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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

CANÇÕES ETERNAS CANÇÕES - "TODOS ESTÃO SURDOS", ROBERTO E ERASMO CARLOS



"Eu te amo", em libras, a língua de sinais usada pela comunidade de surdos no Brasil 
e já foi reconhecida pela Lei, ou seja, é uma língua oficial, tal como nossa língua falada. 
"De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus" (Romanos 10:17). 
O que define uma canção como cristã? O fato de uma música não ser sacra não a define como sendo uma música cristã? 

Essas perguntas fazem muito sentido em consonância com o contexto desse artigo. Antes, vejamos os conceitos:

Música cristã 


Para definir música cristã eu sinto a necessidade de revisar brevemente o que é um cristão, ainda mais atualmente, quando esse conceito tem tido seu entendimento um tanto quanto pejorativo. 

Cristianismo NÃO É uma religião, portanto, um cristão NÃO É um religioso, é um seguidor/discípulo de Cristo, obviamente. É alguém que conhece Jesus e decidiu largar tudo pra andar com Ele (Mateus 16:24). 

Agora, podemos falar especificamente sobre música cristã. 

A palavra "cristã" já nos dá o entendimento de que é algo feito por um cristão, algo feito com os princípios cristãos, e o que vemos hoje em dia é um mercado muito grande voltado pra esse público — o hoje bastante conceituado mercado da música gospel. 

Mas será que tudo que tem recebido a tarja de "música cristã" (detalhe: nada a ver com "música gospel") é realmente música cristã?

Música sacra 


De modo geral, o adjetivo sacro indica que a temática religiosa, ou seja, as coisas sagradas, é o centro do termo que o acompanha. Assim, arte sacra é o conjunto de pinturas, esculturas e arquiteturas que retratam e se inspiram nas coisas sagradas — inclusive, o exímio polímata (pessoa que tem conhecimento em vários assuntos) Leonardo da Vinci, assinou algumas das mais belas obras sacras já vistas, como o famosíssimo quadro da Santa Ceia. Do mesmo modo, a música sacra tem por objeto o sagrado. 

Sacro sim, Litúrgico não 


Entretanto, há que se saber que, em suma, nem todos os cantos que têm o sagrado como sua temática podem ser considerados música litúrgica, embora todo o canto litúrgico seja também música sacra. Porém, para este último, não basta que sua temática seja religiosa, é preciso ainda atender uma série de critérios muito específicos, como letra, melodia e forma de execução, como é o caso específico dos Salmos — o hinário oficial de Israel —, por exemplo. 

A composição litúrgica dos salmos 


Na cultura hebraica e dentro do seu respectivo contexto, cada dia do ano litúrgico possuí seu próprio salmo. Cantar o salmo de um dia em outro é inadequado, por mais que o cantar do salmo em si, quando feito dentro do verdadeiro espírito litúrgico, não o seja. 

Após essa breve explicação, vamos à música. 

"Todos Estão Surdos"

Composição: Roberto e Erasmo Carlos


Foi pensando em nossa civilização que escolhi a música "Todos Estão Surdos" para uma análise neste primeiro artigo da série especial Canções Eternas Canções. 

Embora eu não seja fã e/ou sequer admirador do cantor do "rei"(?) Roberto Carlos — aliás, nunca fui, registre-se —, devo concordar que esta é uma das músicas mais bonitas e inspiradas de sua extensa obra, composta junto com Erasmo Carlos, em 1971, para o 13º álbum "Roberto Carlos".
           Capa do LP "Roberto Carlos", CBS, 1971

E ouvindo-a hoje percebe-se como é atual. "Faço dela um hino", para que nos lembremos do quanto estamos surdos e enganados. O que temos feito conosco? O que temos feitos com o ensinamentos do Mestre Jesus? E se continuarmos assim, para onde iremos nós? Assim continuará caminhando a humanidade?

Os criadores e a criação


Roberto e Erasmo Carlos certamente não não são o que a igreja chamaria de cristãos, apesar de eu ter dúvida se muitos daqueles que os acusam de não serem realmente sejam, mas isso não vem ao caso. Vejamos a letra.
 
"Desde o começo do mundo 
Que o homem sonha com a paz 
Ela está dentro dele mesmo 
Ele tem a paz e não sabe 
É só fechar os olhos 
E olhar pra dentro de si mesmo 

Tanta gente se esqueceu 
Que a verdade não mudou 
Quando a paz foi ensinada 
Pouca gente escutou 
Meu Amigo volte logo 
Venha ensinar meu povo 
O amor é importante 
Vem dizer tudo de novo 

Outro dia, um cabeludo falou:
'Não importam os motivos da guerra 
A paz ainda é mais importante que eles.' 
Esta frase vive nos cabelos encaracolados 
Das cucas maravilhosas 
Mas se perdeu no labirinto 
Dos pensamentos poluídos pela falta de amor. 
Muita gente não ouviu porque não quis ouvir 
Eles estão surdos! 

Tanta gente se esqueceu 
Que o amor só traz o bem 
Que a covardia é surda 
E só ouve o que convém 
Mas meu Amigo volte logo 
Vem olhar pelo meu povo 
O amor é importante 
Vem dizer tudo de novo 
Um dia o ar se encheu de amor 
E em todo o seu esplendor as vozes cantaram. 
Seu canto ecoou pelos campos 
Subiu as montanhas e chegou ao universo 
E uma estrela brilhou mostrando o caminho 
'Glória a Deus nas alturas 
E paz na Terra aos homens de boa vontade' 

Tanta gente se afastou 
Do caminho que é de luz 
Pouca gente se lembrou 
Da mensagem que há na cruz 
Meu Amigo volte logo 
Venha ensinar meu povo 
Que o amor é importante 
Vem dizer tudo de novo 

"Paz" 


Frases do tipo: "ir em paz" (''alak beshalom / leshalôm') ou "vir em paz" ('shûb beshalom' / 'leshalôm') estão por toda a Bíblia, sendo que o Cristo é chamado de Príncipe da Paz em Isaías 9:6

Podemos até discutir que a questão da paz estar dentro de si mesmo é de origem budista, porém sabemos que o Espírito de Deus habita em nós (Romanos 8:9 ou 1 Coríntios 6:19,20) e o que seria esse Espírito, senão o da Paz. Portanto, em consonância com a sintaxe textual da composição, este é o entendimento mais coerente. Além disso, temos o que disse Jesus em João 14:27: 
"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." 

"Verdade"


O conceito da "verdade" vem desafiando a humanidade por milhares de anos, Jesus ensinou que 
"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"(8:32) 
e que verdade seria esta? 
"Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida..." 
também verbalização de Jesus, de acordo com João 14:1–14. Sobre o amor ser importante, será a declaração 
"Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei" 
contida em João 13:34 já não dá conta de esclarecer essa questão?

Por fim, foi Jesus também foi quem profetizou que 
"...por se multiplicar a maldade, crueldade e atos de injustiça (iniquidade) o amor de muitos se esfriaria". (Mateus 24:12). 
E aí, alguém tem dúvida de que "muitos estão surdos"? 

Conclusão


Realmente esta música representa uma síntese de sentimentos que os seres humanos jamais vão alcançar! É uma pena que não saibamos conviver em harmonia e amor, e que perdemos a todo momento inúmeras vidas em função da estupidez, da arrogância, da inveja, do egoísmo, do egocentrismo e, principalmente, da ganância que grassam em descontrolado galope no seio da sociedade global. 

O que temos visto no meio eclesiástico? Divisões, dissenções, disputas, invejas, sentimentos espúrios e frontalmente contrários aos princípios cristãos, embalados pela pregação de um evangelho raso, alicerçado no ter em detrimento do ser.

Façamos uma reflexão calmamente antes que tardia, mas façamos para o bem coletivo, mesmo que não chegue na plenitude que queiramos, mesmo ainda que não acreditemos na tão aclamada paz mundial, façamos pelos nossos filhos e irmãos, pai e mãe, pelos mais próximos que nos querem bem.

