade dos dois era tão grande que o cantor comprou uma máquina e deu para que ele registrasse os melhores momentos dos shows. Naquela noite, Renato estava no palco e fez algumas fotos. Logo depois, o amigo foi baleado e acabou morrendo no hospital.

O impacto do tiro foi testemunhado por milhares de fãs. Muitos filmavam o show e registraram o crime, sobre os mais diversos ângulos, entretanto, nenhuma imagem captou o assassino ou de onde partiram os tiros. As cenas que correram o mundo, mostram, de vários ângulos, Daleste sendo atingido.

A dinâmica do crime


Foram dois disparos em direção ao cantor. O primeiro passa de raspão, entre o braço e o corpo. Ele se assusta e reclama.
"A gente achou estranho, ele foi até nós, mostrou, se fez alguma coisa. Eu falei: 'volta mano, vai trocar o certo pelo duvidoso?' Ele não, preferiu fitar, ficar em cima do palco"
contou Rodrigo Pellegrini, irmão do cantor.

Daleste volta a cantar. Menos de 2 minutos depois, veio o tiro fatal.
"Quando ele caiu, ele já caiu olhando para o meu olho. Ele falou: 'Pet, eu morri?' Eu falei: 'não mano, você não morreu, você vai comigo.' Ele estava acho que meio em estado de choque nessa situação, eu peguei ele, ele mostrou onde estancou a mão"
lembra MC Pet, outro amigo e parceiro de Daleste.

A bala tinha atravessado o peito dele. Ele cai. Se levanta. Ergue a camisa e mostra o ferimento para o irmão. Tumulto no palco. Confusão na plateia.
"Eu olhei para o lado, o público 'tudo' correndo, ninguém mais no palco, só eu e o irmão dele. Foi a hora que ele levantou, viu que tava saindo sangue"
conta Renato.

Como não tinha carro de polícia nem ambulância por perto, os amigos decidiram socorrer o cantor no próprio carro. Mas eles não sabiam para onde levá-lo. E demoraram quase meia hora para chegar até um hospital em Paulínia, cidade vizinha a Campinas.
"No decorrer desse trajeto a gente foi ficando mais desesperado porque fui vendo que ele não estava tão bem. (...) Ele chegou até a me falar: 'pô eu pensava que doía tomar tiro', porque ele nunca tinha passado por isso, 'mas não dói nada, Pet'. Mas ele estava perdendo muito sangue, ele estava ficando fraco, aí ele falou que a voz dele foi ficando distante"
disse Pet. 
"Os lábios foram ficando brancos, o olho foi ficando fundo, tipo, a gente olhava mas eu já não sentia ele aí, entendeu?"
contou Marcelo.
"E ele ficou aguentando. E eu: 'Você está respirando legal?' E ele: 'pô, estou respirando legal, tá normal, só estou sentindo que está saindo muito sangue, tô ficando um pouco meio tonto'. Aí eu, foi na hora que a gente chegou no hospital, coloquei, peguei ele e coloquei em cima da maca e então fui segurando na mão dele até a sala de cirurgia, né?"
continuou Pet

O músico chegou a ser socorrido ainda consciente pelos próprios amigos, entretanto, não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Municipal de Paulínia (SP). Daleste morreu após ter anemia aguda causada pela perda de sangue, de acordo com laudo do Instituto Médico Legal (IML).

Brincadeira com foto


O amigo Renato revelou que Daleste fez um pedido antes de entrar no hospital.
"Falou: 'pega a câmera aí, tira uma 'foto de mim''. Eu falei: 'não vou tirar uma foto sua assim porque eu ainda vou tirar muita foto sua'. Aí foi na hora 'que nós colocou' ele na maca e ele entrou dentro do hospital"
lembra Renato.

O produtor que contratou o funkeiro para o show em Campinas, Rogério Rodrigues de Oliveira contou à polícia que o cantor pediu para ser fotografado no carro, quando era levado ao hospital. Segundo ele, Daniel Pelegrine esperava se recuperar dos ferimentos e "brincar" com o fato de levar um tiro e resistir. Em menos de uma hora, Daleste estava morto. 

Repercussão


A morte foi notícia no mundo todo. Aos 20 anos, MC Daleste, então um dos cantores mais populares da periferia paulistana, usava esse nome em homenagem à Zona Leste de São Paulo, onde nasceu e vivia.
"Eu falei: 'você vai ser MC Daleste, porque fica só na Zona Leste, não sai', depois ele fez show no Brasil todo",
diz o irmão Rodrigo Pedreira.
"A gente mora na periferia, ele mesmo com todo o sucesso, ganhando todo o dinheiro, a gente nunca saiu daqui, onde a gente gostava de estar, onde tem amigos"
destaca Marcelo de Souza Almeida, cunhado de Daleste e que foi motorista dos shows.

