"Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os transportei e orem ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela" (Jeremias 29:7).
Todo ano de pleito eleitoral é sempre a mesma coisa. Os candidatos aos cargos eletivos começam com suas campanhas (caracterizadas por promessas mirabolantes quase nunca cumpridas) no rádio, na TV, na internet e no corpo a corpo. Mas, nas eleições municipais (para vereadores e prefeitos) que irão ocorrer em novembro de 2020, por causa das várias restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, além de um tempo menor para a corrida em busca de votos, em obediência aos decretos e às regras sanitárias que exigem o distanciamento social, os candidatos não poderão ter aquele tradicional contato físico com seus iminentes eleitores. Nada da distribuição dos santinhos, de abraços, fotos, apertos de mãos ou tapinhas nas costas dos eleitores e muito menos ainda das aglomerações dos comícios. Com certeza a pandemia avacalhou bastante com os projetos e estratégias dos candidatos.
Mas, além disso, outra coisa que também é normal no período eleitoral é a grande presença de candidatos ditos evangélicos — muitos deles, inclusive, pastores e/ou integrantes da liderança evangélica —, quer seja através de legendas partidárias da direita, do centro ou da esquerda — mesmo que a pauta política e o bojo ideológico dos partidos da esquerda, sejam essencialmente opostos aos princípios que são balizadores da fé cristã. Daí, sempre nos vêm algumas perguntas:
Mas, além disso, outra coisa que também é normal no período eleitoral é a grande presença de candidatos ditos evangélicos — muitos deles, inclusive, pastores e/ou integrantes da liderança evangélica —, quer seja através de legendas partidárias da direita, do centro ou da esquerda — mesmo que a pauta política e o bojo ideológico dos partidos da esquerda, sejam essencialmente opostos aos princípios que são balizadores da fé cristã. Daí, sempre nos vêm algumas perguntas:
- Política e religião se misturam?
- É lícito o envolvimento de cristãos com e/ou na política?
- Acredita-se que todo político é corrupto (ou certamente, mais cedo ou mais tarde, irá se corromper), sendo isso uma verdade, como fica o cristão que está envolvido com a política?
Fé e Polêmicas no palanque
Política é sempre um tema que, especialmente no meio cristão, causa polêmicas quando abordado. É que, além das divergências ideológicas e defesas fervorosas comuns a esse debate, nós crentes somos bombardeados com um conceito que "política e religião não se misturam". "Pastor não deveria se envolver em política", ou "o Estado é laico, e não deve ter interferência da religião", são outras frases comuns no meio daqueles que pensam, ou apenas repassam o pensamento, que o cristão em geral não deveria ser uma pessoa politizada. Vamos ver o que a Bíblia, nossa história e a lei de nosso país têm a declarar sobre essa questão.
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento são ricos em passagens que mostram como os profetas e servos de Deus se posicionaram publicamente contra injustiças sociais. Muitas vezes eles se pronunciaram especificamente contra a pessoa de um governante, seja pela sua corrupção como líder, ou pelo seu desvio moral na vida íntima. O profeta Amós questionou claramente a política corrupta de Israel (5:7-15). João Batista denunciou a imoralidade de Herodes (e isso custou literalmente sua cabeça — Marcos 6:14-29). Em Oséias 8:2-4, o profeta afirmou que Deus estava insatisfeito com os líderes que seu povo havia escolhido (e nos nossos dias também pode ficar...). Daniel foi levantado por Deus para aconselhar o corrompido e ímpio rei Nabucodonosor (2, 4). E a lista continua…
Omissão em nome de Deus
São tantos problemas em nossa sociedade, que muitas vezes escolhemos o caminho da omissão. Ficamos "anestesiados", insensíveis à maldade e à injustiça. O profeta Jeremias nos advertiu a respeito dessa inércia:
"Ele defendeu a causa do pobre e do necessitado, e, assim, tudo corria bem. 'Não é isso que significa conhecer-me?', declara o Senhor. 'Mas você não vê nem pensa noutra coisa além de lucro desonesto, derramar sangue inocente, opressão e extorsão'" (22:16,17).
