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quinta-feira, 30 de abril de 2020

A BÍBLIA COMO ELA É - ENTENDENDO JOÃO 4:1-30: JESUS E A SAMARITANA


O capítulo que relata a história de Jesus encontrando a mulher Samaritana junto ao poço de Jacó, em João 4, é uma das mais conhecidas, ministradas e cantadas tanto por cristãos evangélicos, como os de outras vertentes cristãs.

Ela começa definindo o cenário para o que acontecerá mais tarde em Samaria e está firmado no que aconteceu na Judeia no tempo em que já se desenvolvia o Evangelho. A popularidade crescente de Jesus resultou em um significativo número de seguidores.

Seus discípulos realizaram um antigo ritual Judaico de lavagem cerimonial com água, assim como fez João Batista e seus discípulos. O ritual representava a confissão dos pecados das pessoas e seu reconhecimento da necessidade do poder purificador do perdão de Deus. Quando ficou claro para Jesus que as multidões estavam se tornando maiores, mas especialmente quando soube que muitos fariseus estavam alarmados, Ele decidiu que era hora de ir para a Galileia para continuar seu ministério (versículos 1-3).

No texto deste capítulo da série especial de artigos A Bíblia Como Ela é, vamos ver alguns detalhes importantes nessa passagem e os aprendizados que podemos tirar dela.

"...E era-lhE necessário passar por Samaria..." 


O texto simplesmente diz que Jesus "...teve de passar por Samaria..." (vs. 4). Talvez, neste momento uma curta aula de geografia seja útil. As terras Samaritanas ficavam entre as terras da Judeia e da Galileia. O caminho contornando Samaria levava o dobro do tempo, ao invés dos três dias necessários indo direto da Galileia a Jerusalém, porque evitando Samaria era preciso atravessar o rio Jordão duas vezes para seguir um caminho a leste do rio. 

O caminho através de Samaria era mais perigoso, porque eram comuns os ânimos se exaltarem entre Samaritanos e Judeus. Não nos é dita a razão pela qual Jesus e seus discípulos precisavam passar por Samaria. João simplesmente diz que Jesus "...tinha que ir...", implicando que para Jesus isto não era comum. 

Talvez Jesus precisasse chegar à Galileia relativamente rápido. Mas o texto não nos dá nenhuma indicação de que Ele tinha um convite pendente para um evento na Galileia para o qual Ele estava atrasado. Ele saiu quando sentiu a iminência de um confronto com os fariseus sobre a sua popularidade entre os Israelitas. 

Isto estava associado à compreensão de Jesus que o tempo para tal confronto ainda não tinha chegado. Na mente de Jesus, o confronto com a liderança religiosa da Judeia, (e não se enganem sobre isso, os principais fariseus eram parte integrante de tal liderança) neste momento era prematuro e que muito precisava ser feito antes de ir para a cruz e beber do cálice da ira de Deus, em nome da antiga aliança com o povo e as nações do mundo. A maneira como Jesus via os Samaritanos e seu próprio ministério entre eles pode nos surpreender à medida que continuamos a examinar esta história. 

Apesar de fazer parte da região central de Israel, Samaria era rejeitada pelos judeus, que a consideravam herege e espiritualmente imunda por vários motivos. Vejamos os principais deles abaixo.

Porque "os judeus não se davam com os samaritanos?"


Quando o país se dividiu, em 930 a.C., Samaria foi a capital do reino do norte (1 Reis 12:16; 16:21-29), em oposição a Jerusalém, capital do reino do sul, o que provocou muita rivalidade política. 

Quase trezentos anos depois, a Assíria dominava Samaria e seu rei Asnapar, também conhecido como Assurbanipal, levou cinco povos estrangeiros para morarem em suas cidades. Estes cinco povos trouxeram suas crendices religiosas, apoiadas em diversas divindades e ídolos, entre elas Tartaque, deusa da fertilidade, Nibaz, Sucote-Benote, Nergal, e o casal de ídolos Adrameleque (sol) e Anameleque (lua) (2 Rs 17:24-31), que exigia sacrifício de crianças. Esta situação, trazida pelos estrangeiros, levou judeus e samaritanos a uma rivalidade racial e religiosa.

Em 538 a.C., surgiu o principal motivo que provocou a definitiva inimizade entre samaritanos e judeus: quando da reconstrução do Templo de Jerusalém, iniciada pelos judeus que voltavam do exílio da Babilônia, os samaritanos ofereceram-se para ajudar, mas foram rejeitados por Zorobabel. 

Em represália, os samaritanos fizeram de tudo para atrapalhar a reconstrução do Templo. Por isso, foram proibidos pelos judeus de congregar em Jerusalém (Esdras 4). Para não ficarem sem lugar de adoração, os samaritanos construíram um templo no Monte Gerizim em Samaria – a 64 quilômetros de Jerusalém – e fizeram dele o único lugar de culto, afirmando, com base no livro de Deuteronômio, que este era o "Monte da Bênção" e o único lugar escolhido por Deus (11:29).

Rejeitavam totalmente a autoridade espiritual do sumo sacerdote do Templo de Jerusalém e professavam fé somente nos cinco primeiros livros da Torá, já que consideravam o restante excessivamente favorável aos judeus. Por tudo isso, os judeus os chamavam de endemoninhados. Em Israel, nos tempos de Jesus, a palavra "samaritano" tornou-se sinônimo de "endemoninhado". O próprio Jesus foi xingado de samaritano e endemoninhado (João 8:48). 

Samaria 


Quer dizer "Torre de Guarda", hoje tem o nome de Sebastieh e a sua população é extremamente reduzida. Talvez a palavra Sebastieh seja derivada do grego Sebastos, que quer dizer "venerável, adorável", empregada em relação aos imperadores romanos. Foi ali que Jesus ensinou quem é o Único que deve ser venerado e adorado. 

"...Cerca da Hora Sexta (Meio-dia)..."

Jesus quebrando as convenções sociais e religiosas 

"...Como, sendo Tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?..." 
Além de toda a inimizade histórica e religiosa que separava judeus e samaritanos, impedindo-os até de se falarem, aquela mulher ficou admirada com o fato de que Jesus conversasse com ela porque, naquele tempo, nenhum homem conversava com uma mulher em público.

Até o próprio marido evitava conversar com a esposa na rua. Quanto mais um estranho que, ainda por cima, era judeu! Não apenas ela estranhou, mas os próprios discípulos de Jesus ficaram admirados que Ele estivesse conversando "...com uma mulher..." (Jo 4:27). 


Os rabis diziam que 
"era melhor queimar a Torá, do que ensiná-la a uma mulher". 
Portanto, segundo a intolerância da época, tudo parecia ter conspirado contra aquela vida: nasceu mulher, era samaritana e vivia em concubinato com o sexto homem. Que chance ela teria de ser salva? Que religião a aceitaria? 

