Este ano os russos comemoram os 30 anos da queda do emblemático e histórico Muro de Berlim. Talvez muitos de nós brasileiros podemos pensar: "Ah, e eu com isso? Já temos os nossos problemas — e não poucos, diga-se de passagem — para nos preocupar". Mas este é um pensamento limitado e equivocado, pois esse acontecimento teve sim uma enorme relevância para a história da humanidade.
A história do muro
Muro de Berlim na Topografia do Terror
O Muro de Berlim dividiu a cidade em duas partes durante 28 anos. Conheça os detalhes da sua construção, queda e história, e descubra onde ver os restos do que se tornou o símbolo da Guerra Fria.
A construção do Muro de Berlim e especialmente sua queda fizeram parte dos momentos mais importantes da história do século XX. Este muro dividiu Berlim em duas partes durante 28 anos, separando famílias e amigos.
Antecedentes
Ao terminar a II Guerra Mundial, depois da divisão da Alemanha, Berlim também ficou dividida em quatro setores de ocupação: soviético, americano, francês e inglês. As péssimas relações entre os comunistas e os aliados foram crescendo até chegar ao ponto de surgirem duas moedas, dois ideais políticos e, finalmente, duas alemanhas.
Em 1949, os três setores ocidentais (americano, francês e britânico) passaram a se chamar República Federal Alemã (RFA) e o setor oriental (soviético) se tornou a República Democrática Alemã (RDA). Berlim ficou dividida e foram criados 81 pontos de passagem entre as duas zonas da cidade.
A construção do muro
A maltratada economia soviética e a florescente Berlim ocidental fizeram com que até 1961 quase 3 milhões de pessoas deixassem para trás a Alemanha Oriental para entrar no capitalismo.
A RDA começou a se dar conta da perda de população que sofria (especialmente de altos perfis) e na noite de 12 de agosto de 1961 decidiu levantar um muro provisório e fechar 69 pontos de controle, deixando apenas 12 abertos.
Na manhã seguinte, foi colocado um alambrado provisório de 155 quilômetros que separava as duas partes de Berlim. Os meios de transporte ficaram interrompidos e nenhum podia atravessar de um lado para o outro.
Durante os dias seguintes, começou a construção de um muro de tijolos e as pessoas cujas casas estavam na linha de construção foram desalojadas.
Com o passar dos anos, houve muitas tentativas de escapar, algumas com sucesso, o que levou à ampliação do muro até limites insuspeitados para aumentar a segurança.
O Muro de Berlim acabou se tornando uma parede de concreto com uma altura entre 3,4 e 4 metros, com um interior formado de cabos de aço para aumentar sua resistência. Na parte superior, colocaram uma superfície semiesférica para que ninguém pudesse se segurar nela.
Acompanhando o muro, foi criada a chamada "faixa da morte", formada por um fosso, um alambrado, uma avenida pela qual circulavam constantemente veículos militares, sistemas de alarme, armas automáticas, torres de vigilância e patrulhas acompanhadas de cachorros as 24 horas do dia. Tentar escapar era similar a jogar roleta russa com a arma carregada. Ainda assim, foram muitos os que tentaram.
Em 1975, 43 quilômetros do muro eram acompanhados das medidas de segurança da faixa da morte, e o resto estava protegido por cercas.
Atravessando o muro
Entre 1961 e 1989, mais de 5.000 pessoas tentaram cruzar o muro e mais de 3.000 foram detidas. Cerca de 100 pessoas morreram tentando, a última delas em 5 de fevereiro de 1989.
No Museu do Muro de Checkpoint Charlie narram as histórias mais curiosas de como as pessoas conseguiram cruzar o muro.
A queda do muro de Berlim
Restos do Muro de Berlim
A queda do muro foi motivada pela abertura das fronteiras entre a Áustria e a Hungria em maio de 1989, já que cada vez mais alemães viajavam à Hungria para pedir asilo nas diferentes embaixadas da República Federal Alemã. Esse fato motivou enormes manifestações na Alexanderplatz, o que fez com que, no dia 9 de novembro de 1989, o governo da RDA afirmasse que a passagem para o lado oeste estava permitida.
