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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

ENTENDENDO A ORAÇÃO - ÚLTIMA PARTE

Chegamos à 4ª e última parte da série especial de artigos "Entendendo a Oração". Nesta sessão que encerra o especial, falaremos o que a Bíblia nos ensina sobre as respostas da oração, quando e como elas vêm e como ela pode ser ou estar sendo impedida. 

Respostas à oração


Quando nos dedicamos a orar é claro que desejamos ver as nossas orações atendidas e a Bíblia nos ensina muito a respeito da certeza de que elas serão realmente atendidas, vejamos:

A certeza de que orações são respondidas - É de grande significado que sempre que o Novo Testamento fala de petições dirigidas a Deus ressalte que tais petições são atendidas (Mateus 6:8; 7:7-11; 18:19; 21:22; João 14:13, 14; 15:7, 16; 16:23, 24, 26; 1 João 3:22; 5:14, 15; Tiago 1:5). É como se as testemunhas no NT quisessem muito especialmente encorajar os homens a orarem, dando a certeza ao suplicante que Deus ouve tais pedidos. O NT tem consciência e que esta certeza conserva viva toda a oração, no caso de tal certeza se enfraquecer ou diminuir por causa da dúvida, a oração pereceria.

Qual a base dessa certeza oferecida pelo NT? Em Mateus 7:8 o fato de os pedidos serem ouvidos se declara como princípio básico do Reino de Deus. Todo o que pede recebe. Esse princípio é o fundamento da injunção, com a promessa que a acompanha: "Pedi, e dar-se vos á. Deus é o Pai que ama os seus mais do que um pai terreno ama seus filhos e que, portanto, não pode deixar que as petições deles sejam em vão. Pelo contrário, dá-lhes tudo o que precisam. Existe também outra certeza que percorre a totalidade da Bíblia e que sustenta tudo o que ela diz: a certeza de que Deus é um Deus vivo que ouve e vê, e que tem o coração cheio de compaixão.

O NT ressalta repetidas vezes a lição, porém, que a oração que Deus responde deve ser o tipo certo de oração. Há alusão a isto em Mateus 7:7, 8, onde os verbos 'buscar' e 'bater' se empregam em paralelo com 'pedir'. Frequentemente a Bíblia nos orienta em direção a Deus. Assim, temos um indício daquilo que se constitui a oração verdadeira:

  • Deve estar à altura da natureza d'Aquele a quem se dirige a oração. Nesse caso nosso pedidos estarão em conformidade com a Sua vontade (cf 1 Jo 5:14, pedir alguma coisa de acordo com Sua vontade). Pedir algo da parte de Deus é pedir a Ele alguma coisa justa, boa e em conformidade com as realidades de Seu Reino (Mt 7:11). Lucas interpreta tal pedido no sentido de pedir ao Espírito Santo (Lucas 11:13).
  • Deve ser feita com fé, pois nunca podemos nos esquecer da Pessoa a quem nos dirigimos: o Deus vivo, Onipotente, para quem nada é impossível (Lc 1:37) e da parte de quem, portanto, pode-se esperar todas as coisas (veja Mt 21:22; Tg 1:5, 6). Duvidar de Deus é fazer injustiça a Ele, pois a dúvida faz pouco de Sua divindade, julga falsamente o Seu caráter e, portanto, nada recebe da parte d'Ele (Tg 1:7). A verdadeira oração se vincula com a fé, isto é, com a certeza de ser atendido. O NT encoraja tamanho grau de certeza que o suplicante pode acreditar realmente que já recebeu o seu pedido no exato momento de pedir (Marcos 11:24; 1 Jo 5:15). As passagens correspondentes nos escritos de João expandem a ideia de pedir com fé: este fato, segundo se nos diz, decorre das palavras d'Ele que permanecem em nós (Jo 15:7), isto é, do fato de estarmos em comunhão tão estreita com Jesus e sua palavra que em nós habitam, que o nosso pedido há, certamente, de ser conforme a Sua vontade. 1 João 3:22 avança um pouco mais na esfera da ótica. Aquilo que pedimos, d'Ele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante d'Ele o que Lhe é agradável, isto é, porque a nossa petição brota de uma atitude correta diante de Deus. É possível que Mateus 18:19 seja relevante nesse ponto: a oração uníssona dos discípulo indica que foram renunciados todos os desejos egoístas, pois a oração egoísta é falsa e nada recebe da parte de Deus (Mc 10:35; Tg 4:3).

