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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

ALCOOLISMO: MAIS QUE UM VÍCIO, UMA ENFERMIDADE

É do conhecimento de todos que enfrentamos uma realidade que atinge milhares de pessoas – homens, mulheres, adultos, jovens e adolescentes: o alcoolismo. Muitos pensam que isso não é um problema, mas sim, uma decadência moral ou um pecado. 

Entretanto, esta é uma forma muito simplista de encarar as coisas isso porque na verdade o alcoolismo é uma doença crônica e que tem que ser tratada. Por isso, o alcoólatra é uma pessoa que precisa ser orientada a não buscar no álcool uma possível fuga para seus problemas. 

Muitos foram os artistas que tiveram graves problemas com o alcoolismo, como por exemplo, os cantores Renato Russo (✰1960/✞1996), Cazuza (✰1958/✞1990) e o ator Fábio Assunção, que está sempre protagonizando lamentáveis episódios amplamente divulgados na mídia por estar sob o efeito de álcool e de outras substâncias químicas.

Será que nós, pastores e pastoras já tomamos uma posição diante deste problema, sendo que, as pessoas das nossas igrejas não estão isentas desta doença? Será que nós temos uma proposta pastoral para este tipo de doença? Mais cedo ou mais tarde, certamente estaremos nos deparando com pessoas que sofrem desse problema e teremos que estar preparados para podermos fazer algo por eles. Saber viver bem é uma arte que poucas pessoas conhecem.

O falso brilho do primeiro copo e o papel bíblico da Igreja


O alcoolismo tem atingido amplamente a sociedade, e a mesma torna-se inoperante frente ao problema e não sabe lidar com tal fato. Aliás, o que vemos por parte de alguns setores da sociedade é uma falsa glamourização do hábito de beber através de filmes, novelas e peças publicitárias. 

Como Igreja, somos chamados à dar uma resposta cristã a esse fato tão grave que envolve homens e mulheres, independente da situação financeira, social, moral, religiosa. 

Ao estudarmos os Evangelhos, vemos que Jesus se identificou com os grupos marginalizados de sua época, onde destacamos os pobres, os famintos, os aflitos, os cegos, os leprosos, os surdos, as mulheres, prostitutas, crianças, etc. Em momento algum ou em nenhuma situação Ele se omitiu, muito antes pelo contrário, identificava o problema com firmeza, porém sem acusação, mas sempre levando uma mensagem de amor e uma opção de mudança, de transformação de vida.

Segundo a Bíblia, somos criados de um modo assombrosamente maravilhoso (Salmo 139:14-16) Como Criador, Deus pede a todos os que o servem algo muito importante:
"Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus" (2 Coríntios 7:1).
Embora o contexto de 2 Coríntios 7:1 esteja provavelmente relacionado com impureza advinda da idolatria, não acho um exagero "esticar" a interpretação de "purificarmo-nos de toda impureza da carne e do espírito" ao modo como muitos estão escravizados ao álcool e às drogas. Eles têm sido a razão de viver (ou de morrer) de muitos. E como tudo começa? A maioria dos viciados admitem que experimentaram drogas e álcool graças às más companhias (1 Co 15:33).

Deus quer que apresentemos os nossos corpos a Ele da seguinte forma:
"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:1, 2).
Como Igreja, ao exemplo de Jesus, precisamos ajudar os viciados a terem uma nova visão de mundo e não olharem para a vida nos termos desse século. E o maior desafio é fazer isso nos desarmando dos preconceitos, do sentimento de superioridade e das acusações. 

No caso das drogas, desde a mais fraca até a mais terrível, todas elas destroem a vida quantitativa e qualitativamente. E visto que cada vez o indivíduo deseja uma droga mais forte, valeria a pena começar com a "mais fraca", no caso, o álcool?

Quanto ao álcool, alguns afirmam – inclusive muitos dos que se dizem "crentes" – que beber um pouco em casa não fará mal a ninguém. Mas todos os alcoólatras começaram com um pouco. Será que a Bíblia permite o seu uso? Paulo, ao escrever a Timóteo, aconselhou-o:
"Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades" (1 Timóteo 5:23).
Muitos veem nessa passagem uma licença, um respaldo, uma desculpa para beber álcool (cerveja, caipirinha, vinho – principalmente este –, vodca, etc). Todavia, parece que o texto apresenta um sério motivo para se beber vinho. Mas, fazendo uma análise contextual, entendemos que o texto diz que Timóteo não devia beber somente água.

Na época, não havia água encanada, muito menos tratamento para ela. Talvez a água da cidade em que Timóteo morava não fosse boa para se beber, e esta piorasse os problemas estomacais de Timóteo. Para esse fim medicinal, Paulo aconselha-o a usar "um pouco" de vinho. Com certeza, nada a ver com beber socialmente. O contexto é dietético-medicinal.

Sobre o vinho, escreveu O Dr. Salvatore P. Lucia (✰1901-✞1984), que foi professor de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia – e ele não foi qualquer um, o Dr. Lucia foi Professor Emérito de Medicina Preventiva e Medicina e Professor de História e Bibliografia Médicas, um dos médicos e educadores médicos mais ilustres da Universidade da Califórnia: 
"O vinho é amplamente usado no tratamento dos distúrbios do sistema digestivo. [...] O teor de tanino e as moderadas propriedades anti-sépticas do vinho o tornam valioso no tratamento das cólicas intestinais, da colite mucosa, da constipação espástica, da diarreia e de muitas doenças infecciosas do trato gastrointestinal."
Assim, ao desejar beber álcool, pergunte-se: Para que fim medicinal desejo ingeri-lo? Mas não é só isso. 

Jesus, bêbado?


No afã de justificar o uso de bebidas alcoólicas, alguns cristãos mencionam o fato de Jesus ter transformado a água em vinho (João 2:9-11). Não entrando nos meandros especulativos sobre o teor alcoólico de tal vinho (isso é coisa para imbróglios teológicos, dos quais eu quero distância), o texto mostra que Jesus fez esse milagre para manifestar a sua glória e para que seus discípulos cressem nEle. 

Assim, quando bater em você uma vontade de ingerir álcool, pergunte-se: a glória de quem quero manifestar bebendo álcool e a quem desejo converter? Em quem eu quero que as pessoas creiam com essa minha atitude? 

Portanto, siga a Bíblia, e não dê o primeiro passo dado por todos os drogados e alcoólatras – o primeiro gole ou a primeira "cheirada". 

O que nossas igrejas estão fazendo por essas pessoas? Confesso que poderíamos fazer mais. Só orar não adianta. É preciso diálogo na família – pois em casos de dependência química, a família também adoece junto com o dependente – sobre o assunto, palestras ou seminários nas Igrejas sobre o tema, onde se inclua testemunhos de quem está vencendo o problema do vício. Acima de tudo, aos que ainda apresentam problemas com drogas e álcool, o amor de Deus deve predominar no modo de lidar com essas pessoas.

Conclusão 


Todos os homens e mulheres precisam de gestos de carinho, amor, compreensão, inclusive um alcoólatra que tornou-se conscientizado e desejoso de mudar de vida, ou seja, sarar de sua doença – aliás, este é outro problema? a maioria dos alcoólatras não aceitam sua condição de alcoólatra e/ou de um doente crônico. Infelizmente a maioria dos alcoólatras não sabem como beneficiar-se da graça, do amor, do consolo e da orientação de Deus. 

Após reafirmarmos a ação de Deus junto aos alcoólatras que O buscam, ajudando-os, mostrando novos caminhos, percebemos que se faz necessário uma Ação Pastoral do Povo de Deus. Somos como Igreja chamados(as) a sermos caminho do povo até o encontro com Jesus. Portanto devemos mostrar afeto. O afeto, o amor não se inventa. Ele é sentido, nasce do coração. A Igreja é chamada a ter esse amor, esse afeto por todas as pessoas que necessitam da ação de Deus. 

É importante, dentro da Pastoral, desfazermos a atitude de apontadores de pecado e mantermos uma relação de valorização do ser humano e sermos aqueles(as) que vivem e distribuem graça e esperança. O alcoólatra, normalmente, é pessimista e desesperançoso. A função pastoral não é fornecer um conforto jovial e falso, sem nenhuma convicção, mas através de pequenas e várias estratégias, ajudar o alcoólatra a estabelecer sentimentos de melhora. 

Apesar não ser um especialista no assunto, foram apontados nesse breve artigo alguns caminhos para que se possa trabalhar com um alcoólatra. Naturalmente, tudo o que foi abordado aqui não é suficiente para um acompanhamento mais enriquecedor com um alcoólatra, mas são algumas pistas iniciais, digamos assim, para se trabalhar com um doente alcoólico.

[Fonte: CARSON, D. A. "Comentário Bíblico Vida Nova". Página 1731. Editora Vida Nova. 2009; LUCIA, Salvatore P., "Wine as Food and Medicine (Vinho Como Alimento e Remédio)". Editora Lippincott. 1963. página 58.]

A Deus, toda glória. 
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