Nesse mesmo dia, milhares de pessoas se aglomeraram nos pontos de controle para poder cruzar para o outro lado e ninguém podia detê-los, o que acabou levando a um êxodo massivo. No dia seguinte foram abertas as primeiras brechas no muro e começou a contagem regressiva para o final dos seus dias. Depois de terem sido liberados, famílias e amigos puderam voltar a se ver depois de 28 anos de separação forçada.
O Muro de Berlim a as fugas para Alemanha Ocidental
O objetivo da construção do Muro de Berlim foi evitar a fuga de habitantes da República Democrática da Alemanha (socialista) para a República Federal da Alemanha (capitalista).
O Muro de Berlim a as fugas para Alemanha Ocidental
O objetivo da construção do Muro de Berlim foi evitar a fuga de habitantes da República Democrática da Alemanha (socialista) para a República Federal da Alemanha (capitalista).
O Muro de Berlim a as fugas para Alemanha Ocidental
O objetivo da construção do Muro de Berlim foi evitar a fuga de habitantes da República Democrática da Alemanha (socialista) para a República Federal da Alemanha (capitalista).
No ano de 1961, quando foi construído, cerca de mil pessoas passavam diariamente para o lado capitalista. Os meios de fuga mais comuns foram os túneis, a travessia entre prédios justapostos ao muro, em carros que furavam os bloqueios ou pelo rio.
Estima-se que 75.000 pessoas foram acusadas de deserção por tentarem fugir, das quais 18.300 foram condenadas e presas.
Mesmo após a construção do Muro, muitas pessoas evadiam a fronteira. Contudo, em 1989, os húngaros abriram suas fronteiras com a Áustria, permitindo que mais de 60 mil pessoas, especialmente alemães orientais, atravessassem por seus territórios rumo à Alemanha Ocidental.
Mortes do Muro de Berlim
Acredita-se que mais de 100 pessoas tenham morrido ao tentar atravessar o Muro de Berlim. A primeira pessoa ser morta pelos soldados tentando atravessar o muro, foi o alfaiate Günter Litfin, baleado no dia 24 de agosto de 1961, onze dias após a construção da barreira.
Em 17 de agosto de 1962, ocorre a morte mais noticiada, quando o pedreiro Peter Fechter é alvejado e falece diante das câmeras de TV. Entretanto, as mortes mais dramáticas ocorrem no ano de 1966, quando duas crianças (10 e 13 anos) são baleadas e falecem.
Por conseguinte, no dia 8 de março de 1989, o engenheiro Winfried Freudenberg cai com seu balão de gás, sendo a última pessoa a perecer ao tentar cruzar o muro.
Consequências da Queda do Muro de Berlim
Após a Queda do Muro de Berlim, os dirigentes da Alemanha Oriental afirmaram que não pretendiam unificar as duas nações. Esta união também não era vista com bons olhos por França e Inglaterra, pois a Alemanha voltaria ser o maior e mais poderoso país da Europa.
No entanto, a reunificação da Alemanha já era um processo em marcha nas ruas e nos gabinetes políticos, e ocorreu cerca de um ano depois da queda do muro, em outubro de 1990.
Naquele momento, as diferenças econômicas entre a porção ocidental e capitalista, daquela oriental e socialista eram muito grandes. A RDA encontrava-se empobrecida e precisou de recursos públicos ocidentais para chegar ao mesmo nível que o lado ocidental.
Este processo de reintegração perdura até os dias atuais, através da construção de infraestruturas, geração de empregos e incentivos fiscais.
O ruína da Alemanha Oriental se espalhou por todo o bloco comunista e todos os países da Europa do Leste mudaram de regime político. Inclusive decretou o fim da União Soviética.