Embora tenha sido gravada na década de 70, no apogeu do movimento "Paz e amor" da filosofia hippie, é hoje, sob a crença ocultista da tal Era de Aquário, que foi pelos hippies tão proclamada, a letra de "Todos Estão Surdos" perde seus contornos cósmicos e delineia contornos mais "proféticos" do que muito hinos que viram hits nos púlpitos denominacionais Brasil afora. 

Gravações

  • Válido ver o registro em vídeo do "Acústico MTV Roberto Carlos", gravado em 2001 para o projeto da extinta MTV Brasil, que, por questões contratuais (como é sabido por todos, RC tem contrato com a Rede Globo), nunca foi ao ar.
Entenda o imbróglio: Por motivos contratuais, houve um litígio entre Rede Globo e MTV em relação à exibição do show pela rede de TV à cabo. Pelas mesmas razões, a Globo refilmou um show similar ao Acústico MTV em seus estúdios e apresentou como especial de fim de ano de Roberto. O disco, mesmo tendo sido um absoluto sucesso de vendas, assim como o DVD, foi retirado de catálogo.
  • A canção também foi gravada pela banda Chico Science (1966/1997) & Nação Zumbi, para o projeto "Rei — Tributo a Roberto Carlos", gravado em 1994.
  • A banda gospel Palavrantiga também já cantou a música em seus shows ao vivo, mas não tenho certeza se chegou a gravá-la oficialmente.
  • A música também já foi gravada pelo grupo mineiro Pato Fu, no disco "Música de Brinquedo" (2010) e pela banda reggae Cidade Negra, em apresentação da turnê do disco de covers "Diversão Ao Vivo", de 2007, entretanto, ela não consta nem no disco e nem no DVD.
A Deus, toda glória.
Fique sempre atualizado! Acompanhe todas as postagens do nosso blog https://conexaogeral2015.blogspot.com.br/. Temos atualização diária dos mais variados assuntos sempre com um comprometimento cristão, porém sem religiosidade.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

UTILIDADE PÚBLICA — "HAVERÁ CHUVAS MAIS INTENSAS EM FEVEREIRO": VERDADE OU BOATO?

Minas Gerais, a capital Belo Horizonte e região metropolitana — além do estado do Espírito Santo —, ainda estão sob o impacto das graves consequências em decorrência das chuvas recordes que atingiram a região desde quinta-feira, especificamente com o temporal da noite de sexta, que causaram alagamentos, deslizamentos de encostas, deixando o triste saldo de mortos, desaparecidos, desalojados e desabrigados em todas as regiões do Estado. 

Segundo o boletim mais recente da Defesa Civil Estadual, divulgado nesta segunda-feira (27), 47 mortes, 4 desaparecidos e a retirada de mais de 18 mil pessoas de suas casas nos últimos dias no Estado, em decorrência do fenômeno meteorológico.

Em meio a toda comoção nacional causada por estes acontecimentos trágicos, não falta o sensacionalismo irresponsável dos disseminadores de boatos, que agora ganharam o pomposo título internacional de fake news (falsas novidades, em livre tradução). E um desses boatos diz que fevereiro terá chuvas mais intensas do que as de janeiro. Mas, até onde há verdade nessa afirmação? 

Para responder a esta pergunta, pesquisei o site oficial do serviço de meteorologia, onde tem a explicação de um dos nomes mais respeitados em todo Brasil, o metrologista dr. Ruibran dos Reis.

A verdade sobre as chuvas em fevereiro


De fato, a população de Minas Gerais deve mesmo se preparar para o retorno, ainda mais forte em fevereiro, do fenômeno meteorológico.

A informação foi confirmada pelo professor e pesquisador em meteorologia Ruibran dos Reis. De acordo com ele, os sistemas meteorológicos já previam, há pelo menos seis meses, que a Zona de Convergência do Atlântico Sul, a ZCAS, ocorreria em Minas em janeiro e, com mais intensidade, em fevereiro de 2020.

Essa estimativa, porém, não apresenta as regiões onde a precipitação será mais mais intensa. Um estudo mais específico só poderá ser feito uma semana antes da ocorrência do fenômeno. 
"Não sabemos ainda onde ele irá se posicionar. Em 2011, por exemplo, o mesmo fenômeno se posicionou na região serrana do Rio de Janeiro, causando tragédias"
relembrou.

Para o especialista, a volta intensa da ZCAS pode ocorrer no Sul, Norte ou parte do Leste de Minas, pegando ainda parte de São Paulo. 
"A maior probabilidade é que não se repita aqui na Central e Zona da Mata, regiões onde ele já atuou. É muito difícil o sistema se repetir"
disse.

Previsão e prevenção sim, porém, sem alardes


Ruibran afirma que o alarme que tem sido feito por parte de alguns veículos de imprensa de que a chuva retornará ainda mais forte em fevereiro sem a explicação de que não deverá se repetir no mesmo local é "desnecessário", pois apavora as pessoas de forma rasa, já que, como foi explicado nesta reportagem, ainda não se sabe onde os temporais irão cair.
"Vai chover em todo o Estado e ainda mais forte em fevereiro do que em janeiro. A princípio, vai ocorrer, mas não tem nada indicando que será na mesma região.
A população fica com medo, mas a probabilidade de se formar no mesmo local é muito pequena. Normalmente, a ZCAS demora anos para se repetir no mesmo local"
afirmou. 
"Por isso, o mais importante é que a população se prepare e acompanhe as atualizações"
complementou.

ZCAS — Saiba o que é a Zona de Convergência do Atlântico Sul


ZCAS em meados de janeiro de 2016
De acordo com Instituto Climatempo, Zona de Convergência do Atlântico Sul é um sistema meteorológico que transporta umidade da Amazônia até o Oceano Atlântico, próximo à costa da região Sudeste do país. 

O fenômeno funciona a partir da variação de pressões: de forma simplificada, a água amazônica é atraída até o litoral e, nesse caminho, ao passar pela zona de convergência da frente fria, precipita-se, causando fortes chuvas. Outros fatores podem intensificar o processo.
Circulação de ventos da Alta da Bolívia e de um VCAN formam a ZCAS
Em muitas áreas do Sudeste e do Centro-Oeste, o elevado volume de chuva produzido durante a atuação da ZCAS, que em média atua por um período de 4 a 10 dias, pode representar grande parte da chuva do trimestre mais chuvoso do ano. 

Quando a ZCAS se forma, uma extensa faixa de nuvens carregadas persiste sobre o Brasil por vários dias consecutivos, cruzando o país do Amazonas ao Rio de Janeiro. As imagens de satélite aparentam ser quase iguais de um dia para outro quando a ZCAS está atuando.

A Zona de Convergência do Atlântico Sul é uma grande e prolongada zona de convergência de fluxos de umidade sobre o Brasil resultado da interação da circulação de vários sistemas meteorológicos: frentes frias na costa do Sudeste, Vórtice Ciclônico de Altos Níveis no Nordeste (VCAN), sistema de circulação ciclônica que se forma em torno de 10 km de altitude, e a Alta da Bolívia, grande sistema de alta pressão atmosférica (circulação anticiclônica) que se estabelece sobre este país em torno de 10 mil metros de altitude.

Ainda de acordo com o Climatempo, fenômenos de escala global como El Niño e La Niña interferem na formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul. As mudanças na circulação dos ventos em diversos níveis da atmosfera causadas pelo aquecimento (El Niño) ou pelo resfriamento (La Niña) anormal das águas do oceano Pacífico Equatorial Central e Leste dificultam ou facilitam a organização da ZCAS sobre o Brasil.

Conclusão


Portanto, como disse o especialista, a atenção e a prevenção são fundamentais para que a população não seja pega de surpresa, para que não ocorram mais vítimas e destruição. Contudo, há que se conformar que mesmo com todo avanço científico e tecnológico, não é mesmo possível ao homem controlar a força da natureza. 

Por isso, além da atenção que todos devemos tomar, não podemos também dar atenção aos boatos que viralizam nas redes sociais (principalmente no WhatsApp) e são divulgados por alguns órgãos de imprensa que buscam destaque midiático através do sensacionalismo barato e irresponsável.


A Deus, toda glória.
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domingo, 26 de janeiro de 2020

O VOLUNTARIADO E O AMOR AO PRÓXIMO

"E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: 'Mestre, qual é o grande mandamento na lei?' E Jesus disse-lhe: 'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo'" (Mateus 22:35-39, grifo meu).
Nunca foi tão preciso e possível colocar em prática estas palavras do Mestre Jesus como nos dias atuais. E estendendo a prática destas palavras além do entendimento religioso, no âmbito social, independente de questões referentes ao credo e à crença, mas visando o alcance de objetivos sociais, o voluntariado é a expressão mais contundente do altruísmo e a manifestação do amor ao próximo.

Passar a bola ou chutar para o gol?


E, ainda tendo como base os ensinamentos de Jesus, que, aliás, falou com propriedade, já que se doou em prol da salvação da humanidade, o amor ao próximo não deve ser algo feito em busca de algum tipo de benefício pessoal e também ser feito de maneira igualitária, ou seja, tenho de fazer ao outro exatamente da mesma maneira que faria a mim, se possível, até em nível superior, mas nunca inferior.

E é equivocado o pensamento de que só quem tem muito tem condições de oferecer ajuda. Na Bíblia temos o exemplo deixado pelos novos cristãos da Macedônia, citado pelo apóstolo Paulo em sua segunda epístola enviada à igreja de Corinto. 

O exemplo das igrejas da Macedônia


A liberalidade das igrejas macedônicas foi exercida a despeito da "profunda pobreza" dessas comunidades, e isso testifica da "graça de Deus" operando no coração delas. Paulo relaciona essa generosidade à verdadeira fonte e salienta aos coríntios que a graça divina é que inspira a generosidade, a doação e o sacrifício. Diz-se que os cristãos são mordomos "da multiforme graça de Deus" (1 Pedro 4:10). 

Além disso, pela graça de Deus, os cristãos são mordomos das coisas que possuem. A disposição em doar é uma atitude divinamente inspirada, e assim, uma evidência especial da graça divina. Um espírito liberal busca se manifestar espontaneamente em atos de benevolência, de voluntariado. Não requer encorajamento e muito menos precisa de "manifestações espirituais de fé", mas sim de atitude.

A perseguição e a pobreza tendem a reprimir o espírito e a prática da liberalidade. No entanto, a abundância de alegria combinada com pobreza é representada como inspirando generosidade. Tal era o espírito da igreja apostólica (Atos 4:32-37). 

A profunda pobreza deles superabundou em graça voluntária


Figuradamente falando, a pobreza dos macedônios era tal que eles tinham que raspar o fundo de um barril que estava quase vazio. 

A despeito da completa destituição de bens, eles transbordavam em auxílio aos que estavam em necessidade. A medida do louvor de Paulo aos cristãos macedônios não era à real quantidade doada, embora fosse considerável. O espírito que impelia a doação era o que Paulo destacava como digno de emulação (ver Marcos 12:41-44). 

A realidade das Igrejas da Macedônia


Paulo exaltou estas igrejas como dignas de emulação. Todas foram fundadas por ele: Filipos, Tessalônica, Bereia e talvez outras mais. A pobreza extrema da Macedônia na época devia-se a vários fatores. 

Três guerras desolaram a área: a primeira delas, entre Júlio César e Pompeu, a segunda, entre os triúnviros, Brutus e Cássio, seguindo o assassinato de César, e a terceira, entre Otaviano e Antônio. A situação dos macedônios era tão desesperadora que eles pediram redução de impostos ao imperador Tibério. Além disso, a maioria dos cristãos vinha das classes sociais mais baixas.

A importância do voluntariado


O voluntariado é o principal pilar do chamado "terceiro setor", que tanto colabora para o desenvolvimento da coletividade. Todas as obrigações são do Estado, e não fosse o terceiro setor, os recursos públicos não seriam capazes de cumpri-las.

O voluntariado não deve ser confundido com "assistencialismo", pois objetiva despertar as pessoas para os seus direitos e deveres como cidadãos e também para a força que passam a ter quando se organizam em solidariedade coletiva, a melhor forma de amor ao próximo.

Atualmente as transformações sociais, com as decorrentes reformas do Estado, embaralharam as tarefas estritamente públicas com as privadas, o que foi bom, pois o povo, destinatário de todos os esforços, é um só e deseja resultados — acima de tudo. Hoje, com esclarecimento até do Supremo Tribunal Federal (STF), o terceiro setor pode (e deve) colaborar em todas as áreas, sem exceção.

A atuação voluntária constitui uma das formas de realização de uma cidadania ativa e participativa, materializando solidariedade social. Portanto, deve ser estimulada pelos governos como meio de fortalecer a integração de classes, promover a igualdade, a inclusão e a promoção humana no caminho dos valores cristãos e no sentido da incansável busca de fraternidade universal.

O estímulo ao voluntariado como apanágio de cidadania ativa é necessário e relevante na busca de uma coletividade de mais harmonia, justiça e paz — menos egoísta, menos imediatista e menos individualista.

Tanto que ensejou a regulamentação da atividade por meio de Leis, em diversos países. No Brasil, por meio da Lei federal 9.608, em 1998, de autoria do então presidente Fernando Henrique Cardoso. 

Consciente da importância do voluntariado e de dar-lhe vigor e extensão, oferece pessoas, qualificadas academicamente ou não, mas todas com desejo de servir à comunidade e ao próximo, para prestar serviços nas dezenas de organizações sociais e filantrópicas nos mais diversos setores da sociedade.

Conclusão


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Interesses venais de partidos políticos e pré-candidatos a prefeito acusam os voluntários de estarem "usurpando funções públicas", como se houvesse essa "reserva de mercado".

Tentam, mas "não passarão", igualar por baixo os excelentes voluntários que já temos e outros novos que se apresentam a cada dia, temerosos de que sua eficácia contraste com o corporativismo, a desídia e a indolência que ainda subsistem.

Pobre é a política dos que, em vez de se associar e colaborar com os que inovam, trabalham e crescem, ocupam-se apenas em desconstruir, criar embaraços e semear dúvidas.

Mas a melhor resposta para essas correntes do mal é trabalho, trabalho, trabalho. Calar-se-ão diante dos resultados sociais que semeamos e que estão sendo colhidos diante de quem tem olhos para ver e amor pelo próximo.

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quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

ACONTECIMENTOS — A TRAGÉDIA DA VILA BARRAGINHA (CONTAGEM/MG)

Início de uma tarde do dia 18 de março de 1992 de repente um estouro, um barulho horrível, diferente, parecia que o mundo estava acabando. Uma avalanche de terra veio arrastando casas, pessoas, animais e tudo mais que tinha pela frente.

O barulho ensurdecedor não conseguia abafar os gritos de pânicos, os choros, os pedidos de socorro. De uma hora para outra sumiu tudo, só ficou aquele monte de terra, de entulhos, um enorme cemitério a céu aberto.

Uma história que não acabou


Há 28 anos o município de Contagem, a 19,5 km da capital mineira, Belo Horizonte, protagonizava uma das maiores tragédias em sua história. O município da região metropolitana, que, de acordo com dados do IBGE, atualmente conta com um número de 659.070 (segundo estimativas de 2018) habitantes, é um dos que tem o maior PIB per capita e arrecadação de impostos, devido às muitas indústrias, empresas dos mais variados setores e uma extensa área comercial, é onde está localizado a Vila Barraginha.

A área, ocupada por famílias de baixa renda, tinha sido um lixão, além de abrigar uma antiga e pequena barragem artificial que supria as indústrias do local. Não bastasse, o seu subsolo é argiloso, instável. O deslizamento de terras da Vila Barraginha, matou 37 pessoas, deixou 300 feridos e mais de 1.700 desabrigados. 

Cenas de um filme de terror na vida real


Muito barulho e ventania anunciavam uma avalanche de terra que provocaria a morte de 36 pessoas, deixaria centenas de feridos e desabrigados e soterraria 150 barracos e casas na Vila Barraginha, no bairro Industrial. A ocupação teve início nos anos 1940, quando dezenas de famílias instalaram-se sob um antigo depósito de lixo, construído sobre um solo argiloso.

