Em anos eleitorais a pergunta é sempre a mesma: pode o cristão se envolver com política? A resposta é simples: não só pode, como deve. Apesar de alguns cristãos se envolverem de forma errada na política, para defenderem apenas suas próprias causas, o fato é que Deus nos chama a olhar para o pobre e aflito, para defender o direito do necessitado.
Somos chamados a pregar um evangelho para o homem integral. Muitos pregam apenas algo espiritual, porém o Pai Nosso nos direciona a dizer:
"Venha o Teu Reino."
Somos chamados a implantar o Reino de Deus aqui, através de nós. Devemos pregar a salvação, mas ao mesmo tempo, é impossível oferecer o pão espiritual, se as pessoas estiverem morrendo de fome.
Outro fato que preocupa é o de muitos líderes evangélicos [literalmente] vestirem a camisa do candidato A ou B e ficar fazendo campanha nos púlpitos de suas igrejas. Há os que cometem o absurdo de permitirem que candidatos discursem e façam campanha em cima do altar. Isso é inadmissível, pois o altar é (ou ao menos deveria ser) local exclusivo de se pregar a Palavra de Deus e não um palanque para comícios eleitoreiros.
Outro problema é o dos líderes tentarem (e em muitos casos, devido à alienação do povo, conseguirem) influenciar no voto de seus liderados. Peraí! Caros ilustríssimos senhores "patriarcas", "apóstolos", bispos, pastores, arcanjos, querubins, serafins, semi-deuses... O VOTO É PESSOAL E SECRETO!!!
Seja lá quem for e que título tenha, ninguém tem aval dos céus para "revelar" em quem alguém deva ou não votar. Isso não é bíblico, e muitas vezes quando alguém está indicando uma pessoa é porque tem interesses em algum tipo de favor, seja para sua congregação, seja para sua denominação. Porém, política não é algo que deva olhar por uma ou outra camada da sociedade, mas por toda a nação.
Criticamos os homossexuais que elegem representantes do seu grupo, para legislarem em causa própria – o que é ética, moral e constitucionalmente errado – e acabamos fazendo a mesmíssima coisa. Ora, que tipo de justiça é essa? O parlamentar – pertença ele a que segmento seja da sociedade – tem a obrigação de defender causas que beneficiem TODA A NAÇÃO e não específica ou exclusivamente ao grupo ao qual pertence. Muitos crentes não estão aptos a governar, podem ser excelentes pregadores, homens de Deus, mas política é vocação (por favor, em nome de Jesus, não confunda vocação com dom e, muito menos com chamado).
Há na Bíblia o registro de alguns homens que tiveram participação expressiva e importante na política, como José no Egito e Daniel em Babilônia. Na contemporaneidade há o registro de outros homens, cristãos fervorosos, que também marcaram de forma positiva sua participação na política.
- Dietrich Bonhoeffer – um pastor luterano, que fez parte da resistência alemã, e não se rendeu ao nazismo, antes lutou com todas as suas forças para que o nazismo fosse extinguido. Foi preso e morto por enforcamento pouco antes de Hitler se suicidar.
- Martin Luther King Jr – se envolveu em um Movimento dos Direitos Civis dos Negros com uma campanha de não violência e amor ao próximo. Mostrando que todos somos iguais perante Deus e foi o homem mais jovem a conquistar o Prêmio Nobel da Paz, pouco antes de ser assassinado. É dele a frase “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.
- Willian Wilberforce – Foi o líder do movimento abolicionista do tráfego negreiro e lutou contra isto quando era uma forte comércio na Inglaterra. Durante 20 anos, ano após ano tentou a abolição, até que em 1807 conseguiu aprovar no parlamento o Ato contra o Comércio de Escravos, sendo aplaudido de pé por todos presentes.
Conclusão
Deus nos chama a uma causa. Não dos evangélicos, mas dos aflitos, dos oprimidos, dos pobres, daqueles que precisam de representantes que os defendam (Salmos 14:12, 72:13)! Não devemos ter segregação em nosso país, devemos ter políticos que amem uma causa e estejam dispostos a morrer por ela, assim como estes homens estiveram dispostos. Eles não são lembrados como pastores, mas como homens que dedicaram suas vidas na política fazendo a diferença no curso da história.
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.
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