Onde ver os restos do muro de Berlim
A parte mais importante que se manteve em pé está na zona conhecida como East Side Gallery. Ali podemos percorrer 1,3 quilômetro de muro decorado com impressionantes pinturas que refletem diversos acontecimentos relacionados ao muro.
Na exposição chamada Topografia do Terror, situada ao lado do Checkpoint Charlie, também é possível encontrar restos importantes do muro.
Números
• 155 km — extensão total do muro, que, além de dividir a cidade, também cercava toda a área de Berlim Ocidental;
• 4 metros — altura média do muro;
• 100 metros — extensão da chamada "faixa da morte";
• 14 checkpoints — fiscalizavam o tráfego de pessoas e mercadorias entre os dois lados;
• 302 torres de vigilância — instaladas ao longo da fronteira entre as duas Alemanhas;
• 259 recintos — abrigavam cães de guarda;
• 12 linhas de trem e metrô — interrompidas pela construção do muro;
• 193 ruas — tiveram trajetos bloqueados ou alterados;
• 193 ruas — tiveram trajetos bloqueados ou alterados;
• 136 alemães orientais — foram mortos tentando passar para o lado ocidental;
• 251 viajantes — dos dois lados morreram durante a fiscalização na fronteira separada pelo muro, a maioria de ataque cardíaco;
• 5.075 fugas — bem-sucedidas.
Conclusão
Passados 30 anos…
Conhecida como "Beijo Fraternal" (esq.), esta é uma das obras mais famosas do muro. Pintada em 1990 pelo artista russo Dmitri Vrubel, reproduz foto de 1979 do encontro entre o governante soviético, Leonid Brejnev, e o líder da Alemanha Oriental, Erich Honecker. De acordo com o autor, o título original da obra é outro: "Meu Deus, Ajuda-me a Sobreviver a Este Amor Mortal" / Getty Images
A Alemanha tornou-se o país mais pujante da Europa, porém ainda existem contrastes entre as regiões leste (ex-comunista) e oeste (capitalista). O PIB per capita do oeste é 33% maior do que o do leste.
Em 2018, o salário médio de um funcionário do oeste era de € 3.339 por mês, enquanto no leste era de € 2.600. Marcas globais, como VW, Siemens e Bayer, ficam sediadas no lado oeste, e sequer uma empresa da Bolsa de Valores de Frankfurt está no leste. Desde 1991, a população do leste encolheu de 14,6 milhões para 12,6 milhões, enquanto a do oeste cresceu de 65,3 para 69,6 milhões.
Em 2018, o salário médio de um funcionário do oeste era de € 3.339 por mês, enquanto no leste era de € 2.600. Marcas globais, como VW, Siemens e Bayer, ficam sediadas no lado oeste, e sequer uma empresa da Bolsa de Valores de Frankfurt está no leste. Desde 1991, a população do leste encolheu de 14,6 milhões para 12,6 milhões, enquanto a do oeste cresceu de 65,3 para 69,6 milhões.
East Side Gallery
O Memorial do Muro de Berlim é uma janela mantida aberta para lembrar a infâmia da Guerra Fria. É o maior trecho do Muro ainda de pé, com 1,3 km de extensão, seguindo as margens do rio Spree. Criada em 1990, a galeria é formada por 106 grafites e pinturas aplicados na face leste do muro (do lado comunista), a maioria fazendo referência aos acontecimentos políticos da época, quase todos de forma colorida e bem-humorada.
Como podemos entender, as consequências da queda do infame Muro de Berlim, em todo o seu contexto, é sim de muita importância não apenas histórica para a civilização, mas também um marco social, econômico e político.
A belíssima balada "Wind Of Change", de 1990, da famosa e clássica banda de rock alemã Scorpions, cuja letra foi inspirada nas mudanças políticas-sociais ocorridas no Leste Europeu e também no fim da Guerra Fria, é considerada um dos hinos em comemoração à queda do Muro de Berlim
[Fonte: Civitalis Berlim; Todo Matéria, por Juliana Bezerra -Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha]
A Deus, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário