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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A SÃ DOUTRINA - O JUÍZO FINAL

Quer queiramos ou não, haverá um dia em que todas as pessoas do mundo, independentemente da sua raça, cor, ou religião serão julgadas. Pois todas as pessoas, sob esse aspecto, são criaturas, do Deus Criador dos céus e da terra.

O juízo de Deus está intimamente relacionado com a segunda e derradeira volta de Jesus. E quer as pessoas queiram, ou não; quer elas estejam preparadas, ou não, Jesus irá voltar para colocar fim a este mundo de pecados, e restaurar o planeta ao seu estado original; o de santidade.

Vamos entender isso vendo 11 importantes fatos sobre o Juízo Final: 

  • 1) Jesus colocou o juízo, como estando no futuro:

"Mas Eu vos digo que, de toda a palavra ociosa que os homens disserem, hão-de dar contas no dia do juízo." - Mateus 12:36 

  • 2) Paulo procurou convencer Félix acerca do juízo, como estando no futuro:

"E, tratando ele da justiça, e da temperança, e do juízo vindouro, Félix, espavorido, respondeu: Por agora vai-te, e em tendo oportunidade te chamarei." - Atos 24:25 (grifo meu) 

  • 3) Todos teremos que comparecer perante o tribunal de Deus:

"Porque todos devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal." - 2 Coríntios 5:10 (grifo meu) 

  • 4) Deus vê todas as coisas:

"E não há criatura alguma encoberta diante dEle; antes, todas as coisas estão nuas e patentes, aos olhos daquele com quem temos de tratar." - Hebreus 4:13 (grifo meu) 

  • 5) Deus trará a juízo todas as coisas encobertas:

"De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau." - Eclesiastes 12:13 e 14 (grifo meu)

  • 6) No juízo, Deus terá em consideração até o lugar onde nascemos:

"O Senhor contará na descrição dos povos que este homem nasceu ali." - Salmo 87:6

  • 7) No juízo, todos os pecados, não confessados, estarão perante os pecadores:

"Por isso, ainda que te laves com salitre, e amontoes sabão, a tua iniquidade está gravada diante de mim, diz o Senhor DEUS." - Jeremias 2:22 

  • 8) Se abandonarmos os pecados pelo arrependimento, eles serão apagados dos registros de Deus: 

"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos de refrigério, pela presença do Senhor." - Atos 3:19 (Grifo meu, ver também 1 João 1:9 e Hebreus 8:12) 
Não posso deixar de comentar. Que Deus maravilhoso o nosso! Os salvos não terão que se deparar com os seus pecados, pois eles estarão confessados e, consequentemente perdoados. Caso contrário, eles não seriam levados por Jesus e Seus anjos, para o céu. 

  • 9) Deus terá registrado no livro memorial os nossos atos de bondade:

"Então aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; e o Senhor atentou e ouviu; e um memorial foi escrito diante dele, para os que temeram o Senhor, e para os que se lembraram do seu nome." - Malaquias 3:16 (grifo meu)

  • 10) As pessoas que permanecerem no pecado, terão o nome riscado do livro da vida. 

"O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. " - Apocalipse 3:5 

  • 11) A mensagem final de Deus para a humanidade reflete o juízo: 

"...Temei a Deus e dai-lhe glória por que vinda é a hora do Seu juízo." - Ap 14:7 

Agora vejamos as fases do Juízo Final, para que possamos ter uma maior compreensão do assunto: 

1ª Fase do Juízo – Investigação ou Pré-Advento 


Este julgamento já começou e vai terminar ainda antes da volta de Cristo. Nesta fase serão julgados as pessoas salvas. Este juízo se dará antes da volta de Jesus, pois é mais do que justo, Deus já ter decidido, com antecedência, o destino daqueles que serão salvos, e aqueles que se perderão. A palavra menciona: 
"Eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra." - Ap 22:12 
Para uma compreensão profética do juízo, exige uma análise global especialmente dos livros de Daniel, Hebreus e Apocalipse. Em Daniel 8:14 menciona: "E até 2300 tardes e manhãs, e o santuário será purificado." Deve-se levar em conta o estudo do santuário terrestre, o que significava o dia da purificação (Yon Kipur) que era um dia de juízo, e transportar para o santuário celestial, como descrito em Hebreus e Apocalipse. Ver Hb 8:1 e 2 e Ap 11:19. Assim compreenderemos melhor o Juízo. 

Em Daniel 9 e Esdras 7; comparados com a história, mostram a data do início dos tais 2300 anos. De 457 a.C. até 1844 d.C., completa o referido período. Eu acredito que em 1844, o nosso Senhor, que é o Sacerdote e Sumo-Sacerdote celestial, começou o juízo de investigação; a começar com os que já morreram salvos, e depois, dentro do tempo de Deus; com os vivos também salvos. Quando Jesus retornar, tudo já estará definido. Os bodes estarão do lado esquerdo e as ovelhas do lado direito. 

Alguém pode dizer que Deus pode realizar o juízo num estalar de dedos, e não precisa de um julgamento de tantos anos, como sugerido, desde 1844 em diante. É verdade, Deus pode; mas, se temos as profecias bíblicas tão bem explicadas, para alguma coisa serve, que é para serem estudadas, compreendidas e obedecidas. Sem contar que Deus gosta de deixar tudo explicado para que ninguém tenha no que acusar Deus. 

2ª Fase do Juízo – De Confirmação 


Este juízo terá lugar durante os mil anos Nesta fase, serão julgados os perdidos que estarão mortos na terra desolada. Ver Jeremias 4:23 a 27 e Jeremias 25:33. Os não salvos, não terão mais oportunidade de salvação. 

Em Apocalipse 20:13 e 1 Corintios 6:3, mostram as atividades dos salvos durante os mil anos: eles auxiliarão Jesus no processo de julgamento dos perdidos, que estarão mortos e inconscientes. Este será um juízo de confirmação apenas. Os perdidos não terão outra chance, pois a Palavra menciona que depois da morte, vem o juízo e a condenação. 
"E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso o juízo." - Hb 9:27. 
Em Apocalipse 20:5 menciona que os ímpios receberão a recompensa depois do período dos mil anos. Eles ressuscitarão, mas será por pouco tempo. Será para verem as oportunidades desperdiçadas e reconhecerem que Deus é justo. O juízo de confirmação vai durar mil anos literais, para que tudo seja feito com calma, e nenhum item escape aos olhos de Deus, para que os salvos confirmem o amor de Deus e os perdidos possam reconhecer a Sua justiça. 

3ª Fase do Juízo – Executivo 


Esse juízo acontecerá depois dos mil anos. Em Apocalipse 20:7 mostra que Satanás será solto da sua prisão para conduzir os ímpios ressuscitados; num ataque final contra Deus, os salvos e a cidade nova Jerusalém. A absolvição de Satanás só será possível, porque os ímpios terão ressuscitado. 

Apocalipse 20:9 menciona que Satanás e suas hostes serão finalmente destruídos com o fogo do inferno. Este será o juízo final. Ver Apocalipse 20:7-15 

É bom salientar também que o inferno a arder eternamente, será eterno em seus efeitos e consequências. Compare as seguintes passagens: Judas verso 7 e 2 Pedro 2:6. Se fosse eterno, Sodoma e Gomorra, necessariamente, estariam a arder até hoje. 

Conclusão


A nova Jerusalém descerá para a terra, e será a capital do paraíso. Deus criará depois do milênio, novos céus e nova terra. Aqui será a sede do universo todo. Onde reinou o pecado será a sede da justiça e do amor. 

A única maneira de evitarmos a condenação eterna é através de Jesus Cristo. Ver Romanos 8:1 e Hebreus 7: 24 e 25. Vivamos a vida com Jesus, nosso Senhor.

sábado, 29 de outubro de 2016

241: O QUE É ESSA PROPOSTA DE EMENDA CONSTITUCIONAL QUE TEM PREOCUPADO O BRASIL?


O Poder Executivo apresentou ao Congresso Nacional, no último dia 15 de junho, a PEC 241/2016, Proposta de Emenda à Constituição cujo objetivo é o de instituir um novo regime fiscal para o país. O alicerce central da proposta está baseado no estabelecimento do chamado "novo teto para o gasto púbico". A proposta foi concebida já durante o exercício de poder do presidente interino Michel Temer, tendo como mentor Henrique Meireles, ex-presidente do Banco Central nos governos Lula I e II, e atual Ministro da Fazenda. O pretexto é o de redução da relação dívida-PIB (Produto Interno Bruto).

A tal PEC 241 tem sido alvo de forte resistência pela oposição do governo Temer no Congresso e desde seu anúncio gerou uma série de protestos Brasil afora. Mas, afinal, do que se trata essa PEC? Tem gente protestando sem ter a menor noção do seu real significado. Após algumas pesquisas na internet eu consegui compilar um apanhado das principais informações que trago de maneira resumida nesse artigo. Farei o possível para usar o mínimo possível do complicadíssimo "economês". 

As verdades sobre a PEC 241 


  • O que é?

A PEC limita as despesas primárias da União aos gastos do ano anterior corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que significa que a cada ano, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) vai definir, com base na regra, o limite orçamentário dos poderes Legislativo (incluindo o Tribunal de Contas da União), Executivo e Judiciário, Ministério Público Federal da União (MPU) e Defensoria Pública da União (DPU). 