"...Se Tu conheceras o dom de Deus..." 


Mesmo sabendo antecipadamente da conturbada vida conjugal daquela mulher, Jesus – o "Rabi dos rabis" – não apenas lhe dirigiu a Palavra e a ensinou, como também ofereceu a ela e ao seu concubino o que Ele tem de mais precioso: a Água Viva (Salvação) e a Fonte que Jorra (o Espírito Santo – Jo 7:37,38). 

Jesus deixou bem claro que a Salvação é dom – presente – de Deus e que uma vida cheia do Espírito Santo nada tem a ver com o estado civil de qualquer pessoa. 

"...Disseste bem: não tenho marido; porque já tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido..."


Este é, sem dúvida nenhuma, o ponto mais curioso e importante deste episódio. Com tantas mulheres em Samaria, todas precisando igualmente da Água Viva, por que Jesus se encontra justamente com uma mulher que já tinha tido cinco maridos e que, agora, vivia com o sexto que não era seu esposo? 

A razão é emblemática: os cinco ex-maridos da samaritana representam os cincos povos pagãos que povoaram Samaria, cada povo com o seu deus diferente (já tratei especificamente sobre este tema em outro artigo, se quiser mais detalhes, clique ➫ aqui). 

Apesar dos seus "cinco deuses", os samaritanos não eram felizes. Os samaritanos só passaram a viver em segurança quando se converteram ao "sexto" Deus – o Deus de Israel (2 Rs 17:24-39). Porém, toda a religiosidade posterior dos samaritanos acabou se apoiando em doutrinas de homens, o mesmo ocorrendo com todo o Israel. O próprio Jesus mencionou: 
"Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens" (Mateus 15:9). 
Visto que o ser humano foi criado no sexto dia, "seis" passou a ser o número do homem. A mulher samaritana agora vivia com o sexto homem que não era o seu marido. Jesus é ao mesmo tempo, o "Sexto marido", fazendo uma referência ao fato de a mulher ainda não O conhecer, ou seja, "ainda não ser sua esposa legítima" (conversão, novo nascimento), e também, dentro deste contexto, se tornaria o "Sétimo Homem" que está aparecendo na vida daquela samaritana e Ele é Deus, o Marido Perfeito, e ela, à partir daquele encontro, passaria a ser Noiva (Igreja): 
"Pois o teu Criador é o teu marido. O Senhor dos Exércitos é o seu Nome. E o Santo de Israel é o teu Redentor, que é chamado o Deus de toda a Terra" (Isaías 54:5). 
Como aquela samaritana, assim também a humanidade tem muitas relações religiosas, de fundamento puramente humano, mas é somente com Jesus – o Homem Perfeito que é Deus – que o ser humano pode ser verdadeiramente feliz. 

"...A salvação vem dos judeus..." 


Os judeus, por serem descendentes de Abraão – o primeiro homem a ter fé no Deus invisível e verdadeiro –, receberam, por intermédio de Moisés, a revelação escrita de Sua vontade. Foi o único povo da Terra a receber tal privilégio. O texto abaixo sugerido é do livro de Deuteronômio – um dos mais citados por Jesus – e retrata, na Torá, o que Jesus disse à mulher samaritana: (Dt 4:10-31).

A verdadeira adoração 

"Deus é Espírito e importa que aqueles que O adoram O adorem em espírito e em verdade..." 
Desde o princípio de Sua revelação à humanidade, Deus enfatizou a adoração em espírito, proibindo o ser humano de adorá-lO por meio de qualquer representação, ou de confeccionar imagens semelhantes a quaisquer criaturas do Céu ou da Terra (Êxodo 20:4-6). Adorar o SENHOR por intermédio de objetos ou imagens não é adorá-lO "em espírito e verdade". 

"...Eu o Sou, Eu que falo contigo..." 


Além do ensino extraordinário dado à samaritana, Jesus disse, pela primeira vez, algo que não havia falado nem aos seguidores mais chegados: "Eu sou o Messias". Assim, nesta passagem, vemos o sincero amor e interesse do Senhor em se revelar e salvar a todos, inclusive aos mais desprezados e rejeitados.


Conclusão


O texto da Mulher Samaritana, sem dúvida, um dos textos mais conhecidos da Bíblia e traz em si mesmo, algumas lições muito importantes para a vida de todos nós também nos dias atuais. E é justamente sobre isso que eu desejo compartilhar com você através desse artigo.

Aquela mulher era muito discriminada pelo simples fato de ser mulher (vs. 27); ela também era uma pessoa rejeitada pelos judeus por ser samaritana (vs.9). Além disso, ela era rejeitada pelos próprios samaritanos por ter vida sexual irregular (vs.18).

Diante tantas rejeições, provavelmente ela foi buscar água ao meio-dia (hora sexta, vs.6) para não se encontrar com ninguém no poço. O horário de se buscar água era pela manhã. Ela vivia fugindo, se escondendo. Tinha vergonha de si mesma. A mulher samaritana precisava de uma verdadeira mudança de vida; só não sabia como tal situação poderia de fato acontecer em sua vida.

Mas, para a sua surpresa, no momento em que ela chegou junto ao poço para apanhar água, Jesus veio até ela. E é justamente aqui que nós aprendemos essa importante lição dada por Jesus; Ele sempre está disposto a vir até ao nosso encontro. Precisamos entender que o Encontro com Deus não se dá apenas pelo esforço humano. Na verdade, a decisão do encontro partiu dEle quando enviou seu filho Jesus ao nosso encontro.

Aquela mulher, além de não fugir do encontro com Jesus, também reconheceu que Ele era Profeta, não somente acreditou mas também se comprometeu com Ele. Mesmo sem ter ainda pleno entendimento, ela quis o que o Senhor oferecia. Não adianta reconhecer e não se comprometer com Jesus.

Além de crer em Jesus, aquela mulher tomou a brilhante iniciativa de testemunhar aos outros a respeito de Jesus. Ela foi e anunciou na Cidade de Sicar sobre seu encontro com Jesus (vs. 28,29). A mulher samaritana quebrou seu estado de isolamento social, deixou pra trás o cântaro e foi anunciar o que Jesus fez em sua vida. Precisamos entender que existem muitas coisas que precisam ser deixadas pra trás quando entregamos a nossa vida pra Jesus.

A mulher samaritana, antes de ter um Encontro com Jesus, se alimentava de "passado" e só conseguia ver um futuro muito distante: 
"...Quando o Messias vier nos anunciará todas as coisas..."
Mas, naquele momento, ela pôde compreender que Jesus não se preocupa apenas com o nosso futuro, mas também com o nosso momento atual.

Eu não sei como a sua vida se encontra nesse exato momento, mas eu creio que, o que Jesus fez na vida da mulher samaritana, Ele está disposto a fazer na sua vida também!

Não importa o quanto você tenha sido rejeitado até aqui. Basta que você aceite ter agora esse encontro com Jesus, creia nEle e se disponha a obedecê-lO!

Neste texto de João capítulo 4, Jesus não está pregando para uma multidão. Ele estava falando apenas para aquela mulher e isso mostra que Ele valoriza as pessoas individualmente.

Mesmo que você hoje esteja se sentindo apenas mais um em meio à multidão, creia que Jesus não somente está te vendo, como também está vindo ao seu encontro. E, com toda certeza, esse encontro com Jesus, vai mudar por completo e para sempre a sua vida!

[Fonte: Israel Institute of Biblical Studies, por Dr. Eli Lizorkin-Eyzenberg; Comunidade Cristã Paz e Vida, por pr. Juanribe Pagliarin]

A Deus toda glória. 
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade. 
E nem 1% religioso.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

GABRIELA PUGLIESI! QUEM? – UMA ANÁLISE DO FENÔMENO DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS


"Sede meus imitadores, como também eu de Cristo. E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei" (Apóstolo Paulo, influenciador espiritual, 1 Coríntios 11:1,2).
Gabriela Pugliesi. Quem, afinal é essa criatura? Eu devo confessar minha total ignorância em até pouco tempo não ter a menor ideia de quem era. Fiquei sabendo da existência dessa ilustre celebridade quando a pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil. A tal moça chamou a atenção dos fãs após o casamento de sua irmã, Marcella Minelli, no começo de março em Itacaré, sul da Bahia. Isto porque a cerimônia se tornou um foco da infecção pelo novo coronavírus e a influenciadora digital foi uma das contaminadas. Outras celebridades, como os cantores Di Ferrero e Preta Gil, que também participaram como convidados da festa, também foram contaminados.

Pois é, mas a tal digital influencer voltou a ser notícia na web, universo onde reinava absoluta. Por alguma contribuição científica, literária ou artística? Não, nada disso, como musa fitness (seja lá que diabo for isso), colecionando 4,4 milhões de seguidores. Diagnosticada com a Covid-19, doença causada pelo coronavírus, dona Pugliesi foi às redes sociais, nesse sábado (28/03), para agradecer pela doença. Além de promover uma balada em sua casa, onde contou com cerca de 15 convidados, caracterizando aglomeração e indo contra as regras de isolamento social, em vídeo publicado no feed do Instagram, a influenciadora digital apontou o "lado bom" do vírus, mas foi detonada. Diante da declaração de Pugliesi, os fãs lotaram os comentários da publicação com duras críticas.

Ela perdeu de uma vez cerca de 150 mil seguidores! Após o ocorrido, ser muito criticada por anônimos e famosos, perder  seguidores e, consequentemente, contratos Gabriela Pugliesi desativou sua conta na plataforma Instagram. Ao tentar acessar o perfil da ilustre, surge a seguinte mensagem: "Usuário não encontrado." Também não é mais possível encontrar nenhuma foto dela. Ou seja, ela "parou de respirar". 

Embora essa influenciadora e os seus congêneres não me despertem absolutamente nenhum interesse, o acontecimento me despertou a atenção e me deu inspiração para escrever este artigo. O que chama a atenção imediata do público e circula na internet? Como o usuário-interator é fisgado nas redes sociais? Por que disseminar essa ou aquela informação? Quem gera relevância e influência no universo online? Qual o verdadeiro interesse desses tais influenciadores? Quem sai ganhando no final?

Cuidado! Você é exatamente como quem ou o que te influencia


São muitas as perguntas que demonstram a preocupação de buscar respostas para esse sujeito contemporâneo: o influenciador digital. Será, talvez, a criação de uma nova e excêntrica profissão, como os youtubers, por exemplo, aliás, essa nomenclatura já está em desuso?

Nesse caso, pergunto: por que será que as pessoas, atualmente, desejam tanto influenciar outras pessoas, com o que influenciam, mas quase nunca se consideram influenciadas? É impressionante essa vontade de aparecer no topo da lista, ou, em linguagem peculiar, nos trending topics, na busca pela fama para estar na crista da onda. Likes, views e curtidas, são o oxigênio que mantém vivas essas celebridades da internet.

O lado positivo do influenciador


Influenciar pede, de primeira mão, empatia: um envolvimento de se colocar no lugar do outro – embora nem todos possuam esse sentimento. Longe de ostentação, influenciar é impulsionar. Logo, influenciar demanda a habilidade para se comunicar bem e estimular, incentivar, convencer, motivar, manipular ou, até mesmo, persuadir o outro, como a voz imperativa entre aconselhamento ou ordenação. E isso requer diversos parâmetros, como tempo, dinheiro e técnica.

Estratégia de marketing: a influência no alimento do consumismo crônico


Engajamento. É provável que esta seja uma das palavras mais ouvidas no marketing do século XXI. Engajar significa que, não basta estarmos onde nossos clientes estão, precisamos nos tornar relevantes para eles. Tudo bem, mas que ações podemos realizar para envolver um determinado público no caldeirão do universo online? Há muitas possibilidades, dentre elas, me parece interessante comentar sobre o impacto dos influenciadores digitais na construção de relações entre marcas e consumidores.

Antigamente apenas um seleto grupo de artistas e jornalistas ditava a moda e era considerado formador de opinião. "Escolhidas" pela grande mídia, por meio de jornais, rádio, televisão e cinema, essas pessoas determinavam o que era tendência, conceitos. Mas a realidade mudou e hoje pessoas aparentemente comuns ajudam a influenciar milhares de outras através da internet. São os influenciadores digitais.

A popularização da internet deu voz a qualquer um que saiba usar as plataformas disponíveis, e alguns acabam se tornando celebridades da web. Eles se destacam pela produção de conteúdo relevante para redes como o Instagram, o YouTube, blogs e outras redes sociais (existentes e vindouras), atingindo um número gigantesco de pessoas rapidamente. Essa popularidade pode ajudar na estratégia de marketing de uma empresa, sendo capaz de alavancar o sucesso de uma marca.

Como reconhecer os influenciadores digitais


Para reconhecer influenciadores digitais é preciso analisar seu comprometimento, se o conteúdo é de qualidade, se existe frequência na publicação e o impacto que as postagens possuem. Eles não têm um perfil pré-determinado, fazem parte de diferentes grupos, não importando o poder aquisitivo, a etnia ou a localização. Não estão apenas no eixo Rio-SP e produzem conteúdo a partir dos rincões mais distantes dos centros econômicos e culturais.

Outra característica é o público-alvo. Em sua grande maioria eles atendem uma audiência específica – construída a partir da afinidade entre os gostos e hábitos – e sabe a melhor linguagem para se comunicar com ela.

O que determina os influenciadores digitais não é exatamente a quantidade do seu conteúdo ou da dos seguidores que eles têm, mas se eles são reconhecidos pelo trabalho que fazem, pelo poder de influência que têm. Números de curtidas em páginas do Facebook podem ser comprados, números de pageviews do blog ou de qualquer outra plataforma podem ser fabricados.

Observe o engajamento das comunidades dos influenciadores. Esse envolvimento dos fãs pode ser medido por meio do número e qualidade dos comentários, quantidade de compartilhamentos e marcações. Ou seja, como as pessoas interagem com os canais dele.

Redes/Mídias Digitais/Sociais Virtuais 


As redes sociais digitais são caracterizadas como uma ferramenta que permite ao usuário criar um perfil público em uma rede limitada, possibilitando o contato com outros indivíduos de forma a estabelecer e manter relações, e por permitir o compartilhamento de experiências e informações entre os usuários. 

Dessa forma, o consumidor no ambiente digital (diferente de mídias tradicionais) deixa de ser apenas receptor e passa a ser mais colaborativo, gerando seu próprio conteúdo, compartilhando ideias, experiências e opiniões sobre diferentes temas. 

Sendo capaz de reunir consumidores de qualquer lugar do mundo em torno de um tema comum e permitir que esses usuários compartilhem o conteúdo para outros contatos, as redes sociais – que eu prefiro chamar de mídias  digitais têm sido utilizadas pelas empresas não só para divulgarem seus produtos e marcas, mas também para construir uma imagem ou manter sua reputação. Isso é possível pelas ferramentas disponibilizadas nas redes sociais virtuais que permitem a interação e compartilhamento entre consumidor e empresa. 

O Instagram, que é uma das principais plataformas nesse quesito, foi criado no ano de 2010 com o intuito de permitir que o usuário compartilhe e experimente momentos com seus amigos por meio da publicação de fotos, e mais recentemente, vídeos. O Instagram atingiu no ano de 2016 a marca de 600 milhões de usuários ativos, sendo que, nesse período, 400 milhões acessavam as suas contas diariamente, gerando cerca de 95 milhões de postagens e 4,2 bilhões de curtidas por dia, e é considerada a segunda plataforma de rede social virtual em nível de influência.

O Brasil, em especial, é o terceiro país que mais utiliza a plataforma, com quase 35 milhões de usuários. Dessa forma, a rede social Instagram foi escolhida como foco de experimentos pela crescente procura das empresas por essa rede social e pelo potencial percebido na ferramenta em criar momentos e fazer com que os seus usuários compartilhem suas mais diferentes experiências. 

A figura do digital influencer viu sua importância crescer em especial na última década. Para indivíduos da Geração Z (que, até 2020, irão compor cerca 20% da mão de obra do planeta, direcionando, ainda mais, as tendências de consumo globais), YouTubers, Blogueiros e Instagramers têm tão ou mais influência que personalidades da TV, Cinema, ou de outros nichos do entretenimento. Uma prova deste poder foi a eleição de Whindersson Nunes como personalidade mais influente do vídeo brasileiro, à frente de nomes como Taís Araújo (atriz global) ou Rodrigo Faro (apresentador da RecordTV), em pesquisa realizada pela Provokers para o Google e o site Meio & Mensagem.

A ostentação do consumismo


Os influenciadores, em conjunto com fatores sociais, culturais e de motivação pessoal, estão entre os principais elementos capazes de direcionar uma decisão de compra e uma maior aproximação entre uma marca e o seu público-alvo. Neste contexto, a força do digital influencer é preponderante e alguns dados corroboram para esta afirmativa. 

Em pesquisa de 2015, o Governo Brasileiro constatou, por exemplo, que o brasileiro passa mais tempo na internet do que em qualquer outra plataforma midiática. Já de acordo com um estudo da ODM Group, foi constatado que mais 70% dos consumidores analisados na pesquisa utilizam suas redes sociais para guiar decisões de compra.

Com tudo isso, é natural que a voz de um digital influencer adquira um eco muito significativo em um mercado global cada vez mais centrado na ideia da presença omnichannel e no desenvolvimento de estratégias eficientes de engajamento online.

O uso de influenciadores digitais por grandes marcas, aliás, já deu diversas mostras de seu potencial de sucesso. Apenas para elucidar, em 2015, a TIM chegou a atingir os Trending Topics do Twitter após uma transmissão ao vivo da vlogger Kéfera Buchmann (Quem?) em seu canal no YouTube, o 5inco Minutos. Há casos ainda do uso de influenciadores em outras mídias, como no caso da Tresemmé, que optou pela blogueira de moda e beleza, Camila Coelho (Quem?), para atuar em uma de suas campanhas para TV.

Outro exemplo interessante que reflete o poder destes influenciadores adorados pelas novas gerações se deu no Rock In Rio 2017. O evento, que agitou multidões de roqueiros e de fãs de música pop, contou este ano com uma novidade: o palco Digital Stage, dedicado exclusivamente a YouTubers e criadores de conteúdo do ambiente online. Dentre as atrações do espaço, o público pode acompanhar rodas de bate-papo, batalhas de dublagem, quadros de humor e interação em tempo real com os expectadores guiada por headliners, como: Mauricio Meirelles (?), Felipe Castanhari (?) do Canal Nostalgia, a equipe do Canal Parafernalha e, claro, o milionário Whindersson Nunes.

Para se ter uma ideia da influência dos participantes, só Whindersson Nunes, à época, contava com mais seguidores (25 milhões) no YouTube do que as principais atrações de outro ambiente do festival, o palco mundo: Maroon 5, grupo de pop rock (14 milhões), Guns N'Roses, banda de hard rock (3 milhões), Justin Timberlake, cantor pop (6 milhões).

Todos estes dados demonstram o potencial das vozes mais fortes da internet quando inseridas em campanhas eficientes, mas, qual o verdadeiro segredo de uma estratégia de marketing de influenciadores bem-sucedida? 

Especialistas em marketing, acreditam que o primeiro e principal ponto consiste em entender que, nem sempre a personalidade com mais seguidores, será a ideal para a marca. É fundamental analisar qual das vozes da internet pode desenvolver uma maior identificação com a marca, propondo campanhas que deem liberdade criativa para o influenciador, de modo que a ação seja espontânea e, de fato, capaz de gerar um engajamento relevante.

Ainda de acordo com os especialista, esta etapa, vale a pena estudar com atenção os diversos perfis que compõem o cosmos de estrelas digitais. Há desde aquelas que atingiram um papel de verdadeiras celebridades, como no próprio caso do Whindersson Nunes, até figuras com voz de autoridade em determinados campos ou que são ativos no debate de causas e pautas da sociedade, mesclando estes temas com questões mais leves do cotidiano. Este estudo será importante tanto para a definição da campanha, quanto para a definição do público que a marca almeja alcançar.

Finalmente, afirmam os especialistas, é preciso não deixar de observar se o influenciador que determinada marca busca tem alguma afinidade com seu mercado de atuação e, aliado a isso, se ele pode desenvolver estratégias de comunicação que façam sentido para os seus clientes e público-alvo. Ou seja, na hora de selecionar os influenciadores digitais para trabalhar o seu produto ou a sua marca, os investidores devem procurar pessoas que tenham relevância no segmento que deve ser alcançado. Sem observar detalhes como estes, a ação pode acabar não atingindo os objetivos esperados e até gerar algum tipo de desgaste nas suas redes.

Conclusão


Para concluir, gostaria de retornar ao ponto inicial deste artigo. Como deixei claro acima, não por achismo ou por mera especulação, mas com base em pesquisa de dados, o intuito desses tais influenciadores digitais é um só: faturar e gerar faturamento para quem os contrata. E, como não podia ficar atrás, o mercado gospel entrou com tudo nesse filão do marketing e também já tem suas celebridades, influenciando a um número considerável de evangélicos. Até mais que o próprio Jesus em nome do qual falam, não tendo, contudo, a responsabilidade de uma postura que O revele.

Neste sentido, nada mais coerente do que desenvolver projetos que envolvam a voz de influenciadores digitais, cujo trabalho é, justamente, conquistar engajamento, no infinito universo da web que nos rodeia por todos os lados. Ou seja, é o caso positivo de usar a internet como uma ferramenta para pregação do Evangelho, não com interesses financeiros, mas sim de fazer com que a mensagem das boas novas chegue com mais velocidade a um número maior de pessoas. Alguém duvida que, se vivo estivesse, o célebre apóstolo Paulo abriria mão de usar esse recurso? Eu não!

O problema é que a internet é o que chamo de um campo minado. É preciso ter vigilância, sabedoria e discernimento, pois, na mesma proporção em que ela oferece um vasto acervo de conteúdo saudável, útil e edificante, ela também tem verdadeiras armadilhas que disseminam um conteúdo fútil, nocivo moral, social e espiritualmente, sendo, infelizmente, este tipo de coisa a que, com suas cores e faces bonitas, atraem um maior número de seguidores. Aí é que mora o perigo.

Portanto, fique atento ao que deseja como influenciador digital, visto que suas decisões deixam rastros. Ou seja, não basta obter potencial discursivo para promover uma capacidade de transformação sem garantir a responsabilidade pelos atos cometidos. A manifestação pública constante produz relacionamento de causa e consequência.

Por conseguinte, o influenciador digital deve ser o anunciador das boas novas; é quem tem o acesso privilegiado da informação para trazer a novidade. Sabe-se que, quanto maior a transparência, melhor é a confiança, visto que uma mensagem positiva, altruísta, movimenta montanhas. Na verdade, termino com uma pergunta, da qual o apóstolo Paulo já apresentou a resposta com o versículo que abre este artigo: você está preparado para influenciar o mundo?

[Fonte: Meio & Mensagem, por João Paulo Haddad Marques - Com mais de 15 anos de experiência na área de marketing e atuação em projetos de ativação, relacionamento, live marketing e gestão de negócios em agências de comunicação, atuou em grandes empresas como Sky Brasil, Fiat e Aktuellmix; Press Comunicação; Observatório da Imprensa, por Wilton Garcia é artista visual, doutor em Comunicação (USP), pós-doutor em Multimeios (Unicamp), professor da Fatec Itaquaquecetuba/SP e do PPG em Comunicação e Cultura da Uniso]

A Deus toda glória. 
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terça-feira, 28 de abril de 2020

A SOLIDARIEDADE NÃO PODE NUNCA ENTRAR EM QUARENTENA

"[Respondeu Jesus:] 'Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento'. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: 'Ame o seu próximo como a si mesmo'" (Mateus 22:37-39).
Nesses tempos de tantas separações, desordens e caos existenciais, precisamos, NECESSITAMOS buscar mais afabilidade, afeto, solidariedade e empatia uns com os outros. Estamos em um estopim de emoções conturbadas, neuroses de todas as ordens, desequilíbrios e inconstâncias que nos fazem perder o rumo e, muitas vezes, vagar nos mares revoltos das angustias interiores. 

Não nos respeitamos mais, não temos mais paciência com nada, nem com ninguém. A vida humana a cada dia, diante de toda evolução externa, se perde em seus valores morais, éticos, sentimentais, espirituais e diminui interiormente.

Sentimo-nos, quase sempre, inertes, descrentes, cansados, sufocados, agoniados, solitários, vazios, expectantes por algo que nos "salve" e nos acolha, nos preencha e nos guarde em um porto seguro, onde possamos ter paz, alegria, serenidade, tranquilidade, calma, paciência, fé, perseverança, coragem, determinação, ânimo e esperança que tudo vai melhorar, que nós vamos melhorar, que a vida vai e pode melhorar. 

Como é difícil lutar contra o dragão do medo interior, das sensações que nos apavoram e nos paralisam, muitas vezes, nos deixando tristes e desmotivados, sem perspectivas ou direções. Como é cansativo manter-se em equilíbrio, lutar contra os obstáculos externos e, mais ainda, os internos. Como é intenso perseverar e seguir, quando tudo tende a fazer você parar e desistir.

Por isso, é preciso proteger-se, "energizar-se" de afeto, companheirismo, harmonia, ânimo, fé, gana, pois só assim, e bem "munidos" com essas "armas" do bem, nós poderemos NOS AJUDAR e, consequentemente, AJUDAR o nosso PRÓXIMO e o mundo que habitamos! 

Solidariedade indispensável


7 iniciativas que incentivam a solidariedade
A solidariedade é hoje, um tema crescentemente lembrado seja por organismos internacionais, pela mídia e mesmo por governos. Muitos países já chegaram a incluí-la nas suas Cartas Constitucionais, entendendo-a como um princípio social relacionado com a construção de sociedades mais livres e justas. 

Alguns textos constitucionais, como o brasileiro, sugerem mudanças sociais a partir de formas solidárias de participação, com o Estado trabalhando em conjunto com a sociedade no objetivo de criar novos valores voltados aos próprios cidadãos e à cidadania. 

A construção de uma ética solidária pode partir de diferentes motivações para aquelas iniciativas de preferência públicas, mas também individuais e privadas, que tenham o real intuito de diminuir as diferenças e melhorar a qualidade de vida entre os diversos segmentos sociais, além de instrumentalizar os atores menos aquinhoados no sentido de sua emancipação cidadã. 

Nesse caso, é indispensável para sua interpretação adequada, que se tenha uma visão crítica diferencial entre a compaixão e o utilitarismo como comportamentos sociais distintos e ao mesmo tempo complementares, que fortalecem a luta pela emancipação das classes vulneráveis por meio de ações caritativas ou filantrópicas, mas que – igualmente – podem estar determinando a dominação dos mais favorecidos tendo a mesma solidariedade como estratégia.

Viver a solidariedade é indispensável para possibilitar que as práticas políticas recuperem a sua inteireza. É necessária uma limpeza nos mais variados mecanismos de funcionamento da política, e de forma urgente.

Solidariedade a flor da pele


Solidariedade: o que é, importância e dicas para desenvolver
A solidariedade, por ser um valor capaz de requalificar, permite reconstruir o esgarçado tecido da cidadania. Por isso, em todos os momentos, em diferentes sociedades, é indispensável fazer referência, propor iniciativas e refletir sobre a solidariedade. No coração da prática solidária está o princípio fundamental e inegociável da consideração para com o outro.

Origem e breve histórico da solidariedade 


Ao analisar a origem da palavra solidariedade, dois termos derivados do latim são encontrados, solidum (totalidade, segurança, total) e solidus (sólido, maciço, inteiro). Entre outras interpretações registradas sobre a solidariedade, podem ser citadas as seguintes: 
  • estado ou condição de duas ou mais pessoas que repartem entre si igualmente as responsabilidades de uma ação, empresa ou negócio, respondendo todas por uma e cada uma por todas; 
  • laço ou ligação mútua entre duas ou muitas coisas dependentes umas das outras; 
  • compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas pelas outras e cada uma delas por todas; 
  • condição grupal resultante da comunhão de atitudes e sentimentos, de modo a constituir uma unidade sólida de grupo capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face da oposição vinda de fora; 
  • dependência mútua entre as pessoas; sentimento que leva as pessoas a se auxiliarem mutuamente; relação mútua entre coisas dependentes; compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas pelas outras; 
  • termo de origem jurídica que, na linguagem comum e na filosófica, significa: 1º. inter-relação ou interdependência; 2º. assistência recíproca entre os membros de um mesmo grupo.

Solidariedade como princípio


Solidariedade – EscreverOnline
Uma visão mais diferenciada e crítica da solidariedade e que se aproxima às ideias defendidas mais adiante no presente artigo, no entanto, é defendida no Dicionário de Ética e Filosofia Moral: 
"A doutrina da solidariedade desenvolve uma formulação nova da velha reivindicação de uma melhor distribuição das riquezas; ela é incapaz, como tal, de fundar um direito. 
Para isso, efetivamente seria necessário que estivéssemos em condições de precisar o montante da dívida e do crédito de cada um." 
Todas essas classificações da solidariedade, portanto, apresentam-na a partir de ações mútuas que acontecem exclusivamente entre pessoas de um mesmo meio e que têm interesses compartidos; uma espécie de corporativismo social no qual todos os envolvidos têm relação de interdependência. 

Tais interpretações provavelmente derivam das palavras do filósofo grego Aristóteles que coloca os fundamentos da solidariedade em posição antagônica ao individualismo, embora usasse outros termos na sua época. 

De acordo com essa concepção, a solidariedade se refere ao conjunto para que a vida em grupo se torne melhor, enquanto no individualismo o indivíduo preza seu próprio eu, enxergando a sociedade com olhar diverso: as sociedades domésticas e os indivíduos não são senão as partes integrantes da cidade, todas subordinadas ao corpo inteiro, todas distintas por seus poderes e funções, e todas inúteis quando desarticuladas, semelhantes às mãos e aos pés que, uma vez separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem a realidade, como uma mão de pedra. Esse é, inclusive, o contexto do ensinamento apostólico sobre a Igreja como sendo o corpo de Cristo (veja artigo sobre este assunto ➫ aqui).

O mesmo ocorre com os membros da cidade: nenhum pode bastar-se a si mesmo. Aquele que acredita não precisar dos outros, ou não pode resolver-se a ficar com eles, ou é um "deus", ou um bruto. Assim, a inclinação natural leva os homens a este gênero de sociedade.

O apóstolo Paulo faz essa recomendação, estabelecendo esse valor como fundamento da identidade daquele que tem fé. Explica o apóstolo: 
"Sabemos que é muito difícil que alguém se disponha a morrer por um justo; embora por uma pessoa que se dedique ao bem, talvez, alguém tenha a coragem de dispor sua vida. 
Porém, Deus comprova seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido em nosso benefício quando ainda andávamos no pecado" (Romanos 5:7,8 – grifo meu).
Assim, Deus antecipa-se no gesto de reconciliação com o ser humano, deixando a lição fundamental de que é preciso reconhecer a importância do outro. Esse "outro" é você, eu, cada um de nós. Esse princípio tem força de equilíbrio, pois conduz a civilização na direção humanística que permite superar crises.

Solidariedade, uma semente


Será que estou com a pessoa certa? | Conexão Coach
Embora, muitas vezes, reconheça-se o valor da solidariedade, sabe-se que não é tão simples plantar e fazer florescer essa convicção nos corações. Na política, por exemplo, em vez de se investir nos gestos solidários, prevalece a crença de que avanços diversos dependem de conchavos, ideologias partidárias ou simplesmente das promessas nunca cumpridas. Contenta-se assim com ensaios de lucidez, insuficientes para atender aos urgentes anseios do povo, principalmente de quem é mais pobre. Falta, pois, na sociedade brasileira, um tecido solidário de qualidade.

Quase sempre, o que se verifica no Brasil é um discurso de autoelogio sobre certas práticas dedicadas aos outros. Em "alto e bom som", há os que proclamam que a cultura latina e a brasilidade têm na solidariedade um valor inerente. Fazem referências desdenhosas a outras culturas marcadas pela objetividade, interpretando essa característica como "frieza". Mas, na prática, isso serve apenas para aliviar as consciências de pessoas que não se doam ou se contentam em fazer tímidas doações a projetos sociais.

Amar o outro como a si mesmo


Ora, isso é bem diferente do que ensina o princípio apresentado pelo apóstolo Paulo – considerar a importância do outro. O apóstolo adverte que a liberdade, quando se torna pretexto para buscar o que satisfaz, mas não convém, provoca desastres. Incapacita a competência humana e espiritual de amar ao outro como a si mesmo. O resultado é nefasto, diz o apóstolo: 
"Eles têm zelo por vós, não como convém; mas querem excluir-vos, para que vós tenhais zelo por eles. É bom ser zeloso, mas sempre do bem e não somente quando estou presente convosco" (Gálatas 417,18).
Ao trilhar esse percurso e reconhecer o valor da solidariedade, colabora-se com a construção de uma cultura que contemple fortes sentidos de pertencimento, patriotismo e apurada sensibilidade humana, que se desdobra em gestos e ofertas mais generosas. Quem se faz servo apura a própria visão da realidade e consegue ouvir os clamores de quem necessita de ajuda.

Solidariedade em prática


Cultura da solidariedade
Por isso mesmo, urgente e prioritário, neste momento em que a sociedade brasileira precisa sair da crise, é reconhecer que a solidariedade é determinante nas dinâmicas sociais. Isso não é uma simples reflexão teórica, filosófica ou religiosa, mas indicação de uma exigência moral com força transformadora, pois possibilita o surgimento de atitudes que estão na contramão das violências que dizimam, das corrupções que sucateiam e da perda da percepção de que todos são destinatários, igualmente, de condições dignas.

A solidariedade é, pois, princípio social e virtude moral. Vivenciá-la é investir na edificação de um contexto novo e melhor. Sem esse princípio e virtude, não se conquistam os ordenamentos espirituais e sociais almejados. As relações pessoais continuarão comprometidas e em processo crescente de deterioração. E um perverso ciclo é alimentado, pois as pessoas se tornam cada vez mais distantes das estruturas dedicadas à solidariedade. Com isso, por ignorância, são perpetuadas regras e leis, que são inumanas e pesadas.

Praticar


Para além de um sentimento qualquer de compaixão vaga e superficial, a solidariedade tem o valor de despertar e criar o gosto imperecível pelo bem comum. E todo cidadão, para ser eterno aprendiz do valor da solidariedade, tem de praticá-la, diariamente, permanentemente.

Esse exercício exige considerar a importância do outro (Filipenses 2:3), abrir os olhos e os ouvidos para nunca ser indiferente às dores do mundo, lutar para sair das zonas de conforto e deixar-se incomodar pelos sofrimentos da humanidade. Uma postura que requer, inclusive, a disposição para tirar do próprio bolso quantias a serem destinadas a projetos sociais e ações solidárias. Pois, a sociedade estará na direção de superar seus descompassos e a cidadania se qualificará quando prevalecer o inestimável valor da solidariedade.

Conclusão


5 ações de solidariedade para praticar no final de ano | Pão de Açúcar
Hoje, principalmente nesses tempos de pandemia do novo coronavírus,  quando ligamos a TV, acessamos a internet ou mesmo quando abrimos um jornal e ligamos um rádio, temos 100% de chances de vermos, de lermos e/ou de ouvirmos alguma matéria ou algum comercial que venha nos falar de "solidário", palavra tão na moda ultimamente. Ouvimos falar de: esporte solidário, Estado solidário, professor solidário, aluno solidário..., são muito os "solidários platonistas" que vemos, lemos ou ouvimos na mídia.

Solidariedade, como podemos perceber acima, em síntese, é fazer o bem ao irmão. E isso não consiste apenas em dar alimento, roupas ou algo dentro deste contexto, mas, em fazer o bem, ajudar a criar vínculos. Podemos exercer a solidariedade através de alguém ou por meio de outros, mas o que não podemos é de deixar de fazer o bem que está ao nosso alcance.

Posso terminar dizendo que solidariedade é algo profundamente ligado ao cristianismo (e "cristianismo" aqui não é nada de conceito institucional, mas sim, sob entendimento do discipulado cristão), pois tem como princípio a caridade e o amor ao próximo, ou seja, a felicidade do irmão.

Portanto, eu peço a todos que não deixem de ser solidários, e continuem exercitando o cristianismo desta maneira concreta. Isto, não só vai fazer bem para você, como, principalmente, para aqueles que estão necessitando.
"Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado" (Tiago 4:17).
A Deus toda glória.
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E nem 1% religioso.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

PAPO RETO: POR QUE TEMOS TANTA DIFICULDADE EM OBEDECER?

"E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Romanos 8:28).
Eu escolhi esse versículo para abrir este artigo porque é justamente nisso que acredito. Esse tempo de pandemia do novo coronavírus nos tem trazido situações nunca dantes imaginadas. De um dia para o outro fomos praticamente obrigados a nos abdicar de hábitos antes tão corriqueiros, que, embora tenham significados tão importantes, nem sempre recebiam de nós o verdadeiro valor, como o aperto de mão, o abraço, a comunhão fraternal... dentre muitos outros.

Mas, algo que tenho dito e que faço questão de repetir, é que temos tudo para sair melhores após todo este vendaval. A forma como vamos sair de tudo isso, se melhores ou piores, não depende de ninguém menos do que de cada um de nós.

Uma outra coisa que vejo nessa situação toda, é a imperdível oportunidade que cada um de nós está tendo de revermos nossos conceitos e de apararmos as arestas no sentindo de nos tornamos pessoas melhores. Desde sempre, uma dificuldade que o ser humano tem, é a de obedecer regras. Parece que a transgressão é um diamante que nos brilha aos olhos. Nos alimenta o ego, nos faz pensar que podemos tudo e que tudo está submisso à nossa vontade. 

Isso começou lá no jardim do Éden, com o chamado "casal original", Adão e Eva, vindo se estendendo por toda a humanidade. No nosso dia a dia é muito fácil constatar essa facilidade humana pela transgressão de leis. É só dar uma olhadinha no que acontece no trânsito das grandes metrópoles. Não é difícil a gente ver motoristas e pedestres – e/ou, muitas vezes, nós mesmos  ignorando completamente as regras de trânsito e os resultados, também já conhecemos bem. O aumento no número de acidentes automobilísticos e atropelamentos, que deixam um número assustador de vítimas sequeladas ou fatais. 

E, ainda observando o atual cenário, é fácil ver isso. Muitas são as pessoa que sentem um estranho prazer em não obedecer os decretos municipais e estaduais quanto a não aglomeração, ao isolamento social e o uso de máscaras, no combate à pandemia da Covid-19. Não são poucas as pessoas  dentre elas, obviamente, muitos crentes, que, inclusive buscam respaldo por sua explícita desobediência, justamente no que chamam de "fé"  que diariamente fazem questão absoluta de quebrar essas regras impostas pelos decretos oficiais dos governos. Vejamos o que diz a Bíblia:
"Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. 
Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal. 
É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência. Por esse motivo, também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo, constantemente, a este serviço. Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra" (Romanos 13:1-7 grifos meus).
Essa passagem traz às nossas consciências ideias duras, contudo, bastante claras! Independente de nossas opiniões sobre as autoridades que nos regem, sejam elas aos nossos olhos justas ou injustas, nós devemos obedecer ao governo que Deus põe sobre nós. Válido enfatizar que, quando o apóstolo Paulo escreveu Romanos 13:1-7, ele estava sob o governo de Roma, durante o reinado de Nero (★37 d.C. / ✟68 d.C.), talvez o mais maligno de todos os imperadores romanos, tendo sido, inclusive, no governo de Nero, que ele, Paulo, recebeu sua sentença de morte. Paulo mesmo assim reconhecia a autoridade do governo sobre ele. Por isso, como nós hoje podemos fazer menos do que ele? Em que somos melhores ou superiores a ele? Isto posto, vamos continuar a discorrer mais sobre o assunto.

Obedecer ou não? Eis a questão.

Gênesis 22:1-18



Abraão e Isaque viajaram, aproximadamente, 80 Km de Berseba até o Monte Moriá, durante cerca de três dias. Quando chegaram ao lugar indicado pelo Senhor ele construiu um altar e sobre ele arrumou a lenha. Amarrou o seu filho e colocou-o sobre o altar, em cima da lenha. Então estendeu a mão e pegou a faca para sacrificá-lo. Mas o anjo do Senhor chamou-o do céu e disse para ele não tocar em Isaque.

E complementa dizendo que agora sabia que ele temia a Deus, pois não negou o seu filho, seu único filho. Abraão abriu os olhos e viu um carneiro preso pelo chifre em um arbusto. Foi lá, pegou-o e o sacrificou em holocausto em lugar do seu filho. Qual a minha intenção com este texto? O que pretendemos com este artigo? Chamar a atenção para, talvez, o maior problema do homem em seu relacionamento com Deus. E qual seria este problema? A dificuldade do ser humano em obedecê-lO.

O homem não tem nenhuma dúvida que Deus é poderoso e que pode mudar a sua vida. Reconhece que o Senhor é o criador de todas as coisas. Busca de forma incessante um relacionamento próximo com Ele. Coloca a sua vida e da sua família sob a Sua proteção. Mas quando precisa a fazer a vontade de Deus o ser humano tropeça:
  • Adia a decisão que precisa ser tomada.
  • Continua fazendo o que não deveria mais fazer.
  • Tenta negociar o que não tem a menor condição de ser negociado.
  • Quebra princípios que não podem ser quebrados.
Enfim, busca de todas as maneiras continuar vivendo dentro da vontade do seu coração teimoso. E, por isso, a mudança em sua vida que tanto espera não acontece, pois é preciso que o homem esteja dentro da vontade de Deus e não dentro da sua. Somos assim, vamos vivendo e, pior, o tempo passando. Sem perceber que a obediência a Deus é o caminho mais rápido para a verdadeira liberdade. 

Se obedecer é melhor, por que então optamos sempre pela desobediência?

Nem Freud explica


Deuteronômio vinte e oito fala sobre as bênçãos de ser obediente (1-14), esta palavra foi proferida ao povo de Israel. Se o povo obedecesse a Deus seriam exaltados entre as nações e a bênção de Deus acompanharia todas as áreas da vida daquele povo.

A obediência está voltando a ser discutida pela mídia, ela tem sido temas de reportagens, debates e até o Congresso Nacional recentemente falou sobre ela ao retomar o assunto palmadas nas crianças (Lei Menino Bernardo, ou, como ficou informalmente conhecida, "Lei da Palmada" L13010/2014). Falar sobre obediência é voltar ao povo de Israel, pois eles tinham como meta alcançar algo, e para isso teriam que obedecer as regras de conduta. Alcançariam o fim estabelecido se ouvissem o que Deus os havia ordenado.

Nós vivemos um século onde obedecer não é mais importante, estamos na geração do desafio, não importando se outros estão sendo massacrados por nossas atitudes, mas temos que ser diferentes.

As bênçãos decorrentes da obediência começam com atentarmos a voz de Deus. Para ouvi-la precisamos aquietar, parar, descansar. Na correria por alcançar cada dia mais não ouviremos o que Deus tem a nos falar. A benção de Deus na obediência não é para uma pessoa sozinha, mas a nação tem que aprender a obedecer a Deus como Senhor.

Se ouvirmos a sua voz e prestarmos atenção no que Ele diz a nossa nação será abençoada. Enquanto desobedecermos à sua voz não conseguiremos atingir as bênção prometidas. Ou seja, as bênçãos do Senhor, estão sim condicionadas à nossa disposição em obedecê-lO.

Entendendo os contextos (15-68)


Para o povo daquela época a plantação era o de mais importante, então Deus promete abençoar a terra e seu fruto. Hoje para nós são nossas fábricas, comércio e também o campo de onde vem nossa alimentação. Mas a nossa desobediência tem sido tanta que a terra não dá mais seu fruto no tempo certo e as fábricas fecham por crises, pessoas deixadas sem empregos com famílias para criarem, pois não ouvimos atentamente a voz de Deus. 

A obediência é a forma que temos para glorificar a Deus, Ele sendo glorificado derrama sobre nós bênçãos sem medidas, mas como nossa escolha tem sido nos afastar do Criador e enveredarmos pelo prazer do pecado não conhecemos sua graça.

Haverá castigo sobre nós por cada ato de desobediência a Deus, não devemos nos desviar da sua palavra, não deveríamos ter adorado outros deuses senão ao Senhor. Não poderíamos nos desviar nem para a direita nem para a esquerda, e onde estamos? Nem sabemos. Estamos perdidos em uma selva de pedra, cada humano devorando outro por atos e palavras. Pais contra filhos, filhos contra pais, nação contra nação.

Conclusão


O Senhor tem abundância de bens a derramar sobre nós, mas queremos apenas conquistar com nossos braços. Não queremos nos render ao verdadeiro Deus. 

Não é necessário andar muito para enxergar esta realidade, a natureza clama a Deus sua agressão e em troca nosso campo é alagado de águas fora de época, deixando todo prejuízo de plantações, em outros lugares a chuva não chega em consequência do desmatamento irregular e desorientado.

Maldita têm sido nossas cidades, violentas a luz do sol dando lugar ao suicídio, roubos e perversidade. Maldito tem sido nosso trabalhar sol a sol para o pão diário e o salário é insuficiente. Malditos temos sido ao entrar e ao sair, quando conseguimos sair, pois muitos apenas têm entrado e saído sem vida em tantas circunstâncias e situações. 

Assim temos estado em intempéries climáticas quando, ou chove em excesso ou o sol é escaldante. Não há mais estações definidas em consequência de não estarmos ouvindo atentamente a voz de Deus. Já não saímos mais pela manhã com certezas e a noite o medo ainda nos atormenta. 

Ao entendermos estas verdades compreenderemos que temos vivido o mesmo de tantos séculos depois destas palavras proferidas por Deus ao povo de Israel. As bênçãos de Deus também nos alcançarão se dermos ouvidos à sua voz e nos voltarmos somente a Ele de todo o nosso coração.
'Bendito Serei' (Nani Azevedo) – Nani Azevedo, faixa do CD/DVD "Bendito Serei", Central Gospel Music, 2006

A Deus toda glória. 
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