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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

DÍVIDAS: UMA BOLA DE NEVE DESCENDO O ABISMO DA INSENSATEZ


"E uma mulher, das mulheres dos filhos dos profetas, clamou a Eliseu, dizendo: 'Meu marido, teu servo, morreu; e tu sabes que o teu servo temia ao Senhor; e veio o credor, para levar os meus dois filhos para serem servos'. 
E Eliseu lhe disse: 'Que te hei de fazer? Dize-me que é o que tens em casa'. E ela disse: 'Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite'. Então disse ele: 'Vai, pede emprestadas, de todos os teus vizinhos, vasilhas vazias, não poucas. 
Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todas aquelas vasilhas, e põe à parte a que estiver cheia'. Partiu, pois, dele, e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e eles lhe traziam as vasilhas, e ela as enchia. 
E sucedeu que, cheias que foram as vasilhas, disse a seu filho: 'Traze-me ainda uma vasilha'. Porém ele lhe disse: 'Não há mais vasilha alguma'. Então o azeite parou. Então veio ela, e o fez saber ao homem de Deus; e disse ele: 'Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto'" (2 Reis 4:1-7, grifo meu). 
"A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei" (Romanos 13:8, grifo meu).
O primeiro texto que uso como base para este artigo é sempre usado dando ênfase no milagre operado por Deus, através da vida do profeta Eliseu, mas o que vou chamar a atenção aqui, é justamente pela situação difícil na qual o marido dessa senhora a deixou, após o seu falecimento. E, o mais importante, se tratava de um "crente", uma pessoa de relevância religiosa em sua comunidade.
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Antes de discorrer sobre o tema, vou compartilhar com você um episódio do qual eu mesmo participei. 

Certa feita, após uma reunião de culto, um amado irmão me procurou desesperado, pedindo que eu orasse por ele, pois estava envolvido em um número muito grande de dívidas e preso no mínimo do cartão de crédito. O irmão me disse que "o inimigo tinha se levantado" contra a vida financeira dele e que ele já não sabia mais o que fazer, por isso era para eu orar "amarrando aquele demônio". 

Eu ouvi atenta e pacientemente a narrativa do irmão e quando ele terminou eu disse a ele: irmão, você quer mesmo que eu te ajude? Ele respondeu que sim. Eu pedi a um obreiro que me providenciasse uma tesoura. O irmão, sem entender, me perguntou o que eu faria com o objeto. Eu disse a ele: você está com seu cartão de crédito aí na carteira? Se sim, me dê ele aqui que, ao invés de "amarrar o demônio que está se levantando contra sua vida financeira", eu vou fazer melhor, vou cortá-lo ao meio. O irmão ficou me olhando um pouco constrangido, mas entendeu bem o recado. 

Um abismo, que chama outro abismo, que chama outro abismo...


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Sempre que conto essa história, as pessoas acham engraçado e riem, mas, sejamos sinceros, muitos são os que conhecem de perto essa realidade. O abismo dos problemas financeiros faz com que mesmo trabalhando muito, o dinheiro que entra na conta bancária de muitas pessoas mal dá para pagar as dívidas, aluguel e compras do mês.

E a chegada do fim do ano pode se tornar uma armadilha para os brasileiros. Presentes, viagens e festas são os principais pretextos para o consumismo desenfreado nesta época. Somadas a boletos e parcelas do cartão de crédito, esse tipo de despesa pode contribuir para aumentar ainda mais a dívida de milhões de pessoas. 

Tem um ditado que diz que quando as dívidas entram por uma porta, o amor sai por outra. E isso é a mais pura verdade. Essa situação gera diversas brigas dentro de casa  inclusive até com agressões físicas . Esse tipo de situação, além dos conflitos e problemas conjugais e familiares, também afetam a saúde mental, física e espiritual.  São momentos de muita dor, de muita briga, muita luta, porém, em vão. Quando a pessoa vê, já está escravo daquela situação de impotência, de sofrimento e de não ter uma saída, de não ter uma solução para aquele problema e se encontra escravizada pelas dívidas.

Cuidado com as armadilhas


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Dados de especialistas em economia apontam que o Brasil tem hoje 63,2 milhões de consumidores inadimplentes, segundo a Serasa Experian. Será que dá para fazer algo diferente desta vez? É possível aproveitar as últimas semanas do ano para reorganizar as contas e se livrar das dívidas?

Consultores e educadores financeiros explicam que o primeiro passo é ser realista. De acordo com eles, é sempre importante lembrar que dívida é sintoma, não é doença. As dívidas são consequência de alguma situação, então a pessoa precisa descobrir a origem, que pode estar relacionada à falta de renda, a um imprevisto ou ao estilo de vida incompatível com os ganhos.

O que fazer

Acertando as contas


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Para quem já está endividado, a dica é tentar evitar compras desnecessárias. Precisamos repensar os gastos de fim de ano. Eu recomendo que as pessoas não cedam às pressões do comércio. Em novembro — impulsionada pela tal da Black Friday (escrevi sobre esse tema: ➫ aqui, ➫ aqui e ➫ aqui) e dezembro — impulsionada pela tradicionais festas natalinas e de virada de ano , a balança tende para o vendedor. Se precisar comprar algo, espere as liquidações de janeiro.

Antes de renegociar as dívidas, é fundamental fazer as contas de todas as despesas fixas e dívidas. O próximo passo é organizar o orçamento para 2020, anotando todas as contas, impostos e parcelas pendentes.

Você precisa fazer um planejamento para saber qual é a sua verdadeira capacidade de pagamento e quanto sobra para pagar as dívidas. Ao renegociar uma dívida, você faz uma nova dívida.

Cartão, o vilão


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Os economistas e consultores de empresas destacam que as compras no crédito podem dar origem a muitas dívidas. Segundo eles, hoje temos uma quantidade enorme de devedores porque há facilidade de crédito. Quanto mais fácil o crédito for, pior para o consumidor, que é influenciado a gastar mais, uma vez que os cartões dão um poder de compra na maioria das vezes incompatível com a real condição financeira do consumidor. Muitos não percebem que os juros do crédito são muito altos e que não pagar as parcelas significa assumir uma dívida enorme.

Não empreste seu nome


Emprestar o nome para que outras pessoas façam compras também é perigoso. Se você empresta o seu cartão de crédito, por exemplo, a dívida é feita em seu nome. Ao mesmo tempo, se a pessoa está pedindo, em geral ela não tem dinheiro e terá dificuldades para pagar o empréstimo.

A escravidão da dívida


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De volta à história bíblica podemos perceber todos os conflitos, angústias e apertos que as dívidas podem trazer para uma família. Separação, escravidão e grande temor.

Vivemos no meio de uma sociedade consumista e vaidosa. Muitas dívidas são contraídas apenas por inveja, por causa do "status social", por causa do impulso consumista estimulado pelas propagandas da mídia. Há constantemente propostas do tipo: 
  • "Compre agora e pague depois em suaves prestações mensais"; ou 
  • "Compre sem entrada e pague daqui a dois meses".
Depois da compra feita se descobre que a cobrança chega mais rápido que o salário e que as prestações não são tão suaves como falaram…

O "marketing" de vendas tem a proposta de "encantar" o cliente e fazê-lo sonhar com seu produto e desejar possuí-lo. E as pessoas compram o que não precisam com o dinheiro que não têm. Usam cartões de crédito, cheque especial e empréstimos pessoais para adquirir bens não duráveis, que irão lhes custar tão caro…

Uma pesquisa norte-americana divulgou dados afirmando que 56% dos divórcios nos EUA são resultantes de dívidas e pressões financeiras. Sabemos que as dívidas trazem acusações nas conversas entre os casais e muito atrito. 

Muitas decisões precipitadas, como, por exemplo, pegar empréstimos para pagar dívidas, acabam piorando a situação e trazendo desconforto nos relacionamentos. Geram irritação, impaciência, ira e descontrole emocional. E muitas doenças psicossomáticas vêm por causa de dívidas. Como ficar livre delas?

O que a Bíblia nos diz sobre as dívidas


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Paulo escreve aos irmãos de Roma que se abstenham das dívidas (Rm 13:8), o segundo texto que uso como base para este artigo. Nesta orientação de Paulo, podemos perceber a direção para uma vida livre dos laços das dívidas: voltar os olhos para o próximo e não apenas para si e para as próprias "necessidades". Quando amamos de fato então não nos preocupamos com coisas supérfluas que são apresentadas nas propagandas para as massas.

A dívida realmente escraviza, conforme o texto de Provérbios: 
"O rico domina sobre o pobre, e o que toma emprestado é servo do que empresta" (22:7). 
Nos ensinos de Moisés para o povo de Israel, a dívida se apresenta como maldição decorrente de desobediência (Deuteronômio 28:15; 43,44). Tiago adverte, em sua Carta, a respeito da presunção do coração do homem (4:13-15), quando este diz: 
"Atende agora, vós que dizeis: 'Hoje, ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros'. 
Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: 'Se o Senhor quiser, não só viveremos mas faremos isso ou aquilo'."
Quando o Senhor está no controle da vida do crente, o milagre do suprimento acontece. Devemos orar apresentando as nossas necessidades e permitir que Deus opere de forma maravilhosa. 
"Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças" (Filipenses 4:6).

O custo real das dívidas


As dívidas que são mais comuns estão relacionadas ao cartão de crédito, cheque especial e financiamentos diversos. As taxas de juros cobradas ao mês são altas, em ordem crescente: empréstimos pessoais nos bancos, crediário, cheque especial, cartão de crédito e financeiras. 

Conclusão

Como se libertar das dívidas


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Ore, busque ao Senhor antes de fazer qualquer compromisso financeiro. Peça ao Senhor um aumento em seus rendimentos. Seja fiel em seus compromissos financeiros com a igreja. 

Espere a direção do Senhor quanto ao pagamento de suas dívidas. Faça um orçamento de suas despesas, relacionando os gastos todos (grandes e pequenos). Corte gastos supérfluos. Por algum tempo você terá que mudar radicalmente seu estilo de vida. 

Não pague dívida com dívida. Pague as dívidas menores primeiro e negocie com os credores o parcelamento de seus débitos maiores. Não faça mais dívidas. Livre-se de cartão de crédito e do cheque especial. Procure comprar somente à vista.

Seja satisfeito com o que você já tem. Compre somente o que for realmente necessário. Faça uma separação entre o desejo e a necessidade.

A Deus, toda glória. 
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