Tiago afirma que aquele que sabe o bem que deve fazer, e não faz, comete pecado (4:17). O apóstolo Paulo também nos alerta:
"Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz [reprovai-as — ARA]. Porque aquilo que fazem em oculto, até mencionar é vergonhoso" (Efésios 5:11,12).
A importância do voto consciente do cristão
Existe muita coisa, tramitada em oculto, nos bastidores de nosso governo, que até mencionar neste texto seria vergonhoso. E uma das formas mais poderosas de reprovar essas obras, depois da oração e da pregação da verdade, é a urna eleitoral: nosso voto é uma forma poderosa de reprovar aquilo que nós não concordamos na sua nação.
"Não me envolvo em política, porque é muito suja", dizem alguns. Mas se os justos se calarem, o mal vai se multiplicar (Habacuque 1:2-4). Alguém que não se incomoda com sujeira vai se envolver na política, e depois você vai provar da sujeira dele no dia-a-dia! Outros pensam: "não me envolvo na política, para me preservar puro e não me contaminar". Veja o que a Bíblia diz sobre isso:
"Façam tudo sem queixas nem discussões, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis NO MEIO [não fora!] de uma geração corrompida [corrupta] e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo, retendo firmemente a palavra da vida..." (Filipenses 2:14-16a — ÊNFASE e [acréscimos] meus).
É justamente no meio das trevas que a luz faz a diferença (Mateus 5:16)! Quando afirmo categoricamente que todo cristão deve ser politizado, não quero dizer que seja necessariamente um candidato político, filiado a um partido, que faça militância, campanha ou seja assessor de uma entidade do governo. O principal envolvimento político de um crente é seu exemplo individual de cidadania! Quando ele não fura fila, não sonega impostos, não faz "gatos" em redes de água, telefonia, internet, TV a cabo e/ou energia elétrica, não "bate o ponto" para outro no trabalho, não aceita um "troco" errado..., já está fazendo diferença na sua geração.
A influência histórica do cristianismo na política
É impossível negar a influência histórica do cristianismo na política. Desde o seu nascimento, a afirmação que Jesus era o Rei dos reis já tinha um tom e consequências políticas, pois havia um "rei", chamado César, que não gostava dessa ideia. Vamos aos fatos:
- Foi o cristianismo que, em 375 dC, tornou ilegal o infanticídio, o aborto e o abandono de crianças no Império Romano (muito antes do atual e tão aclamado Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA).
- Foi o cristianismo que acabou com a morte de gladiadores nos espetáculos (muito antes dos órgãos modernos de direitos humanos).
- Foi a influência cristã que gerou os primeiros hospitais e universidades do mundo ocidental.
- Foi a Reforma Protestante que acabou com a Idade Média e lançou as bases para o Capitalismo.
- Foi a cultura judaico-cristã que moldou a atual sociedade européia e americana. Foi um missionário cristão, William Carey (☆1761/✟1834), que acabou na Índia com o Sati (ritual onde as viúvas eram queimadas vivas no enterro de seus maridos) em 1829, muito antes dos órgãos feministas ganharem expressão.
- Foi por causa de sua conversão que o evangélico William Wilberforce (☆1759/✟1833) liderou o movimento que acabou com o comércio de escravos no Império Britânico e no mundo (muito antes dos movimentos trabalhistas modernos).
- Martin Luter King (✰1929/✟1968), o maior ativista dos direitos civis dos negros nos EUA e no mundo, era um pastor batista.
O equilíbrio entre a licitude e a conveniência
A lei de nossa nação, em nenhum momento, proíbe os cristãos ou ministros religiosos de se expressar politicamente. O artigo 5 da Constituição diz que
"todos são iguais perante a lei",que
"é inviolável a liberdade de crença", "é livre a expressão de atividade intelectual",
e que
"ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política...".Mas e o "Estado Laico"? O Estado (conjunto de instituições que organizam e atendem a nação) não tem uma religião oficial (é laico), mas não é CONTRA as religiões (laicista). A própria Constituição Federal tem o seguinte texto no seu preâmbulo (abertura):
"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL" (grifo acrescentado).
