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quarta-feira, 26 de junho de 2019

PERDÃO, UM DOS BENEFÍCIOS DA GRAÇA QUE NÃO SABEMOS APROVEITAR


"Perdão" - Pr. Daniel Souza & Fruto do Espírito

O perdão é importante para a vida espiritual porque envolve o amor. Quem não perdoa, atrofia a sua capacidade de amar. Mas por que é tão difícil fazê-lo? Porque, além de não sermos nem anjos nem animais – mas um composto de espírito, alma e corpo (1 Tessalonicenses 5:23) –, por conta do pecado original, tendemos a olhar para o mundo externo como para um inimigo. De fato, o demônio convenceu Adão e Eva de que o próprio Deus era seu inimigo (Gênesis 3:4,5). Por isso, o homem se fecha e tem dificuldades em perdoar e amar.


O perdão não é graça barata


Na passagem de Mateus 18 há um ensinamento sobre todo um esforço para levar o pecador a arrepender-se do que fez: 
  1. tem de se falar com ele a sós, em primeiro lugar; 
  2. depois, se a conversa não resultar, levar mais uma ou duas testemunhas; 
  3. finalmente, apresentar o caso à igreja, ao conjunto dos crentes.
Falar em perdão sem esses passos, sem esse esforço, é falar de uma caricatura do perdão, de uma "graça barata", para usar a expressão cunhada pelo teólogo alemão Dietrich Bonhöeffer. Se um homem rouba devido à sua miséria, devemos ajudá-lo materialmente, ajudá-lo a sair da sua miséria – mas ajudá-lo também a reconhecer o seu pecado, a arrepender-se e a buscar a ajuda divina. Devemos combater um sistema social iníquo que leva tantos ao crime, mas devemos lutar também para que seja a honestidade e não o crime que domine a sociedade.

Tenho ouvido várias vezes pessoas simples comentarem: 
"Temos que perdoar a todos. Nosso Senhor até à mulher adúltera perdoou!". 
É um fato: o Evangelho dá-nos conta desse perdão em João 8:1:11 – mas é necessário ler bem o texto sagrado. O texto diz-nos que todos os acusadores da mulher foram-se embora – mas ela não aproveitou para ir-se embora também e escapar a eventual reprimenda do Rabi. O seu silêncio diante de Jesus é um sinal da mudança que está operando dentro da mulher. E por fim Jesus manda-a em paz, mas diz-lhe: 
"Vai e não peques mais!"
Não peques mais, não voltes a adulterar, a fazer o que até a tua consciência te diz ser errado.

Perdão e arrependimento são indissociáveis


Em toda a Bíblia encontramos a mesma situação: o perdão é acompanhado pelo arrependimento, que é a mudança (metanóia) que se opera no interior daquele ou daquela que pecou. O rei Davi passou também pelo processo doloroso do arrependimento. O resto do capítulo de 2 Samuel 12 dá conta dessa mudança no rei, e a tradição ensina que o Salmo 51 é o produto literário e espiritual do profundo arrependimento que abalou essa alma. 

Até fora dos círculos da fé se percebe da relação que tem de haver entre perdão e arrependimento. Não é raro ouvir juízes, na pronúncia da sentença, interpelarem réus de crimes graves por não verem neles sinais de arrependimento ou remorso. Ou, pelo contrário, aliviarem as penas por ser notório o remorso do réu. Porque hão-de os cristãos, guiados pelo Espírito de Deus, ser menos sábios do que a justiça humana?

Igrejas com amor fraternal


Os versículos de Mt 18:18-20, parecem deslocados no excerto bíblico que estamos a analisar. A quem se dirigem as palavras do versículo 18? Dirigem-se também a todos os cristãos. Temos, cada um de nós, seja pastor ou leigo, o dever de ajudar os nossos irmãos que eventualmente estejam em erro, estando atentos ao nosso próprio erro. 

Não abandonar o irmão que falha é cumprir o mandamento do amor. Temos todos o poder de ligar e desligar, de contribuir para que haja na congregação um ambiente de verdadeiro amor fraternal, o que se alcança se cada um de nós viver num esforço de seguir a Cristo. Se seguirmos como os alpinistas unidos uns aos outros pelos laços da amizade, seguiremos numa unidade que permite a realização do versículo 19: Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus.

Não é difícil perceber porque é que tantas vezes os cristãos se negam a entrar na crise que ajuda aquele que erra a buscar o caminho correto. Por um lado, o que é legítimo, é a consciência que cada um de nós tem de que erra também e, por isso, falta-lhe autoridade para falar. Mas essa consciência não deve anular o mandamento de Deus que manda interpelar o errado. 

Por outro lado, o que é mais grave, tem-se medo de zangar a pessoa que precisa ser corrigida, e mesmo de a levar a afastar-se da igreja. 
"O sr. Fulano, que é membro da igreja e faz tantas coisas importantes nela (ou se calhar dá um elevado dízimo), ficou ofendido com uma palavra que ouviu e deixou de ir aos cultos". 
A pregar desta maneira, este pastor vai ficar com uma congregação cada vez mais reduzida. Mas o texto diz:
"Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles". 
É bom ter um largo auditório, mas é melhor lembrar que mesmo quando o auditório é pequeno Cristo está presente, se é em seu Nome que o povo está reunido.

O perdão e ciência


Uma psiquiatra suíça chamada Elisabeth Kübler-Ross - muito referenciada pelos seguidores da doutrina espírita, diga-se de passagem -, analisando pacientes terminais em hospitais e pessoas traumatizadas por perdas de entes queridos ou situações dramáticas, criou um modelo expondo como as pessoas reagem psiquicamente a ofensas, tragédias e lutos. As suas observações se popularizaram como "os cinco estágios do luto", que vale a pena ser analisado aqui:
  • Primeiro - em uma atitude de autodefesa, as pessoas tendem a negar o que está acontecendo, ou por sua soberba ou pela própria dificuldade da situação, como se "o que vem de baixo não as atingisse".
  • Segundo - passa-se pela fase da ira. A pessoa atingida procura um bode expiatório, alguém sobre quem possa descarregar a sua raiva. Esse culpado pode ser real – como sinal de uma noção de justiça –, mas também pode ser uma ficção, uma alucinação que inventa um falso algoz. Importa dizer que a nossa raiva deve ser direcionada aos alvos corretos. Como indica o apóstolo Paulo: "...A nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso, os espíritos malignos espalhados pelo espaço" (Efésios 6:12).
  • Terceiro - a pessoa entra em uma espécie de depressão, por conta de um sentimento de culpa. Para resolver essa situação, a culpa deve ser iluminada pelo perdão e pela misericórdia de Deus. Foi Deus quem nos amou primeiro (1 João 4:19) e, por isso, podemos nos doar de presente aos outros. Do mesmo modo, a chave para perdoar a si mesmo e a quem nos ofende é o próprio perdão que Deus nos oferece, como pedimos na oração do Pai-Nosso: "...Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem..." (Mateus 6:12). Quem tem dificuldade de perdoar padece de uma doença de memória: esqueceu a sua condição de pecador, perdoado por Deus de uma ofensa infinita cometida contra a Sua majestade.
  • Quarto - tomados pelas paixões, queremos estabelecer uma espécie de barganha, colocando condições para o perdão. 
  • Quinto - na fase da aceitação, finalmente se concede o perdão gratuitamente, brotando de Deus. É importante notar que esse recurso procura retratar psicologicamente uma realidade que é eminentemente espiritual, afinal, ninguém pode amar sem receber a graça de Deus.
Esse processo de cura psíquica descrito por Kübler-Ross, portanto, é perpassado por uma verdadeira luta espiritual, que começa na oração e termina em nossa vontade se dobrando diante da vontade divina.

Conclusão


Na igreja onde reina o amor fraternal não são necessários expedientes de alienação psicológica, para atrair pessoas para as reuniões. Não é preciso manipular as mentes para receber contribuições em dinheiro. As pessoas virão por impulso interior, pela ação do Espírito Santo, felizes por encontrar irmãos e irmãs que não são pessoas perfeitas mas são cristãos coerentes, justos e pecadores que buscam obedecer à vontade revelada de Deus. 

As igrejas onde a vontade de Deus é obedecida são igrejas que brilham e crescem como a Igreja do livro de Atos que foi descrita com estas palavras: 
"Perseveravam unânimes, todos os dias, no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar" (Atos 2:46,47 - grifo meu).
"A Força do Perdão" - Sérgio Lopes

Ao Deus do perdão, toda glória.
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E nem 1% religioso.

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