As respostas que Deus dá


São quatro as respostas prováveis que Deus dá às nossas orações: sim, não, espero ou o silêncio (ou seja, quando Ele não fala nada, mas responde através das circunstâncias). Vamos ver a atuação de cada uma delas:

  1. Sim - Essa resposta pode ser sempre obtida se observamos os preceitos vistos no tópico anterior.
  2. Não - Uma resposta assim pode ser o resultado de não termos pedido conforme a vontade de Deus e/ou ser uma petição egoísta, visando apenas o nosso benefício em detrimento dos interesses do Corpo de Cristo, a Igreja.
  3. Espere - Esse tipo de resposta sempre nos leva à necessidade da prática da perseverança e é muito benéfica para solidificação e exercício da nossa fé (Lc 18:1-8).
  4. Silêncio - Essa atitude de Deus pode implicar que existem impedimentos à nossa oração, ou seja, não é que Ele não queira responder, mas sim que existem impedimentos para que Sua resposta chegue até nós. Também, nessa situação, pode acontecer de o Senhor não falar nada, mas agir no silêncio em respostas às nossas orações. Há que se ter intimidade e muita sensibilidade ao Espírito Santo para discernir o que está acontecendo (1 Samuel 28:6 1 Coríntios 2:14, 15).

É muito importante que estejamos atentos às respostas de Deus e sempre prontos a aceitá-las com humildade, submissão e obediência, ainda que tais respostas não sejam as que esperávamos (Provérbios 16:1). A reposta de Deus sempre é a resposta certa. A resposta de Deus é que irá nos indicar o caminho e a atitude correta em quaisquer situações. Devemos glorificá-lO e ser grato a Ele por tudo, mesmo que Suas respostas não correspondam ao que deseja o nosso coração (Romanos 12:2; Tg 1:17).

Impedimentos à oração


O principal impedimento às nossas orações são os nossos próprios pecados, conforme nos diz o texto de Isaías 59:1, 2. Vejamos alguns:

  • Desobediência (Deuteronômio 1:43-45) - Quem obedece e faz a vontade de Deus, Ele o ouve - Jo 9:31.
  • Falta de amor ao próximo (Is 58:9, 10) - Pedimos e recebemos porque obedecemos o Seu mandamento de amar o nosso próximo - 1 Jo 3:22, 23.
  • Injustiça (Is 1:15-17; Malaquias 3:1-4) - Deus ouve os justos - Sl 34:17; Pv 15:8; Tg 5:16.
  • Espírito irreconciliável (Mt 5:23, 24; Mc 11:25) - Deus ouve os que se humilham - 2 Cr 7:14.
  • Desentendimento conjugal (1 Pe 3:7) - Na concordância do casal há promessa de resposta - Mt 18:19.

Veja bem que não estamos tratando aqui sobre se pedimos ou não conforme a vontade de Deus, mas sim se as nossas atitudes não criaram uma barreira natural impedindo nossas orações. Veja a quarta visão do profeta Zacarias onde o sumo sacerdote acusado por satanás porque suas vestes estava sujas (simbolizando pecado) - Zacarias 3:1-4. Qualquer pecado do sumo sacerdote poderia ser fatal a ele, por isso tinham campainhas penduradas nas suas vestes para se saber se estavam vivos - Êxodo 39:25, 26 - e eles entravam no santo dos santos com uma corda amarrada na cintura e se morressem lá eram arrastados de fora - Lc 1:10, 21. E hoje nós somos sacerdotes diante de Deus - 1 Pe 2:9; Apocalipse 5:9, 10 - e nossas orações como uma espécie de tempero para na receita de um incenso especial - Ap 8:4 -, não somos consumidos por causa da misericórdia do Senhor - Lamentações 3:22, 23 - entretanto, são criados impedimentos. Neste caso nos resta uma solução. Veja o que diz Tiago 4:8-10.

Impedimentos gerados pelas forças ocultas das trevas - O segundo tipo de impedimento às nossas orações é aquele gerados pela oposição de forças espirituais. Isso aconteceu com Daniel quando ele orava buscando discernimento acerca dos acontecimentos dos últimos dias (Daniel 9:2, 3) e o príncipe do reino da Pérsia (que simboliza o diabo) se opôs (Dn 10:12, 13) e isso aconteceu durante 21 dias (Dn 10:2). Tendo então conhecimento desses fatos, de como ocorrem pelejas espirituais no intuito de contrariar a vida do crente, precisamos nos posicionar quando estivermos em oração, pois uma oração feita por um justo muito pode em seus efeitos (Tg 5:16-18). Oremos, portanto em todo tempo e lugar, revestidos pela armadura de Deus (Efésios 6:11, 18).

Oração forte


Antes de concluir, vou abrir um parenteses para falar de um assunto que é muito comum no meio evangélico. É a chamada "Oração Forte". Qual o conceito de oração forte? Vejamos: 
"Patuá que consiste em uma oração escrita em pequeno pedaço de papel, que a pessoa preserva em seu poder, quer guardado no bolso, ou dentro de um pano em forma de saquinho pendurado no pescoço a fim de proteger-se ou livrá-la de todos os males."
Existe oração forte evangélica? Há quem diga que sim, mas o que a Bíblia de fato diz sobre isso? Onde está de fato textos e contextos para tal expressão? 

Outro dia li em um classificado de jornal a seguinte propaganda: “Venham nesta quarta-feira e o homem de Deus fulano de tal fará uma 'oração forte' que abrirá seus caminhos e trará de volta seu marido que saiu de casa. Fazemos também descarrego… Desamarramos tudo que está amarrado em sua vida…” Não, não era um anúncio de nenhuma religião de matriz africana. Era o anúncio de uma igreja evangélica!

Não existe nenhum texto que justifique o termo “oração forte”, nem tão pouco vemos exemplos de tamanha heresia. O que existe é um orador com coração contrito, onde Deus se curva dos céus para ouvi-lo e respondê-lo….

Muito cuidado com essas propagandas tipo: Oração forte, Quebra de maldição, Descarrego, Banho de ervas, Caminhar sobre o sal grosso, Andar debaixo do manto de não sei quem, Rosa ungida, O cajado de Moisés, Desatando os nós, Lenço, Toalhas, Água (e tudo o mais) trazida de Israel e tantos outros amuletos que oferecem como "pontos de contatos" com Deus. Fuja disso! Não é uma questão de fé, é uma questão de inteligência… Muito cuidado com os falsos profetas, picaretas e enganadores.

Conclusão


Aqui terminamos essa série, no entanto, o assunto é bem mais amplo e abrangente, pois a oração é a principal arma espiritual do cristão. Mais do que nunca precisamos de igrejas que compreendam a importância da oração. Vivemos um tempo de grande movimento mundial de oração. No entanto, a questão central tem sido muito básica: na prática, por quais tipos de problemas Deus se interessa? Deus não se impõe limites. Muitos, e por muitas vezes tem considerado que Deus não quer ser incomodado por qualquer coisa. No entanto, a própria Palavra e a experiência têm mostrado o contrário. Ore hoje, ore amanhã... ore sempre!

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