Uma citação de Deus na Carta Magna, ou um crucifixo num órgão público, ou uma aula de religião numa escola pública, não fere a laicidade do Estado! Ser laico não significa ser CONTRA as religiões, mas ser NEUTRO, permitindo a expressão da religião do povo.
Isso porque, apesar de o Estado ser laico, a nação (povo) não é laica. O Estado é laico, mas a Política não é laica! A política é a manifestação dos valores e crenças de um povo, que tem religião. Um político é um representante do povo, e o povo não é laico. Eu quero ser representado no governo por valores cristãos. Tenho esse direito legal, e vou exercê-lo!
Veja na Bíblia como o apóstolo Paulo entendia seus direitos de cidadão romano, e como usou esses direitos a favor da pregação do Evangelho (Atos 22:22-29). E você? Conhece seus direitos como cidadão brasileiro? Vai usar esses direitos para promover a causa de Cristo? Existe muito crente acuado, calado, com medo de expressar suas convicções, mas chegou a hora de você despertar!
Sim, sabemos que somos em primeiro lugar cidadãos dos céus (Fp 3:20). Mas também somos cidadãos da terra! Sim, sabemos que a oração é nossa primeira e principal arma para mudar a nação (2 Crônicas 7:14; 1 Timóteo 2:1-4). Mas não é a única! Entenda seus direitos celestiais, mas entenda seus direitos na terra. Lute por eles, dentro do que a lei do seu país ensina, e principalmente do que a lei absoluta e imutável da Palavra de Deus nos orienta. Fazendo isso, certamente teremos uma nação mais justa, próspera, e favorável ao crescimento do Evangelho nos próximos anos.
"Feliz [bem-aventurada — ACF] é a nação [povo] cujo Deus é o Senhor" (Salmo 33:12)!
Conclusão
Minhas considerações finais
Podemos então perceber que alterações políticas e econômicas, tendem a provocar mudanças no campo religioso e que nesse novo contexto as suas relações com a sociedade não mais permitem o luxo de uma religiosidade de evasão, pois até para sobreviver e defender as suas metas, as organizações religiosas são obrigadas a criar mecanismos de representação política mais afinados com seus interesses. A politização da Igreja é uma consequência natural da multiplicação dos espaços ocupados por ela na sociedade e do aumento de seus interesses patrimoniais, financeiros e burocráticos.
A igreja institucional não é uma exceção, pois ela precisa de um grupo de pessoas de confiança para defender seus interesses nas várias instâncias políticas, criando assim seu próprio lobby, que aqui considerarei como os "políticos de Cristo". Há um debate em andamento sobre a democratização na América Latina. O crescimento das seitas, denominações e igrejas, pentecostais ou carismáticas, é ou não é incompatível com a democracia? É claro que um debate ao redor dessa questão tem que passar necessariamente sobre o que é democracia, superando assim os limites deste texto e do tempo disponível. Mas, talvez a questão básica possa ser melhor expressa nestas perguntas: o movimento pentecostal abre caminho para uma nova onda democratizante cristã no Brasil?
É interessante também observar que o comportamento dos "políticos de Cristo" não passa pela valorização do sistema partidário e nem de possíveis ideologias políticas. Pesa no comportamento deles, enquanto políticos, as demandas corporativas oriundas de suas respectivas denominações e crenças professadas. É importante não perder o apoio delas, pois sem elas o "político de Cristo" nada é, e perde a função de locutor de um discurso que não lhe pertence. O "político de Cristo", tal como o pastor, "o homem de Deus", é uma figura vazada, que a instituição, as massas ou as circunstâncias preenche.
- Escrevi mais sobre este assunto ➫ aqui.
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.
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