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sábado, 15 de agosto de 2020

FRUTO DO ESPÍRITO — 7) MANSIDÃO E DOMÍNIO PRÓPRIO

"Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei" (Gálatas 5:22,23).
Para concluir essa nossa série especial de artigos, vamos analisar as duas últimas virtudes do fruto do Espírito.

Mansidão


Ser manso é reagir de uma maneira tranquila a críticas, agressões e a situações adversas. É tratar aos outros com paciência e amor quando estes cometem algum erro ou lhe prejudicam. Ser manso é não reivindicar o seu direito, não se defender, mas entregar-se ao Único que julga retamente.

A Mansidão é o oposto da agressividade, da raiva, da violência. Sermos gentis uns para com os outros revela o fruto do Espírito em nós, e nos faz ser imitador do nosso Senhor (Mateus 11:29; 2 Coríntios 10:1).

A mansidão na época em que Paulo escreveu a carta aos gálatas não era uma virtude muito bem vista pela sociedade. Nesta época aqueles que se impunham pela força física eram adorados como heróis. Mas aos olhos de Deus a mansidão sempre teve extremo valor.
"Seja, porém, o interior do coração, unido ao incorruptível traje de um espírito manso e tranquilo, que é precioso diante de Deus" (1 Pedro 3:4).

Mansidão e humildade


A mansidão está muito ligada com a humildade. Pessoas que realmente enxergam seu interior e reconhecem que são falhas não irão agir com agressão quando estão diante dos erros dos outros, pois elas sabem que também possuem a mesma natureza. Do contrário, pessoas que não são mansas reagem de maneira irritada e agressiva com aqueles que "pecam" contra elas, pois só conseguem enxergar o prejuízo que sofreram.

Jesus é nosso maior exemplo de mansidão, e também nossa única esperança de transformação. 
"Aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração"
– disse Ele.

Uma das maiores provas da mansidão de Jesus é encontrada no momento de seu maior sofrimento.
"Ele foi maltratado, humilhado, torturado; contudo, não abriu a sua boca; agiu como um cordeiro levado ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não expressou nenhuma palavra" (Isaías 53:7).
Quando somos agredidos física ou verbalmente nosso lado mais "animal" surge, como que movidos por um extinto de proteção nos voltamos para nos vingar e tentar devolver a violência contra nossos agressores. Jesus abafou seu próprio sentimento de auto-defesa ao reagir com mansidão diante de seus agressores, chegando ao extremo de pedir ao seu pai que perdoasse os soldados que o haviam fixado na cruz:
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34).

Mansidão não é Passividade


Não devemos confundir mansidão com passividade ou acomodação diante de situações injustas. Em muitos momentos a Bíblia relata que Deus se ira diante dos pecados e das injustiças terrenas. Devemos sentir ira com as coisas que também iram o coração de Deus.
"Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira" (Efésios 4:26).
Isso quer dizer: "não fiquem remoendo a ira dentro do coração de vocês, não ajam de maneira irada, não pequem movidos pelo sentimento de ira." A ira deve apenas nos levar a buscar a Deus para solução da situação ou para nossa própria transformação.

Domínio Próprio

(Temperança)


Domínio próprio (ou temperança) é ter auto controle. É saber possuir e direcionar a vontade, os sentimentos e o corpo com sabedoria. No mundo só existem três tipos de homens:
  1. Aqueles que andam de quatro, como animais, procurando satisfazer a todo custo suas necessidades latentes. Seu corpo manda em sua alma e em seu espírito.
  2. Aqueles que rastejam movidos por seus sentimentos. Sua alma domina seu corpo e seu espírito.
  3. E os que andam de pé, lúcidos e completos, eles controlam pelo espírito seu corpo e sua alma.
Os homens que andam de pé são aqueles que de fato possuem domínio próprio.

O exemplo de Jesus


Jesus é um grande exemplo de auto controle. Nos evangelhos estão registrados muitos episódios em que Ele deixou de lado sua fome, sua auto defesa, sua irritação, sua tristeza, para fazer a vontade de Deus. Como exemplo de alguns destes episódios podemos citar:

  • A ocasião em que ele deixou de comer quando evangelizava em Samaria:
"E entretanto os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi, come. Ele, porém, lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis" (João 4:31,32).
  • Na sua tristeza no Jardim do Getsêmani:
"Pai, se queres, afasta de mim este cálice; entretanto, não seja feita a minha vontade, mas o que Tu desejas" (Lc 22:42)!
  • No seu sofrimento na cruz:
"...pois Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente" (1 Pedro 2:23).
  • Na sua rotina cansativa:
"Ó geração sem fé, até quando estarei Eu junto a vós? Até quando vos suportarei" (Marcos 9:19)?
O fruto do Espírito pode ser visto na relação que alguém tem consigo mesmo. O domínio próprio também pode ser traduzido como "temperança". No sentido original, o termo grego descreve a capacidade de uma pessoa conter-se a si mesma. Exercendo o domínio próprio, submetemos todas as nossas vontades à obediência a Cristo.

Conclusão


É obvio que nós não temos condições de alcançar a perfeição e todas as virtudes do fruto do Espírito, aliás, em nenhuma delas. Mesmo assim, o nosso alvo deve ser chegar o mais próximo disso (Filipenses 3:12-14), o mais próximo de Jesus Cristo, que foi o Único perfeito (Hebreus 4:15) em cada uma delas e nos serve como exemplo (12:3,4; 1 Pe 4:1,2).

Lembre-se de que quem desenvolve o fruto é o Espírito Santo, mas a velocidade com que isso acontece, aí sim, depende de nós (2 Pe 1:5-11). Quando maior for a nossa obediência à direção dada pelo Espírito Santo, mais rápido nós vamos desenvolver o fruto do Espírito, ter a vida completamente transformada e influenciar outros a seguirem o mesmo Caminho (Mt 5:14).

Assim, concluo essa série especial de artigos. Espero ter contribuído para edificar ainda mais os seus conhecimentos da Palavra de Deus. Segue abaixo os links para os capítulos anteriores, para o caso de você ter perdido algum:
[Praticantes — Pregações Cristãs; Estilo Adoração, por Daniel Conegero que é escritor, professor de teologia e pregador da Palavra de Deus. Daniel é formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ele é líder do projeto evangelístico Estilo Adoração. Seus estudos bíblicos já foram lidos por mais de 10 milhões de pessoas em diversos países.]

A Deus, toda glória. 
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