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sábado, 31 de julho de 2021

PAPO RETO — CUIDADO PARA QUE AS MÍDIAS DIGITAIS NÃO TE TRANSFORMEM EM UM "PALHAÇO VIRTUAL"

Muitos não sabem, mas no dia 30 de junho, é comemorado o Dia Mundial das Redes Sociais. É até incompreensível como que a despeito da cada vez mais crescente popularização das redes sociais, essa data tenha passado praticamente "offline"

A tal data busca celebrar o impacto dessas redes como parte essencial das comunicações atualmente. Fato incontestável é que essas mídias digitais criou um fenômeno diretamente ligado a esse tipo de plataforma: a superexposição dos usuários. É o que analisaremos no texto deste artigo.

Superexposição nas redes sociais é vista como algo inocente


Instagram, Facebook, Snapchat, YouTube, Twitter, Tik Tok entre outras, as redes sociais podem se tornar vilãs na vida não só de crianças como também de adultos. Muitas pessoas ocupam seu tempo livre na Internet, resultando na dependência das redes sociais.

Da hora que acordam até a hora que vão dormir, elas postam os lugares que frequentam, os horários, entre muitas outras informações pessoais — há, inclusive, inúmeras pessoas que não hesitam em compartilhar sua intimidade nas redes. Porém, se esquecem que pessoas de má índole estão vigiando e com isso, se tornam potenciais vítimas de criminosos. E não é só isso. Há muitas pessoas que perderam completamente o senso do ridículo e se tornam alvos de chacotas, mas nem se tocam, pois, vale tudo por seguidores, visualizações e curtidas.

Entre as questões que deixam alguns pais — não todos, não muitos — mais aflitos, está a superexposição de seus filhos nas redes sociais. Por serem jovens demais, não conseguem discernir determinados comportamentos, como sendo certos ou errados.

É claro que, com a evolução digital, podemos receber informações em tempo recorde. Os aplicativos nos ajudam em diferentes questões, desde a comunicação com familiares e amigos, até em pesquisas de conteúdos relevantes. Mas a falta de atenção ao conteúdo que acessamos, pode se tornar um problema, e as redes sociais acabam se voltando contra nós.

De um extremo ao outro


Vivemos em uma época em que tudo é compartilhado, em que o surgimento de sites e de plataformas de rede sociais abriram uma nova maneira de compartilhar todos os tipos de informações pessoais, a tal ponto que a divulgação de uma grande quantidade de detalhes pessoais na Internet passou a ter uma importância secundária para os usuários.

A ansiedade das pessoas por querer compartilhar não é algo novo. Esse comportamento é uma evidência do desejo humano intrínseco de querer se conectar com os outros. Portanto, talvez possamos dizer que esse "problema" não é responsabilidade do fenômeno digital em si, mas sim que a incidência do digital está mais relacionada ao tipo de informação que compartilhamos e a quem permitimos o acesso.

Muitos usuários não param para pensar nos riscos aos quais estão expostos ao compartilhar informações pessoais em plataformas sociais. O mesmo se aplica às poucas restrições ao configurar as permissões dos aplicativos utilizados pelos usuários nesses sites para filtrar quem pode ver suas atividades. 

Se levarmos em conta que a maioria dos usuários geralmente usa mais de uma rede social, é muito provável que um criminoso possa construir um perfil bastante detalhado de um alvo de ataque, coletando apenas informações sobre seus perfis e atividades em cada uma de suas contas das redes sociais.

Sobressaturadas de informações pessoais, as redes sociais se tornaram um território ideal para os criminosos, golpistas e predadores sexuais. Tendo usado esses sites como ferramentas de reconhecimento, um cibercriminoso pode enviar uma mensagem direcionada (spearphishing) na qual ele tenta fazer com que a vítima visite uma página falsa, que parece ser legítima, com o objetivo de roubar seus dados de acesso e dinheiro. 

Eles também podem manipulá-lo para cair na armadilha de abrir um anexo infectado com um malware (software malicioso) que atua como um dropper (um falso protetor de tela, que quando aberto, simplemente exibe uma mensagem de erro) para outro malware capaz de fazer todos os tipos de coisas, incluindo o vazamento de dados ou a gravação de tudo o que digitamos no computador através de um keylogger (termo usado para se referir a um dispositivo capaz de capturar as teclas digitadas no computador).

Essas mensagens podem ser extremamente personalizadas para dar a impressão de que foram enviadas por um colega, uma vez que esse tipo de estratégia é provavelmente mais bem-sucedida do que as realizadas de maneira massiva e automática.

É importante entender que o conceito de networking (a ação de trabalhar sua rede de contatos, trocando informações relevantes com base na colaboração e ajuda mútua) que está no centro das plataformas sociais não promove um estado de cautela, mas sim o oposto. Muitas pessoas ficam desatentas nas redes sociais e clicam em links (é o "endereço eletrônico" de um documento [ou recurso] na web) maliciosos que dificilmente seriam clicados se fossem recebidos em um e-mail.

Embora as técnicas de Engenharia Social tenham surgido antes das plataformas sociais on-line, com a chegada das redes sociais, elas ganharam força e abriram novos caminhos para o roubo de identidade, fraudes on-line e outros tipos de crimes.

Com o advento da popularização da era tecnológica, onde todas as informações são encontradas rápidas e facilmente, se comunicar com o mundo, agora não é barreira. Há muitas ferramentas e aplicativos que facilitam nosso trabalho e cotidiano. Mas será que estamos sabendo manusear tanta tecnologia? Será que essa fácil acessibilidade a tanta informação nos beneficia ou pode ser um grande problema? Essas são reflexões plausíveis e urgentes de se fazer.

Todo excesso é prejudicial


Várias pesquisas recentes sobre esse tema nos confirmam que os jovens brasileiros estão entre os que mais permanecem conectados às redes sociais como: Facebook, Twitter, Instagram, Skype, WhatsApp e Tik Tok entre outras, com um uso extremo que chega a mais de 6 horas diárias. Muitos deles parecem ficar mais à vontade em relacionar-se no mundo virtual. E justo aí está o perigo, pois acabam expondo suas vidas pessoais em tais aplicativos.

Por não saberem lidar corretamente com essas ferramentas podem se tornar alvos fáceis de hackers (ladrões de identidades e outros criminosos virtuais). Os riscos de alta exposição na Internet são imensos, esses criminosos se aproveitam das informações ali postadas para: possíveis sequestros, clonagem de cartões, assédios morais e sexuais, furtos, pedofilia e muitos mais.

Um dos fatores predominantes que induz a exposição desses jovens no mundo digital está relacionada a necessidade de serem reconhecidos no meio social ou se sentirem importantes; questões totalmente ligadas ao psicológico e que devem ser tratadas adequadamente e não expostas publicamente.

E mesmo sabendo as consequências que geram a superexposição nesses aplicativos, frequentemente pessoas divulgam dados íntimos, fotos de bens materiais, conflitos pessoais, sonhos e conquistas, ou seja, questões que fazem parte da sua privacidade.

O que possibilita aos hackers caminho livre e ambiente ideal para maquinarem seus crimes, sem nenhuma dificuldade ou esforços, pois as informações necessárias para isso estavam ali: fácil e simples, só precisou de um clique.

Quais são os perigos das redes/mídias sociais/digitais?

  • Golpes — Com a finalidade de adquirir determinados objetos a um preço bastante atrativo, podemos fornecer dados de cartões de créditos, por exemplo. A internet está cheia de golpistas que esperam a oportunidade para conseguir o que querem. Com isso, nos tornamos financeiramente vulneráveis.
  • Cyberbullying — Ofensas que são enviadas, geralmente, por mensagens anônimas, bem como constrangimentos e ameaças, são alguns exemplos. O assédio virtual é muito perigoso e tratado como uma violência virtual. Principalmente os pais, precisam estar atentos e deixar claro aos filhos para que, se ocorrer, contar a eles. Além disso, é necessário denunciar os culpados o quanto antes.
  • Autoestima baixa — As selfies precisam estar perfeitas para que as postagens recebam muitos likes (curtidas) e views (visualizações). Com isso, surge a necessidade de aprovação constante, o que acarreta em diferentes tipos de consequências. Além disso, especialmente no caso dos adolescentes, estão sempre se comparando com outras pessoas, se deslumbrando com a vida perfeita dos amigos e não conseguem perceber que essas postagens são apenas imagens, e que nem sempre são reais. Muitas delas, me arrisco a afirmar que a maioria delas, passam pelo tal photoshop (tipo de filtro artístico que, como  o próprio nome já diz, são voltados a transformar uma foto que é comum em algo que foi feito com intuito artístico)Isso afeta a autoestima, além de acabar se tornando uma pessoa arrogante por querer sempre ser popular e receber elogios. É preciso entender que a perfeição sugerida pela Internet NÃO EXISTE na vida real.
  • Dependência — A dependência pelo celular, especialmente o aplicativo WhasApp, é algo que pode gerar transtornos mentais. É fundamental que saibamos limitar esse tempo gasto na Internet. Sem contar que, no caso das crianças e adolescentes, acabam por não se desenvolver, socialmente.
Válido salientar que todos esses pontos acima NÃO SÃO específicos a crianças e adolescentes, mas também a todos nós, adultos.

Conclusão


Portanto as redes sociais devem ser nossas aliadas para busca de informações, estudos, trabalhos, mobilizações, notícias, socializações culturais, mas utilizadas com sabedoria, privacidade e segurança na web

Faça uso de tantas ferramentas que facilitam a comunicação e interação com o mundo com prudência; e lembre-se: a privacidade é sua e não pública. Em resumo, apesar de sermos seres sociais por natureza, devemos usar as redes sociais de forma responsável, ou no afã de conseguir destaque, sermos transformados em apenas mais um na multidão de palhaços no picadeiro das mídias digitais. Pense nisso! 

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

PERSONAGENS BÍBLICOS — SIMÃO DE CIRENE

Retornando à minha série especial de artigos sobre Personagens Bíblicos, vamos conhecer um pouco sobre o que se sabe (não é muita coisa) de um personagem bíblico que teve uma passagem relâmpago, mas, muito significativa na trajetória terrena de Jesus.

Os evangelhos escritos por Mateus, Marcos e Lucas relatam que Simão [o] Cirineu foi obrigado a carregar a cruz de Jesus no caminho rumo ao Calvário: Mateus 27:32, Marcos 15:21 e Lucas 23:31.

O evangelho segundo escreveu João não relata esse detalhe (19:17), mas o fato de afirmar que Jesus carregou a sua própria cruz, João não contradiz os demais evangelistas, pelo contrário, a mensagem que ali estava sendo passada é que Jesus foi o Senhor da situação, em todo o tempo.

História de Simão Cirineu


Quando se lê "Simão cirineu", imediatamente pode-se pensar que cirineu era o sobrenome de Simão, mas não. A menção "cirineu" é porque Simão era da cidade de Cirene, então pode-se dizer com mais claridade assim: "Simão, o cirineu" ou "Simão de Cirene", por exemplo.

Simão era natural da cidade de Cirene, localizada na Líbia, hoje atual Tunisia, que fica na costa norte da África. Em Cirene, de onde veio Simão, viviam muitos judeus, então podemos dizer que Simão era um judeu africano.

As especulações sobre a real origem de Simão


Cirene, conforme o dicionarista Davis, é o nome de uma importante cidade colonial da Grécia, situada no Norte da África, numa belíssima planície. É banhada pelo mar Mediterrâneo. Alguns afirmam que ela foi fundada pelos dórios, ano 632 a.C. 

Estima-se que a cidade de Cirene foi fundada em 630 a.C. Durante o reinado de Alexandre o Grande, Cirene esteve debaixo de seu governo. Depois ela ficou sob a jurisdição dos Ptolomeus, e no primeiro século antes de Cristo passou a pertencer aos romanos.

Quando os Ptolomeus a dominaram, no terceiro século antes de Cristo, muitos judeus se estabeleceram em Cirene. Cirene chegou a ser reconhecida como um centro intelectual. Em seu auge, acredita-se que Cirene alcançou uma população de aproximadamente cem mil habitantes. 

Cirene é mencionada na Bíblia no Novo Testamento. No texto bíblico ela é conhecida principalmente em conexão à pessoa de um de seus habitantes, Simão, o cireneu. Esse foi o homem que ajudou Jesus a carregar a cruz de Jesus.

Alguns historiadores, sem base bíblica, afirmam que ele era negro, pois nascera no continente negro, outros, no entanto, dizem quem ele era judeu de Cirene e daí o seu nome: Simão Cirineu (Mt 27:32)

Os filhos de Simão


Simão foi pai de Alexandre e Rufo. O evangelho de Jesus segundo escreveu Marcos relata esse detalhe expondo um pouco de sua família: 
"E ocorreu que certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, vindo do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz" (15:21).
O Simão foi pai do mesmo Rufo que Paulo apresenta na sua carta aos Romanos:
"Saudai Rufo, eleito no Senhor, e sua mãe, que tem sido mãe pra mim também" (16:13). 
A mulher de Simão, mãe de seu filho Rufo, era para Paulo como uma mãe sentimental.

Estudiosos afirmam ainda que quando Barnabé procurou Paulo para cooperar no ministério em Antioquia, ele estava hospedado na casa dos pais de Rufo (Atos 11:25,26).

Uma curiosidade sobre Simão, o Cirineu


Segundo alguns estudiosos, quando o Lucas escreveu sobre um tal de Simão Niger — 
"Na Igreja em Antioquia havia profeta e mestres: Barnabé, Simeão, conhecido por seu segundo nome, Niger, Lúcio de Cirene, Manaém que era irmão de criação de Herodes, o governador, e Saulo" (At 13:1).   
 — ele estava se referindo ao mesmo de Marcos 15:21 e, portanto, pai de Rufo.

Lucas, o médico, no seu livro histórico, afirma que os judeus de Cirene, bem como os libertinos, fundaram uma sinagoga em Jerusalém. Alguns desses cirinenses se tornaram cristãos e Lucas ainda diz que os cireneus entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. 

Lucas ainda assevera que na igreja, que estava em Antioquia, havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger e Lúcio Cirineu e Manaem, que fora criado por Herodes, o tetrarca.

Essa especulação de que Simão fosse negro  — especulação essa que não faz a menor diferença, dita-se de passagem  — seja porque Lucas diz que na igreja de Antioquia havia um tal de Simeão, que era chamado de níger, isto é, negro. O dicionarista afirma que as extensas ruínas de Cirene ainda existem com o nome de El-Ksenna (At 11:20; 13:1).

Simão cireneu se tornou um cristão?

O que podemos aprender?


Simão, o cirineu, foi obrigado a carregar a cruz que Jesus carregava, mas não suportou. A verdade é que quem era esse Simão? Não se sabe. Alguns acham que era um escravo, um negro, um judeu e por aí vai. Achar não é ter certeza. A cruz, no entanto, não era somente dele e muito menos de Jesus, na verdade ela era nossa.

Embora a Bíblia não afirme isto diretamente, muito provavelmente Simão o cireneu se tornou um cristão. Quem sabe ele tenha reconhecido Cristo como seu Salvador ao presenciar tudo o que ocorreu no Calvário?

De qualquer forma, seus filhos são mencionados como pessoas que pertenciam ao círculo cristão de Roma. Marcos faz questão de dizer: 
"Simão, o pai de Alexandre e de Rufo" (Mc 15:21). 
Os cristãos obviamente sabiam de quem ele estava falando.

Em sua Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo muito provavelmente faz menção a esse mesmo Rufo, filho de Simão cireneu. Ele escreve: 
"Saúda a Rufo, eleito no Senhor, a sua mãe e minha" (Romanos 16:13). 
Se de fato for o mesmo Rufo, então o apóstolo tinha um apresso maternal para com a esposa de Simão cireneu. Alguns também identificam Simão cireneu com o Simeão citado em Atos 13:1

Realmente pouco se sabe sobre a história de Simão cireneu. Mas tudo parece indicar que aquele ato, inicialmente forçado, de carregar a cruz de Jesus, resultou numa bênção permanente que alcançou sua vida e sua casa. Embora Simão cireneu tenha carregado literalmente a cruz de Jesus, ele se tornou um exemplo da devoção esperada a todos os seguidores genuínos do Senhor.

Não há informações sobre a morte de Simão de Cirene, contudo podemos entender que após a morte de Jesus, ele se tornou um cristão ou no mínimo um simpatizante do evangelho, não sabemos se já o era, já que os relatos sobre a igreja primitiva o apresentam, ao lado de sua família, como alguém que hospedava missionários.

Conclusão


Gióia Júnior (1931/1996), o vate, refutando um poeta, numa linguagem poética, no final, encerrando tudo com uma chave de ouro, assim se expressou: 
"Isso disse um poeta certo dia, numa hora de busca da verdade; mas, não aceito essa filosofia que contraria a própria realidade. O berço, o jumentinho e o suave pão, os peixes, o barquinho, o quarto e a sepultura, eram dele a partir da criação, 'Ele os criou' — assim dizem as Escrituras. Mas a cruz que ele usou — a rude cruz, a cruz negra e mesquinha onde meus crimes todos expirou. Essa não era sua, essa cruz era minha."
O poeta, refutado por Gióia, o batista e filho de pastor batista, dissera que o berço, o jumentinho, o pão, os peixes, o barquinho, o quarto e a sepultura tudo fora emprestado para Jesus.

Parafraseando, com todo respeito, o grande poeta Gióia, posso, também, me incluir e dizer que a cruz que o habitante de Cirene não conseguiu carregar era minha e de todos os cristãos. Jesus, na rude cruz, nos libertou da pena e do poder do pecado e quando adentrarmos a glória celestial, seremos libertados da presença do pecado.
'...Junto à cruz, ardendo em fé,
Sem temor vigio; 
Firme até a Pátria ver,
Santa além do rio...' 
Hino 172, denominado "Ao Pé da Cruz", Hinário Presbiteriano, tradução do grande escritor e primeiro evangelista presbiteriano, Júlio Ribeiro (1845/1890), idealizador da Bandeira dos paulistas. Conheça os seus livros. A cruz que se diz que era de Cristo era minha, era sua, era nossa!

[Fonte: Projeto Gospel

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sexta-feira, 23 de julho de 2021

DISCOS QUE EU OUVI — 62: "BACK TO BLACK" — ESPECIAL: 10 ANOS DA MORTE DE AMY WINEHOUSE

Não cheguei a ser fã de Amy Winehouse. Vim a saber dela, mais pela curiosidade despertada por todo o alvoroço sobre seu nome. E, decerto Amy foi como um furacão. Chegou rápido e fazendo barulho, muito barulho, enfatize-se, excelente barulho no mundo da música internacional.

A primeira música dela que ouvi foi a icônica e autoconfessional 'Rehab'. Quando dei por mim, lá estava eu repetindo o clássico refrão:
"They tried to make me go to Rehab
[Tentaram me mandar pra reabilitação]
But I said no, no, no
[Mas eu disse não, não não ]
Yes I've been black but when I come back
[É, eu andei meio mal, mas quando eu voltar]
You'll know, know, know
[Vocês vão saber, saber, saber]
I ain't got the time
[Eu não tenho tempo]
And if my daddy thinks I'm fine
[E mesmo meu pai pensando que eu estou bem]
Just try to make me go to Rehab
[Ele tentou me mandar pra reabilitação]
But I won't go, go, go
[Mas eu não vou, vou, vou]"
A letra da reveladora canção é o desabafo de uma jovem terrivelmente perturbada pela dependência química, mas, mesmo assim, foi o grande sucesso na curta carreira de Amy. "Back to Black" é o segundo (e último!) álbum de estúdio da musa Amy Winehouse (☆1983/♱2011). Lançado em 2006, primeiramente na Irlanda e depois no Reino Unido, o sucessor de "Frank", é o disco clássico da artista contendo os hits mais famosos.

O furacão Amy Anyhouse


Foto: Vince Bucci / Getty Images for MTV / Getty Images

Amy Winehouse nasceu em 14 de setembro de 1983 em Londres. A música fez parte da sua infância em todos os momentos, pois muitos tios eram músicos profissionais de jazz, bem como a avó paterna, que se relacionava com um saxofonista de um clube de jazz. Outra referência veio diretamente do pai, Mitchell Winehouse, que era cantor amador e entoava nomes como Ella Fitzgerald e Frank Sinatra para a filha, o que aumentou ainda mais a sua paixão pela música.

Mais tarde, aos nove anos, foi incentivada pela avó a se matricular em uma escola de artes e passou a desenvolver o lado cantora. Depois, aprendeu guitarra com o irmão mais velho e também montou uma banda de rap. Na mesma época, Amy criou na escola a sua própria audição. Ao apresentar a música 'On the sunny side of the street', clássico imortalizado por Billie Holiday (☆1915/♱1959) , impressionou os avaliadores e ganhou uma bolsa de estudos. 

A partir dos 15 anos começou a compor as primeiras músicas e a se apresentar em clubes de jazz na capital da Inglaterra. Em seguida, começou a se apresentar com o grupo Bolsha Band e entrou para a National Youth Jazz Orchestra depois de um teste organizado pela diretora da escola de artes que tinha sido expulsa. 

Entrada na indústria musical


Após alguns contratos de representações artísticas e contínuas apresentações, Amy Winehouse fez a sua primeira audição em uma grande gravadora, a Universal Music. Foi convidada por Darcus Beeze, em 2002, a cantar para uma espécie de plateia de executivos e foi contratada pela Island Records, uma subsidiária da Universal no Reino Unido. 

Dessa forma, iniciou o processo de composição do primeiro disco, "Frank", lançado em 2003, quando tinha apenas 20 anos de idade. O álbum, que une hip hop, jazz, reggae e neo soul, estreou com sucesso modesto à época, mas continha canções como 'Amy, Amy, Amy', 'Stronger than me' e 'October Song'.

Depois do lançamento de "Frank", Amy passou por diversos períodos conturbados envolvendo álcool e drogas, além de transtornos alimentares. Ela, então, rompeu com a gravadora anterior e no meio da turbilhão que sua vida se transformou começou a trabalhar no segundo disco. 

"Back to Black" foi feito em cinco meses e mostra o lado mais reflexivo de Winehouse. Mais popular, o disco tem fortes influências do R&B e do Soul dos anos 1960, além do ska, reggae e ritmos caribenhos presentes também no primeiro CD. O single 'Rehab' foi responsável por lançar a artista internacionalmente. "Back to Black" disco foi o mais vendido no mundo em 2007, um ano após o lançamento. 

A conquista do mundo


O sucesso estrondoso de "Back to Black" levou Amy Winehouse para vários lugares do mundo, inclusive aqui no Brasil. Muito se deu pelo ecletismo que ela trazia nas composições, o que demonstrava domínio de diferentes gêneros, indo do contemporâneo ao mais antigo. Além disso, as letras transitavam pela ironia e o sarcasmo e o extremamente íntimo, particular e pessoal. Outro destaque fundamental, talvez o mais aclamado, é a voz da Amy. Por vezes rouca, mas sempre profunda e carregada, Amy Winehouse emitia o que queria ao cantar: poder, força, sentimentalismo, dor ou alegria.

Da ascensão ao declínio


No dia 23 de julho de 2011, Amy Winehouse foi encontrada morta pela polícia de Londres, no apartamento em que morava. O laudo apontou que a causa foi overdose, para cada 100ml de sangue havia 416mg de álcool.

Entre prêmios e polêmicas, Amy Winehouse ainda deixa uma lacuna. A próxima voz black de uma mulher branca está escondida. Além de ser uma grande cantora, compositora e intérprete, a Amy era uma personagem. Um ser humano que entrava muito forte nas emoções e conseguia transformar isso em música.
"Acho que não vou ficar famosa, o tipo de música que eu faço não tem essa dimensão. Se isso acontecesse, acho que eu enlouqueceria"
disse Amy Winehouse, em 2003. Após 10 anos da morte da artista, em 23 de julho de 2011, o talento da cantora é incontestável e ainda hoje é difícil enxergar uma sucessora. O musicólogo Ricardo Cravo Albin atesta: 
"Amy, mesmo morta, está viva".
A carreira de extremos a levou a dois Grammys, cachês de US$ 1 milhão e também a constrangimentos. Apesar disso, o lugar de Amy está vazio. 
"É preciso uma série de felizes coincidências para que surja alguém como a ela. Por ter morrido de forma tão triste e trágica, Amy virou uma lenda. Da mesma forma que aconteceu com Janis Joplin (☆1943/♱1970) e Kurt Cobain (☆1967/♱1994)"
esclarece o apresentador e crítico de música Guilherme Guedes.

Em resumo, Amy marcou a história da música mundial. Está na lista das 60 Maiores Cantoras-Compositoras de Todos os Tempos, elaborada pelo The Daily Telegraph, ocupando o décimo lugar. Além disso, no catálogo dos artistas mais importantes do mundo, feito pela revista Mojo, Personalidades Mais Influentes da Inglaterra e 100 Grandes Mulheres na Música. Agora vamos à

História do disco


O lançamento de "Frank" — o primeiro dos dois únicos álbuns na meteórica carreira da jovem cantora britânica —  colocou Amy Winehouse na rota do sucesso. Cantora desde os 14 anos, ela conseguiu um bom agente aos 19, que logo a colocou para gravar um disco. 

Bem nas vendas e nas críticas, algumas pessoas começaram a ficar de olho no talento dessa cantora inglesa nascida em Londres. De voz espetacular, ela tinha tudo para ser uma das grandes —  comparando até mesmo com as melhores, como Nina Simone, Aretha Franklin (☆1942/♱2018), Billie Holiday e outras.

A turnê do disco acabou, prêmios foram levados para casa e um novo trabalho começou a ser montado. Se o primeiro disco era uma levada mais jazz, o segundo seria diferente. Primeiro, Winehouse demonstrou um interesse em ouvir mais coisas do R&B dos anos 1960, principalmente dos grupos formados por garotas. Mitch Winehouse, pai de Amy, conta em seu livro sobre a filha como ela olhava admirada para a cantora Sharon Jones, do grupo Dap-Kings

O encontro que mudaria os rumos do disco foi quando Winehouse foi ao programa de Mark Ronson na East Village Radio. Ele tocou as demos de 'You Know I'm No Good' e 'Rehab', e ficou impressionado com o que viu. Amy esperava um cara mais novo, Ronson gostou da postura dela no estúdio ao refutar o que não gostava. Então, os trabalhos começaram em Nova York para o segundo disco de estúdio dela.

Ronson e Salaam Remi — o primeiro produziu seis músicas, o segundo ajudou em cinco — foram os responsáveis pela produção do disco. A intenção era criar um clima de soul e R&B usando como base a temática triste das canções escritas por Amy, então em fim de relacionamento. 

Era uma lista com canções muito duras, recheadas de sinceridade e vindas de alguém que realmente estava sentindo a perda. Algumas tentativas de mixagem e de refazer algumas coisas foram feitas, mas tudo fazia tão sentido sendo quase cru, que Ronson apenas acrescentou alguns metais, cordas e percussão em Londres — o grosso do trabalho foi feito nos Estados Unidos em menos de um mês. Até por isso, muita gente é creditada no trabalho.

Trazendo o soul e o R&B para a sonoridade de Amy, o disco apresenta ainda influências da música jamaicana, como o ska. As letras da cantora e compositora abordam problemas de relacionamento e uso de drogas começando com 'Rehab', que introduz o disco e terminando em 'Addicted', duas das músicas mais famosas da artista.

O álbum inteiro é destaque na sonoridade de Amy mesclando o jazz dançante das canções mais famosas como 'You Know I'm no Good e 'Back to Black' à melancolia de 'Me & Mr Jones', 'Love is a Losing Game' e 'Wake Up Alone'.

Faixa a Faixa


Inspirada em uma conversa com o pai sobre ir à habilitação, 01) 'Rehab' é o grande single do disco e uma das canções mais populares do século 21.

Mark Ronson perguntou a Amy sobre o assunto e ela respondeu com que viria a ser o refrão, respondida pela batida tão conhecida. Eles voltaram ao estúdio para cantora desenvolver a letra, finalizada e gravada em menos de três horas.  


Um soul de primeira grandeza, a faixa abre "Back to Black" de maneira sublime. É impossível parar de ouvi-la depois que começa. Indo do soul para o blues, 02) 'You Know I'm No Good' geralmente encerrava as apresentações por ter uma longa suíte instrumental na parte final. A letra é extremamente autobiográfica, então é possível ter uma ideia do que a cantora estava passando naquele momento. 

A curta 03) 'Me & Mr Jones' é a volta ao jazz, uma Amy Winehouse certeira tendo ao lado uma banda ótima, que consegue criar todo o clima para a canção. Contrastando com as anteriores, 04) 'Just Friends' tem uma base reggae em cima de outra letra bem pessoal 
"When will we get the time to be just friends
[Quando teremos tempo para sermos apenas amigos] 
It's never safe for us not even in the evening
[Nunca é seguro para nós, nem mesmo à noite]
'Cos I've been drinking
[Porque eu tenho bebido]
Not in the morning where your shit words
[Não de manhã, onde suas palavras de merda]
It's always dangerous when everybody's sleepin
[É sempre perigoso quando todos estão dormindo]
And I've been thinking/Can we be alone?
[E estive pensando: Podemos ficar sozinhos?]
Can we be alone?
[Podemos ficar sozinhos]". 
Tem algo muito especial em 05) 'Back to Black'. Para qualquer um que passou por algum rompimento traumático, a letra pega de jeito. Se você não passou por isso, é difícil não se colocar no lugar da pessoa e olhar o que aconteceu. Porque não é só uma música, é a vida de uma pessoa destrinchada para quem quiser ouvir. E ela nem está mais aqui, o que dá ainda mais peso para essa melodia triste, a levada soul digna de muitas cantoras históricas e uma banda sublime.

Depois de uma paulada, uma balada também paulada: 06) 'Love Is a Losing Game' é muito triste. O mérito aqui é ser quase crua, então é possível sentir Amy a cantando do fundo do coração. 

Os instrumentos de sopro dão o tom de 07) 'Tears Dry on Their Own', agora o romance acaba com o sol se pondo — na letra mais poética do disco. Mais uma letra triste, mais um bom andamento da banda: 08) 'Wake Up Alone' tem um ar soul clássico e moderno ao mesmo tempo, ela é dessas que merece um pouco mais de atenção. 

09) 'Some Unholy War' traz uma sensação de improviso maior do que as outras, já 10) 'He Can Only Hold Her' recoloca o jazz no caminho e, por fim, 11) 'Addicte' fala de drogas, mas poderia ser sobre o ex-namorado. 

Amy Winehouse conseguiu entregar um disco espetacular, hoje eternizado como um dos grandes trabalhos feitos na primeira década do século 21. 

Conclusão


Lançado em 30 de outubro de 2006, "Back to Black" atingiu a terceira colocação da parada do Reino Unido e o sétimo posto nos Estados Unidos. Na medida em que o sucesso da cantora foi aumentando, as vendas também cresceram muito, principalmente ao longo de 2007 — sendo o segundo disco mais vendido da história no século 21 na Inglaterra, atrás apenas de "21", de Adele. 

No ano seguinte, ela foi a primeira cantora a conseguir colocar uma versão deluxe de um álbum no top-20 britânico. "Back to Black" é sem dúvida um dos clássicos na discografia do século 21. O Segundo e último disco lançado por Amy Winehouse, mostrou todo talento da cantora e a colocou entre as grandes de todos os tempos.

Ficha técnica:

Tracklist:
  1. Rehab (3:34)
  2. You Know I'm No Good (4:17)
  3. Me & Mr Jones (2:33)
  4. Just Friends (3:13)
  5. Back to Black (Winehouse / Mark Ronson)
  6. Love Is a Losing Game (2:35)
  7. Tears Dry on Their Own (Winehouse / Nickolas Ashford / Valerie Simpson) (3:06)
  8. Wake Up Alone (Winehouse / Paul O'Duffy) (3:42)
  9. Some Unholy War (2:22) 
  10. He Can Only Hold Her (Winehouse / Richard Poindexter / Robert Poindexter) (2:46)
  11. Addicted (2:45)
  • Todas as músicas foram compostas por Amy Winehouse, exceto as marcadas.
  • Gravadora: Island
  • Produção: Mark Ronson, Salaam Remi
  • Duração: 34min56s

A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

A BÍBLIA COMO ELA É — ENTENDENDO 1 TIMÓTEO 6:3-5: É MESMO "O DINHEIRO A RAIZ DE TODOS OS MALES"?

Sem dúvida alguma, se tem uma área complicada sobre a qual tratar no contexto eclesiástico, é a financeira. Falar sobre dinheiro na igreja é um verdadeiro imbróglio. Tratar assuntos financeiros de púlpito é um dos grandes desafios para muitos pastores e/ou líderes. Muita confusão se faz nessa área. É como se manter uma igreja, fosse algo fácil e que não ensejasse investimentos financeiros. Como se para manter uma igreja funcionando minimamente, não requeresse uma receita financeira mensal. 

Muito dessa confusão é devido aos enganos e abusos contidos na absolutamente nada bíblica e muito disseminada (eu a chamo de diabólica mesmo) doutrina da "teologia da prosperidade", que, de teologia mesmo, não tem absolutamente nada (escrevi sobre este assunto ➫ aqui). E, por causa das heresias extorsivas cometidas pelos propagadores e defensores dessa abjeta "teologia", homens e mulheres realmente comprometidos com a propagação do genuíno Evangelho de Jesus Cristo, acabam por sofrer os respingos do lamaçal onde chafurdam esses tais "apóstolos", "bispos", "pastores", "patriarcas"... "semideuses"! Os mesmo que hoje seriam chamados por Jesus de mercenários e por João Batista de raça de víboras.

O que diz a exegese e hermenêutica bíblica sobre o dinheiro e as riquezas?


Você já parou para pensar por que a Palavra de Deus diz que o amor ao dinheiro  (não o dinheiro em si) é a raiz de todos os males? O dinheiro seria, nesse caso, algo ruim, que veio do diabo? Como entender isso, já que, para quase tudo, hoje em dia, usamos o dinheiro? Paulo diz essa frase em 1 Timóteo 6:10:
"Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com dores".
Observe que o verso começa com "porque"; isso significa que Paulo está explicando algo que falou antes e que precisamos analisar para compreendermos o real significado dessa mensagem. Vamos analisar detalhadamente esse versículo, em consonância com o contexto no qual ele está inserido.

O amor ao dinheiro e seus males


Estamos vivendo uma época em que as pessoas são convidadas a consumir, a comprar. Propagandas bem elaboradas, programas de crédito facilitado, novidades nas vitrines, etc, são um verdadeiro apelo a gastar.

A fonte de muitos problemas enfrentados pelas famílias está no mau uso do dinheiro e no abuso do crediário.

Meu é intuito aqui é desmistificar toda essa crença errônea que se tem sobre o dinheiro, mostrar os males do amor a ele, e os benefícios que ele pode proporcionar, se usado com sabedoria e moderação. Em resumo, mostrar que, para quem é abençoado o dinheiro é uma bênção e para que não é abençoado ele é uma enorme maldição. Ou seja, a bênção ou a maldição não está no dinheiro, mas sim em que o possui.

Se o dinheiro é uma maldição, por que, então, tantos fazem questão, não pouca,  em tê-lo, não pouco?


Todos estamos cientes da importância do dinheiro para a sobrevivência da família. No entanto, o amor a ele é a raiz de todos os males. Jesus já falara do perigo do dinheiro tornar-se um deus na vida do homem:
"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom" (Mateus 6:24).
Ele quis dizer que a busca das riquezas poderia exigir uma dedicação tão grande, quanto Deus exigia de seus servos. Seria, portanto, impossível servir aos dois, ao mesmo tempo.

Esse fato foi exemplificado por Jesus quando Ele encontrou-se com o jovem rico:
"E eis que, aproximando-se dele um jovem, disse-lhe: 'Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?' E Ele disse-lhe: 'Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.'

Disse-lhe ele: 'Quais?' E Jesus disse: 'Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.'

Disse-lhe o jovem: 'Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?' Disse-lhe Jesus: 'Se queres ser perfeito', vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.'

E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades" (Mt 19:16-22, grifo acrescentado).
Não que a riqueza em si fosse de todo má, mas o coração pode estar tão preso por ela que isso se constitui num obstáculo para seguir a Jesus. Portanto, se faz necessário uma análise contextual do que o apóstolo Paulo está falando e quais são os ensinamentos que ele nos traz.
  • 1) Paulo está falando aqui de falsos mestres e suas falsas doutrinas (1 Tm 6:3-5) — Além das más características desses falsos professores, Paulo destaca que Eles estavam usando a fé de forma exploratória, com manipulações e inverdades, para alcançar lucros para si mesmos. Paulo critica a atitude deles, principalmente por fazerem tudo com foco nas riquezas:
"Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição" (6:9).
  • 2) E é nesse ponto que Paulo explica porque tal comportamento dessas pessoas é destrutivo (6:10) — Fazer a obra de Deus com foco em lucro financeiro equivale a amar o dinheiro acima de Deus, o que transforma o dinheiro em um "deus" para a pessoa. Essa verdade ecoa das palavras de Jesus em Mateus 6:24, já citadas anteriormente. É por isso que essa atitude se torna a raiz dos males, pois é dela que surgem diversos outros pecados, mas principalmente o abandono da fé no Deus verdadeiro.
  • 3) Em um sentido mais amplo, o amor ao dinheiro, ainda hoje e em todas as épocas, faz pessoas agirem de forma contrária à vontade de Deus, tomando atitudes que Deus condena para conseguir o tão sonhado lucro. Um exemplo seria a corrupção, que faz pessoas roubarem, dissimularem, matarem e realizarem atos pecaminosos para aumentar sua quantidade de dinheiro e poder. O foco desse texto de Paulo é demonstrar o quão podre o ser humano pode ser quando torna o lucro o fim principal de sua vida
  • 4) É importante frisar que não temos aqui um "amaldiçoamento" do dinheiro —  Como já dito acima, mas sendo válido enfatizar, o dinheiro, em si, é neutro. O que se faz com ele e por ele é que indica o que ele representa para a pessoa, se será bênção ou maldição. A Bíblia aprova o bom uso dos ganhos honestos: 
"Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus" (Eclesiastes 2:24).
  • 5) Paulo, na sequência de sua fala, faz questão de aconselhar seu discípulo Timóteo sobre a atitude equilibrada que deveria ter (e que serve para todos nós), que é ficar longe desse comportamento destrutivo com relação ao dinheiro (6:11). Um servo de Deus que tem como base a retidão lidará com o dinheiro de forma equilibrada!

As finanças e a completa dependência de Deus


No Salmo de número 73, 3:12, está registrada a experiência de um homem chamado Asafe. Ele começou a observar que os ímpios eram prósperos, sadios e aparentemente felizes.

Enquanto que ele, que procurava servir a Deus, era afligido a cada manhã. Mas, chegou à conclusão de que o mais importante era estar junto de Deus  
"Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor DEUS, para anunciar todas as tuas obras" (73:28). 

Percebemos a importância de dependermos de Deus para o nosso equilíbrio financeiro

"SE o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. 
Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono. 
Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre o seu galardão. 
Como flechas na mão de um homem poderoso, assim são os filhos da mocidade. 
Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta" (Sl 127).
  • É Deus quem nos dá o trabalho e provê os meios necessários para suprirmos nossas necessidades (Tiago 1:17). Os filhos precisam aprender a valorizar o trabalho e aquilo que é fruto dele.
  • É melhor o pouco, no temor do Senhor (Provérbios 15:16). Há pais que, na intensão de ganhar mais, sacrificam sua união conjugal. E isso causa graves prejuízos ao seu lar. Idolatram o emprego e deixam de lado até mesmo o tempo que seria para enriquecer o convívio familiar.
  • Há promessas de prosperidade àqueles que honram ao Senhor com suas finanças (3:9,10; Lucas 6:38). A nossa contribuição ao Senhor é uma expressão de gratidão e alegria de nossa parte.
  • Devemos ter sabedoria para gastarmos os recursos que Deus nos dá  (Isaías 55:2).

Conclusão


O dinheiro não deve ser encarado como um fim em si mesmo. É apenas um meio pelo qual se alcançam alguns valores da vida. Por outro lado, não podemos minimizar sua importância. É justo que se trabalhe, se esforce e que se poupe certa quantidade para momentos imprevisíveis e para outras necessidades da vida. Economizar visando a um futuro melhor para os filhos é um dever dos pais, e os filhos aprenderão a gastar construtivamente e a dar a devida importância ao dinheiro (escrevi mais sobre este assunto ➫ aqui).

Determinação de viver dentro dos rendimentos. Precauções devem ser tomadas para que as despesas do lar não ultrapassem ao que se ganha. Se há descontrole nas finanças, se os pais excedem nos gastos, é claro que no final do mês haverá dificuldades financeiras. Precisamos da orientação divina sobre como, onde e quando gastar o nosso dinheiro. Não podemos esbanjar as nossas finanças sem direção, aplicando-as em coisas desnecessárias. Assim, não incorreremos no erro de dar ao dinheiro uma importância superior a que ele merece, transformando-o em um "deus" que nos domine e, consequentemente, numa grande maldição que, também consequentemente, atrairá consigo outras maldições.
"E Jesus respondeu-lhe: 'O primeiro de todos os mandamentos é: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças"; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Não há outro mandamento maior do que estes.' [...] Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém" (Marcos 12:29-31; Romanos 11:36 — grifos acrescentados).

[Fonte: Portal News, por André Sanchez; Casa do Senhor]

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segunda-feira, 19 de julho de 2021

ACONTECIMENTOS — A CHACINA DE ACARI: QUEM MATOU, ONDE ESTÃO OS 11 CORPOS?

Já ouvimos ser dito inúmeras vezes que o Brasil é o país da impunidade. É muito difícil a gente encontrar alguém que porventura não tenha sido ou que não conheça alguém que tenha sido vítima de alguma ocorrência de violência. 

Exceto os crimes que ganharam a visibilidade midiática e, por isso causaram comoção nacional e mobilização pública, a maioria dos crimes acaba por virar apenas números nas estatísticas que medem a grassante e incontrolável escalada da violência. Só que, para as famílias das vítimas, por detrás de cada um número frio desses, tem muito mais que um nome: tinha uma vida!

Somente no primeiro semestre deste ano, 26.126 pessoas foram assassinadas no Brasil, segundo o índice nacional de homicídios criado pelo G1, uma ferramenta que permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. O número de vítimas é ainda maior que esse, porque a estatística não comporta os dados totais de três estados (Maranhão, Paraná e Tocantins), que não divulgaram todos os números.

Além do alto índice de violência, o país enfrenta outro problema grave: a impunidade. Segundo o relatório Meta 2 – A impunidade como alvo – Investigação de homicídios no Brasil, do Conselho Nacional de Justiça, apenas entre 5% e 8% dos homicídios no país são solucionados. Isso significa que mais de 90% ficam impunes e sem solução.

A baixa eficiência na investigação e a consequente impunidade são fatores que contribuem para o aumento do número de homicídios, de acordo com o relatório.

Apenas em setembro deste ano, 4.032 pessoas foram mortas no Brasil por crimes violentos. A quase totalidade dos crimes esclarecidos decorre de prisão em flagrante e da repercussão do caso nos meios de comunicação.

As delegacias de polícia dedicam-se apenas aos homicídios novos. A imensa maioria dos inquéritos acaba paralisada nas delegacias de polícia, em situação de arquivamento de fato, o que contraria a legislação processual penal, que estabelece a necessidade de proposta do Ministério Público e acolhimento pelo juiz para os casos de arquivamento.

A falta de verba para contratação de pessoas qualificadas, material e manutenção de delegacias e equipamentos contribuem para a violência e a impunidade no país. O caso que trago hoje neste capítulo da série especial de artigos, é um desses casos emblemáticos que marcaram os anais da história criminal no Brasil, mas especificamente, na década de 1990, quando ocorreram várias chacinas.

O caso


No dia 26 de julho de 1990, um grupo de onze pessoas de Acari viajou para um sítio em Magé, na Baixada Fluminense, RJ,  para passar o fim de semana. Segundo investigações, foram sequestrados por policiais e continuam desaparecidos até hoje. 

Segundo informações, encontravam-se no sítio de Suruí naquele dia, além das onze pessoas, a proprietária do sítio, Laudicena do Nascimento, com 71 anos, e seu neto de 12 anos (idades à época dos fatos), únicos sobreviventes que, no momento da invasão à casa em Suruí, fugiram pelo mato.
 
De acordo com Laudicena, Wallace convidara vários amigos que residiam na Favela de Acari para passar uns dias no sítio de sua avó, porém, quando eles lá chegaram, ela e seu filho Hédio disseram para Wallace que não havia lugar para comportar tantas pessoas. 

No depoimento de Laudicena, sua casa foi invadida por volta da meia-noite, por policiais encapuzados que lá permaneceram por cerca de uma hora, destruíram móveis à procura de dinheiro e joias, sempre ameaçando a todos com suas armas.

Após supostamente negociarem a libertação de todos por meio de um pagamento, levaram as onze pessoas como reféns para um local abandonado, entre estas, seu outro neto, Wallace de Souza Nascimento, de 18 anos, e seu filho Hédio do Nascimento, de 30. Foram obrigados a entrar em uma Kombi de propriedade de Hédio, sendo as três meninas colocadas em um Fiat. Nunca mais foram encontrados.

Apesar da queixa ter sido registrada na 69ª DP de Magé, nenhum policial compareceu ao local para fazer o levantamento do crime — iniciava-se assim todo um procedimento discriminatório em relação ao caso, acredita-se que pelo fato das vítimas serem pobres e, entre eles, haviam três rapazes com passagem pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (Wallace e Moisés, o "Moi" e Luís Carlos Vasconcelos de Deus, o "Lula", 32 anos).

Os desaparecidos e suas respectivas idades à época:


  • 01] Viviane Rocha da Silva, 13 anos — filha de Márcia da Silva;
  • 02] Hudson de Oliveira Silva, 16 anos — filho de Euzilar Joana Silva Oliveira;
  • 03] Edson Souza Costa, 16 anos  —  filho de Teresa de Souza Costa;
  • 04] Rosana Souza Santos, 17 anos  — filha de Marilene Lima de Souza (falecida em 15/10/2012, vítima de tumor no cérebro) e namorada de "Lula";
  • 05] Cristiane Souza Leite, 17 anos — filha de Vera Lúcia Flores Leite (falecida em 10/08/2008) e namorada de "Moi";
  • 06] Antônio Carlos da Silva, 17 anos,  —  filho de Ana Maria da Silva;
  • 07] Luiz Henrique da Silva Eusébio, 18 anos, o "Gunga" — filho de Edméia da Silva Eusébio (assassinada no dia 15/01/1993 ao sair de um presídio no Centro do RJ, onde buscava informações sobre o caso, mais detalhes abaixo);
  • 08] Wallace Oliveira do Nascimento, 18 anos  —  filho de Maria das Graças do Nascimento;
  • 09] Moisés Santos Cruz, 26 anos, o "Mói"  —  filho de Ednéia Santos Cruz;
  • 10] Hédio Oliveira do Nascimento, 30 anos — filho de Laudicena Oliveira do Nascimento (falecida);
  • 11] Luiz Carlos Vasconcelos de Deus, 32 anos, o "Lula"  —  filho de Denise Vasconcelos.

Fatos que antecederam o desaparecimento


Segundo testemunhas, no dia 14 de julho de 1990, policiais fardados do 9º BPM invadiram a casa de Edméia, mãe de um dos desaparecidos no dia 26 de julho, prenderam Moisés, Viviane e Edson   —   também sequestrados no dia 26   —   exigindo o pagamento de CR$ 5 milhões e, que se a quantia não fosse paga, matariam todos. 

Mais tarde, reduziram o valor para CR$ 2 milhões, sendo pagos CR$ 1 milhão e 800 mil por Luís Carlos Vasconcelos   —   também desaparecido em 26 de julho. Alguns acreditavam que, por não terem completado o pagamento, armaram esse "passeio" para Magé.

Os suspeitos


A reportagem do Jornal O Dia, de 12 de setembro de 1993, noticiava que foram reconhecidos por fotos como autores desta invasão e extorsão os soldados Carlos Alberto de Souza Gomes, Eduardo José Rocha Creazola, o "Rambo", Evaldo Barbosa do Nascimento, Paulo Roberto Borges da Silva e Wilton Elias da Cunha, todos do 9º BPM de Rocha Miranda   —   3 três destes suspeitos de participação na Chacina de Vigário Geral, em 29 de agosto de 1993. 

Segundo um relatório, todos estes faziam parte de um grupo de extermínio denominado "Cavalos Corredores", supostamente liderado pelo, então, comandante do 9º BPM, Coronel Emir Larangeira, especialmente criado para o combate ao tráfico de drogas.

O grupo denominava-se "Cavalos Corredores" por sua entrada na favela fazendo barulho como se fosse uma tropa, espalhando terror pelas vielas, invadindo casas, extorquindo e agredindo pessoas. Uma reportagem do Jornal O Dia divulgou trechos de um documento do Serviço de Homicídio da Baixada Fluminense acusando o coronel Emir Larangeira de chefiar o referido grupo e de se proteger atrás da imunidade parlamentar. 

Algumas testemunhas, na época, acusaram vários policiais de extorquir moradores e violentar meninas, além de crimes de morte, bem como, denúncias de desvio de armas apreendidas do tráfico para serem utilizadas por grupos de extermínio formados por policiais militares.

Segundo Emir Larangeira, em entrevista publicada pelo jornal O Povo, só existe uma explicação para o crime: teria sido praticado por uma quadrilha rival, pois, na véspera do fato, um rapaz de alcunha "Jacaré", que estava junto com o grupo, com a desculpa de que estava com saudades do filho, resolveu ir embora do sítio. "Jacaré" estaria se unindo a uma nova quadrilha, em Parada de Lucas e, na verdade, dera as coordenadas para que seus novos parceiros executassem o crime.

O vai-e-vem das investigações


Em outubro de 1995 os jornais noticiavam que um ex-PM, identificado apenas como "C", apontou o Rio Inhomirim como o local onde os corpos foram abandonados pelo policiais, liderado pelo ex-detetive João da Silva Bistene, o "Peninha"   —   considerado o xerife da área, relatando que os policiais pegaram as pessoas no sítio, levaram as armas e o dinheiro e, depois, estupraram, mataram as meninas e esquartejaram os rapazes, jogando-os posteriormente no rio. Apesar disso, os policiais acreditavam que o local da desova era o Cemitério de Bongaba, em Piabetá, Magé, local onde foi encontrada a Kombi do filho de Laudicena.

A única pista do desaparecimento que os policiais tinham era a tal Kombi KK 5526, com a parte traseira queimada e manchas de sangue no seu interior, encontrada próximo ao cemitério de Bongaba em Piabetá. 

A perícia, no entanto, fora inconclusiva, pois, constava que o veículo era utilizada para o trabalho de Hédio, que vendia carne de porco, o que poderia justificar a quantidade e sangue encontrado no veículo. Tudo, obviamente, sem a devida investigação.

Em março de 1999, mais uma vez, denúncias reafirmaram que os corpos estariam no cemitério clandestino de Mongaba, exatamente onde tinha sido encontrada a Kombi do filho de Laudicena. As mães Vera e Marilene repassaram a denúncia a uma promotora de Magé que, a princípio, queria um geólogo para detectar as ossadas; este cobrou R$ 3.800 para realizar o trabalho   —   dinheiro que nem o Ministério Público (MP) e muito menos as mães tinham   —, tendo sido, contudo, conseguido rapidamente com o Ministro da Justiça, na época, Renan Calheiros (Ele mesmo!).

As mães de Acari


O movimento Mães de Acari surgiu na década de 1990, inserido no âmbito de muitas incidências de chacinas no Brasil. Formado por 11 mulheres negras   —   a maioria residente na Favela de Acari, Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.

As mães das vítimas da chacina de Acari são: Edméia da Silva Euzébio, Marilene Lima de Souza, Vera Lúcia Flores Leite, Teresa de Souza Costa, Laudicena do Nascimento, a Dona Cena (mãe de Hédio  e avó de Wallace), Maria das Graças do NascimentoEuzilar Joana Silva OliveiraAna Maria da SilvaMárcia da SilvaEdnéia Santos Cruz e Denise Vasconcelos. É preciso ressaltar que essas mães são referenciadas como 
"as precursoras na luta contra o extermínio de jovens negros e a violência policial. Fizeram sua voz e sua luta ser ouvida no Brasil e no mundo. Muitas delas faleceram sem ter tido justiça"
As Mães de Acari refletem e dão ensejo às muitas estratégias de resistência face ao extermínio estrutural da população negra e periférica. Fazendo frente às políticas de segurança pública, essas mulheres emergem contra esse modo de intervenção violenta do Estado, apresentando a maternidade como um signo em disputa. 

O luto, fruto da violência, não permite pausas. É vivenciado na luta por memória, justiça, verdade e reparação. Esse luto, substantivo e verbal, é inscrito pelas alianças mobilizadas com o intuito de cobrar do Estado brasileiro o reconhecimento pelas mortes de seus filhos, interrompido pela luta por esclarecimento dos fatos, pela busca de diligências investigatórias efetivas e pela tarefa imensurável de preservação das trajetórias e histórias das vítimas. 

Eis o luto das mães e familiares, que carrega os corpos negros imemoriais, não registrados por uma sociedade pautada pelos valores civilizatórios racistas. O luto que também pode ser considerado histórico. O luto político. 

Assassinato de Edméia


Edméia da Silva Euzébio, 48 anos, era moradora da favela de Acari, era ex-presidiária, ex-mulher de traficante, que se envolveu em delitos no passado, levara um tiro na perna e teve dois filhos: Rosângela e Luiz Henrique Euzébio da Silva, o "Gunga", que foi sequestrado no sítio em Magé. Em 1990, Gunga, com 18 anos, estava prestes a servir o Exército. Às vésperas da convocação, arrumou as malas e viajou para o sítio com os amigos e nunca mais voltou.

Obcecada por encontrar seu filho, Edméia foi assassinada às 16h, com dois tiros na cabeça, ao sair do Complexo Penitenciário Frei Caneca, no Centro do RJ, após visitar Jorge da Silva, seu filho de consideração, na tarde do dia 15 de janeiro de 1993, mesmo ano em que aconteceram as chacinas da Candelária (julho) e de Vigário Geral (agosto). Testemunhas disseram que dois ocupantes de uma Parati vermelha com placa fria chamou Edméia e disparou.

Edméia foi morta na rua Júlio do Carmo, próximo à estação Praça Onze do metrô, enquanto Sheila da Conceição, de 25 anos, foi assassinada na esquina das ruas Carmo Neto e Afonso Cavalcante por ter testemunhado a execução.

Segundo as outras mães de Acari, ela comentara em seu depoimento na 10ª Vara Criminal do RJ, dez dias antes, que estaria recebendo ameaças e acusava Ubiratan da Cunha — que foi preso na Esmeraldino Bandeira nesta época —, Alberto Lacombe e Rubens "Jacaré" de terem participação na chacina de Acari, ajudando policiais civis e militares.

Edméia teria conseguido informações sobre a localização dos corpos dos desaparecidos em Acari. Os denunciados eram integrantes do "Cavalos Corredores" e estavam envolvidos com extorsões e outros crimes. Segundo Sueli Vieira, que trabalhava como parlamentar e foi localizada pelo coronel PM Walmir Brum, a reunião para matar Edméia teria ocorrido no gabinete do então deputado estadual Emir Larangeira, na Alerj— todos estes fatos foram noticiados pela mídia.

Arquivo morto, mas, não enterrado


O caso, que chegou a ser arquivado, passou por uma reviravolta em 2011, após o depoimento de nova testemunha. Ela contou que a reunião para matar Edméia teria ocorrido no gabinete do então deputado estadual Emir Larangeira, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A data de julgamento dos acusados somente seria definida após o julgamento de possíveis recursos. Todos poderiam recorrer da decisão em liberdade. E, claro, o fizeram.

Em 2011, o Estado expediu a certidão de morte presumida de uma das vítimas, Viviane Rocha da Silva. Já em 25 de julho de 2010 ocorreu a prescrição desse emblemático episódio trágico do noticiário nacional: pessoas desaparecidas, corpos não encontrados, famílias destruídas, incerteza, angústia, assassinatos misteriosos, informações desencontradas, desinteresse, osquestração política, corporativismo, um sem número de substantivos, adjetivos e sentimentos, como impotência, humilhação, desprezo, negligência e esquecimento por parte das autoridades. Ao longo dos vários anos, o que essas mães ouviram das autoridades foi 
"não tem corpo, não tem crime".

Conclusão


À época, a mídia estigmatizou as vítimas, cunhando sobre elas paradigmas de criminalidade vinculados aos crimes contra o patrimônio e aos ilícitos de proibição de consumo e comercialização de entorpecentes. 

Uma das narrativas midiáticas atrelava a ocorrência do crime à tentativa dos sequestradores de extorquir dinheiro das vítimas e cobrar dívidas antigas relacionadas ao comércio de drogas. 

No dia 23 de julho de 2010, duas década depois dos fatos, centenas de pessoas se reuniram no Centro do Rio para realização da 17ª Caminhada em Defesa da Vida. A manifestação lembrou os 17 anos da chacina da Candelária e os 20 anos da chacina de Acari e reuniu várias organizações de defesa dos direitos do povo. 

Três dias depois, mais de 300 pessoas protestaram em frente ao Hospital de Acari contra o arquivamento da investigação da chacina de Acari. Essas foram demonstrações de que, mesmo com todos os obstáculos criados pelo Estado reacionário, a luta por justiça estava longe de chegar ao fim. 

Contudo, hoje, três décadas após a chacina de Acari, o crime não foi solucionado e os corpos das 11 vítimas nunca foram encontrados. Vida que segue, não para as 11 vítimas e suas famílias.


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