Como o IPCA só é conhecido após o encerramento do ano, a PEC 241 determina que, para calcular o limite, o governo estimará um valor para a inflação, que será usado na elaboração dos projetos da LDO e da lei orçamentária. Na fase de execução das despesas, no ano seguinte, será usado o valor final do IPCA, já conhecido, procedendo-se aos ajustes nos valores dos limites.

A nova regra seria aplicada por um período de 20 anos. Caso haja descumprimento ao limite de gastos, o órgão ou Poder Público serão penalizados nos anos seguintes com a proibição de medidas que aumentem o gasto público, como por exemplo, o eventual reajuste salarial de servidores públicos; a criação de cargo, emprego ou função; a alteração de estrutura de carreira; restrições à admissão ou à contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa e aquelas decorrentes de vacâncias de cargos efetivos e à realização de concurso público.

  • Educação e Saúde

A proposta foi duramente criticada durante o II Encontro Nacional de Educação que ocorreu em Brasília nos dias 16 a 18 de junho. A exemplo do Projeto de Lei Complementar – PLP 257/16, a medida recai sobre os trabalhadores, os servidores e os serviços públicos e, especialmente, em áreas essenciais à população brasileira como a Educação e Saúde. 

A PEC propõe alterar os critérios para cálculo das despesas mínimas na Educação e Saúde, que passariam a ser corrigidos pela variação da inflação do ano anterior, sem aumento real. Na avaliação do encontro, no frigir dos ovos a aprovação da PEC pelo Congresso Nacional congelaria por 20 anos o orçamento, e se houver crescimento econômico, não há possibilidade de revisão do congelamento. Ou seja, mais penúria orçamentária para os próximos anos.

  • Quando a PEC começa a valer?

Se aprovada na Câmara e no Senado, começa a valer a partir de 2017. No caso das áreas de saúde e educação, as mudanças só passariam a valer após 2018, quando Temer não será mais o presidente.

  • Qual o impacto da PEC no salário mínimo?

A proposta também inclui um mecanismo que pode levar ao congelamento do valor do salário mínimo, que seria reajustado apenas segundo a inflação. O texto prevê que, se o Estado não cumprir o teto de gastos da PEC, fica vetado a dar aumento acima da inflação com impacto nas despesas obrigatórias. Como o salário mínimo está vinculado atualmente a benefícios da Previdência, o aumento real ficaria proibido. 

O Governo tem dito que na prática nada deve mudar até 2019, data formal em que fica valendo a regra atual para o cálculo deste valor, soma a inflação à variação (percentual de crescimento real) do PIB de dois anos antes. A regra em vigor possibilitou aumento real (acima da inflação), um fator que ajudou a reduzir o nível de desigualdade dos últimos anos.

  • A PEC do teto atingirá de maneira igual ricos e pobres?

A população mais pobre, que depende do sistema público de saúde e educação, tende a ser mais prejudicada com o congelamento dos gastos do Governo do que as classes mais abastadas. A Associação Brasileira de Saúde Pública, por exemplo, divulgou carta aberta criticando a PEC. No documento a entidade afirma que a proposta pode sucatear o Sistema Único de Saúde, utilizado principalmente pela população de baixa renda que não dispõe de plano de saúde. 

Além disso, de acordo com o texto da proposta, o reajuste do salário mínimo só poderá ser feito com base na inflação - e não pela fórmula antiga que somava a inflação ao percentual de crescimento do PIB. Isso atingirá diretamente o bolso de quem tem o seu ganho atrelado ao mínimo.

  • Tramitação

A intenção do governo é que a proposta seja aprovada no Congresso Nacional o mais rápido possível para que o novo cálculo para os gastos públicos já seja aplicado no ano que vem. A PEC 241 será analisada inicialmente na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, que fará o exame de admissibilidade. Se for aprovada, segue para discussão e votação em uma comissão especial. Antes de seguir para o Senado, a PEC será votada em dois turnos na Câmara e para ser aprovada são necessários no mínimo 308 votos dos deputados em cada turno.

  • O que vem depois da PEC, se ela for aprovada tal como está?

A PEC é a prioridade da equipe econômica do Governo Temer, que vai pressionar por outras reformas nos próximos meses, como a Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista.

Conclusão


Minha avaliação é que apesar de grande importância, porém ela possui duas falhas graves do ponto de vista econômico/financeiro, não pode ser apenas para frear gastos públicos, eles precisam ser ajustados/cortados primeiro!

Para ser positiva dentro do âmbito econômico ao qual vive o Brasil, é preciso ajustar/cortar primeiro os gastos e despesas com parlamentares e cargos de confiança (Alguém já ouviu alguém falar sobre esse assunto? Eu nunca, menos ainda na PEC!)

A proposta de congelamento de gastos públicos, é de grande importância, pois salários e benefícios estão muito acima do suportado e aceito pela realidade brasileira, se não forem ajustados, continuarão se beneficiando por possuírem valores exorbitantes atualmente a receber! Isto é um fato que não precisa ser um economista/especialista para saber.

Outro detalhe, seria necessário atualizar a defasagem de investimentos da SAÚDE, EDUCAÇÃO e SEGURANÇA PÚBLICA - os calcanhares de aquiles da sociedade brasileira - também no primeiro momento, para dar condições para esse projeto de longo prazo, caso contrário lá na frente esses setores estarão MUITO PIORES QUE HOJE! Enfim, só nos resta esperar em que tudo isso vai dar e, quem quiser e puder, que faça alguma coisa para mudar e mudar pra melhor, é o que todos sonhamos, é o que todos queremos.

[Fonte: JusBrasil.org e diversas publicações na internet]

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

LIVROS QUE EU LI - "CIDADE DOS OSSOS"


 "Um mundo oculto está prestes a ser revelado... Quando Clary decide ir a Nova York se divertir numa discoteca, nunca poderia imaginar que testemunharia um assassinato - muito menos um assassinato cometido por três adolescentes cobertos por tatuagens enigmáticas e brandindo armas bizarras.  
Clary sabe que deve chamar a polícia, mas é difícil explicar um assassinato quando o corpo desaparece e os assassinos são invisíveis para todos, menos para ela. Tão surpresa quanto assustada, Clary aceita ouvir o que os jovens têm a dizer...  
Uma tribo de guerreiros secreta dedicada a libertar a terra de demônios, os Caçadores das Sombras têm uma missão em nosso mundo, e Clary pode já estar mais envolvida na história do que gostaria."
Eu simplesmente adoro livros de aventura. Muito antes do livro sair aqui no Brasil, eu já havia ouvido falar sobre ele em um programa de televisão. Mas antes de falar um pouco sobre o livro, vamos conhecer a autora.

Cassandra Clare, pseudônimo de Judith Rumelt, nascida em Teerã (Irã), é filha de pais norte-americanos. Passou grande parte de sua infância viajando pelo mundo com sua família. Viveu na França, Inglaterra e Suíça antes de completar dez anos de idade. 

Clare estudou em um colégio de Los Angeles, onde costumava escrever estórias para divertir seus colegas, incluindo um romance épico chamado "The Beautiful Cassandra", baseado na estória homônimo de Jane Austen. Após concluir a faculdade, Clare começou a trabalhar em inúmeras revistas de entretenimento e tabloides, incluindo The Hollywood Reporter. Em seu tempo livre, escrevia fanfics de Harry Potter. Também é amiga da escritora Holly Black, e seus livros ocasionalmente se coincidem, com Clare mencionando personagens dos livros de Black e vice-versa.

Falando da história 


Clary é uma garota de quase 16 anos, que não se acha bonita nem atraente, e tem apenas um amigo, chamado Simon. Mas ela não é como qualquer outra garota. Tudo muda quando ela vai a uma balada no Pandemônio, e vê um garoto de cabelos azuis sendo morto por dois rapazes e uma garota. Quando os policiais chegam ao local, chamados por Simon, não veem nada, então ela descobre que apenas ela os vê.

É aí que tudo começa. Ela descobre que pode ver os Caçadores de Sombras, pessoas que caçam e matam todo o tipo de seres sobrenaturais. Mas as coisas não são tão simples como aparentam de inicio. Sua mãe desaparece, e ela tem que descobrir o que está acontecendo e porque consegue ver esse mundo que deveria estar oculto para ela. Entre muitas reviravoltas e descobertas ela se embrenha cada vez mais nesse mundo, num caminho sem volta, e sua vida muda completamente.

O livro é em terceira pessoa, começa com Clary Fray e seu melhor amigo Simon Lewis na fila da boate Pandemônio (Pandemonium), era domingo e ela estava comemorando seu aniversario de 15 anos. Tem luta contra vampiros, visita a Cidade dos Ossos .. e muito mais que eu não vou continuar contando, é melhor deixar para que vocês descubram. Porque... 

Vale a pena ler!


A história é de tirar o fôlego, te deixa preso até o final. Se eu for contar tudo (o que seria chato) seria um artigo gigante, pois acho todas as partes do livro importantes. Tem triângulo amoroso: Simon, Jace e Clary; "mundo paralelo" ao nosso com tudo que se tem direito: monstros, demônios, vampiros, lobisomens, fadas, feiticeiros e caçadores de sombras. E quando você chegar na pagina 459 vai estar super intrigado e curioso, querendo não acreditar no que está lendo. Então vai involuntariamente querer ler a continuação, "Cidade das Cinzas".

Eu tenho que dizer que apreciei muito dois personagens, obviamente os principais: Clary e Jace. Principalmente Jace, e o modo como ele trata Simon com arrogância e indiferença. Isso foi um charme. Simon pode ser um pé no saco, quando quer. Clary apenas "suportando" Jace e seu jeito irritante, é demais.

Eu tenho que elogiar a narrativa de Cassandra, ela não escreve de uma forma maçante ou enjoativa, ou mesmo cansativa. Pelo contrário, cada linha de seu texto nos traz uma surpresa. Do início ao fim, o livro é recheado de ação e aventura, sem perder tempo com lenga-lenga e papo-furado, explicando e desenvolvendo a trama sem enrolação.

Virou filme, mas...


"Os Instrumentos Mortais - Cidade dos Ossos" (EUA, Alemanha, 2013) chegou aos cinemas tentando ocupar o espaço deixado por "Crepúsculo" e não preenchido por "A Hospedeira" e "Dezesseis Luas". Seu público alvo, obviamente, foi os adolescentes. O filme pode até ser, mas o livro, definitivamente, não!

Curiosamente, "Os Instrumentos Mortais - Cidade dos Ossos" fala muito pouco dos tais instrumentos mortais e passa correndo pela cidade dos ossos. Ainda assim, pode até ter agradado a alguns fãs dos livros de Cassandra Clare (a mim não agradou nem um pouco, diga-se), mas é pouco provável que o público comum se envolverá com a história, que ainda aborda de forma bem superficial temas como incesto e homossexualidade.

Piegas dos créditos iniciais aos finais, com direito a uma garota recebendo elogios do tipo "sabe quando eu disse que nunca tinha visto um anjo? Eu menti", o longa se assume como um projeto adolescente, razão pela qual não pode ser acusado de desonesto. Chega ao ponto de criar uma "chuva" do nada para que uma cena de beijo acontecesse debaixo d'água.

Mas isso não deixa de ser um problema... Quando se abraça o ridículo, ainda que fique autêntico, se alcança o ridículo. Fuja do filme e vá ler o livro, que é incomparavelmente melhor. Sinceramente, o livro não merecia uma adaptação tão ruim.

Conclusão


"Cidade dos Ossos" é o primeiro livro da saga Os Instrumentos Mortais (os outros são: "Cidade das Cinzas", 2008; "Cidade de Vidro", 2009; "Cidade dos Anjos Caídos", 2011; "Cidade das Almas Perdidas", 2012 e "Cidade do Fogo Celestial", 2014 - aos quais, eu ainda não li), traz uma história cheia de aventura e emoção. Tem de tudo que se possa imaginar, vai do romance ao ódio, do anjo ao demônio, do vampiro ao lobisomem, de fadas à feiticeiros e do real ao sobrenatural. 

Alguns amados irmãos crentes podem julgar sua leitura "espiritualmente" imprópria, mas eu não! É uma narrativa fictícia que cumpre muito bem o que para mim é o seu único objetivo: entreter.

Então eu tenho que falar sobre a incrível sensação de ler o livro. Ele trouxe a tona sentimentos de angústia, apreensão, adrenalina e até mesmo tristeza. Pode parecer ruim pra quem lê eu falando assim, mas é muito diferente disso. Na verdade o livro é intenso demais.

Depois que eu terminei de lê-lo tive a impressão de que ainda estava mergulhado em sua história, ainda sentindo todas essas sensações. No dia seguinte ao término do livro, eu ainda estava meio triste, pelo livro ter chegado ao fim, e pelo fim propriamente dito do livro (Normal. Fico assim quando leio qualquer outro livro que eu goste.).

Eu adorei o livro. A-M-E-I! Não há um só momento em que não haja aventura e ação. Mas o final me deixou realmente triste! Eu não vou deixar nenhum spoiler aqui, mas é MUITO TRISTE o final. Dá uma sensação de desesperança e fatalidade. Algo que é inevitável e não há como mudar. Não deixem de ler o livro, porque cada linha e letra do livro vale muito a pena!
  • Título: Cidade dos Ossos
  • Ano de Lançamento: 2007
  • Número de Paginas : 462
  • Editora: Record

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

ORAÇÃO: MITOS E VERDADE - ORAR DE MADRUGADA

Todos nós, em algum momento da vida, já ouvimos que orar de madrugada é melhor. Isso pode ser até discutido (considerando a rotina de muitas pessoas), mas a coisa complica quando acompanhada dessa ideia vem a seguinte afirmação: "a oração da madrugada é mais forte, mais poderosa. Deus responde mais rápido", ou o famoso jargão "de madrugada a fila é menor".

Mas será que realmente é isso mesmo? De madrugada Deus é mais acessível? Na verdade esse tipo de pensamento constrói uma espécie de misticismo e faz com que muitos cristãos acabem fazendo papeis de tolos. Pra começar, o melhor e mais recomendável a se fazer de madrugada é dormir.

Contudo, antes de prosseguirmos, quero deixar claro que sou totalmente a favor da oração pela madrugada e quero incentiva-lo a fazer isso, porém da maneira correta e pelos motivos certos.

Mito ou verdade?

Mito


No cenário evangélico pentecostal e neopentecostal, existe uma crença muito "popular" de que a oração na madrugada é "mais poderosa" do que a oração feita em outros períodos do dia. Muitos cristãos afirmam categoricamente que na madrugada a "fila é menor" para se falar com Deus, uma vez que são poucos os que mantêm certo hábito de orar nesse período que se dá entre a meia noite e o amanhecer. 

Em vista disso, pela "fila ser menor" na madrugada, Deus responde as orações de forma mais rápida nas mais variadas bênçãos pedidas. A razão de Deus abençoar mais rápido àqueles que mantêm este hábito ou disciplina de oração, dizem os pastores e cristãos pentecostais e neopentecostais, é porque está declarado em Provérbios 8:17 que "Deus ama os que o amam, e os que de madrugada O buscam O acharão."

Os "turnos" de Deus


Quanto ao horário específico para as orações na madrugada variam. Muitos cristãos gostam de orar às 3:00 horas. Entretanto, a maioria crê que um dos melhores horários para se orar é a partir da meia noite. Para ratificar esta ideia [de que a oração na madrugada é "poderosa"], os cristãos recorrem também a outro texto da Escritura, dessa vez descrito no Livro de Atos 16:25-26. 

É relatado que Paulo e Silas, por pregarem o Evangelho na cidade de Filipo (Atos 16:11-24) foram presos. No cárcere, por volta da meia noite, é dito que Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam. De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos. 

Portanto, o texto de Provérbios 8:17, juntamente com Atos 16:25,26 é a "base" de que oração na madrugada é eficaz, pois desemboca em bênçãos extraordinárias e instantâneas, como foi no caso de Paulo e Silas. 

Não obstante, o meu intuito neste artigo não é declarar através de argumentos hermenêuticos e teológicos que a oração no período da madrugada, independente do horário específico, seja errada nem, tampouco, pecado. Claro que não! Pelo contrário, como cristãos, devemos estar orando diariamente, constantemente. 

A comunhão com Deus que decorre de uma vida de oração é fundamental e necessária em todos os horários do dia! Portanto, quero enfatizar neste artigo: 
  1. A interpretação correta dos textos supracitados em contraste com a interpretação equivocada feita por muitos pastores e cristãos sinceros, por sinal; e 
  2. Destronar o misticismo da crença popular evangélica pentecostal e neopentecostal de que a oração ou a madrugada possui algum tipo de poder ou fluir especial do qual emana as bênçãos divinas instantâneas. 

Interpretando os contextos


Será, então, que Provérbios 8:17 e Atos 16:25,26 corroboram a oração na madrugada e o horário da meia noite como algo "mágico" e "poderoso" como afirmam muitos pastores e cristãos? Vejamos:

  • Análise de texto – 1

"Eu amo os que me amam, e os que de madrugada me buscam o acharão..." – Provérbios 8:17

A sabedoria é um dos principais temas no livro de Provérbios. Do capítulo 1:8 até 9:18, vemos um esboço compilado de conselhos breves e diretos que expressam a sabedoria divina e eterna. O objetivo destes conselhos divinos, todavia, é levar o leitor a refletir em como aplicá-los nas diversas situações da vida obedecendo-os. 

Nos capítulos 8 e 9 a sabedoria é atribuída aos homens. No capítulo 8 "ela está disponível para os mais simples (8:2,5), mas também é profunda: se o próprio Deus não fez nada sem sabedoria (8:22-31), quem somos nós para tentar orientar as nossas próprias vidas sem ela?"  

Personificada como uma mulher no capítulo 8, a sabedoria, agora, no capítulo 9, "é contrastada com a mulher louca. Elas têm métodos similares, pelo fato de que ambas se assentam nos lugares mais conspícuos da cidade (8:2-3; 9:3,14) e convidam os simples (8:6; 9:5,16). A sabedoria oferece recompensas que são mais valiosas do que qualquer tipo de riqueza (8:10-11, 18-19), ao passo que a mulher louca recomenda a doçura das "águas roubas" e a suavidade do pão comido às ocultas (vs.17). As consequências conectadas com estas escolhas são completamente opostas. Os convidados da Sabedoria recebem muitas bênçãos (8:34,35), mas os que se voltam para a loucura perecem e estão nas profundezas do inferno (vs.18).

Via de regra, o capítulo 8 descreve a excelência da sabedoria. O trecho que vai dos versículos 14-21 realça não os beneficiados (vs.14-17) e as bênçãos (18-21) de buscar a sabedoria, mas, contudo, a própria sabedoria. Os pronomes pessoais – eu e me, e o pronome possessivo meu, são enfáticos e se referem à sabedoria. Entretanto, o seu amor é experimentado pelas bênçãos de quem a recebe (vs.18-21). 

Quanto às bênçãos da sabedoria, certamente elas são de caráter material (3:16; 22:4) e espiritual, embora o aspecto espiritual predomine. Acerca do caráter espiritual das bênçãos da sabedoria, Derek Kidner ressalta que
"Se os homens em posição de autoridade (vs.15-16) precisam de sabedoria, é visando a justiça, e não as vantagens. Se ela confere riquezas (vs.18), estas se vinculam com a honra e a justiça (embora justiça possa ter seu significado secundário, 'prosperidade' no versículo 18, forçosamente tem seu sentido primário e moral no versículo 20). 
O versículo 19 deixa a questão fora da dúvida, e vai ainda além dos versículos 10-11. A sabedoria não somente é excelente do que o ouro, assim como a fonte toma procedência sobre o produto; o próprio produto (fruto) da sabedoria é melhor do que o ouro."
Diante disso, a expressão eu amo os que me amam descreve simplesmente o amor que a sabedoria possui por aqueles que a amam, buscam e desfrutam de suas bênçãos.  Provérbios 8:17 não faz menção alguma da oração na madrugada e, tampouco, apoia a crença mística de que, na madrugada, a fila para a oração é menor e que ela possui um poder maior e mágico em relação à oração feita no dia e que Deus a responde de modo rápido. 

Por outro lado, a sabedoria tem a ver com a graça de Deus, ou seja, é o próprio Jesus, o qual se declarou como a encarnação da sabedoria divina (Mt 11:19; Lc 11:49-51; Jo 6:35; 1 Co 1:24-25; Pv 2:4-5; 3:13-15). Um das melhores traduções para Provérbios 8:17, contudo, seria – Eu amo os que me amam; os que me procuram me acharão (ARA), excluindo, assim, o substantivo feminino madrugada. As outras traduções similares também são a da Almeida Século 21, da NVI e da BJC. 

  • Análise de texto – 2

"Por volta da meia noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam. De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos."  – At 16:25,26
Paulo e Silas foram para a cidade de Filipo evangelizá-la, permanecendo lá por alguns dias (16:11-12). Através da pregação de Paulo e de seus auxiliares e companheiros de viagem – Silas, Timóteo e Lucas, uma mulher, vendedora de púrpura, chamada Lídia foi convertida pelo Senhor (16:14-15). O evangelismo ocorreu por toda a cidade. Por conseguinte, quando estavam indo orar em certo local, Paulo e seus companheiros se depararam com uma jovem possessa de um espírito de adivinhação que os seguiam já por alguns dias importunando-os com gritos (16:17). 

Simon Kistemaker afirma que é provável que os gritos da moça fizeram com que muita gente se reunisse e ouvisse Paulo e seus amigos. Todos podiam ouvir a mensagem de salvação. Mas os contínuos gritos da moça passaram a ser um estorvo para o apóstolo na pregação do evangelho, e o transtorno o perturbou de maneira tal que ele teve de intervir e se dirigir ao demônio que habitava a moça. Desse modo, Paulo exorciza a jovem e ela fica liberta da atuação demoníaca em sua vida (16:16-18). 

No entanto, aquela jovem, antes de ser liberta das garras de satanás, era explorada e trabalhava como adivinha para pessoas que lucravam com o misticismo que predominava em Éfeso (16:16). Sendo assim, quando Paulo exorcizou o espírito que dominava aquela jovem pitonisa, exorcizou também a fonte de renda daqueles que a exploravam,5 e presumimos que ela recebeu o dom da salvação e se tornou membro da igreja filipense.

Em vista disso, sendo levados às autoridades da cidade de Filipo pelas pessoas que exploravam a jovem, Paulo e Silas foram presos (16:24). Então, perto da meia noite, enquanto oravam e louvavam a Deus, ocorre um terremoto e a prisão em que estavam é destruída. Deus intervém poderosamente neste evento singular na história para um duplo propósito: libertar Paulo e Silas da prisão e converter o carcereiro e sua família (16:27-35). 

Assim como em Provérbios 8:17, Atos 16:25,26 também não sustenta o misticismo de que a oração à meia noite ou perto dela desemboca em bênçãos instantâneas e extraordinárias. O texto não ensina que a oração ou o horário próximo à meia noite é um tipo de receita mágica para que ocorram os "terremotos da libertação onde as cadeias da nossa vida ruem", conforme pressupõe os pentecostais e neopentecostais em sua maioria, claro, com algumas exceções. 

O propósito da intervenção sobrenatural de Deus através deste um terremoto foi: 
  1. Libertar Paulo e Silas para que estes pudessem evangelizar as regiões ainda não evangelizadas (veja At 16:6-12) e; 
  2. Que através desta intervenção miraculosa de Deus o carcereiro, espantado, e sua família, pudessem ouvir o evangelho através de Paulo cressem e fossem salvos, o que, de fato, ocorreu (At 16:27-34). 
Contudo, não estou dizendo também que Deus não possa intervir soberanamente de forma imediata na vida de um cristão que ora de forma sincera na madrugada à meia noite. Deus pode, sim, contanto se for de sua vontade (1 Jo 5:14,15), abençoar um cristão em 24 ou 48 horas após uma oração feita na madrugada, por exemplo. Porém, isso não é uma regra normativa de Deus onde ele sempre abençoa os que oram na madrugada ou por volta da meia noite.

Conclusão


Não há em toda a Escritura um horário específico de oração que Deus tenha determinado ser "especial", onde responde com bênçãos extraordinárias e instantâneas, e que a fila para a oração seja menor na madrugada. Antes, vemos que Deus nos orientou em sua palavra que devamos praticar a oração de forma constante, sem cessar, como uma disciplina devocional em nossa vida (1 Ts 5:17). Isso, portanto, pode e deve ser feito em qualquer horário. 

O poder não está na oração e no horário em que são feitas, mas no Deus que ouve e responde as orações em bênçãos espirituais e, também, materiais. A oração é um meio de graça que Deus nos proporcionou para nos mantermos em comunhão profunda com Ele. O cristão que não vive em oração não vai desfrutar das bênçãos da oração. A oração nos desapega das coisas supérfluas desse mundo, nos leva cada vez para mais perto de Deus e nos faz desfrutar da alegria da salvação em Cristo Jesus. Que possamos "viver" em oração!

[Fonte: Bíblia de Estudo Palavra Chave – Hebraico e Grego. Notas de Rodapé, pág 679-680; Derek Kidner, "Provérbios. Introdução e Comentário" – Ed. Vida Nova, pág 75; Simon Kistemaker, "Atos", Volume 2, pág 133; Hernandes Dias Lopes, "Atos", pág. 305.]

ORAÇÃO: MITOS E VERDADES - INTRODUÇÃO

Abro aqui uma série especial de artigos sobre os mitos e verdades que existem sobre o tema oração. Para isso, precisamos entender o que é de fato a oração. 

Oração é relacionamento pessoal com Deus e interpessoal com a Igreja


Antes de entrar no contexto da oração como sendo um relacionamento, é preciso entendermos o que é um relacionamento. Os especialistas em marketing profissional, conhecidos no mundo corporativo como "coaching de relacionamento", são unânimes no conceito de que o relacionamento pessoal se estende por uma variedade de comportamentos e atitudes que determinam o seu grau de convívio em sociedade. 

Conforme esse entendimento, quanto maior a sua capacidade de expor e respeitar as opiniões de terceiros maior serão as suas habilidades de relacionamento interpessoal, isso é muito importante na sociedade atual tanto na esfera profissional como na pessoal.

Muitas pessoas assumem determinadas posturas nos relacionamentos em geral como instrumento de posicionamento, ou seja, a pessoa pode assumir posturas comportamentais passivas ou agressivas, tudo isso relacionado ao seu suposto papel naquele contexto social.

Os principais conceitos de relacionamento pessoal são: relacionamento interpessoal profissional, pessoal, e mais recentemente o virtual, que consiste no comportamento que o indivíduo assume no mundo virtual. Aqui, obviamente, incluo o relacionamento espiritual, que consiste no comportamento que o indivíduo assume no mundo espiritual. Agir de uma maneira não significa que as demais posturas não sejam assumidas, tudo isso irá depender do objetivo do indivíduo no contexto ao qual estiver inserido.

Em entendimento geral, podemos afirmar que boa parte da população deveria ser esclarecida sobre o conceito de relacionamentos interpessoais, uma vez que isso agrega muito valor às decisões da pessoa, que passa a agir de maneira mais ponderada e racional, deixando de lado escolhas meramente instintivas que de modo geral prejudicam muito no trabalho e eventualmente na vida pessoal.

Relacionando com Deus através da oração


Deus "inventou" a oração e a instalou em nós. William James [1842/1910, foi um filósofo e palestrante americano, autor do livro "Variedades na Experiência Religiosa", ed. Cultrix, 344 páginas] disse que "a razão pela qual oramos é que simplesmente não podemos evitar a oração". De verdade, todos temos a intuição de buscar a Deus através da oração. Prova disso é que, como uma criança chora quando está com fome, nos momentos de maior angústia e adversidade nossas entranhas clamarão pelo Senhor. 

Ao invés de enxergar a oração como uma disciplina, um sacrifício, ou um esforço para se obter um prêmio, devemos compreender que a oração é o desenvolvimento de um relacionamento natural com Deus. Esse ponto de partida é libertador, pois deixa de lado as muitas regras, modelos, legalismos que impomos a nós mesmos, nascendo a perspectiva de um relacionamento natural, prazeroso, verdadeiro, às vezes de lutas e entraves. Vamos analisar esse aspecto da oração com base no texto do evangelho de Lucas 5:11-13. A oração que Jesus ensinou, segundo esse texto, apresenta algumas dimensões desse relacionamento: 

  • 1. O relacionamento de amigos (versículos 5-8 -  "...suponham que um de vocês tenha um amigo...")

Jesus está ensinando como orar. Depois de expor a oração do Pai Nosso, Ele traz uma figura bastante conhecida de todos os seus ouvintes como que dizendo: O que um amigo faz ao outro? Ele sabe que a oração é o ambiente onde transcorre a melhor amizade, pois podemos abrir nosso coração, necessidades, ou simplesmente estarmos juntos pelo prazer da convivência. 

Amigo que é amigo será sensível, atenderá nos momentos de lutas, muitas vezes oferecendo seu ombro e capacidade de ouvir. Assim como temos amigos na terra, podemos ter um amigo nos céus. Assim como Abraão viveu essa dimensão de relacionamento (Tiago 2:23), somos convidados a desenvolvermos essa amizade através da oração, afinal Jesus nos chamou de amigos (João 15:15).

  • 2. O relacionamento pai/filho - (v. 11-13 - "...qual pai, entre vocês, se o filho pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra?...")

A segunda analogia de Cristo é ainda mais chocante. Como pai você consegue imaginar-se dando uma pedra (Mateus 7:9) para seu filho comer? Ou, pior ainda, dando-lhe um escorpião? O Senhor nos vê como filhos. Por essa razão ele abre-se para um relacionamento nessa dimensão. Como pai ele é provedor, responsável, cuidador, orientador e tantas virtudes mais que possam ser elencadas. Nós recebemos espírito de filhos, por isso podemos chamá-lo de papai (Romanos 8:15; Gálatas 4:6,7). 

Só os filhos têm acesso ao quarto dos pais, desfrutam das refeições juntos, levam "palmadas" (correções), são herdeiros e levam em seu DNA (código de identificação genética) a semelhança hereditária. Como é bom ser filho e poder desfrutar dessa dimensão do relacionamento através da oração.

  • 3. O relacionamento noivo/noiva

Esse trecho não apresenta expressamente Jesus como noivo e seus discípulos como noiva, mas o narrador já havia revelado anteriormente essa analogia (Lucas 5:34-35). Aqui temos uma nova e amplificada dimensão de nosso relacionamento em oração. Essa analogia expressa o prazer de estar juntos, a alegria de sonhar juntos, o amor latente, as confidências, a proteção, o comprometimento. 

A oração é um grande momento de prazer, mas poucos se entregam nesta dimensão. Ela contém um potencial de alegria e júbilo, pois é o próprio Deus se movendo em nós através do seu Espírito Santo. Por causa dessa dimensão, temos todas as nossas necessidades supridas, nossa sede saciada, nossa alegria restabelecida (Apocalipse 22:17).


Conclusão


Como disse Tim Stafford [teólogo e escritor estadunidense]
"Não oramos para contar a Deus o que Ele não sabe, nem para lembrá-lO do que esqueceu. Ele já cuida de tudo aquilo pelo que oramos. Quando oramos, ficamos perto de Deus". 
Isso basta! Comece a praticar suas orações nessa perspectiva de relacionar-se verdadeira e profundamente com o Pai. Sua vida certamente nunca mais será a mesma!

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

DO MUNDO, NO MUNDO, PARA O MUNDO

"O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu" (João 1:10).
A palavra 'mundo' é uma das muitas que as pessoas fazem uma interpretação generalizada na Bíblia. Essa generalização é um grave erro, uma vez que vários termos na Bíblia (como 'morte', 'vida', 'coração', dentre muitas outras) muda essencial e praticamente de acordo com o contexto em que estão inseridos. 

'Mundo', mas que 'mundo'?


No original grego é o termo 'cosmo'. O sentido original é "ordem, arranjo, ornamento, adorno". Certamente todos estes predicativos serviam para admirar a beleza de toda a criação de Deus.

A palavra 'cosmo', ou mundo é citada 74 vezes no evangelho de João. Isso mostra que havia conceitos importantes a respeito do mundo. A compreensão destes conceitos nos ajuda compreender melhor o plano de salvação, bem como o meio em que vivemos.

Em que mundo você está?


Vejamos os com três significados diferentes da palavra cosmo ou mundo:

  • 1) Universo - Jo 1:9 — "A saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem."

O cosmo pode ser entendido com tudo o que existe. Este é o mundo criado ou a natureza ao nosso redor. Este é o sentido prático ou literal da expressão mundo, referindo-se ao planeta terra e tudo que é visível.

Jesus Cristo veio ao mundo, universo criado por Ele mesmo (Colossenses 1:16), para viver entre nós como "primogênito de toda a criação (Cl 1:15)".

O cosmo físico é o ambiente em que vivemos. Contudo não podemos viver apenas num mundo material. Existe muito mais que isso tudo o que é visível. Quem vive apenas materialmente, está no cosmo físico apenas, sem perceber a realidade espiritual. Jesus veio ao mundo terreno!

  • 2) Humanidade - Jo 3:16 — "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."
O cosmo também pode ser compreendido no sentido social, como o ser humano em geral. Este é o sentido principal do cosmo, quando enfatiza as vidas de pessoas criadas e amadas por Deus.

Jesus veio para ser a "luz do mundo [cosmo]" (Jo 9:5), ou seja, para iluminar a humanidade com a luz de Deus. Quem conhece a Jesus recebe esta luz e se torna como Cristo quando disse: "Vós sois a luz do mundo" (Mateus 5:14).

O cosmo social ou humano é a vida que temos com sentimentos, relacionamentos e vontades. Ser humano é estar limitado, mas sempre querendo mais. Quem vive apenas no cosmo humano, muitas vezes sofre decepções (Jo 16:33). Precisamos despertar para entender que nosso mundo, ou vida terrena, foi redimida por Cristo na cruz. Jesus salva o mundo humano!

  • 3) Sistema - 1 João 2:15 — "Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele."
O cosmo também pode ser interpretado no sentido ético, como um sistema do mundo, as influências que estão ao nosso redor. Este é o sentido pejorativo dado à palavra mundo e muito enfatizado pelo apóstolo João. As palavras: mundano e mundanismo vêm deste significado sobre o "mundo [cosmo] de iniquidade" (Tiago 3:6).

Em sua oração sacerdotal, Jesus orou ao Pai que "não peço que os tires do mundo [cosmo], e sim que os guardes do mal" (Jo 17:15). A partir do momento que aceitamos a Cristo, não somos mais deste mundo de pecado (Jo 17:16), embora tenhamos que conviver neste mundo temporal (João 17.11).

Quem vive apenas no cosmo temporal, está influenciado pelos valores éticos deste mundo que não tem paz (Jo 14:27), não tem amor (Jo 15:18,19), mas há trevas (Jo 3:19). Quando somos salvos deste mundo de perdição, logo somos enviados para pregar ao mundo a palavra de Salvação (Jo 17:18). Jesus transforma o mundo perdido!

Entendendo os contextos


Imagine se eu fosse um estrangeiro nos Estados Unidos, você  se sentiria sempre um "peixe fora da água". Não teria um "RG" mas um "RNE" - "Registro Nacional de Estrangeiro". Esse seu "visto permanente" te identificaria como "estranho" em todos os sentidos. Não importa quanto eu me esforçasse, nunca ficaria completamente contextualizado. Não gostaria quando pessoas olhassem para mim e dissessem: "Behold, another Brazilian" ("eis aí, mais um brasileiro"). Odiaria quando pessoas perguntassem logo depois de conversarem alguns minutinhos: "You're not from here, right?" ("Você não é daqui, né?") 

Ninguém gosta de ser diferente. Há forte pressão para se conformar... mas ao mesmo tempo, uma tensão por saber que nunca será igual aos outros. Seguindo a minha linha de raciocínio, eu estaria  nos Estados Unidos sem ser totalmente do Estados Unidos. Como crentes em Cristo Jesus, sofremos uma outra tensão: a de sermos conformados com a imagem de Jesus (Romanos 8:29) e não conformados com o mundo (Romanos 12:1,2), mas ao mesmo tempo, ser tudo para todos para ganhar alguns (1 Coríntios 9:22). 

Jesus caracterizou bem essa tensão quando disse que "estamos no mundo, mas não somos do mundo." Como podemos estar no mundo sem permitir que o mundo esteja em nós? Uma pequena parábola ilustra o desafio de sermos equilibrados, em nossa convivência com o mundo. Vamos a ela.

A parábola do Urubu, do Gavião, da Águia, do Papagaio e da Pomba


Era uma vez, uma família de Urubus vivia na fenda de uma rocha numa montanha. Um dia foi descoberto que a família passava mal, pois pegara uma doença comendo carne podre. Quando o Gavião soube disso, ficou muito crítico. "É problema deles" ele falou. "Vivem comendo animais mortos o tempo todo. Merecem tudo que recebem. Eles nunca aprendem." 

O Gavião, indignado pelo estilo de vida podre dos Urubus, em vez de ajudá-los, iniciou uma campanha contra eles. Enquanto os Urubus se tornaram cada vez mais fracos, o Gavião advertiu aos outros pássaros a não se aproximarem da casa deles. Passava baixo-assinados para expulsá-los da vizinhança. Quando os Urubus estavam mal mesmo, o Gavião contava piadas a custo deles. 

A Águia lidou com o problema dos Urubus de forma totalmente diferente. Nunca foi fã deles, a Águia simplesmente os ignorava. Construiu seu ninho muito mais alto do que o deles (e muito acima dos outros pássaros também) e os olhou com nariz (ou bico) empinado. Ficou isolada dos outros pássaros e dos seus problemas, formando sua própria comunidade exclusivista, com suas próprias regrinhas e regulamentos. 

O Papagaio foi diferente - o oposto da Águia. Sempre fascinado pelo Urubu, ele admirava sua independência e liberdade. Mesmo sabendo o risco de viver como um Urubu, ele não se importava muito com isso. Por que ele também não podia comer o que ele queria, quando ele queria, mesmo se fosse comida estragada? E assim ele fez. O papagaio se tornou como um Urubu. Ele voou como Urubu, comeu como Urubu. Infelizmente, também pegou doença como o Urubu. Certamente não ajudou em nada os Urubus, fora o fato de que a miséria gosta de companhia. 

Explicando a parábola


Esta parábola ilustra como alguns respondem de formas diferentes ao desafio de "estar no mundo, mas não ser do mundo". A maioria de nós adota uma das três atitudes no nosso envolvimento com o mundo. Vamos considerar estas respostas, e depois propor uma maneira bíblica de lidar com a sociedade em que vivemos. 

  • O Crente Gavião — Ataca o Mundo

O gavião é um pássaro bonito, porém agressivo e orgulhoso, que vive a custo dos outros. Parece majestoso, mas não é tão sofisticado que não pode comer animais mortos. O cristão "gavião" tem como lema de sua vida Judas 3b: "batalhar diligentemente pela fé uma vez por todas entregue aos santos". Ele nunca se esquece do fato de que estamos numa guerra - uma luta de unhas e dentes contra o paganismo, secularismo, humanismo, modernismo, liberalismo e comodismo. 

Infelizmente, o crente gavião gasta tanta energia combatendo inimigos ou tentando "concertar o mundo" através de suas críticas, que não atrai muitos para sua causa. Adota métodos como: marchas, envolvimento político, greves, protestos e boicotes para demonstrar sua força, para que pessoas o respeitem. Força humana, mesmo em nome de Jesus, não efetua muitas mudanças eternas. 

Nos dias de Jesus, os zelotes adotaram a mesma filosofia ao lidar com o odiado jugo romano. Muitos seguidores de Jesus queriam que ele quebrasse aquele jugo como Messias-Libertador. Mas não foi o caminho escolhido pelo Mestre "manso e humilde de coração". Na história, as cruzadas e a Inquisição são exemplos de tentativas sinceras, mas enganadas de "gaviões" se relacionarem com o mundo. Há elementos de verdade nesta posição do gavião. 

Estamos numa guerra espiritual (Efésios 6:12) - só que não é contra carne e sangue, fato que muitos gaviões esquecem em suas denúncias. Os profetas do Velho Testamento eram muito capazes de condenar pecado em sua sociedade, mas também sabiam ministrar graça e compaixão, diferente dos gaviões modernos que bombardeiam clínicas de aborto em nome de Jesus. O reino de Jesus não é deste mundo, e não será tomado por força, nem poder, mas por meios espirituais (Zacarias 4:6). 

Jesus ensinava os discípulos a serem pescadores de homens; o gavião prefere jogar uma bomba no lago e colher os peixes mortos que sobem. Jesus nos chama para odiar o pecado, mas amar ao pecador. Nossa luta é contra "potestades e principados", não contra homens. A ênfase do nosso ministério tem que ser espiritual. Os meios do nosso ministério têm que ser espirituais. Jesus e Paulo nunca passaram baixo-assinados ou marcharam contra Roma. Não que estes métodos nunca têm seu lugar, mas não deve constar a totalidade do nosso envolvimento com o mundo. O problema com o crente gavião é que ele ataca o mundo, sem perceber que o mundo está nele. 

  • O Crente Águia — Isola-se do Mundo


De todos os pássaros, talvez a águia seja o mais nobre, o mais majestoso. Mas a águia também simboliza orgulho, arrogância, inacessibilidade. O texto-base do crente águia é 2 Coríntios 6:17 "retirai-vos do meio deles, separai-vos". Ele resolve a tensão entre "estar no mundo, sem ser do mundo" por isolar-se do mundo. "Talvez", pense ele, "se eu ignorar o mundo ele desapareçerá." 

O cristão águia é separatista de tudo e de todos, e tem orgulho de ser assim conhecido. Ele se acha puro, santo, por não se contaminar com o mundo e seus problemas. O crente águia geralmente não reconhece que se tornou irrelevante para o mundo, pois gosta de pensar que, por ser tão diferente, está sendo sal e luz. De fato, fica tão distante, que não tem nenhum impacto naqueles ao seu redor! 

Nos tempos de Jesus, os essênios, grupo separatista, criou sua própria comunidade no deserto, longe do mundo real. Ao longo da história, muitos outros grupos tentaram escapar da poluição do mundo sendo monges ou eremitas. Mas muitos descobriram que é impossível escapar do mundo, pelo fato do mundo estar dentro deles. "Aonde tu fores, tu te levas contigo." De todos os crentes "águias", os fariseus eram os piores. Eles enganavam-se com suas tradições e leis, que evitavam contato com a sociedade e os problemas das pessoas, pensando que assim se santificariam. Mas Jesus reservou para eles suas condenações mais quentes (Mateus 23).

Um grupo chamado os "Amish" nos Estados Unidos exemplifica o extremo desta estratégia separatista. Os Amish formam suas próprias comunidades, mantendo os padrões de vida de séculos passados. Não usam luz elétrica, não dirigem carros, não costuram botões em suas roupas, que por sinal são todas pretas e roxas. Sua rigidez e seu legalismo os colocam "acima" daqueles ao seu redor, ou assim pensam eles. Mas são poucos que, atraídos pelo seu estilo de vida se tornam Amish. Pelo contrário, muitos jovens Amish deixam a cultura de seus pais.

Há aspectos positivos do cristão águia. Deus nos chamou para sermos santos, como ele é santo (Mt 5:48, 1 Pe 1:16). "Santidade" significa separação da impureza. De fato, somos sal e luz (Mt 5:13-16), chamados para não sermos contaminados pelo mundo (Filipenses 2:15,16; Tg 1:27). Mas isso não significa que precisamos nos retirar do mundo. Não foi isso que Jesus e Paulo tinham em mente. 1 Co 5:9,10 deixa isso claro:
"Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me com isto não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso teríeis de sair do mundo." 
Não é possível separar-se do mundo e assim tornar-se santo. Alguém tem que ver as nossas boas obras, para poder glorificar a Deus (Mt 5:13-16). Há perigo nas comunidades e sub-culturas evangélicas, "clubes" nas igrejas que praticamente excluem descrentes. O crente águia não reflete o que Jesus quis dizer quando nos chamou para "estar no mundo, mas não ser do mundo." O problema com o crente águia é que ele não está no mundo, mas o mundo continua nele.

O Crente Papagaio — Imita o Mundo 


O papagaio é o "Maria-vai-com-os-outros" do reino animal. Este conformista adota os padrões do mundo, imaginando que assim vai ganhar seus colegas para Cristo. Sua lema é "Ser tudo para com todos para ganhar alguns" (1 Co 9:22). O papagaio sacrifica a verdade e a santidade em nome do amor. "Por que ser diferente?" ele pensa. "Se for aceito por eles, terei uma uma audiência para o evangelho." 

Os saduceus e Herodianos nos tempos de Jesus eram assim. Assimilaram-se aos padrões romanos e assim ganharam poder político. Mas tinham pouca influência espiritual. Tornaram-se sal sem sabor.

O problema com o crente papagaio em relação ao mundo é que ele não tem muito para oferecer. Para ter valor, sal tem que ter um sabor especial, senão não presta para nada. Se não há nenhuma diferença entre o crente e o mundo, como atrair o mundo para Jesus? (cf. 1 Pd 3:15, Rm 12:1,2, 1 Jo 2:15-17). Infelizmente, muitos jovens estão se tornando papagaios, procurando aceitação no mundo. Seu estilo de vida, não os diferencia dos seus amigos "não-crentes". Seu falar é igual, sua música é a mesma, seus padrões de namoro são idênticos...

Igualmente preocupante são os movimentos evangélicos que adotam os padrões do mundo para "ganhar alguns". Suas técnicas de "marketing", sua mensagem diluída, sua ética em nada difere do mundo. Por que seus colegas devem dar ouvidos? O problema com o crente papagaio é que ele está no mundo, e o mundo está nele. 

Existe um outro tipo de cristão, que melhor exemplifica o equilíbrio entre "estar no mundo" sem que o "mundo esteja nele". 

  • O "Crente Pomba" — No Mundo, mas não Do Mundo 


O fim da nossa fábula ilustra como ser um crente no mundo, sem permitir que o mundo esteja em você:

A Pomba foi o único pássaro que realmente ajudou a família Urubu. Sem condenar ou atacá-los, e sem comer carne podre como eles comiam, a Pomba assumiu o compromisso de visitá-los e levar carne fresca para eles. Pouco a pouco os Urubus se sentiram melhor. 

Percebendo algo diferente na Pomba, logo aprenderam o segredo da sua saúde. Aprenderam a sua higiene, seus hábitos de vida. Depois de algumas semanas, os Urubus estavam se comportando como Pombas. E os Urubus e as Pombas viveram felizes para sempre. 

A pomba é um pássaro calmo, gentil, bondoso, tranquilo. Sempre está no meio dos outros pássaros, mas nunca causa tumultos como as outras aves. A pomba sabe como estar no mundo (entre os outros pássaros) sem ser contaminado pelo mundo (adotar seus padrões de vida). Foi isso que Jesus tinha em mente em Jo 17:13-20. Neste texto ele traça três verdades sobre o envolvimento do cristão "pomba" com o mundo:
  1. Não somos DO mundo (14,16);
  2. Estamos NO mundo (15);
  3. Somos enviados PARA o Mundo (18).


Conclusão


A história de Daniel no Velho Testamento ilustra estes princípios na vida de um cristão "pomba". Com 17 anos Daniel foi exilado para Babilônia, longe de seus familiares, de sua terra, de sua língua e cultura. 
  • Em áreas não-morais, Daniel entrou na nova cultura para valer. Aceitou uma mudança de nome, foi para suas escolas, desenvolveu uma carreira no serviço civil. 
  •  Em áreas morais, porém, no tocante à lei de seu Deus, ele colocou seus pés no chão e recusou comer e beber o que foi proibido, mesmo que custasse sua carreira, e talvez sua vida. 
Ele e seus amigos não se isolaram da cultura, pondo suas cabeças na areia, mas se envolveram até o ponto de comprometer seus ideais. Foi assim na vida de Jesus. Em áreas não-morais, ele se identificava com pecadores (comia com eles, ia para suas festas de casamento, pescava com eles). Mas ele traçou uma linha em áreas morais - e não foi influenciado pelos padrões de vida daqueles ao seu redor. Fazia parte de sua cultura, sem ser contaminado por ela. Confesso que não é fácil achar este equilíbrio! A luta é constante, e a tentação de cair para um lado ou outro existirá sempre. 

O segredo é também a moral da fábula: O cristão precisa achar equilibro para estar no mundo, sem permitir que o mundo esteja nele. 
  • Não sejamos crentes gaviões, atacando e criticando o mundo ao redor, esperando que as pessoas se comportem como cristãos, quando não têm a capacitação do Espírito de Deus. 
  • Não sejamos cristãos águias, distantes, isolados, aquém dos problemas e do dia-a-dia do "povão". Senão, nunca vamos alcançá-los.
  • Não sejamos papagaios, em nada diferentes do mundo, e por isso, em nada atraentes para ele. Vivamos, sim, como estrangeiros na terra. Não será fácil, pois ninguém gosta de ser diferente. Mas a recompensa está "fora deste mundo", na eternidade.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A SÃ DOUTRINA - SANTIDADE (E/OU SANTIFICAÇÃO, CONSAGRAÇÃO)


"Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para a ação; sejam sóbrios e coloquem toda a esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado. Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância. Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem." - 1 Pedro 1:13-15
  • O que significa santidade? 
  • Qual a importância da santidade na vida cristã?

Começarei este artigo com essas perguntas por simples razões, que precisamos analisar. Quando falamos várias e várias vezes sobre um assunto, isso no trabalho, na escola, ou em quaisquer outras áreas da nossa vida, isso mostra a importância que este assunto, ou tema tem para aquela realidade. A importância de algo ou de alguém é percebida, na maioria dos casos, pelo número de vezes que se comenta a seu respeito.

Isso também acontece com relação a alguns estudos bíblicos, pois quando alguns assuntos se tornam relevantes, percebe-se claramente a insistência em abordá-los. Assim sendo se a santificação é um assunto pouco discutido na igreja, talvez seja porque a sua importância, para a vida cristã, tenha sido desconsiderada ou desprezada. Faça uma pequena reflexão, há quanto tempo você é cristão? Nesse tempo você já foi instruído por seu líder, ou pastor a respeito da santidade, e qual a importância que ela tem para as nossas vidas? Se sim, quantas vezes? Você consegue se recordar qual foi a última vez em que esse tema foi ministrado em sua igreja?

Definindo o que é santidade


Acredito que seja mais produtivo esse artigo/estudo, se dizer o que não é santidade, assim teremos uma compreensão melhor quando ela for definida.

1. Santidade NÃO É


A. Mero moralismo - Notadamente, alguns cristãos se destacam por sua postura moral, seu comportamento ético, honestidade, firmeza de caráter e palavras. Espera-se exatamente isso de cada cristão e é indiscutível que uma postura moral elevada faça parte de uma vida santificada. No entanto uma pessoa não precisa ser necessariamente cristã para ter essas qualidades, um padrão moral e de conduta -  inclusive, há muitas pessoas que não são cristãs (até mesmo ateus), com conduta moral ilibada. Veja o que fala Jesus em Mateus 5:46,47:
"Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso! E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais?"
Até os pagãos fazem isso!
"Eis que alguém se aproximou de Jesus e lhe perguntou: 'Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?' Respondeu-lhe Jesus: 'Por que você me pergunta sobre o que é bom? Há somente um que é bom. Se você quer entrar na vida, obedeça aos mandamentos'. 'Quais?', perguntou ele. Jesus respondeu: '"Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe e amarás o teu próximo como a ti mesmo"'. Disse-lhe o jovem: 'A tudo isso tenho obedecido. O que me falta ainda' Jesus respondeu: 'Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me'. Ouvindo isso, o jovem afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas." - Mt 19:16-22 
"'Que mérito vocês terão, se amarem aos que os amam? Até os pecadores amam aos que os amam. E que mérito terão, se fizerem o bem àqueles que são bons para com vocês? Até os pecadores agem assim.'" - Lucas 6:32,33
  • Outros textos: Lc 11:12; Atos 10:1,2; 16:14; Romanos 2:14,15.

Encontramos em vários segmentos da sociedade, pessoas cujo caráter e excelência moral superam em muito os daqueles contados como cristãos. Não estou dizendo que essa pessoas não sejam cristãs, pois sabemos que valores e práticas morais são construídos e lapidados ao longo de todo um processo. Basta olhar para nós mesmos e ver o quanto ainda temos uma longa estrada a percorrer na construção de uma vida irrepreensível diante de Deus.

B. Ativismo religioso - Geralmente se confunde santidade com ativismo religioso, eu fui um que passei por esse processo, achava que a minha atividade na igreja, como líder, era uma vida de santidade, mas quando apertado pelo Senhor descobri minha fragilidade. Nessas minhas duas décadas como cristão não foram poucas as vezes que muito pouco eu cai. Não me orgulho, mas não também não me envergonho de assumir isso. Quando Deus quer que entendamos a nossa situação, Ele "nos balança" de uma forma que, não conseguimos suportar a sua santidade. 

Tendemos a qualificar as pessoas como santificadas na medida em que elas assumem cargos de liderança na igreja, ou se envolvem nas mais diversas atividades do templo. Aprendi que servir a Deus tem que partir de um coração voluntário, disponível e esse sentimento nasce naturalmente, à medida que eu estreito meu relacionamento com Ele. Uma vida consagrada a Deus trará prazer em servi-lO e servir ao próximo, mas ativismo religioso não pode ser sinônimo de vitalidade espiritual e em muitos casos é sintoma de que alguma coisa não está bem (Lc 10:40,42).

C. Conhecimento doutrinário - O conhecimento doutrinário é fundamental para a vida cristã sadia e equilibrada, mas existem pessoas que estudam e esse conhecimento vira uma doença na cabeça dessas pessoas, que começam a interpretar de uma forma errada e perigosa contra ela mesma, contra o próximo e contra Deus. 

O conhecimento é extremamente necessário para os cristãos. No passado vemos relatos, estudos e a própria Bíblia trazendo informações, sobre este assunto, sobre crescer no conhecimento: 
"Graça e paz lhes sejam multiplicadas, pelo pleno conhecimento de Deus e de Jesus, o nosso Senhor. Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude." - 2 Pe 1:2,3
Porém se esse conhecimento, que nos foi dado em Jesus Cristo for usado para as nossas próprias teorias e ideias, estamos em sérios apuros. O conhecimento sozinho, não é sinônimo de santificação. É verdade que precisamos dos conhecimentos teológico (de Deus), bíblico (da Palavra) e doutrinário (da conduta, da prática) para crescer espiritualmente, todavia esses conhecimentos devem ser usados como uma ferramenta. A partir do momento em que ele se torna um objeto em si mesmo, perderá a sua razão de ser.
"Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos." - 2 Pe 1:5-8


D. Experiências espirituais - Outra prática que se percebe em nossos dias é igualar a santificação com experiências espirituais. A vida cristã é uma comunhão (relacionamento) diária e intensa com o Senhor Deus e não pode ser padronizada por ninguém, a não ser pela própria Bíblia. 

Assim como em todos os relacionamentos, o relacionamento com Deus é marcado por experiências individuais. Entretanto ninguém pode ser rotulado como mais ou menos santo pela qualidade e tipos de experiências que tem um exemplo à igreja de Corinto. "Eu sou de Paulo, outros, eu de Apolo...", diziam isso como se "ser" de um ou de outro caracterizasse a qualidade espiritual de alguém.

Agora sim, vejamos...

2. Santidade É

a. No Antigo Testamento - A Palavra hebraica usada para se referir ao que é santo é "qadosh", cujo significado básico é "separar dentre outras coisas". Entretanto, devido à etimologia (raiz) da palavra, as opiniões sobre o significado da palavra santificar, no Antigo Testamento, oscilam entre "brilhar e cortar". Uma da a ideia de pureza e a outra de separação. 

No entanto, o conceito de separação é mais forte e adequado para o uso do termo. Pessoas eram separadas para serviços específicos (Levíticos 21:8) e utensílios eram separados para serem usados no templo (Êxodo 35:10-19). A palavra também se refere a uma separação de cunho moral e ético que distinguiria o povo de Israel dos demais. 

Enfim, os termos relacionados à santificação, no Antigo Testamento, apontavam para a realidade de que Israel era o povo santo (separado) para o serviço de [a] Deus e deveria evitar qualquer coisa que desagradasse a esse Deus. Ainda que o conceito de santidade tenha em si a realização de atributos morais e espirituais, ele tem muito mais a ver com um estado de relacionamento, de comunhão e consagração ao Senhor.

B. No Novo Testamento - No Novo Testamento a palavra é "hagios". Essa palavra é usada para descrever a santificação dos crentes em dois sentidos: 
  • O primeiro é a separação da prática do pecado deste mundo; 
  • O segundo é a consagração ao serviço de Deus.

C. Definição - Em primeiro lugar devemos lembrar que o pecado trouxe a humanidade duas consequências das quais advém todos os demais problemas da raça humana: A culpa e a corrupção. 
  • (a) A culpa está relacionada com a penalidade pela desobediência do homem a Deus e a justa retribuição pela mesma. Neste caso,o homem se encontra condenado. 
  • (b) A corrupção é o efeito do pecado sobre toda a natureza humana, levando assim o ser humano a cometer mais pecados ainda. Neste caso o homem se encontra corrompido. 
A justificação é a solução para a culpa do pecado. Ela ocorre quando o pecador é declarado por Deus justificado da sua culpa, não pesando sobre o homem nenhuma condenação (Rm 5:1), é algo que acontece fora da pessoa e de modo definitivo. É um ato livre, soberano e gracioso do Senhor Deus, no qual o homem não tem nenhuma participação ou mérito. Todo esse processo tem como base a obra expiatória de Jesus Cristo, que morreu na cruz do Calvário.

A corrupção por sua vez, é tratada pela santificação. Segundo o breve Catecismo de Westminster a "santificação é a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo nosso ser, segundo a imagem de Deus, habilitados a morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a retidão". Essa obra da graça de Deus, diferentemente da justificação, é realizada dentro de nós. Seu agente é o Espírito Santo que aplica em nós os resultados da morte e ressurreição de Jesus Cristo, a quem o crente está unido. 

A santificação também envolve a nossa participação responsável, e o seu objetivo é restaurar a imagem de Deus, que em nós ficou corrompida, distorcida por causa do pecado, e nos habilitar a viver de forma a agradá-lO. Partindo dos conceitos bíblicos, pela santificação somos capacitados a um novo relacionamento com o Criador, tanto para servi-lO (justificação) quanto para adora-lO (santificação).

3. Aspectos da santidade na vida pessoal - Uma vez que a santidade não pode ser confundida com práticas externas, vejamos inicialmente como ela está intimamente ligada à vida de uma pessoa.

  • A santidade e o coração (interior)

A palavra coração no sentido bíblico é usada como o centro da vida pessoal, a fonte de toda motivação, dos pensamentos e dos desejos, ou seja, o mais intimo do ser humano. Segundo o ensino bíblico, a santidade começa exatamente no coração, já que todas as atitudes humanas são praticamente, reflexos daquilo que se passa nele (Provérbios 27:19). Assim como a água reflete o rosto, o coração reflete quem somos nós. O Antigo Testamento está repleto de referências que tratam da importância que tem o coração do homem diante de Deus: Deuteronômio 6:5; Salmos 51:10; 119:11; Pv 4:23...
 
Jesus Cristo em seu ministério, insistiu que, se o coração não estiver santificado, todo o corpo estará em pecado: Mt 15:19; Marcos 7:21. Por isso, a análise que o Senhor Deus faz da vida de uma pessoa começa pelo coração: 1 Sm 16:7; Rm 8:27.

Assim sendo, se alguém deseja trilhar o caminho da santificação deve começar examinando as suas motivações interiores, elas devem proceder do coração. Deste modo a santificação não será confundida com ascetismo, formalismo ou legalismo. A santificação deve ser uma resposta de gratidão do pecador pela graça recebida, reconhecendo não haver nele nenhum bem que o fizesse merecedor.

  • A santidade e o Temperamento

Geralmente as pessoas culpam seu temperamento para justificar as suas faltas (eu mesmo já fiz isso inúmeras vezes!). Diversos pecados são apontados, meramente como características de um determinado tipo de temperamento. Assim passou a ser a preguiça, ira, animosidade, cinismo, dentre tantos outros. Embora para algumas pessoas seus comportamentos sejam reações naturais da sua forma de ser, isso não significa que algumas das suas atitudes ou reações não sejam pecaminosas. 

O temperamento de cada pessoa também está sujeito ao pecado e precisa ser trabalhado na "escola" da santificação ("Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo" - Gênesis 4:7). Veja a repreensão que Deus estava dando a Caim, fala de procedimento, pensamentos pecaminosos, atitudes erradas. E no final do versículo Ele diz a Caim "esses desejos você deve dominá-lo". 

Tem muitos cristãos que se escondem nessas atitudes, agem de uma forma grosseira, arrogante pra com outras pessoas e se alicerça na sua verdade "ele tinha que escutar o que eu estou falando, ninguém fala dos erros dele, alguém tem que falar algumas verdades pra essa pessoa". E usam de palavras fortes e erradas para tentar corrigir tal pessoa. O apóstolo Paulo exortando aos gálatas ele diz. Gl.6. 1
"Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais deverão restaurá-lo [não julgá-los, excluí-los] com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado." - Gálatas 6:1 (grifo e observação meus)
O apóstolo ainda orienta dizendo, cuide-se pra não cair no mesmo erro. Então, assim sendo, precisamos observar a nossa atitude, no falar, no temperamento, na nossa forma de agir.

  • A santidade e os relacionamentos pessoais

Viver uma vida isolada, distante das pessoas, ou das grandes cidades, ou em mosteiros etc. não nos leva a uma vida de santidade. Muitos acham que viver em uma vida isolada em clausuras, ou, coisa desse tipo, o ajuda a ter uma vida de santidade. Errado!

Certamente existe a necessidade de cultivarmos momentos de comunhão à sós com Deus, porém, definitivamente, não há santificação na busca do isolamento pleno:
"Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne. Aliás, é exatamente por meio dos relacionamentos que haverá, ou não, a genuína demonstração de uma vida de fé e amor" - Colossenses 2:23 (em concordância com 1 Co 13:2 e Tg 2:17).

Na comunidade é que somos edificados e temos o nosso caráter testado e moldado. Na igreja, na família e na sociedade é que demostramos, ou não, os frutos do Espírito e as marcas de um coração santificado (Efésios 4:11-16).

  • A importância da santidade para a igreja

Numa época em que tanto se discute estratégias de crescimento e planejamento de igrejas, talvez a santidade, um dos principais itens, seja esquecido. Vejamos algumas verdades ministeriais do trabalho eclesiástico onde a santidade é fundamental.
  1. Pregação e ensino da Palavra de Deus - Não se vê mais pregação e estudo com esse tema. Existe todos tipos de temas menos esse SANTIDADE PARA A IGREJA DO SENHOR.
  2. Liderança - A cada dia vem crescendo o número de seminários e escolas de estudos teológicos, escola de formação de lideres etc. Técnicas são desenvolvidas e uma quantidade enorme de livros é vendida anualmente sobre o assunto. E com isso muitos tem se afastado do verdadeiro ensinamento, muitos tem esquecido este principal quesito. Não se pode esquecer que o comprometimento com a santidade é indispensável àquele que quer servir como líder entre o povo de Deus (Gn 71; Josué 1:7,8; 1 Sm 15:22). Essa orientação bíblica deve ser aplicada com sabedoria por todos aqueles que estão imbuídos da tarefa de escolher seus lideres (At 6:3; 1 Tm 3:1-7; Tito 1:5-9). Se deixarmos que o prestígio de uma pessoa, sua formação acadêmica, seu carisma ou apresentação pessoal nos fascinem, corremos o risco de fazer uma má escolha, assim como aconteceu, por exemplo com Israel ao escolher seu primeiro rei, Saul.
  3. Evangelismo - O conteúdo da atual evangelização também deve ser reavaliado segundo o proposito de Deus, que é a santificação para seus filhos (1 Ts 4.3a, Mt 3:2; 4.17; At 2:38; 17:30,31; 26:20).

Conclusão

 
Não basta um mero assentimento intelectual ou comprometimento social, porque o propósito de Deus na vida do pecador começa com a sua regeneração e caminha em direção à glorificação. A entrada que liga essas duas pontas é a santificação. Esse modelo bíblico de evangelização, onde o que é requerido do pecador é claramente explicado, deveria ser levado muito mais a sério, assim, o evangelho deixaria de ser apresentado como proposta de um bom negócio com Deus. Precisamos redescobrir a santidade, precisamos ver qual a importância que a santidade tem pra nossa vida cristã. Para finalizarmos meditemos nesses textos.
"Pois está escrito: 'Sejam santos, porque eu sou santo'" (1 Pe 1:16). "E a perseverança [santificação] deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma" (Tg 1:4). "Portanto, sejam perfeitos [santo] como perfeito é o Pai celestial de vocês" (Mt 5:48).
Que Deus nos ajude a vivermos uma vida de santidade.

[Fonte: Revista Palavra Viva - O desafio da fé, Ed. Cultura Cristã; Santidade Pessoal em Tempos de Tentação - Bruce Wilkinson, São Paulo, Mundo Cristão, 2002]