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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

AMÉM, SENHOR PASTOR!

"Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo" – Efésios 5:21. 
"Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal" – 1 Tessalonicenses 5:21-22. 
"Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede" - João 6:35. 
"Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão" – Gálatas 5:1. 
"Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor" – Gálatas 5:13. 
"Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória" – 1 Pedro 5:1-4.

Os discípulos do Senhor Jesus, felizmente, eram como todos nós. Isto quer dizer que eram pecadores e falhos como todos nós somos. Nos dias do Antigo Testamento o Salmista se refere ao Deus de Jacó como uma maneira de nos consolar em meio às nossas fraquezas quando diz: "Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no SENHOR, seu Deus" - Salmos 146:5. A expressão "Deus de Jacó" é uma referência clara ao fato de que Deus está acostumado a lidar com pessoas pecadoras e contraditórias como Jacó e como qualquer um de nós. 

Bendito seja Deus, o Senhor, que nos ama apesar de sermos o que somos. Mas como falamos no início, os próprios apóstolos do Senhor Jesus não eram diferentes de cada um de nós. Como tal estavam sujeitos às mesmas tentações e desvios de conduta que ameaçam a vida de qualquer um de nós. O registro dos Evangelhos está cheio de circunstância onde o Senhor precisou agir com firmeza para corrigir estas situações anômalas na vida dos Seus discípulos e apóstolos. Uma destas circunstâncias é aquela que trata do pedido de Tiago e João e da mãe deles, que havia decidido agir como se fosse uma verdadeira empresária dos próprios filhos (Mateus 20:20, 21). 

Autoridade espiritual


Apóstolo, bispo, reverendo, pastor (tem até "patriarca"). Os títulos são muitos, mas a posição é a mesma: autoridade espiritual. O título vai variar de denominação para denominação e será conforme sua escala hierárquica. O problema é que tais título perderam sua característica ministerial e foram transformados em plataformas de ascensão pessoal dentro de muitas igrejas. Sob a égide desses títulos, muitos se portam e se sentem como semi-deuses, intocáveis, incriticáveis, inacessíveis...  

A questão de autoridade é um assunto importante na Bíblia. O próprio universo é sustentado pela palavra da autoridade de Deus (Hebreus 1:3). A obra de Deus nesta era é estabelecer o Seu reino como a esfera na qual Ele é expresso e Sua autoridade é mantida (Mt 6:13). Assim, o reino é uma parte crucial do cumprimento do propósito de Deus em criar o homem (Gênesis 1:26).

A igreja hoje é o reino de Deus (Romanos 14:17; Mt 16:18-19). Ela tem a primazia no encabeçamento de Cristo (Ef 1:10). Numa vida normal da igreja, o estabelecimento da autoridade de Deus é uma preocupação vital. Porquanto o assunto sobre autoridade espiritual foi mal usado por alguns dentro da restauração do Senhor bem como por muitos de fora, é muito necessária uma compreensão adequada da autoridade espiritual. 

Este artigo não tenta tratar exaustivamente com o tópico sobre autoridade e submissão espiritual; em vez disso, ele procura abordar algumas das maneiras nas quais o uso de "autoridade" foi abusivo. Para uma compreensão mais ampla do tema sobre autoridade. 

Obediência cega?


“Mesmo se o pastor estiver errado, nós devemos obedecê-lo, pois a Bíblia diz que devemos honrar nossos líderes”. Eu já tive o desprazer de ouvir essa asquerosa frase. Incrivelmente há aqueles que pregam uma obediência cega aos seus pastores. Pessoas que acreditam que os seus líderes são incriticáveis, infalíveis, uma espécie de “papa evangélico” ou no 'evangeliquês', um “ungido do Senhor”. Pastores que estão acima das Escrituras, pois suas palavras são “inspiradas” por Deus e soam como Palavra do Senhor.

Muitos pastores carismáticos (em ambos os sentidos) usam de um poder persuasivo, com toques de emocionalismo exacerbado, para “manipular” os fiéis. Utilizando supostos “dons” do Espírito(?) para humilhar pessoas, por meio de supostas revelações e profecias e até exigir quantias de dinheiro através de “atos proféticos”.

Uma das conclusões a que chego é que esse tipo de culto fortemente movido pelas emoções confere enorme poder à liderança. E o poder é uma espada que poucos manejam com graça. É fácil errar a mão. É fácil cair na tentação de manipular. 

