Retornando a esta série especial de artigos, proponho uma análise contextual de uma das passagens bem perturbadoras, registradas pelo evangelista Mateus. O relato é acerca de um endemoninhado mudo, que, depois de liberto pelo Senhor Jesus, começou a falar:
"Trouxeram-Lhe um homem mudo e endemoninhado. E, expulso o demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: 'Nunca se viu tal em Israel.' Mas os fariseus diziam: 'Ele expulsa os demônios pelo príncipe dos demônios'" (9:32-34).
Poucas passagens mostram de maneira tão clara como está a impossibilidade de uma atitude neutra para com Jesus Cristo. Temos aqui o quadro de duas formas de reagir frente a Jesus. A atitude da multidão era de surpresa e admiração. A atitude dos fariseus era de violento ódio. Segue sendo certo que o que o olho vê depende do que o coração sente. Os sentimentos que se aninham no coração humano podem colorir tudo o que seus olhos vêem.
Qual a visão que você tem dos fatos?
Repare que esse fato gerou duas reações: é possível perceber que, enquanto as pessoas que estavam ao redor reconheceram o poder diferenciado de Jesus, os fariseus encontraram motivos para criticá-Lo. Se o fato era o mesmo, por que essa diferença de reações? A resposta é a interpretação dada a ele.
Visão periférica
A vida nos ensina, dia a dia, que os acontecimentos sempre têm um porquê. Mas, nem sempre — ou melhor, quase nunca — estamos aptos a entender o significado das coisas de forma rápida e natural. Essa situação tão humana e tão recorrente pode se dar pela falta de visão periférica dos fatos.
A visão periférica é a capacidade de enxergarmos mais do que os nossos olhos alcançam em dado momento. Ela nos permite contextualizar o cenário, entender como cada peça se encaixa nesse quebra-cabeça chamado vida. E, claro, falo de uma forma literal, metafórica, no alto do meu minúsculo entendimento psicológico das coisas.
Hoje, nem sempre sou capaz de entender o que está acontecendo ao meu redor. Mas isso pode ser a coisa mais natural do mundo, haja vista que, possivelmente, eu ainda não possuo a vivência necessária para equacionar os fatos e chegar a um raciocínio lógico que me auxilie a resolver as questões do cotidiano.
Olhar apenas para o agora, para o cenário à frente, é pouco. É preciso exercitarmos a capacidade de nos desprendermos da visão natural humana, nos colocando acima da situação, deixando de ser nós mesmos para que possamos pensar fora da caixinha, vermos de longe, com a tal visão periférica. Assim, pode se tornar possível aceitar certos fatos, antecipar passos, calar, quando preciso.
A vida tem um porquê para tudo. Só precisamos enxergar de um pouco mais longe, fora dessa visão de curto alcance chamada zona de conforto. Esse é o poder que a Fé racional em um Deus sobrenatural nos dá.
A importância de manter o olhar além do que nos apresentam as circunstâncias
Você já parou para se perguntar por que a mesma situação pode gerar diferentes reações? O homem é o único ser em toda a Terra que possui a capacidade de raciocinar, mas isso não significa, necessariamente, que todos os seus comportamentos, suas escolhas e decisões sejam baseadas na razão. Muito pelo contrário: além do fator racional, suas reações são influenciadas pelos sentimentos.
Variações da realidade
A interpretação pode varia em razão dos sentimentos. No caso dos fariseus, internamente, eles tinham inveja de Jesus que, por meio de suas ações, libertava o povo e transformava a vida daqueles que criam, enquanto eles não tinham nenhum poder e vivam presos à religiosidade.
Da mesma forma, a realidade de cada ser humano é construída pelos sentimentos que ele carrega dentro de si. Maus olhos e malícia, por exemplo, podem fazer uma pessoa distorcer a realidade, fazer suposições e julgar os outros. Nesses casos, dificilmente a ideia errada que se formou fica apenas com uma pessoa, pois ela faz questão de compartilhá-la, o que dá início às fofocas.
Essa é uma situação comum fora e dentro da Igreja. É importante ressaltar que os fariseus eram conhecedores da Lei, ou seja, tinha conhecimento bíblico, mas não o praticavam. O mesmo ocorre dentro da Igreja: eles conhecem a Palavra de Deus, mas não a praticam. Muitas pessoas não mentem, não adulteram, não se prostituem, mas, na hora de sacrificar o seu "eu" e evitar fazer comentários depreciativos sobre os outros, não resistem e acabam errando.
É comum àquelas que vivem uma fé baseada na emoção. Quando a pessoa está usando uma fé emotiva, ela não raciocina, mas parece que é um raciocínio. Por isso que é emotiva, porque confunde com a inteligente, mas raciocina com o coração.
Real ou sentimental?
Um bom exemplo de distorção da realidade acontece quando alguém chama sua atenção. Ninguém gosta de ter um erro exposto, mas qual é a sua ração quando isso acontece? Quem se limita ao fato tem o seguinte pensamento:
"ok, errei. A partir de agora, com essa orientação vou prestar mais atenção para não errar de novo".
Já quem se deixa envolver por seus sentimentos logo pensa:
"isso é perseguição. É a segunda vez só nesta semana".
A pessoa cria em sua mente uma série de situações que, às vezes, nem existem.
As pessoas que dão ouvidos à emoção, que é o sentimento de inveja, de inferioridade, de impotência, não estão racionando. A única forma de neutralizar os sentimentos é por meio da Fé racional.
A Fé não é apenas para que você resolva problemas só do lado de fora, da família ou no aspecto econômico, mas para salvar você e para que você não jogue fora tudo aquilo que Deus tem feito na sua vida.
Conclusão
A multidão via a Jesus maravilhada porque estava composta por pessoas muito simples, com um urgente sentido de sua necessidade; e também viam que em Jesus sua necessidade podia ser satisfeita da maneira mais extraordinária.
Jesus sempre parecerá um ser extraordinário ao homem que é consciente de sua necessidade; e quanto mais profunda for essa consciência da própria necessidade, mais maravilhoso parecerá Jesus.
Os fariseus viam a Jesus como um aliado de todos os poderes do mal. Não negavam seus poderes maravilhosos, mas os atribuíam ao fato de que, segundo eles, estava em aliança com o príncipe dos demônios. E este veredicto dos fariseus se devia a certas atitudes mentais próprias dos homens de seu tipo.
Vivemos em uma época de incertezas, uma época em que não se está seguro de nada. Jesus era o arauto de Deus, que deveu proclamar certezas às quais os homens podem consagrar sua lealdade; e nós também devemos estar em condições de ir:
"Eu sei em quem tenho crido."
Os dirigentes religiosos do judaísmo daqueles dias, em lugar de dar força para viver às massas do povo, desorientavam-nas com suas sutilezas interpretativas da Lei, que não serviam nem para ajudar a viver nem para reconfortar o sofredor.
Quando deviam proporcionar aos homens uma fé que os ajudasse a manter-se erguidos, carregavam-nos e os dobravam sob o jugo insuportável da Lei, tal como a interpretavam os escribas. Ofereciam aos homens uma religião que era uma carga em vez de um apoio.
Sempre devemos lembrar que a Fé cristã não existe para desanimar, mas para estimular; não para esmagar aos homens com cargas, mas para elevá-los, como com asas.
A Deus toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.
E nem 1% religioso.
O uso correto da máscara não precisava ser obrigatório, por se tratar de uma proteção individual extensiva ao coletivo. É tudo uma questão não de obrigação, mas de consciência.
Respeite a etiqueta e o distanciamento sociais e evite aglomerações. A pandemia não passou, a guerra não acabou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário