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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

RACISMO E SUPREMACIA BRANCA: UM PROBLEMA SOCIAL, UM DESAFIO CRISTÃO

"Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gálatas 3:26-28).
"Não tem racismo no Brasil." Eu já ouvi algumas pessoas fazendo essa afirmação. Como parte integrante da extensa comunidade negra brasileira, devo dizer que quem faz esse tipo de afirmação está cometendo um lamentável "equívoco". É difícil que algum(a) negro(a) não tenha sido vítima - explícita ou veladamente - de algum tipo de discriminação por causa da cor de sua pele.

E o que não faltam são registros de fatos que deixam claro a triste realidade de que o racismo brasileiro assume cada vez mais a sua cara, sem ligar para os antigos véus da "democracia racial" que as elites racistas tentavam lhes cobrir. 

A ocorrência mais recente que causou indignação em grande parte da sociedade, foi a dos dois torcedores do Atlético Mineiro, no clássico contra o Cruzeiro, que aconteceu no estádio do Mineirão, aqui em Belo Horizonte (MG), no último domingo, (10/11). Em imagens que vilarizaram nas redes sociais, os dois irmãos são flagrados em meio a uma confusão generalizada agredindo um segurança do estádio com frases de cunho racistas. Com a grande repercussão do caso, os dois agressores foram rapidamente identificados e responderão ao inquérito pelo crime de injúria racial. 

A diferença entre racismo e injúria racial


A cada dia que passa cresce o número de vítimas que sofrem com o crime do racismo e de injúria racial, nas ruas, nos campos de futebol, nas escolas e principalmente nas redes sociais, que se tornou o maior ponto de encontro entre pessoas que compartilham interesses em comum. E por acharem que a internet é uma terra sem lei, agridem com palavras de baixo calão, ofendendo uma pessoa ou um grupo de pessoas, por sua cor, religião, oposição sexual e etc. 

  • O crime de racismo está previsto na Lei n.º 7.716/89 - e ocorre quando as ofensas praticadas pelo autor atingem toda uma coletividade, um número indeterminado de pessoa, ofendendo-os por sua "raça", etnia, religião ou origem, assim, impossível saber o número de vitimas atingidas. A pena prevista é a reclusão de um a três anos e multa e é inafiançável.
  • O crime de injúria racial está previsto no artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal - e ocorre quando o autor ofende a dignidade ou o decoro utilizando elementos de "raça", cor, etnia, religião, condições de pessoas idosas e portadores de deficiência. Neste caso, diferente do racismo, o autor não atinge uma coletividade, e sim a uma determinada pessoa, no caso, a vitima. Já a pena prevista é detenção de um a seis meses ou multa e é possível o pagamento de fiança.
Conclui-se, então, que o crime de racismo e injúria racial, apesar de serem parecidos e confundidos na sociedade, possuem significados e penas bem distintos. Ao praticarem estes crimes, os autores não tem dimensão do mal que podem causar às vítimas, além de estarem desrespeitando a Constituição Federal que busca uma sociedade igualitária e democrática. 

Os fatos X os argumentos 

Lá como cá 


A população negra sempre viveu na própria pele a violência da discriminação e do preconceito racial, seja com a polícia revistando quem tem pele preta ou matando jovens negros nas comunidades, ou ainda com a violência da invisibilidade da população negra em nossa sociedade, como no mercado de trabalho, da "ausência" do negro na nossa cultura e nos meios de comunicação. Contudo, os fatos provam que essa aberração não tem limites e nem fronteiras. 

Em 1934, um grupo de cristãos na Alemanha nazista assinou a "Declaração de Barmen", se opondo à ideologia nazista e considerando-a contrária ao Evangelho. Oitenta anos depois, os cristãos dos Estados Unidos sentem a necessidade de fazer o mesmo. 

Mais de 400 especialistas em ética cristãos e outros teólogos assinaram o documento "A Statement from Christian Ethicists Without Borders on White Supremacy and Racism", uma declaração do grupo de especialistas em ética cristãos sem fronteiras sobre supremacia branca e racismo. 