Outros acreditam piamente que maldição de pastor pega. Ou seja, crentes que são ameaçados “espiritualmente” ao trocarem de congregação ou por não acatarem uma decisão do líder, pois esses pastores alertam sobre a grave ameaça de sair de sua “cobertura espiritual”. Certamente se alguém ouvir essa espécie de maldição deve sair o mais rápido possível. Eles são verdadeiros terroristas “espirituais”, uma espécie de “pastor Bin Laden”. Existiria algo mais pagão do que isso? Difícil responder.

E a bajulação? Uma verdadeira praga. Quem disse que pastores devem viver em um modo de vida irreal, com dissonância em relação às suas ovelhas? Há congregações que, tendo pobres em seu meio, pagaram viagens para Israel aos seus pastores. Tudo bem, se o pastor tiver condições de fazer essa maravilhosa viagem, que faça, mas baseadas em uma oferta de uma congregação necessitada, aí não dá. Os espertalhões logo dizem que os críticos são hipócritas e tentam escapar de suas vaidades acusando outros. A mania de grandeza de alguns afeta inclusive seu ministério da pregação (bem rentável por sinal), pois jamais transmitem a Palavra em ambientes desagradáveis. Como escreveu o pastor José Gonçalves: “As ovelhas gemem quando o pastor conhece mais a arte de tosquiar do que a de apascentar”.

À serviço


Em muitas igrejas pentecostais e neopentecostais, com suas estruturas caudilhistas, enxergam seus líderes não como servos, mas como empresários, administradores, CEOs e até minimonarcas. Nessa condição, os mesmos ganham uma cadeira de destaque nos palanques da igreja, sendo a mais bonita das cadeiras. Aliás, qual a funcionalidade daquele palanque cheio de homens engravatados sentados? 

Lembro que certa vez fui a um casamento, que inclusive estava sendo filmado, e os auxiliares daquela igreja estavam todos no “púlpito”, uma coisa nada haver, um verdadeiro vício dos lugares especiais. O pior é quando acontece alguma festa na igreja, onde visitantes ficam de pé, por causa da lotação, e os diáconos, auxiliares, presbitérios etc., todos sentados naquele palanque.

Ainda há a maldita idolatria. Crentes que não acreditam em santos e imagens de escultura como seus mediadores, mas agem como se seus pastores fosse esses mediadores, por serem pessoas com uma suposta aura especial. Outros líderes encarnam essa idolatria e logo mudam sua nomenclatura para apóstolos, e logo serão conhecidos como semideus. Pessoas que atribuem a si mesmo o poder e os milagres.

O abuso das autoridades “espirituais” se dá também por meio de legalismos infantilizantes. Aplicam regras e mais regras além das Escrituras e acabam criando um estado de forte repreensão e medo. Tal ambiente é facilitador de toda sorte de abuso. Portanto, é muito pecado sob a capa de “santidade”, só que essa santidade não é bíblica.

Muitos outros exemplos poderiam ser dados, mas também devemos dar graças a Deus pelos bons pastores, que estão longe desses modelos caudilhistas, que não valorizam o poder acima do humano. Pessoas que dedicam sua vida para o crescimento do Reino de Deus e entregam sua vida para uma linda obra pastoral. Portanto, honrai aos bons pastores, denunciai os falsos.

Conclusão


Para alguns evangélicos, estar na igreja se transformou numa experiência dolorosa que os tem levado para cada vez mais longe da presença de Deus.

Se o mundo jaz no maligno, a Igreja do Senhor Jesus na terra deveria ser uma porta de esperança para os aflitos. Um hospital para os doentes da alma. Uma fonte de amor para os rejeitados e sofridos. Deveria ser a expressão da vontade de Deus neste mundo. Deveria, mas nem sempre é.

Infelizmente, há casos – e não poucos – em que muitas congregações se perdem no propósito de servir a Deus. Carregadas por líderes tiranos, manipuladores e dominadores, elas se tornam terrenos férteis para todo tipo de abuso espiritual – um termo ainda pouco debatido na teologia, mas muito conhecido e doloroso para quem dele se torna vítima.

Referências Bibliográficas:

CÉSAR, Marília de Camargo. Feridos em Nome de Deus. 1 ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2009. GONÇALVES, José. As Ovelhas também Gemem. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

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