Foi em uma casa simples que o marceneiro Rolland criou Daniel, verdadeiro nome de Daleste, e mais três filhos. Viúvo, ele mora na periferia até hoje. E decorou o quarto com os presentes que ganhou do filho famoso.
"Televisão, telescópio, isso aí tudo ele me deu, helicóptero. Tudo ele me deu",
afirma o marceneiro Rolland Ribeiro Pellegrini. O pai diz que só vê um motivo para o assassinato.
"Inveja, inveja... Inveja, inveja"
E se emociona ao ouvir a música que o filho fez especialmente para ele. O filho herdou do pai o gosto pelas jóias.
"Ele gostava jóias. Muito. É um prazer que eu também gosto. Às vezes eu ponho em todos os dedos, todo mundo que me vê na rua é assim. Eu não sou cigano, mas eu adoro joia"
admite o pai.

Daleste era muito ligado à família, mas saiu cedo de casa para morar com a namorada. Os dois se conheceram na escola. Viviam juntos havia cinco anos. Em entrevista ao "Fantástico", Érica, a companheira declarou: 
"A maior lembrança que tenho dele, era ouvir ele cantando no chuveiro. A vida dele era isso. Era cantar e criar música, ele era um compositor. Não só de funk, qualquer tipo de música ele fazia. E ele pegava lições de vida também, histórias de vida, e transformava em música, cantava. A vida dele era cantar, cantar. Só isso (...) 
A gente tinha muito medo de acontecer alguma coisa por ter acontecido com outros MCs [Daleste não foi o primeiro caso de morte violenta do funk paulista. Desde 2010, 05 MCs (Mestres de Cerimônias), o nome que se dá aos cantores de funk e rap, já haviam sido assassinados no estado.], outros cantores. Mas ameaça ele nunca, se teve nunca ele não avisou ninguém"

Conclusão

Os desdobramentos


Quem matou o MC Daleste e por quê? Sete anos depois, o assassinato do cantor desafia a polícia. De acordo com as investigações, trata-se de um caso de execução. O crime foi premeditado, planejado, e não foi do dia para noite, pela complexidade do disparo. 

A polícia declarou que o atirador tinha muita perícia e que ele estudou o local antes de praticar o crime. Mesmo sem ter pistas seguras, a polícia seguiu todas as linhas possíveis na investigação. Tanto do crime passional, desentendimento em relação aos organizadores da festa, tanto quanto ao mundo do crime propriamente dito, envolvendo os funkeiros.

Nenhum acusado foi preso até agora. A secretaria de Segurança Pública chegou a informar que as investigações estavam avançadas e que existia uma lista de suspeitos identificados.

Por fim, em 2016, três após o crime, o Tribunal de Justiça do estado (TJ-SP) informou que os autos, a pedido do Ministério Público, foram arquivados pela 1ª Vara Criminal de Campinas abril daquele ano. Eles permanecem assim até que, eventualmente, "novas provas sejam apresentadas ou ocorra a prescrição". A assessoria de imprensa do MP confirmou que o pedido de arquivamento foi feito em fevereiro de 2016.

Dor e indignação


O pai de Daleste, Rolland Pelegrine, afirmou em entrevista que se sente desorientado com a falta de um desfecho para o caso. 
"Como pode uma coisa dessa? A gente fica sem saber o que fazer na verdade. Tenho esperança, a gente fica meio desorientado, a dor é muito forte. Não vai aliviar [o esclarecimento], mas a gente fica no escuro"
lamentou o pai em entrevista à imprensa.

A advogada que representa a família da vítima, Patrícia Vega, considerou que o caso foi o mais investigado entre os que já trabalhou durante a carreira. Ela destacou que aproximadamente 50 testemunhas foram ouvidas pela polícia, e diversas linhas sobre a motivação foram analisadas — incluindo crime passional e também a possibilidade de "morte encomendada por um desafeto".

MC Daleste não chegou a gravar nenhum álbum de estúdio, só gravou faixas soltas para download digital no iTunes. Lançou apenas um videoclipe com a canção "O Gigante Acordou". Após sua morte foi lançado o videoclipe da música "São Paulo",
gravado em uma mansão no interior de São Paulo, poucos dias antes, que alcançou (até a data da publicação desse artigo) 81.283.969 visualizações no YouTube.

[Fonte: Wikipédia (1) e (2) e publicações na Internet]

A Deus toda glória. 
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E nem 1% religioso. 
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

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