Organizada por quatro professores de ética e datada de 14 de agosto de 2017, a declaração considera a 
"ideologia racista, antissemita, antimuçulmana e neonazista como um pecado contra Deus que divide a família humana criada à imagem de Deus". 
A principal preocupação dos organizadores eram - assim como na Alemanha nazista - os envolvidos em movimentos de supremacia branca, entre outros movimentos, que afirmam ser cristãos. 
"É uma versão distorcida do cristianismo"
disse Tobias Winright, professor de ética em saúde da Universidade de St. Louis e fundador do grupo "Ethicists without Borders" (Especialistas em Ética sem Fronteiras), que organizou o comunicado.

A declaração se concentra nos especialistas em ética cristãos 
"porque é um problema cristão"
disse ele.
"A supremacia branca e o racismo negam a dignidade de cada ser humano revelada através da Encarnação. O mal da supremacia branca e do racismo deve ser encarado diante da figura de Jesus Cristo, que não pode ser confinado a nenhuma cultura ou nacionalidade"
diz a declaração.

Ela associa o antissemitismo e o racismo ao nacionalismo, incluindo a doutrina "America First" (Estados Unidos em primeiro lugar), que ele chama de "erro grave de idolatria" porque 
"pede, de forma absurda, para que os estadunidenses substituam o culto a Deus pelo culto à nação". 
"Gostaríamos de afirmar claramente que esses pontos de vista são heréticos para o evangelho cristão"
disse Anna Floerke Scheid, professora de teologia na Universidade Duquesne, em Pittsburgh, uma das organizadoras.

Ela e outros do grupo ficaram decepcionados com a resposta morna do clero e de outros líderes religiosos após eventos de carga racista, até mesmo antes de Charlottesville
"Há uma separação do que está acontecendo nas ruas e o que está acontecendo nas igrejas"
afirmou.

Mesmo a reação dos líderes católicos à violência em Charlottesville não corresponde à força do ensino anterior da Igreja contra o racismo e o antissemitismo, disse Matthew Tapie, diretor do Centro de Estudos Católico-Judeus na Universidade St. Leo, na Flórida, e também organizador da declaração. 
"Acredito que estamos numa situação de emergência e precisamos de uma denúncia mais forte"
disse.

A declaração sugere respostas ativas contra o racismo e a supremacia branca por parte de todos os cristãos, especialmente pastores, incluindo orações, trabalhando em várias tradições religiosas, participando de protestos e desobediência civil e se envolvendo em ações políticas.

Uma pesquisa informal nas redes sociais em 13 de agosto revelou que poucas igrejas abordaram os eventos em Charlottesville ou o racismo em geral, principalmente em paróquias predominantemente brancas, de acordo com MT Dávila, professor de ética cristã na Escola de Teologia Andover Newton, outro organizador.

Ele espera que a declaração - assinada por cristãos em um amplo espectro denominacional e até mesmo ideológico - dê aos pastores 
"permissão para pregar uma palavra fiel ao Evangelho, denunciando o racismo por ser uma violação do bem comum e da dignidade humana".
Em igrejas de maioria negra, no entanto, Charlottesville estava na cabeça de todos.
"É só mais uma indicação de algo que já sabemos"
disse Reggie Williams, professor de ética cristã no Seminário Teológico McCormick, em Chicago, que assinou a declaração.

Ele disse que sua linguagem forte 
"coloca no papel o significado de ser moralmente fiel a Cristo neste momento".
Mas outros signatários e organizadores esperam que ela vá além.
"Precisamos falar mais alto e ser mais pró-ativos na denúncia ao racismo em todas as suas formas." 

Conclusão


Independente de onde seja, quer aqui ou no exterior, quer nas fileiras cristãs como em qualquer outro segmento social, toda luta de identidade precisa do oxigênio da mais ampla democracia para conseguir afirmar seus espaços de poder e seus valores ideológicos. 

A democracia, e falo aqui da democracia radical, a que chega na base popular, é a luta por ela própria e da união de todos os movimentos indentitários, onde podemos destacar a luta contra o racismo, pois essa luta é de todos e todas nós, independente da fé que professamos ou mesmo de quem porventura não professe fé alguma.

Se não conseguirmos, seremos irrelevantes como Igreja.

A Deus, toda glória. 
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