Total de visualizações de página

segunda-feira, 30 de julho de 2018

AJAYÔ OU ALELUIA? FAÇA A SUA ESCOLHA

Quem assiste aos realities musicais The Voice Brasil e The Voice Brasil Kids, certamente já ouviram o cantor, compositor e multi instrumentista baiano Carlinhos Brown saudar aos seus escolhidos com um grito de guerra que virou sua marca registra: ajayô! E ele não só dá o tal grito, como evoca toda a plateia a gritar também. 

Também não é mistério a ninguém que Brown é adepto do candomblé. Mas, qual será o significado da palavra "ajayô"? Já ouvi muito crente dizendo que trata-se de uma invocação de demônios. Será? O fato é que muita gente faz tal saudação sem saber ao certo o seu significado. Sabe o típico caso de maria vai com as outras? Pois é. 

Bom, nada melhor do ir até a fonte para buscar uma elucidação sobre o verdadeiro significado da tal palavra. E foi exatamente o que eu fiz. De início, quero deixar bem claro que meu intuito com esse artigo não é atacar a crença de ninguém. Por motivos de cunho pessoal e opcional eu discordo com todas as práticas litúrgicas das religiões de matrizes afrodescendentes. Entretanto, minha discordância não me confere em absoluto nenhum direito ao desrespeito para com elas e seus adeptos, que se registre isso.

Ajaiô! "Ajaiô"?


A saudação que se tornou popular entre os brasileiros é exatamente isso: uma saudação. Muito antes de ser gritada por Carlinhos Brown no palco dos The Voice, ela já era gritada por centenas de milhares de pessoas no carnaval baiano. Tanto que o termo se popularizou graças ao bloco afro Filhos de Gandhy.

Essa saudação tem origem na mitologia africana e, segundo a crença do candomblé é uma forma de pedir proteção a Oxalá, considerado o orixá criador do homem. Englobou-se na cultura brasileira através do candomblé de rua, chamado também de afoxé, tendo raízes na cultura do povo Iorubá.


Filhos de Gandhy


O Afoxé Filhos de Gandhy, durante as festividades baianas, principalmente o Carnaval de Salvador, tornou-se um cortejo de rua, usado inclusive pelos não adeptos ao candomblé.

O Filhos de Gandhy foi criado em 1949 como um bloco de carnaval comum. Tornou-se um afoxé em 1951, quando passou a cantar músicas africanas e adotou o Candomblé como religião oficial. E durante a passagem do bloco pelas ruas de Salvador os cantores do trio gritam, três vezes, a palavra "ajayô", tal e qual o Brown faz nos programas.

O público brincante nas ruas então grita de volta a interjeição "ê", entre um "ajayô" e outro. E é nesse momento que você se pergunta, mas, afinal, "o que significa o ajayô gritado por Brown e pelos Filhos de Gandhy?". E é isso que vamos te responder agora, com base em pesquisa realizada em sites voltados aos seguidores do candomblé.

O povo Ioroba

Cultura, religião e política


Ajayô é uma palavra com sonoridade ioruba, por isso muitas pessoas pensam que se trata de uma saudação aos orixás. Entretanto, não existe, na língua ioruba, esse termo. Assim, o mais provável é que "ajayô" seja uma invenção baiana, criada pelo afoxé Filhos de Gandhy como uma interjeição.

O povo ioruba é um dos maiores grupos étnicos da Nigéria, um país africano, somando mais de 20 milhões de indivíduos no início do século XXI. Vivendo em grande parte a sudoeste do país, há alguns grupos pequenos espalhados em Benin e ao norte de Togo. Muitas pessoas desse povo foram trazidas para a América como escravos. No Brasil, esse povo foi chamado de nagô e introduziu o candomblé (uma religião afro-brasileira).

Os iorubas são tradicionalmente os mais hábeis artesãos da África, trabalhando como ferreiros e tecelões ou no artesanato de couro, vidro, marfim e madeira. As mulheres fiam o algodão, fazem cestaria e tingimento de tecidos. A maior parte do povo ioruba vive do cultivo da terra. As mulheres trabalham pouco nas lavouras, mas são elas que controlam o complexo sistema de vendas dos produtos.

O povo ioruba tem uma língua e uma cultura fortes há séculos, mas nunca formou uma só unidade política. Migrou do leste para o oeste do rio Níger, seu atual território, há mais de mil anos. As cidades tiveram papel importante na sua história, no período anterior à colonização da África pelos países europeus. Numerosos reinos de diversos tamanhos organizavam-se em torno de um único rei, o obá. As cidades eram muito povoadas. No século XVII, a cidade de Oyo deu origem ao maior dos reinos iorubas e Ile-Ife tornou-se uma cidade de forte significado religioso, pois, segundo a mitologia ioruba, foi o centro da criação do mundo.

Nas cidades iorubas, o palácio do obá fica no centro e ao seu redor estão as habitações de seus descendentes. O reinado é hereditário. Atualmente essas construções costumam ter estruturas modernas.

Entre os iorubas há muita diversidade política e social, mas também algumas características comuns: a herança e a sucessão seguem a linhagem paterna e os descendentes vivem juntos, partilham alguns nomes e tabus, louvam seus próprios deuses e também participam de diversas associações, como a aro, uma associação de ajuda aos trabalhadores da terra. A autoridade é representada pelo obá, que é também o líder religioso, e por um conselho de chefes.


O verdadeiro significado de "ajayô"


Segundo a crença do candomblé, esse neologismo "iorubaiano" significa "axé", "bem-vindo", "olá", um desejo de paz ou qualquer outra saudação positiva, a depender do contexto. No carnaval de Salvador, ele é comumente usado como um desejo de que as pessoas se divirtam sem violência. Está começando a entender o que significa "ajayô" ? Então, veja mais!

O que significa Ajayô – Origem


Apesar de não ser uma palavra ioruba, o neologismo ajayô é inspirado nessa língua africana. Afinal, trata-se de um termo criado para ser gritado efusivamente em um bloco de tradições africanas que segue os preceitos do Candomblé.

Então, ela pode ser considerada uma corruptela, ou seja, uma nova pronúncia ou escrita originada de uma linguagem com maior prestígio social. Para saber o que significa ajayô, é preciso entender que essa nova palavra foi criada na década de 1950 e teve origem no termo "ajoyê".

Ajoyê é uma palavra bastante utilizada no Candomblé e significa "zeladora dos orixás". Isso explica, também, porque ajayô é considerado por muitos praticantes de religiões africanas como uma saudação a essas entidades.

As ajoyês, também chamadas de ekedis, são mulheres humanas que não entram em transe e são escolhidas pelos orixás dos terreiros de Candomblé. Seu papel principal é o de servir como "dama de honra" dos orixás, um cargo de grande responsabilidade.

Dentre suas funções estão a de cuidar das roupas dos orixás, zelar por eles, dançar com essas entidades e se certificar de que os visitantes do terreiro estejam confortáveis. A ajoyê também precisa "desvirar" o orixá incorporado por filhos do terreiro e checar se o devoto se encontra em boas condições físicas e mentais.

Conclusão


Eis aí o significado da palavra "ajayô". Com todo respeito e consideração a todos os praticantes do candomblé, mas, considerando-se os contextos, se é para entoar algum "grito de guerra" eu prefiro um sonoro e retumbante ALELUIA!!!


A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

sábado, 28 de julho de 2018

ESPECIAL - AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE - 5) SARDES

"E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: 'Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. 
Sê vigilante e confirma o restante que estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. 
E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei. Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes e comigo andarão de branco, porquanto são dignas disso 
O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas'" (Apocalipse 3:1-6; grifo meu).
Frequentemente julgamos os outros pela aparência. Observamos o comportamento e tentamos entender os motivos. Jesus julga os corações. Ele vê o caráter verdadeiro de cada pessoa e de cada igreja. 

Quando enviou esta carta ao mensageiro da igreja em Sardes, Ele contrariou a impressão popular dos discípulos. Apesar de ter a reputação de uma igreja forte e ativa, ele viu as falhas e sabia que aquela congregação já estava quase morta. Se não voltar a viver, seria tomada de surpresa, como se fosse por um ladrão. 

As aparências enganam


A igreja em Sardes foi morrendo aos poucos até esvaziar-se por completo do Espírito Santo. Agora, já não passava de um cadáver. Mas aos olhos humanos, parecia bem viva. Assemelhava-se aos defuntos preparados em ricas funerárias. Bem maquiada e vestida ricamente, impressionava por sua vida sem vida. Ela, porém, já começava a cheirar mal. 

Muitas igrejas, hoje, assemelham-se a Sardes. Morreram e não o sabem. Vivem do passado, pois já não existem no presente. Ao invés do registro do novo nascimento, o atestado de um óbito que poderia ter sido evitado. Era só angustiar-se por um avivamento. 

Todavia, o Senhor Jesus quer reavivá-las. O Espírito Santo haverá de soprar-lhes a vida, para que se reergam neste vale de ossos sequíssimos. Somente um reavivamento ressuscitará as igrejas que, apesar de terem história, já não fazem história. 
"Ao Anjo da Igreja em Sardes..." (Apocalipse 3:1-6) 

A cidade de Sardes 


A cidade de Sardes, por estar situada a quinhentos metros acima do nível do mar, considerava-se inexpugnável. Ela orgulhava-se também de seus fabulosos tesouros. Suas abundâncias vinham, em parte, do rio Pactolos, que lhe fornecia ouro e prata em grandes quantidades. Suas águas, de tão excelentes, eram tidas como indispensáveis à boa saúde. 

Sardes fazia parte do Reino da Lídia, cujos monarcas tornaram-se notórios por sua magnificência. Haja vista o fabuloso Creso. Ascendendo ao trono no sexto século a.C, este rei acumulou tantos bens, que o seu nome veio a tornar-se sinônimo de riqueza. No mundo antigo, este ditado era corrente: 
"Rico como Creso". 
Quem visita, hoje, a Turquia, espanta-se com as ruínas de Sardes. Nem sombra há daquele reino que se elevava aos céus. 

A igreja em Sardes 


Fundada provavelmente pelo apóstolo Paulo, a igreja em Sardes exalava abundante vida. De um amontoado de gente oriunda de várias etnias, o Espírito Santo batizou a todos no corpo de Cristo (Romanos 6:3). E apesar da diversidade cultural, todos agora achavam-se irmanados no Autor da vida (Números 27:16; João 17:2; Atos 3:15). 

Mas, não demorou muito, e Sardes começou a necrosar-se; morria e não percebia que estava morrendo (Ap 3:1). 

Sardes, agora, vivia de aparências. Embora parecesse avivada, jazia sem vida. Sua liturgia até lembrava o cenáculo, mas não passava de uma bem ritmada marcha fúnebre. Este é o retrato de algumas igrejas. No exterior, a caiadura bela; no interior, o acúmulo de mortos (Mateus 23:27). E os que ainda vivem já não suportam o mal cheiro dos que apodrecem moral e espiritualmente. 

A cidade antiga de Sardes, hoje apenas ruínas perto da atual vila de Sarte na Turquia, considerava-se impenetrável. Foi situada numa rota comercial importante no vale do Hermo, com a parte superior da cidade (a acrópole) quase 500 metros acima da planície, nos rochedos íngremes do vale. Era uma cidade próspera, em parte devido ao ouro encontrado no Pactolos, um ribeiro que passava pela cidade. 

A cidade antiga fazia parte do reino lídio. Pela produção de ouro, prata, pedras preciosas, lã, tecido, etc., se tornou próspera. Os lídios foram o primeiro povo antigo a cunhar regularmente moedas. Em 546 a.C., o rei lídio, Croeso, foi derrotado pelos persas (sob Ciro o Grande). Soldados persas observaram um soldado de Sardes descer os rochedos e, depois, subiram pelo mesmo caminho para tomar a cidade de surpresa durante a noite. 

Assim, a cidade inexpugnável caiu quando o inimigo chegou como ladrão na noite! Em 334 a.C., a cidade se rendeu a Alexandre o Grande. Em 214 a.C., caiu outra vez a Antíoco o Grande, o líder selêucido da Síria. Durante o período romano, pertencia à província da Ásia, mas nunca mais recuperou o seu prestígio. Era uma cidade com um passado glorioso e um presente de pouca importância em termos políticos e comerciais. 

A identificação do missivista 


À igreja em Sardes, apresenta-se Jesus como aquele que tem os sete Espíritos de Deus. Dessa forma, o Senhor realça a ação plena do Espírito Santo na Igreja de Cristo. Somente o Consolador pode vivificar uma igreja morta. Lembra-se do vale de ossos secos visto por Ezequiel? 

Se buscarmos a Deus, o Senhor Jesus assoprará sobre nós o seu Espírito. Cada osso com o seu osso se ajuntará; os nervos e tendões aparecerão e as carnes vestirão todos os esqueletos, prontificando-os como o poderoso exército de Jeová (Ezequiel 37). 

  • 1. "...O que tem os sete Espíritos de Deus..." (Ap 3:1)

Era urgente que Sardes soubesse: sem o Espírito Santo, a vida é impossível. Foi Ele quem transmitiu movimento e beleza a uma terra sem forma e vazia (Gênesis 1:1,2). No ventre da virgem de Nazaré, concebeu o Filho de Deus (Lucas 1:35). E no Pentecostes, derramou-se sobre os discípulos (At 2:1-4). Sem o Espírito Santo, não há regeneração, pois o novo nascimento é operado por Ele (Jo 3:5). Se Sardes estava morta, carecia com urgência do Espírito da vida (Rm 8:2). 

  • 2. Os sete Espíritos de Deus

Existe apenas um único Espírito Santo (Efésios 4:4). Sua ação, todavia, é tão perfeita e eficaz, que Isaías setuplamente o descreve: 
"E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor" (11:2). 
Através da sétupla ação do Espírito Santo, o Senhor Jesus traz novamente vida as igrejas que, à semelhança de Sardes, deixaram-se esvaziar de Deus. 

  • 3. As sete estrelas

Apresenta-se Jesus, também, como o soberano da Igreja. Tanto local, quanto universalmente, Ele é o cabeça da Igreja, pois resgatou-a com o seu precioso sangue (Ef 5:23; 1 Pedro 1:17-19). Eis porque os pastores, no Apocalipse, são representados como as estrelas que se acham na destra do Cordeiro (Ap 1:20; 3:1). Portanto, se alguém quer brilhar, que brilhe nas mãos do Senhor como luz de um mundo que jaz no maligno.

  • "Aquele que tem os sete Espíritos de Deus..." (1):

Sete representa a totalidade e a perfeição divina. Diante do trono de Deus, 
"...ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus..." (4:5).


Os sete olhos do Cordeiro


"...são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra..." (5:6).

É a revelação presciência de Deus. Ele sabe tudo e vê tudo (veja 2 Crônicas 16:9). Nada em Sardes seria escondido de Jesus.

  • "...As sete estrelas..." (1):

Jesus não somente vê, ele também controla. Ele segura os mensageiros das igrejas na sua mão direita (Ap 1:16,20). Pode ver, julgar e até castigar conforme a sua infinita sabedoria. 

  • "...Conheço as tuas obras..." (1):

Como nas outras cartas, aquele que estava no meio dos candeeiros conhecia perfeitamente as obras e os corações das igrejas. 

  • "...Tens nome de que vives, e estás morto..." (1):

Esta frase ilustra perfeitamente a diferença importante entre reputação e caráter. A reputação é a fama da pessoa, o que os outros acham que ela é. O caráter é a essência real da pessoa, o que realmente é. As outras pessoas podem ver somente por fora, mas Jesus vê o homem interior e sonda os corações. Ele não pode ser enganado por ninguém. 

A igreja de Sardes teve a reputação de ser ativa e viva, mas Jesus sabia que estava quase morta. Ele não fala de perseguição romana, nem de conflitos com falsos judeus. Não cita nenhum caso de falsos mestres seduzindo o povo ao pecado. Ele fala de uma igreja aparentemente em paz e tomada por indiferença e apatia. A boa fama não ocultou a verdadeira natureza desta congregação dos olhos do Senhor.

  • "...Sê vigilante..." (2):

Por falta de cuidado, Sardes caiu aos seus inimigos em guerra. Espiritualmente, discípulos e igrejas caem por falta de vigilância. Muitas passagens no Novo Testamento frisam a importância da vigilância, pois o pecado nos ameaça (Mt 26:41; 1 Pd 5:8). Falsos mestres procuram devorar os fiéis (At 20:29-31). Não devemos descuidar, porque não sabemos a hora que o Senhor vem (Mt 24:42,43; 25:13; Lucas 12:27-39; 1 Coríntios 16:13; 1 Tessalonicenses 5:6). O bom soldado toma a armadura de Deus e vigia constantemente com perseverança e oração (Ef 6:18; Colossenses 4:2). 

  • "...Consolida o resto que estava para morrer..." (2):

Uma última tentativa de resgate (veja Judas 22,23). A igreja em Sardes estava quase morta, mas ainda houve uma esperança de salvar alguns, ou talvez até de reavivar a congregação. 

  • "...Não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus..." (2):

Para ter a reputação de ser uma igreja viva, parece que ainda havia alguma atividade em Sardes. O problema não foi a ausência total de obras, mas a falta de integridade delas. É possível defender a doutrina de Deus sem amar ao Senhor (2:2-4). É possível obedecer mandamentos de Deus sem inteireza de coração (2 Crônicas 25:2). É possível fazer coisas certas com motivos errados. Os homens podem ver as obras; Deus vê os corações, também. 

  • "...Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te..." (3):

Como a cidade de Sardes olhava para seu passado glorioso, a igreja precisava lembrar as grandes bênçãos recebidas e voltar a valorizar a sua comunhão especial com Deus. Se esquecermos da palavra de Deus e da salvação do pecado, facilmente cairemos no pecado (veja 2 Pd 1:8,9). Para nos firmar na fé, temos que lembrar do que temos recebido. Não é por acaso que a Ceia do Senhor foi dada como a celebração central das reuniões dos cristãos. 

Quando lembramos da morte de Jesus, do sacrifício que Ele fez por nós, ficamos mais firmes em nossos passos rumo ao céu (1 Co 11:24-26). Mas não é suficiente lembrar das coisas que ouvimos; precisamos guardar as palavras do Senhor. O evangelho não é apenas para ouvir; é para ser obedecido (2 Ts 1:8; 1 Pd 4:17). No caso do povo desobediente de Sardes, teriam de se arrependerem para voltar às boas obras de obediência.

  • "...Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti..." (3):

A figura de um ladrão encontrando pessoas despreparadas é comum nas Escrituras. Jesus empregou esta ideia várias vezes no seu trabalho entre os judeus (veja Mt 24:43; Lucas 12:39) e os apóstolos imitaram este exemplo nas suas cartas (1 Ts 5:2-4; 2 Pd 3:10). No Apocalipse, Jesus prometeu vir como ladrão, encontrando despreparadas as pessoas que não vigiavam (Ap 16:15). 

  • "...Poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras ..." (4):

No meio de uma igreja quase morta, Jesus encontrou algumas pessoas fiéis! Este fato nos lembra de que o julgamento final será individual (veja Ap 2:23; 22:12). Cada um receberá 
"...segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo" (2 Co 5:10). 
Embora as cartas fossem destinadas às sete igrejas, as mensagens precisavam ser aplicadas na vida de cada discípulo. A salvação não é coletiva; é individual. Ao mesmo tempo, não devemos interpretar este versículo para justificar tolerância de pecado aberto numa igreja. Pessoas que sabem do pecado e não agem para corrigi-lo não podem alegar ter vestiduras brancas, pois desobedecem a palavra de Deus (Gálatas 6:1,2; Mt 18:15-17; Tg 5:19,20; etc.). Não devemos ser participantes nem cúmplices nas obras das trevas (Ef 5:7,11).

Andarão de branco junto comigo (4): Já andavam de vestidura branca, sem as manchas do pecado. Esperavam andar com Jesus de roupas brancas, representando a vitória final sobre o pecado.
"Linho finíssimo, resplandecente e puro...são os atos de justiça dos santos" (Ap 19:8).
É Deus quem nos aperfeiçoa e nos equipa para toda boa obra (2 Tm 3:16-17).

  • "...Pois são dignos..." (4):

Estes fiéis são dignos, não por mérito próprio, mas por serem pessoas salvas pela graça, pessoas que andam nas boas obras determinadas por Deus (Ef 2:8-10). 

  • "...O vencedor ... vestiduras brancas..." (5):

A mesma promessa feita aos puros em Sardes se aplica geralmente ao vencedor. Terá vestiduras brancas de pureza e vitória. As pessoas de vestiduras brancas participam da grande festa de louvor ao Cordeiro em 7:9

  • "...De modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida..." (5):

O "Livro da Vida" é mencionado várias vezes na Bíblia (veja Filipenses 4:3; Ap 3:5; 13:8; 17:8; 20:12,15; 21:27). Paulo disse que as pessoas que cooperavam com ele no evangelho tinham seus nomes escritos no Livro da Vida (Fp 4:3). Jesus disse que os nomes dos vencedores que se mantêm puros não seriam apagados deste livro (Ap 3:5). 

Em contraste, os que rejeitam a palavra de Deus e servem falsos mestres não têm seus nomes escritos no Livro da Vida (Ap 13:7,8; 17:8). No julgamento descrito em 20:11-15, esses são condenados ao lago de fogo. Por outro lado, na cidade iluminada pela glória de Deus, somente entram aqueles cujos nomes são inscritos no Livro da Vida (21:27). 

  • "...Confessarei o seu nome diante de meu Pai..." (5):

Jesus prometeu confessar diante do Pai todo aquele que confessa o nome dele diante dos homens. Prometeu, também, negar os nomes daqueles que se envergonharem dele (Mt 10:32,33; Mc 8:38).

  • "...Quem tem ouvidos, ouça!" (6):

Todos devem prestar atenção!

A doença e a morte de uma igreja


Aos olhos das demais igrejas, Sardes exibia-se bela e viva. Mas aos olhos de Cristo, não passava de um defunto bem produzido. Aliás, a sua certidão de óbito já estava lavrada com a explicitação da causa mortis.

  • 1. Perda de memória

A primeira doença a atingir a igreja em Sardes foi a perda de sua memória espiritual. Embora vivesse do passado, já não conseguia lembrar-se do que recebera de Deus. A exortação do Senhor é urgente:
"Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te" (Ap 3:3).
A situação de Sardes era mais grave do que a de Éfeso. Esta igreja ainda podia lembrar-se do primeiro amor e voltar ao local onde caíra. Mas aquela, posto já estar morta, carecia de uma ressurreição; um grande e poderoso reavivamento. O Senhor Jesus, porém, tanto nos restaura a memória espiritual, como nos faz ressurgir dentre os mortos (Ef 5:14).

  • 2. Desleixo

Esta foi a segunda doença de Sardes: desleixo. Embora não sejamos perfeitos, nossas obras têm de primar pela excelência. A igreja em Sardes, todavia, desprezando o padrão divino, fizera-se tão relapsa, que o Senhor já não a suportava:
"Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus" (Ap 3:2).
No âmbito do Reino de Deus, a perfeição é o padrão mínimo aceitável, conforme recomenda o apóstolo:
"Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria" (Rm 12:7,8).

A perfeição na Igreja de Cristo só é possível se amarmos o Cristo da Igreja.

De que forma tratamos a Obra de Deus? Lembremo-nos da advertência de Jeremias:
"Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulentamente!" (48:10).

  • 3. Descaso para com o remanescente fiel

No necrotério de Sardes, havia alguns crentes que ainda respiravam. E o Senhor estava preocupado com eles:
"Sê vigilante e confirma o restante que estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus" (Ap 3:2).
Jesus queria preservar a vida daqueles poucos homens e mulheres que não haviam contraído as moléstias deste século: orgulho, rebelião, adultério, fornicação, heresias, roubo, cobiça, calúnias.

É hora de confirmar os que ainda respiram. Confirmemo-los através da Palavra de Deus, da oração, da comunhão dos santos e do serviço evangelístico e missionário. Quanto aos que já morreram, que ouçam a voz de Nosso Senhor Jesus Cristo:
"Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá" (Ef 5:14).

Conclusão


Se o anjo da igreja em Sardes não cumprisse os seus deveres, teria o nome riscado do Livro da Vida:
"O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos" (Ap 3:5).
Sabe o que isso significa? Separação eterna de Deus. Sim, desempenhar o ministério cristão de forma relapsa e profana pode levar o obreiro a comprometer a própria salvação. Muito cuidado!

O processo de morte de uma igreja pode acontecer lentamente, passando quase despercebido. As próprias pessoas na congregação, como outras pessoas olhando de fora, podem achar que esteja tudo bem. Jesus, porém, julga os corações e conhece o estado verdadeiro de cada igreja e cada discípulo. Quando ele nos chama para ouvir, devemos prestar atenção! Finalmente, irmãos, a Igreja de Cristo é lugar de vivos. Nosso Deus não é Deus de mortos (Mc 12:27).
Vocabulário 
  • Caiadura: Disfarce, dissimulação, falsa aparência.
  • Causa Mortis: Lat. Causa da morte.
  • Inexpugnável: Inconquistável. Irmanados: Unidos como irmãos; emparelhados.
  • Necrosar-se: Gangrenar-se; destruir-se.
  • Necrotério: Local onde ficam os cadáveres.
  • Relapsa: Que ou aquele que é negligente no cumprimento de suas obrigações; relaxado.
  • Sétupla: Número que vale sete vezes outros 
  • Missivista: Autor de uma missiva (carta).
[Fonte: Estudos Bíblicos, por Dennis Allan; HORTON, S. M. Apocalipse. As coisas que brevemente devem acontecer. 2.ed., RJ: CPAD, 2001; LAWSON, S. J. As Setes Igrejas do Apocalipse: O Alerta Final para o seu povo. 5.ed., RJ: CPAD, 2004]

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

domingo, 22 de julho de 2018

ESCRITO NAS ESTRELAS - MANÉ GARRINCHA


Conhecido como o "país do futebol", o Brasil acabou de viver as emoções e mais uma decepção com a participação em um campeonato mundial. Ainda assombrado pelo fantasma da Copa de 2014, quando a Seleção Brasileira sofreu uma humilhante goleada de 7 x 1, ao disputar no dia 8 julho, no estádio do Mineirão, aqui em Belo Horizonte (MG), contra a seleção alemã, no que ficou conhecido como "Mineiraço", quando a seleção, então comandada pelo técnico Luiz Felipe Scolari, foi atropelada pelo time da Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo no Brasil, o torcedor brasileiro viveu novamente a decepção de ver a seleção, dessa vez comandada pelo técnico Tite, ser eliminada nas quartas de finais, ao perder por um placar de 2 x 1 a disputa contra a Seleção Belga . 

Mas nosso futebol já teve sim os seus tempos áureos, quando era encarado e praticado como uma arte e não simplesmente como uma passarela gramada para o desfile de astros milionários, que estão mais preocupados com a ostentação de seus status pessoais do que de jogar o futebol que os torcedores realmente esperam. E um desses artistas que escreveram as páginas brilhantes e memoráveis da história do futebol tem um nome que não só está escrito nas estrelas, mas é uma delas: Manuel Francisco dos Santos, o "Torto" ou como ficou mundialmente conhecido, o nosso eterno Mané Garrincha, a "estrela solitária".

1958, brilha a primeira estrela


Em 1958, o Brasil não era o Brasil que conhecemos. O real não era a moeda e o cruzeiro imperava. O LP (Long Play, o disco de vinil) de 12 polegadas surgia, os cigarros com filtro, o café solúvel, o automóvel nacional e o bambolê eram novidades. Havia um cheiro de novo em 1958, escreveu Ruy Castro, autor da biografia "Estrela Solitária - um brasileiro chamado Garrincha" sobre o ano. 
"O novo era bem-vindo, e havia algo que bem o simbolizava: o radinho de pilha. Por todo mês de junho daquele ano, ele seria uma extensão de nossos ouvidos - e corações". 
Atualmente, há uma exposição, no Museu do Futebol, intitulada, "A Primeira Estrela: o Brasil na Copa de 1958", que apresenta em diferentes formatos o impacto do título vencido pela geração de Pelé e Garrincha.

Quem foi ele?


Vamos conhecer um pouco da história de um artista brasileiro que fazia verdadeiras obras-primas. Só que com as pernas tortas.

Mané Garrincha foi um desses ídolos providenciais com que o acaso veio ao encontro das massas populares e até dos figurões responsáveis periódicos pela sorte do Brasil, ofertando-lhes o jogador que contrariava todos os princípios sacramentais do jogo, e que no entanto alcançava os mais deliciosos resultados. Não seria mesmo uma indicação de que o país, despreparado para o destino glorioso que ambicionamos, também conseguiria vencer suas limitações e deficiências e chegar ao ponto de grandeza que nos daria individualmente o maior orgulho, pela extinção de antigos complexos nacionais? 

Interrogação que certamente não aflorava ao nível da consciência, mas que podia muito bem instalar-se no subterrâneo do espírito de cada patrício inquieto e insatisfeito consigo mesmo, e mais ainda com o geral da vida.

Garrincha, em sua irresponsabilidade amável, poderia, quem sabe?, fornecer-nos a chave de um segredo de que era possuidor e que ele mesmo não decifrava, inocente que era da origem do poder mágico de seus músculos e pés. Divertido, espontâneo, inconsequente, com uma inocência que não excluía espertezas instintivas de Macunaíma — nenhum modelo seria mais adequado do que esse, para seduzir um povo que, olhando em redor, não encontrava os sérios heróis, os santos miraculosos de que necessita no dia-a-dia.

A grande paixão de Garrincha ao longo de toda a vida foi jogar futebol, nada menos do que puro talento, coisa que não se aprende nas escolinhas. Ele jogava só pela diversão, para entreter o público, em nome de um espetáculo que começou a ser chamado de "Futebol Arte", nascido de sua proeza incrível no campo ao lado de Pelé. Se estivesse vivo hoje — e pudéssemos vê-lo jogando — todo mundo ficaria boquiaberto, visto que não há ninguém cujos talentos sequer possam ser comparados aos dons mágicos que Garrincha possuía. 

Os tais "astros" de hoje não chegam nem perto daquilo que Garrincha podia fazer no gramado, e o que se vê no presente é nada mais do que jogadas remanescentes do que Garrincha fazia décadas atrás. Diz-se que às vezes o aprendiz supera o Mestre. Porém, nesse caso, o Mestre dos dribles que Garrincha foi jamais encontrará quem o alcance — nem em um milhão de anos!

Por mais que Garrincha nunca tenha treinado para se tornar o melhor, desde o começo é evidente que o futebol era a ambição que o motivava e ele demonstrou ao mundo que nada o impediria de ser o melhor. Tudo era um dom natural. É um fato já bem conhecido que, na Copa do Mundo de 1962, no Chile, começaram a aparecer uns cartazes imensos nos estádios dizendo: 
"GARRINCHA, O REI DOS REIS"
muito para o azar de Pelé, que havia já antes recebido esse título injustamente da imprensa. Garrincha foi abençoado desde o começo com um talento sem igual para o jogo.

No final da sua vida, passando por muitas dificuldades, Garrincha acreditava ainda que, de algum modo, Deus não o tinha feito ir tão longe para levá-lo "para casa" já, mas sua saúde piorou e ele acabou hospitalizado em diversas ocasiões. Garrincha ficou debilitado, parecia que nada iria ajudá-lo. Seria possível que Mané estivesse dizendo às pessoas que estava pronto para "ir para casa", pedindo desculpas aos poucos que realmente o amavam, por não ter conseguido viver mais tempo?

A identificação da sociedade com ele fazia-se naturalmente. Garrincha não pedia nada a seus admiradores; não lhes exigia sacrifícios ou esforços mentais para admirá-lo e segui-lo, pois de resto não queria que ninguém o seguisse. Carregava nas costas um peso alegre, dispensando-nos de fazer o mesmo. Sua ambição ou projeto de vida (se é que, em matéria de Garrincha, se pode falar em projeto) consistia no papo de botequim, nos prazeres da cama, de que resultasse o prazer de novos filhos, no descompromisso, afinal, com os valores burgueses da vida.

Há os que acusam dirigentes do esporte, clubes, autoridades civis e torcedores em geral, de ingratidão para com Garrincha. Mas na própria essência do futebol profissional se instalam a ingratidão e a injustiça. O jogador só vale enquanto joga, e se jogar o fino. Não lhe perdoam a hora sem inspiração, a traiçoeira indecisão de um segundo, a influência de problemas pessoais sobre o comportamento na partida. É pago para deslumbrar a arquibancada e a cadeira importante, para desanuviar a alma dos torcedores, para os consolar dos seus malogros, para encobrir as amarguras da Nação. Ele julga que entrou em campo a fim de defender o seu sustento, mas seu negócio principal será defender milhões de angustiados presentes e ausentes contra seus fantasmas particulares ou coletivos. Garrincha foi um entre muitos desses infelizes, dos quais só se salva um ou outro predestinado, de estrela na testa, como Pelé.

Conclusão




Ele deu tudo de si, mas, no final, acredito que não lhe restavam mais nem forças, nem desejo. Onde estavam aqueles que se diziam seus amigos e família nessas horas difíceis? O povo brasileiro o havia abandonado quando ele mais precisava, exceto por um punhado de amigos leais e verdadeiros que ficaram ao seu lado até o fim. Garrincha era conhecido como a "alegria do povo", mas, ao mesmo tempo, esse povo se esqueceu de que ele sequer existia, e o desfecho trágico de sua história é algo que sempre me entristeceu.

Garrincha escolheu se agarrar com firmeza aos seus sonhos. Poderia ter desistido já no começo, quando foi rejeitado pelos times de futebol de maior prestígio do Brasil (alguns chegaram até a chamá-lo de "aleijado"). Seguiu em frente e se transformou no melhor dos melhores. 

A simpatia nacional envolveu Mané em todos os lances de sua vida, por mais desajustada que fosse, e isso já é alguma coisa que nos livra de ter remorso pelo seu final triste. A criança grande que ele não deixou de ser foi vitimada pelo germe de autodestruição que trazia consigo: faltavam-lhe defesas psicológicas que acudissem ao apelo de amigos e fãs. 

Garrincha, o encantador, era folha ao vento. Resta a maravilhosa lembrança de suas incríveis habilidades, que farão sempre sorrir a quem as recordar. Basta ver um filme dos jogos que ele disputou: sente-se logo como o corpo humano pode ser instrumento das mais graciosas criações no espaço, rápidas como o relâmpago e duradouras na memória. Quem viu Garrincha atuar não pode levar a sério teorias científicas que preveem a parábola inevitável de uma bola e asseguram a vitória — que não acontece.

Posso também, enfim, aceitar, compreender e admirar o homem que foi Mané Garrincha por quem ele realmente era segundo relato daqueles que que tiveram o privilégio de conviver com ele: um ser humano maravilhoso e extraordinário, além de o melhor jogador de futebol que já existiu. Melhor mesmo que Pelé.

Quanto a mim, sei o que qualquer brasileiro sabe sobre ele: seus dribles geniais, a vida turbulenta com a cantora Elza Soares e sua história com a bebida (que foram retratadas no filme "Garrincha - Estrela Solitária", de 2003). 

Em 20 de janeiro de 1983, Garrincha deu seu último suspiro sem ninguém ao seu lado na clínica. Seus dias chegavam ao fim com uma última dádiva, um legado além do que ele sonhava. Hoje o nome Mané Garrincha é aclamado e venerado em todo o mundo. 

Manuel Francisco dos Santos, o Garrincha, nasceu em Pau Grande (RJ) em 28 de outubro de 1933 e morreu em 20 de janeiro de 1983 em decorrência do alcoolismo. Defendeu a seleção em 60 partidas. Só perdeu uma, na Copa de 66, em Liverpool, quando o Brasil foi derrotado pela Hungria por 3 x 1. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho.


A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

sábado, 21 de julho de 2018

PORQUE É TÃO DIFÍCIL SE ALEGRAR COM AS CONQUISTAS DOS OUTROS?



"Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram" (Romanos 12:15, grifo meu).
Esse é um texto que poderíamos afirmar ser um dos mais claros e fáceis de se compreender na Bíblia, mas não é! O apóstolo Paulo aqui nos direciona a uma reflexão muito profunda sobre a nossa consciência no que tange ao que acontece com nosso próximo em situações antagônicas: alegria e a tristeza. Observe que, creio eu, propositalmente, ele nos desafia a primeiro nos alegrar com a alegria dos outros.  

No meu entender o segundo conselho é de mais fácil aplicação, pois com exceções, nossa tendência natural é nos emocionarmos com a tragédia e as derrotas do outro - é a síndrome de carpideira¹ -, e o primeiro conselho não, e esse é nosso assunto.

Chorar com e pelos outros é fácil, já nos alegrar...


Vou direto ao ponto. Nossa natureza pecaminosa não se satisfaz com a alegria do nosso próximo, pois não reservamos esse espaço em nosso coração, pois na verdade somente o EU tem direito a ser feliz, a ter sucesso, a conquistas, responda no seu intimo, é assim ou não? Temos muita dificuldade de torcer pelo outro.

Você já se viu na situação de torcer para que o filho do seu vizinho ou alguém da igreja vá bem num vestibular? Ou que seu colega de trabalho tenha uma promoção e cresça na empresa? Você já torceu para que alguém se dê melhor na vida do que você afora um familiar? Somos assim!

Algo que precisa ser tema de intensas e contínuas reflexões nos dias de hoje é, certamente, a tendência que temos de sermos indiferentes aos outros. É necessário refletirmos, pois a reflexão é um importante instrumento que nos permite repensar muitos pontos dentro de nós e, assim, mudarmos aquilo que não está adequado quando o que se quer é uma vida melhor.

O constante desafio de vencer a indiferença


"Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros" (Filipenses 2:3,4 - grifo meu).
Contudo, quando a indiferença é vencida, ou seja, quando conseguimos pensar mais no outro, sensibilizando-nos com as lágrimas que escorrem pela face conhecida ou não, precisamos pensar também sobre até que ponto estamos conseguindo de fato sermos mais humanos, mais amigos, mais companheiros.

Em várias faixas etárias e grupos sociais, temos identificado um fato realmente preocupante, que é a dificuldade que temos para comemorar uma vitória que não é nossa, uma vez que se é difícil chorar com aqueles que choram, muito mais difícil é sorrir com aqueles que sorriem, instruções riquíssimas que Bíblia Sagrada diz a nós todos os dias.

Isto ocorre porque muitas das vezes julgamos não termos tempo para nos preocupar com as dores, as tristezas, os conflitos e os dramas dos outros, visto que as correrias do dia a dia nos impedem de sermos solidários e, ainda que tudo esteja à nossa frente, preferimos fingir que não temos o conhecimento sobre as mazelas que afligem quem está próximo a nós.

Entretanto, se há algo que pode ser pior que a indiferença em relação à dor alheia, é quando identificamos o sucesso e a alegria presentes na família, na carreira profissional, no exercício ministerial de outras pessoas e, em vez de ficarmos felizes por isto, a sensação que nos invade é semelhante àquilo que se pode chamar de desgosto e desprazer.

Perguntas e frases como 
"por que isto está acontecendo com ele e não comigo?”, “ele não merece ter isso, eu sim”, “o carro que ele comprou nem é tão bonito assim, se fosse eu, compraria de outra cor ou modelo"... 
e muitas outras se formulam na mente e no coração daquele que não sabe "sorrir com aqueles que sorriem".

Esta tendência é muito negativa, mas mesmo assim é cada vez mais fácil identificar tais comportamentos e, por isso, nós na figura de pais, professores ou pastores temos muito trabalho à frente, visto que saber se alegrar frente à felicidade de outras pessoas é característica de pessoas com autoconfiança e verdadeiro amor ao próximo, desejos que temos para nossos alunos, filhos e irmãos.

O amor ao próximo é o antídoto da inveja

Mas quem é o meu próximo?


"Se vocês de fato obedecerem à lei do Reino encontrada na Escritura que diz: 'Ame o seu próximo como a si mesmo', estarão agindo corretamente"
(Tiago 2:8, grifo meu).

Muitas vezes podemos dar desculpas para a nossa falta de amor em relação a alguém, dizendo que tal pessoa não é o nosso próximo. Mas o nosso próximo é qualquer pessoa que necessita da nossa ajuda.

Muitas vezes a distância física não permite que ajudemos alguém de algumas maneiras, mas isso não nos impede de amar. Quem ama ora, intercede e pede a Deus para abençoar aqueles que estão em sofrimento, mesmo que eles tenham nos prejudicado de alguma forma.

Entre os conhecimentos que precisamos ajudar nossos discípulos a construírem está o fato de que o sucesso do outro nunca será impedimento para o meu sucesso, mas as dores e as aflições alheias precisam ser vencidas juntamente a cada um de nós, pois cada pessoa é membro de um corpo maior, que pode ser tanto a sociedade como também a família.
"De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular" (1 Coríntios 12:26,27 - grifo meu).
Todos nós também precisamos compreender que é muito melhor vermos alguém bem empregado profissionalmente, fazendo parte de uma família unida, conseguindo alcançar seus objetivos, obtendo êxito no exercício do seu chamado ministerial do que vermos pessoas sofrendo as muitas mazelas que hoje assolam o mundo, a igreja e, por isso, é tão importante nos alegarmos com a alegria do outro.

Uma verdade que também não pode deixar de ser considerada é que, não raras vezes, não compreendemos quando alguém vem nos contar um grande feito. É comum imaginarmos que este alguém está, na verdade, exibindo o que conseguiu, de maneira a alcançar alguns prestígios que poderiam ser nossos.

Tais pensamentos são comuns entre muitos de nós - quiçá, na maioria de nós -, pois vivemos em meio a pessoas que assim pensam e acabamos reproduzindo muitos destes maus conceitos dentro de nós, fazendo aumentar ainda mais a distância e a barreira que existem entre nós e a felicidade de outro.

Como pais, professores, líderes espirituais é nosso papel orientarmos nossos filhos, alunos, seguidores a olhar do lado e entender a conquista de outras pessoas como também a sua. Como exercício para isto, podemos sugerir que eles elogiem uns aos outros, extraindo somente o que há de melhor em cada um.

Certamente, este exercício irá contribuir significativamente para que todos adquiram um comportamento nobre diante do sucesso alheio e, de quebra, os ambientes das nossas salas de aula, das nossas casas, das nossas congregações serão, sem a menor dúvida, muito melhores, enquanto que nós teremos a certeza de um futuro muito melhor do que o nosso presente tem sido.

Conclusão


Deus nos chama para viver em amor. Isso significa que precisamos amar as pessoas à nossa volta. Nem sempre isso é fácil, porque essas pessoas podem ser muito diferentes de nós. Mas a Bíblia explica por que é muito importante amar o próximo:
"Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros. Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: 'Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'" (João 15:17; Gálatas 5:14 - grifo meu).
Chorar com os que choram, muitos fazem, pois é mais fácil, o difícil é você se alegrar com os que se alegram, celebrar a vitória do outro.

A vida cristã é um eterno andar na contramão dos valores e costumes desse mundo, pois da mesma forma, muitas pessoas não torcem para nós mesmo, e só se importam consigo mesmo.

Quando penso nisso sou imediatamente levado a ver o exemplo de Jesus, que como Deus poderia virar as costas para nossa situação de ruína por conta do pecado que há em nós, mas não fez isso, pelo contrário, pensando numa mudança radical da nossa vida, da nossa eternidade, doou-se a cada um de nós dando-nos a Sua vida, morrendo numa cruz, para que pudéssemos nos alegrar com a vida eterna, e esse é Seu maior exemplo, não pensar só em Si (Fp 2).

Jesus chorava com os que sofriam e fez tudo que era possível para lhes mudar a realidade, mas Sua maior marca foi trazer novamente a Alegria pela vida, que é a graça do nosso Deus para todos que creem. E aí, vai aceitar o desafio de se alegrar com a alegria alheia ou vai preferir viver a vida alimentando invejas e indiferenças? Mais uma vez, é tudo uma questão de escolha. Faça a sua e assuma as consequências advindas dela.

Carpideira: substantivo feminino - 1. mulher mercenária que pranteava os mortos durante os funerais. - 2. por extensão mulher que se lamenta, que chora com frequência.]

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

ESPECIAL - AS SETE IGREJAS DO APOCALIPSE - 4) TIATIRA


Nas páginas iniciais de Apocalipse, nosso Senhor se apresenta como o santo guerreiro celestial (1:12-20) que prepara o seu povo para conquistar os seus inimigos (2:7, 22, 17, 26; 3:5, 12, 21) ao exortá-los a ouvirem o que o Espírito tem a dizer nas cartas que ele escreve a sete igrejas.

Notavelmente, embora ele escreva cada carta a uma igreja particular, Cristo insiste que cada uma delas seja ouvida por todos (2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22), tornando cada uma delas, efetivamente, uma "carta aberta" para todos os crentes lerem. O que, então, Cristo deseja que aprendamos de sua carta à igreja de Tiatira? Para ouvir essa lição, nós precisamos examinar alguns aspectos chave da carta que Cristo escreveu aos cristãos de lá. 

Contextos geográfico, histórico, social, econômico, cultural e espiritual de Tiatira 


O nome Tiatira significa sacrifício contínuo, ou perpétuo - era uma igreja relaxada e libertina. 

Esta pequena cidade era famosa naqueles dias pelas suas associações de classe, ou sindicatos, e os seus tecidos de lã tingidos de púrpura, uma tinta caríssima obtida de moluscos (Atos 16:14). A cidade de Tiatira estava situada no caminho entre Pérgamo e Sardes. Atualmente, chama-se Akhisar (significa "castelo branco"), na Turquia. Lídia, a primeira pessoa convertida por Paulo na Europa, era de Tiatira (Atos 16:14), mas não temos mais nenhuma informação sobre esta igreja. O que sabemos da igreja vem das referências no Apocalipse.

Embora segundo padrões mundanos Tiatira fosse a menos conhecida das sete cidades do Apocalipse, ela se destacava pelo grande número de corporações de ofício (relacionadas especialmente a tecidos e armaduras) que nela prosperavam. A influência desses sindicatos na vida civil era considerável.

Rigorosamente todo mês, eles patrocinavam refeições comuns para os seus membros, banquetes que envolviam adoração ao imperador romano com divindades padroeiras locais e, frequentemente, imoralidade sexual. Não se acomodar a essas práticas pagãs colocava alguém em significativo risco econômico, particularmente se esse alguém desejasse progredir nos negócios e na sociedade. 

O Senhor Jesus, que apareceu a João nesta visão como semelhante a filho de homem (Ap 1:13), identifica-se nesta mensagem como o Filho de Deus, trazendo julgamento em sua natureza divina: uma chama de fogo (seus olhos) para julgar, e pés semelhantes ao bronze polido para pisar (Daniel 10:6, Hebreus 10:26-31, Ap 19:11-15). 

Conhecendo a igreja, Ele elogia seu amor, fé, serviço, perseverança e crescente atividade. No entanto, Ele a repreende severamente por permitir que uma mulher, Jezabel, que se dizia profetisa, não somente ensinasse, mas também seduzisse seus servos a praticarem a imoralidade (1 Coríntios 5:1-5) e a idolatria (a mesma doutrina de Balaão condenada na igreja de Pérgamo).

Ela os estava incentivando a confraternizar com o mundo ao seu redor e tomar parte em suas práticas imorais e a sua religião. Foi-lhe dado tempo para arrepender-se, mas como não quis, ela será punida severamente com todos os que foram seduzidos por ela, e seus filhos serão mortos (1 Coríntios 11:30, 1 João 5:16). Desta forma todas as igrejas conhecerão que Cristo é Aquele que sonda mente e corações (chama de fogo), e que Ele dará a cada um conforme as suas obras (bronze polido). 

Os demais membros da igreja de Tiatira que não se deixaram contaminar por essa doutrina, e não conheceram as coisas profundas de satanás (o que chamaríamos hoje mistérios religiosos), são desonerados de responsabilidade pelo ocorrido, mas devem preservar aquilo que eles têm (a sã doutrina dos apóstolos) até a vinda do Senhor. 

A igreja de Tiatira é típica da situação geral das igrejas desde o ano 606 a 1500 A.D.. No ano 606 o papa Bonifácio III foi coroado "bispo universal", dando início à Idade Média.

A advertência de Cristo à Igreja em Tiatiara

O perigo que vinha de dentro 


Acima de tudo, a mensagem de Cristo aos cristãos de Tiatira é uma advertência de que eles estão em grave perigo espiritual. Mas como pode ser isso? Essa igreja, diferentemente da de Éfeso, não perdeu o seu primeiro amor (Ap 2:4,5), ao contrário, cresceu em amor e fé, com serviço e perseverança (2:19). Certamente, eles estão seguros. 

Todavia, junto a essas virtudes habita um vício. Em outras palavras, o risco não está vindo de fora da igreja: assim como ocorria em Laodicéia, a perseguição da Roma imperial não representava nenhuma ameaça ao bem-estar de Tiatira. Em vez disso, o perigo vem de dentro. A igreja está tolerando a presença de uma falsa profetiza e seus discípulos (2:20). Com efeito, a influência dessa árvore má e seus frutos maus (Mateus 7:15-20) está comprometendo o professo noivado de Tiatira com Cristo (ver 2 Coríntios 11:2,3). Nós entendemos melhor a ameaça posta por esses lobos ao analisarmos o pano de fundo de Tiatira.

Uma coisa seria, em Tiatira, os cristãos envolvidos no comércio (como Lídia) serem convidados para essas festas por colegas de fora da igreja; outra coisa era um líder na igreja aprovar que cristãos aceitassem tais convites. Imagine estas palavras tentadoras: 
"Vocês conhecem as 'coisas profundas' (Ap 2:24) que estão em jogo aqui. Vocês sabem que 'o ídolo nada é' (1 Coríntios 8:4); vocês sabem que 'todas as coisas são lícitas' a vocês (Ap 6:12). Então, vão ao banquete; comam, bebam e se divirtam! Vocês precisam ganhar a vida, não é?". 
Não é de surpreender que o Senhor da Igreja tenha chamado a falsa profetiza de Tiatira pelo depreciador apelido de "Jezabel". Em Israel, aquela rainha gentia do maligno rei Acabe havia perseguido os profetas de Deus e promovido a típica adoração sexualmente desenfreada a Baal (1 Reis 16:31-33; 18:4; 21:25; 2 Reis 9:22). Os paralelos entre Israel e Tiatira são óbvios.

O "Espírito de Jezabel" 


A idolatria e imoralidade de Tiatira, contudo, expõe ainda mais acerca da falsa profetiza e seus discípulos. Se a Jezabel de Tiatira não for o modelo para o retrato da Cafetina Babilônia feito por João em Apocalipse 17, ela é ao menos uma encarnação local de tudo o que aquela prostituta representava. Como uma filha imitando sua mãe, as seduções de Jezabel ecoam as rejeições da Babilônia ao único e verdadeiro Deus e à sua justiça, rejeições encarnadas nos sistemas sociais da presente era maligna. 

O problema principal da igreja em Tiatira foi uma atitude tolerante em relação a essa falsa profetisa. É possível que a mulher realmente chamava-se Jezabel, mas é mais provável que Jesus tenha escolhido este nome por representar toda a maldade da mulher do rei Acabe no 9º século a.C. Ela teve uma influência terrível em Israel, conduzindo o povo à idolatria. A Jezabel de Tiatira agiu de maneira semelhante, seduzindo os cristãos às práticas de idolatria e prostituição (ou imoralidade sexual literal, ou impureza espiritual). Ela incentivou os servos de Deus a comerem coisas sacrificadas a ídolos, uma prática condenada que representa comunhão com os demônios (veja At 15:20,29; 1 Co 10:20-22).

Como a Babilônia, Jezabel faz com que seus filhos-seguidores tornem-se cúmplices das prostituições deste mundo, no corpo e na alma. E no coração dessas prostituições está o engodo da estabilidade econômica. Seguir Jezabel, então, é partilhar da identidade da Babilônia terrena; renunciá-la é partilhar da identidade da Jerusalém celestial.

Uma questão de escolha


Mas Cristo nos dá ainda mais discernimento acerca da escolha posta diante de Tiatira e diante de nós. Com uma sabedoria superior à de Salomão, Ele quer que as igrejas examinem seu destino pela sua semelhança com a sua mãe espiritual. Aqueles que Jesus identifica como a profetiza impenitente e seus filhos serão punidos com sofrimento e morte nesta era (2:22,23); aqueles que Ele identifica como o seu povo arrependido e firme (vv. 24,25) serão recompensados com uma participação na autoridade real de subjugar seus inimigos no final desta era (vv. 26-28). A lição para Tiatira e para nós é clara: 
  • partilhar da identidade de uma mãe é partilhar do seu destino. 
Satanás estava presente e ativo na Ásia quando Jesus enviou estas cartas às igrejas. Ele tinha sinagogas em Esmirna (2:9) e Filadélfia (3:9), e um trono em Pérgamo (2:13). Em Tiatira, ele tinha uma profetisa que incentivava as pessoas a conhecerem as "coisas profundas de satanás". Para servir a Deus num ambiente cheio da influência do diabo, o discípulo de Cristo teria que lutar e confiar em Deus, confiante da recompensa para os vencedores. 

"Ao Anjo da Igreja em Tiatira..." (2:18-29

A igreja em Tiatira (18): 


A cidade de Tiatira era conhecida pela produção de púrpura, uma tinta usada em tecidos (veja Atos 16:14), além de roupas, artigos de cerâmica, bronze, etc. Havia em Tiatira grupos organizados de artesãos e profissionais, semelhantes às associações profissionais de hoje, mas com elementos religiosos de influência pagã. 

Como as outras cidades da época, Tiatira teve seus templos e santuários religiosos, incluindo templos aos falsos deuses Apolo, Tirimânios e Artemis (uma deusa chamada Diana pelos romanos – veja At 19:34) e um santuário a sibila (orácula) Sambate. A importância de figuras femininas na cultura religiosa de Tiatira pode ter facilitado o trabalho de Jezabel, a mulher que seduzia os discípulos e incentivava a idolatria e a prostituição. 

"O Filho de Deus..." (18): 


Esta expressão aparece somente aqui no Apocalipse. É comum no Novo Testamento, especial-mente nos livros de João, como descrição de Jesus Cristo. Os servos fiéis são descritos, também, como filhos de Deus (veja 21:7; João 1:12; 1 Jo 3:1,2,10; 5:2; etc.) Aqui, a expressão obviamente se refere a Cristo. 

"Olhos como chama de fogo..." (18): 


Jesus tem olhos poderosos e penetrantes (veja Ap 1:14; Dn 10:6). 

"Pés semelhantes ao bronze polido..." (18): 


Ele tem força para castigar e até esmagar os seus inimigos (veja Ap 1:15; Daniel 10:6). 

Jesus conhecia e elogiava as qualidades boas da igreja em Tiatira (19): 


Obras/serviço/últimas obras mais numerosas do que as primeiras – A igreja em Tiatira era uma congregação ativa. Ao invés de esfriar, ela se tornou cada vez mais ativa no serviço a Deus. A fé que agrada a Deus é a fé ativa que se mostra pelas suas obras (Tiago 2:14-17). Os servos de Deus devem ser 
"sempre abundantes na obra do Senhor" (1 Coríntios 15:58), 
pois Deus nos criou para boas obras (Efésios 2:10).

Amor – O princípio fundamental na vida do cristão (Mt 22:37-40). Faltava amor em Éfeso (Ap 2:4), mas Jesus viu esta qualidade boa em Tiatira. 

– Junto com as suas obras, os discípulos em Tiatira mostraram a sua fé. As pessoas podem ser identificadas conforme a sua fé. Há crentes e há incrédulos, e não pode existir comunhão entre os dois (2 Coríntios 6:14,15). 

Perseverança – O bom solo produz fruto com perseverança (Lucas 8:15), uma qualidade freqüentemente incluída nas características que definem os servos de Deus (Colossenses 1:11; 2 Timóteo 3:10; 2 Pedro 1:6). A tribulação produz perseverança (Romanos 5:3,4; Tg 1:3,4,12). 

Jesus viu, também, problemas na igreja em Tiatira. Ele fez uma crítica severa: 

"Tenho, porém, contra ti..." (20): 


Como vimos, o problema da igreja foi a sua tolerância da falsa profetisa Jezabel. O povo de Deus deve repreender e rejeitar falsos mestres (Ef 5:11; Rm 16:17,18; Gálatas 1:6-9; Tito 3:10,11). A igreja em Tiatira, possivelmente enfatizando o amor ao ponto de esquecer da pureza de doutrina, tolerava esta falsa mestra. Devemos sempre lembrar que a sabedoria de Deus é mais importante do que a paz com homens (Tg 3:17; Mt 10:34-38). 

"Dei-lhe tempo para que se arrependesse..." (21): 


Jesus é longânimo e paciente (Rm 2:4). Ele deu tempo suficiente para Jezabel se arrepender, mas ela não quis. 

"Eis que a prostro de cama..." (22): 


Esta não é a cama da prostituição (ela já se deitava naquela cama de livre vontade), mas a cama de doença e sofrimento. Jesus forçaria esta mulher e seus cúmplices a se deitarem na cama de tribulação (veja Mt 8:14; 9:2). 

"Matarei os seus filhos..." (23): 


Pode ser que ele se refere literalmente aos filhos da profetisa, mas a palavra "filho", freqüentemente, se refere às pessoas que seguem o ensinamento ou o exemplo de alguém. Assim, os descendentes de Abraão são aqueles que praticam as mesmas obras (Jo 8:39) e os filhos do diabo são aqueles que imitam as obras dele (8:44). Da mesma maneira, é provável que os filhos de Jezabel sejam aqueles que seguem os ensinamentos e praticam as obras dela. Se não se arrependerem, Jesus mataria os malfeitores. 

"Todas as igrejas conhecerão..." (23): 


O castigo divino tem vários propósitos. Um destes, obviamente, é o castigo dos culpados. Neste caso, Jesus prometeu matar as pessoas que praticaram a idolatria e a prostituição, caso não se arrependessem. Mas há um segundo motivo atrás deste castigo. A morte de alguns serviria de alerta para outros. 

As igrejas entenderiam que Jesus realmente sabe de tudo que acontece, e que ele julga retamente segundo as obras de cada um. Observamos a importância da disciplina divina para deter o pecado dos outros. Veja alguns exemplos: Acã (Josué 7; 22:20); Ananias e Safira (At 5:11); A correção pública de pecadores (1 Tm 5:20). Nós devemos aprender as lições dos pecados do passado, e considerar as consequências da desobediência.

Conclusão 


Na última parte desta carta, Jesus oferece encorajamento aos cristãos em Tiatira. 

  • O encorajamento aos demais de Tiatira (24):

Ele já falou sobre os filhos de Jezabel. Agora ele encoraja os outros, os discípulos fiéis que não aceitam a doutrina dela e não participam do conhecimento das "coisas profundas de satanás". Algumas pessoas não buscavam as "profundezas de Deus" (1 Co 2:10) pois queriam conhecer as profundezas do diabo. Pode ser uma referência à busca de conhecimento profundo (mas não da revelação da palavra de Deus) típica dos gnósticos. 

  • "Outra carga não jogarei..." (24,25):

Manter a pureza no meio da influência negativa em Tiatira e sob pressão de falsos ensinamentos como o de Jezabel já seria difícil. Jesus não exigiria mais do que isso. Ele não permite que seus servos sejam tentados além de suas forças (1 Co 10:13). 

  • "Ao vencedor..." (26):

O vencedor é aquele que guarda as obras de Cristo até ao fim. Novamente, ele destaca a necessidade da perseverança, mesmo quando enfrentamos tribulações. 

Autoridade sobre as nações (26,27): Os cristãos perseguidos foram vítimas da maldade dos homens poderosos deste mundo, até do poder do governo. Mas os vencedores dominariam sobre as nações com o poder do Ungido de Deus (compare a linguagem deste texto com Salmo 2:8,9). Jesus daria aos fiéis o privilégio de participarem deste vitorioso reino messiânico (veja Ap 5:9,10; Rm 5:17; Ef 2:6). 

  • "A estrela da manhã..." (28):

Jesus é a estrela da manhã (Ap 22:16; veja 2 Pedro 1:19). Qual maior recompensa para o vencedor do que chegar ao eterno dia iluminado para sempre pela luz de Jesus? 

Quem tem ouvidos, ouça (29): Como nas outras cartas, Jesus encerra esta com um apelo aos ouvintes. Prestem atenção! 

Jesus vê tudo e faz uma distinção absoluta entre os servos de Satanás e os servos fiéis do Senhor. Para os que insistem em servir ao diabo, ele promete tribulação e morte. Para os discípulos dele, ele promete o dia de sua presença e o privilégio de reinar com ele sobre os inimigos. 
  • Temos nós ouvidos para ouvir a mensagem de Cristo a Tiatira? 
  • Acaso o engodo da estabilidade econômica levou nossas igrejas a tolerarem o falso ensino?
Nossos antepassados protestantes viram sua igreja tornar-se uma prostituta sujeita ao julgamento de Cristo. Então, eles renunciaram a Jezabel; eles aceitaram perder "famílias, bens, prazer" e vir "a morte enfim chegar"¹ e assim seguiu a Reforma. 

Que nós também nos arrependamos de nosso desejo promíscuo por estabilidade econômica neste mundo babilônio; que ponhamos um fim em nosso adultério com mestres que nos seduzem para longe da santa segurança da Jerusalém de cima e do mundo por vir.

[Fonte: Estudos da Bíblia, por Dennis Allan; Ministério Fiel, por R. Fowler White (artigo original traduzido por Vinícius Silva Pimentel); ¹Trecho do hino Castelo Forte, da autoria de Martinho Lutero] 

A Deus toda glória.

Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://circuitogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 

E nem 1% religioso.