Após um período com excesso de chuva, uma movimentação de terra prejudicou a estabilidade da bacia de argila mole sobre a qual as casas estavam assentadas, ocasionando a movimentação do aterro. O local foi alvo de um deslizamento de aterro de 15 metros de altura por 100 metros de extensão.
"Eu cheguei lá com mais quatro companheiros para atender a uma ocorrência de desabamento de uma residência. Eram 13h15.  
Quando desci do carro pude constatar a dimensão da tragédia. Logo um menino veio me puxando pela calça e apontando para a mistura de terra e lama onde a mãe e o pai dele estariam. 
Pelo rádio comuniquei a tragédia ao meu superior. Umas pessoas se ofereceram como voluntárias, eu as dividi em quatro grupos, com um bombeiro em cada um deles e começamos a cavar".
O relato impressionante é do oficial reformado do Corpo de Bombeiros Gildásio Andrade, que à época era um jovem soldado de 26 anos.
"Fui cavando com as próprias mãos e tirando as pessoas, nem sei quantas salvei. Retirava uma pessoa e chorava, e voltava e retirava outra. Tirei muitos corpos também. A casa de uma senhora, uma das poucas que ficou de pé, se transformou num necrotério."
Gildásio e os companheiros ficaram até à noite no trabalho de resgate: 
"...não dá vontade de se alimentar, de parar, nada". 
Para ele, o que mais marcou foi o resgate dos corpos de uma mãe e seu bebezinho: 
"Ela estava abraçada a ele, todo curvada tentando protege-lo. Essa imagem não sai da gente". 
Naquela época, o município ainda não contava com a atuação de uma Defesa Civil estruturada, situação muito diferente da que é encontrada hoje. 

Atualmente, a Defesa Civil de Contagem dispõe de uma Central de Atendimento que funciona 24 horas (Telefone 199) e que realiza monitoramentos para evitar riscos de desabamento de moradias em áreas de aterro. A prevenção é palavra-chave do trabalho atual da Defesa Civil do município.

Resistência heroica


Nair Rodrigues Ferreira, que há 55 anos mora na Vila Barraginha, foi quem teve a casa transformada em necrotério é quem conta:
"Eu estava fazendo uma feijoada e corri para ver o que era, vi aquele mundo de terra carregando os barracos, as pessoas, os animais,vindo em minha direção e parou pertinho da minha porta. 
Sumiu tudo, só ficou aquele monte de terra, de entulhos... Minha casa se transformou num necrotério. A gente ficava torcendo junto com os bombeiros para que as pessoas soterradas ainda estivessem vivas", 
conta.

Quanto à dona Nair, Gildásio disse que ela foi fundamental no trabalho de socorro e salvamento: 
"ela apontava direitinho onde existia uma casa, onde deveria estar alguém e a gente cavava".
Estes são apenas dois dos muitos personagens que participaram daquela terrível tragédia, uma das maiores ocorridas em Minas Gerais. 

Conclusão


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Hoje os moradores da Vila Barraginha vivem com um pouco mais de dignidade, com a construção de 18 blocos de apartamentos com 103 unidades de dois quartos (49 metros quadrados) e 23 com três quartos. Para a construção dos apartamentos, foram investidos mais de R$ 12 milhões de recursos provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por meio de convênio firmado entre a prefeitura e o governo federal. 
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No total, 567 famílias da Vila Barraginha foram beneficiadas com as moradias. A construção das 442 unidades restantes estão inseridas em novas etapas, hoje em fase final de projeto. Já o local da tragédia deu lugar a um parque linear com área de lazer e preservação, pois o solo não é propício para outras construções.

Contudo, por mais que se tente amenizar, jamais será possível curar a dor de quem perdeu parentes e amigos e 28 anos depois, a área, que continua sendo um local de risco, ainda é ocupada por centenas de famílias que esperam ter condições de ir para uma região melhor.

A Deus, toda glória.
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