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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

FELIZ ANO NOVO?

Textos  –  Gênesis 19:26; Filipenses 3:12-14; Hebreus 12:2 

Estamos diante de mais um ano. Como o tempo passa veloz e rapidamente!... Nos últimos tempos então, ele parece estar literalmente voando! Parece que ainda ontem entrávamos no então promissor 2015! 2015, ah 2015 abençoado esse! Para mim ele será inesquecível. Bom, mas vamos lá.

O ano passa como se fosse um mês. Os meses passam como se fosse uma semana. As semanas passam como se fosse um dia. Os dias passam como se fosse uma hora. As horas passam como se fosse um minuto. E o minuto passa como se fosse um segundo. Os que entendem desse assunto dizem que, à medida que as pessoas vão envelhecendo, o tempo passa mais célere. Para as crianças, porém, o tempo custa passar (será que foi por isso que Jesus nos orientou a ser como as crianças?).

Até parece que foi ontem que nos reunimos para receber um novo ano, e dizíamos: “Feliz Ano Novo!”... E o Ano Novo ficou velho! O ano que está passando vai ficar na história de nossas vidas. Para mim ao menos, como dito, foi um ano marcante e não posso dizer que tais marcas sejam as que eu queria ter em minha vida, mas, vamos lá...

Feliz ano velho


Marcelo Rubem Paiva escreveu um livro com um título sui generis: “Adeus Ano Novo, Feliz Ano Velho”. Marcelo era um jovem feliz. Tinha tudo: juventude, beleza, dinheiro, saúde, filho de um deputado federal (Rubens Beyrodt Paiva, um engenheiro civil e político brasileiro dado como desaparecido durante a ditadura militar no país e reconhecido como um dos heróis dos chamados anos de chumbo.), universitário, excelente cantor e músico (naqueles dias - os anos 80 - iria gravar o seu primeiro disco), quando aconteceu a tragédia.

Na última semana do ano (início da década de 1980) fatídico, embriagado com outros colegas, resolveu mergulhar num rio. Subiu numa árvore e pulou de cabeça. O rio era raso. Quebrou a quinta cervical. Ficou paraplégico, para sempre. Então, no hospital no último dia do ano, ele ouvia a canção: “Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo”. Mas Marcelo, consciente de sua situação, cantava: “Feliz Ano Velho, Adeus Ano Novo” [Publicado em 1982, foi traduzido para muitos idiomas e se converteu no livro nacional mais vendido da década de 1980, contando com mais de quarenta edições. O livro virou peça dirigida por Paulo Betti e também filme, dirigido por Roberto Gervitz. Ganhou os prêmios Jabuti e Moinho Santista.]. Esse é o título de seu livro. É um livro comprometedor. Ele conta no livro sobre todos os pecados do ano...

Queiramos ou não, o ano que está terminando vai ficar na história de nossas vidas.

Comparando o ano com um livro


1 – O ano que passou foi um livro com 365 páginas. Estas páginas foram os dias;

2 – Esse livro teve 12 capítulos. Esses capítulos foram os meses;

3 – Cada página desse livro teve 24 linhas. Essas linhas foram as horas;

4 – Cada linha teve 60 letras. Essas letras foram os segundos. 

Agora, é hora de pensar: O que escrevemos neste livro?

1 – Coisas boas ou coisas más? (As duas?)
2 – Coisas que agradaram a Deus ou a Satanás?
a) Neste livro, não podemos mais apagar o que escrevemos. Indelevelmente ficará na nossa história.

Quero aqui fazer menção de um personagem bíblico sobre o qual não se prega nos púlpitos (tenho interesse especial por esse tipo de personagem..). Pôncio Pilatos. Ele também escreveu o livro de sua vida – “Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi”  – João 19:22.

1 – Pilatos mandou escrever a frase: “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”, em hebraico, latim e grego, e colocou na cruz de Jesus Cristo.

a) Todos os que passavam podiam ler.
b) As autoridades religiosas dos judeus não gostaram nem um pouco e exigiram que Pilatos mudasse a frase.
c) Pilatos não mudou, mas disse: “O que escrevi, escrevi”. Ou seja: a frase não podia ser mudada.

Tal e qual, o Ano Velho é um livro escrito, o qual não pode ser mudado, e o Ano Novo um livro a escrever o que quisermos nele (Será a continuidade do livro dos Atos?... Mas, onde estão os apóstolos?).

Se não podemos apagar o que praticamos, também não devemos nos preocupar com o que passou. Se você não pode cantar: “Feliz Ano Velho!”, então cante: “O que passou, passou”. O ano já passou, e não volta mais. O cristão não deve olhar para trás.

I – Não olhes para trás

A – Os que olharam para trás.


1 – “A mulher de Ló olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal” - Gênesis 19:26.

a) Os anjos conseguiram tirar a mulher de Ló de Sodoma, mas não conseguiram tirar Sodoma de dentro dela. Ela deveria ter feito isto, mas não fez. Olhou para trás e ficou transformada em uma estátua de sal.

b) Neste novo ano Cristo nos diz: “Lembrai-vos da mulher de Ló” –  Lucas 17:32.

II – Olhando para frente

A – Os que não olharam para trás


1 – Miquéias – Não olhou para as coisas materiais.

a) Nos dias de Miquéias, havia grande apostasia em Israel. Ninguém confiava mais em ninguém. “Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito. Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora contra a sogra; os inimigos do homem são os da própria casa”  – Miquéias 7:5, 6.

b) Não obstante, Miquéias olhava no Senhor. – “Eu, porém, olharei para o Senhor e esperarei no Deus de minha salvação; o Senhor meu Deus me ouvirá”  – Miquéias 7:7.

(1) Quantos hoje olham para as coisas materiais?!
(2) Olham para os pecados dos outros?!
(3) Para os erros dos membros da igreja?! 
(4) Olham para trás, e morrem espiritualmente...

2 – O Apóstolo Paulo. “Não que eu o tenha já recebido ou tenha obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”  – Filipenses 3:12-14.

3 – O texto é o balanço na vida de Paulo. Há que conclusão chegaríamos caso fizéssemos o balanço do nosso ano que passou?

Ilustração: Toda Empresa que se preza e todo grande comerciante fecha pelo menos uma vez por ano para o balanço.

b) Por que balanço? Porque o empresário quer saber se obteve lucro ou prejuízo. 

b) Cada fim de ano – eu imagino - Paulo fazia um balanço de sua vida espiritual. E concluía que muita coisa havia deixado de fazer. Vamos ao balanço paulino:

(1)Verso 13 – “Irmãos, quanto a mim, não jugo havê-lo alcançado”. E você já alcançou tudo? Se não alcançou tudo, lembre-se de Paulo.

c) Paulo tinha a consciência de que muita coisa havia deixado por fazer...

(2) Verso 13 (parte central) – “Uma coisa faço...” Por que uma coisa? Na verdade, Paulo estava fazendo muitas coisas. Pelo menos, três coisas ele fazia. Observe:

d) Primeira coisa – “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam”  – Se o ano findo foi ruim na sua vida (na minha foi horrível), esqueça (vou tentar!). Ele já passou. Aprendamos, pois, com o apóstolo Paulo a esquecer das coisas ruins e difíceis que para trás ficaram.

e) Segunda coisa“Avançando para as que diante de mim estão...”  – Eis o nosso grande desafio em 2016! 

f) Terceira coisa“Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.

(1) Qual era o alvo de Paulo? – Se analisarmos todo o contexto, vamos encontrar: o alvo de Paulo era a perfeição em Jesus Cristo.

(2) Na vida cristã não existe “marcha-à-ré”. O cristão tem de andar sempre para frente.

O crente é como a motocicleta. Não tem marcha-à-ré. Só anda para frente e nunca para trás.

III – Olhando em Jesus


A – Precisamos deixar de olhar para os erros dos outros e contemplar aquele que nunca cometeu erro. “Olhando firmemente para o autor e consumador de nossa fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus”  – Hebreus 12:2.

1 – Quantos há que não tem prosperado na vida cristã porque ficam olhando para:

a) Atrás de si.
b) As falhas dos outros e da igreja.

2 – Deus quer que olhemos para frente e para cima, olhando firmemente em Jesus.

Conclusão


A – Que neste ano novo não olhemos para trás.

B – Que olhemos para frente, para o alto e para o alvo – Jesus Cristo.

C – O tempo não passa. O tempo é eterno. Nós é que passamos pelo tempo.

2 – Não foi o ano que ficou velho. Fomos nós que envelhecemos 365 dias em relação ao tempo.

D – Em face disto, necessitamos usar bem o ano, os meses, as semanas, os dias, as horas, os minutos e os segundos de maneira agradável diante de Deus.

E – Que neste ano novo façamos um pacto com Deus diariamente:

1 – Lendo a Bíblia – Que tenhamos um Ano Bíblico.
2 – Que nos compromissamos com a vocação à qual fomos chamados em Cristo Jesus.
3 – Que tenhamos uma vida de consagração.
4 – Que tenhamos um ano evangelístico e missionário.
5 – Que sejamos gratos e fiéis em tudo.
6 – Que nos esforcemos para ser um bom cristão em 2016.

Sim, que tenhamos um feliz Ano Novo!

"Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre. O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o norte; volve-se e revolve-se na sua carreira, e retoma os seus circuitos.Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios correm, para ali continuam a correr.Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Voe, isto é novo? ela já existiu nos séculos que foram antes de nós. Já não há lembrança das gerações passadas; nem das gerações futuras haverá lembrança entre os que virão depois delas. Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar com sabedoria a respeito de tudo quanto se faz debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens para nela se exercitarem. Atentei para todas as obras que se e fazem debaixo do sol; e eis que tudo era vaidade e desejo vão"  – Eclesiastes 14:4-14.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A CEIA DO SENHOR: MEMORIAL, GRATIDÃO E FÉ

"Porventura, o cálice da benção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é uma comunhão de do corpo de Cristo?" - 1 Coríntios 10:16

O Que é uma Ceia do Senhor (popularmente chamada de Santa Ceia)? - A Ceia é uma das experiências mais ricas vividas pelo cristão. Ela é uma expressão concreta do amor de Deus e da experiência de pertencer e ser parte da Igreja do Senhor. A Ceia do Senhor é a manifestação de um dos maiores desejos de Deus em relação aos seus filhos: comunhão, relacionamento íntimo. 

Em Lucas 22:19 Jesus disse: "...fazei isso em memória de mim" . Então a Ceia é um memorial da morte de Jesus. Um momento em que paramos para reconsiderar o que Jesus fez por nós e confirmar nosso compromisso com Ele. 

Por que precisamos participara da Ceia do Senhor? - Conforme Mateus 26:26-30, a Ceia do Senhor nos revela pontos importantes no nosso relacionamento com Deus. Vejamos quais são: 

- v. 26: Partilha (Princípio da comunhão); 
- v. 27: Renovação da Aliança (Princípio do compromisso); 
- v. 28: Ação de Graça (Princípio da gratidão); 
- v. 29 : Anunciar a vinda de Jesus​​ (Evangelismo, missões); 
- v. 30: Preparação para sair e vencer o mundo (Batalha espiritual).

"E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus." - Lucas 22:14-16

Antes de comentarmos sobre o significado da Santa Ceia, cabe-nos recordar sobre a páscoa, a primeira das três festas dos judeus. Esta festa também era conhecida como a Festas dos Pães asmos (Êxodo 12:1-28; 23:15, Deuteronômio 16:6).

A Bíblia nos relata que foi instituída por Deus e celebrava a saída do Egito, o êxodo dos judeus, sua libertação da escravidão egípcia.


A Páscoa

Para os egípcios

Para os egípcios a Páscoa significou o juízo divino final sobre o Egito, Faraó e todos os deuses cultuados ali. O Senhor havia enviado várias pragas e concedido tempo suficiente para que Faraó se rendesse, deixando o povo partir. Deus é misericordioso, longânimo e deseja que todos se salvem (2 Pe 3:9b). Porém, Ele é também um juiz justo que se ira contra o pecado: "Deus é um juiz justo, um Deus que se ira todos os dias" (Salmo 7:11). 

O pecado, a idolatria e as injustiças sociais suscitam a ira do Pai. O povo hebreu estava sendo massacrado pelos egípcios e o Senhor queria libertá-lo. Restava uma última praga. Então o Senhor falou a Moisés: "À meia-noite eu sairei pelo meio do Egito; e todo primogênito na terra do Egito morrerá" (Êx 11:4,5). Foi uma noite pavorosa para os egípcios e inesquecível para os israelitas.

Para Israel


Era a saída, a passagem para a liberdade, para uma vida vitoriosa e abundante. Foi para isto que Cristo veio ao mundo, morreu e ressuscitou ao terceiro dia, para nos libertar do jugo do pecado e nos dar uma vida cristã abundante (João 10:0). Enquanto havia choro nas casas egípcias, nas casas dos judeus havia alegria e esperança. O Egito, a escravidão e Faraó ficariam para trás. Os israelitas teriam sua própria terra e não seriam escravos de ninguém.

Para nós


Como pecadores também estávamos destinados a experimentar a ira de Deus, mas Cristo, o nosso Cordeiro Pascal, morreu em nosso lugar e com o seu sangue nos redimiu dos nossos pecados (1 Co 5:7).

Para nós, cristãos, a Páscoa é a passagem da morte dos nossos pecados para a vida de santidade em Cristo. No Egito um cordeiro foi imolado para cada família. Na cruz morreu o Filho de Deus pelo mundo inteiro (Jo 3:16). Para nós cristãos a Páscoa é a passagem da morte dos nossos pecados para a vida de santidade em Cristo.


A Ultima Ceia: a Páscoa Cristã


Um acontecimento tão importante como aquele que deu origem à nação de Israel não poderia ser ignorado pelo Novo Testamento. Isso pode ser comprovado nos cinco pontos abaixo:

1. A morte de Cristo, que ocorreu exatamente no período da páscoa, sempre foi considerada um evento capital para os primeiros cristãos, e daí por diante, durante todo o cristianismo. Jesus é chamado de nosso "Cordeiro pascal" (ver 1 Co 5:7). Isso tem sido associado pelos cristãos à ideia de expiação e livramento, que nos liberta dos inimigos da alma.

2. A ordem de não ser partido nenhum osso do cordeiro pascal foi aplicada por João às circunstâncias da morte de Jesus Cristo (ver Êxodo 12:46 e João 19:36), pelo que foi estabelecido um vínculo entre os dois eventos, fazendo o primeiro ser símbolo do segundo. A ideia de expiação, como é patente, faz parte vital da questão.

3. O cristão (tal como os antigos israelitas) deve pôr de lado o antigo fermento do pecado, da corrupção, da malícia e da desobediência, substituindo-o pelos pães asmos da sinceridade e da verdade. A santificação (vide) faz parte necessária da experiência cristã.

4. A última Ceia é exposta nos evangelhos sinópticos como uma refeição pascal. O evangelho de João (18:28; 19:14) apresenta o fato de que a refeição foi tomada antes da celebração, e Jesus foi crucificado ainda naquele mesmo dia (lembrando que, para os judeus, o dia começava às 18:00 horas). Para muitos, isso constitui um dos grandes problemas de harmonia dos evangelhos, porém essa pequena deslocação cronológica em nada contribui para anular a associação da última ceia com a pascoa. Talvez o Senhor Jesus tenha antecipado a refeição por algumas poucas horas. Nesse caso o quarto evangelho expõe a correta cronologia quanto à questão.

A Ceia do Senhor, segundo o apóstolo Paulo 


O ensino paulino sobre a última ceia (1 Co 11:23-26) faz com que a mesma seja um memorial tanto da morte libertadora de Cristo quanto da expiação. Ambos os elementos faziam parte da páscoa do Antigo Testamento, segundo já vimos. Paulo não menciona especificamente a páscoa, daquela seção, embora ele o faça em 1 Co 5:7. 

Eusébio aceitava o conceito da páscoa cristã no sacrifício de Cristo. E essa também era a ideia tradicional da Igreja antiga. É interessante que a palavra hebraica para, páscoa, pascha (pessach), é tão parecida com a palavra grega para sofrer, péscbo, que alguns cristãos antigos fizeram a ligação entre elas, embora não haja qualquer conexão histórica entre esses termos. Cristo sofreu e Ele é a nossa pascoa, um jogo de palavras empregado por Eusébio. Para os cristãos, a palavra grega anámne (memorial), é uma palavra-chave. 

A ceia do Senhor é um memorial que deve ser mantido vivo, até que o Senhor retorne. Essa é a ênfase paulina, que não se vê nos evangelhos sinópticos, embora. apareça em Lucas 22:19. Provavelmente, esse elemento foi uma adição crista às declarações feitas por Jesus, embora sugerida pelo que ele havia dito, se é que ele mesmo não ensinou assim. Por outro lado, é possível que Mateus e Marcos tenham omitido uma afirmação genuína de Jesus, e que Paulo e Lucas preservaram. 

O que é certo é que Jesus reinterpretou a páscoa em consonância com as suas próprias experiências. A páscoa, pois, foi encarada pela Igreja cristã como uma daquelas muitas coisas que receberam cumprimento e adquiriram maior significação na pessoa de Cristo, retendo o tipo de símbolo e de lições que descrevi na quarta seção deste artigo, acima.

A ideia de pacto também se faz presente. Yabweh firmou um pacto com a emergente nação de Israel. E Jesus estabelece um pacto com sua emergente Igreja.

5. O êxodo cristão. Não nos deveríamos esquecer desse aspecto. A páscoa do Antigo Testamento marcava o começo de urna saída da escravidão; e, de fato, era o poder por detrás dessa libertação. Assim também, em Cristo, encontramos um êxodo que nos liberta da velha vida com sua escravização ao pecado. No sentido teológico, algo foi realizado que não poderia ter sido realizado pela lei. Esse é o tema principal tanto de Paulo (com sua doutrina da justificação pela fé) quanto do tratado aos Hebreus. 

O êxodo judaico libertou um povo inteiro da servidão física. O êxodo cristão oferece a todos os homens a libertação do pecado, bem como a outorga do Reino da Luz, onde impera perfeita liberdade. Em Cristo, pois, os homens podem tomar-se filhos de Deus (Gl. 4:4-6), transformados segundo a imagem do Filho (Rm. 8:29), participantes da natureza divina (2 Pe. 1:4; Cl. 2:10). E agora eles olham para a Cidade celeste como a sua pátria, da mesma maneira que Israel buscava uma nova pátria (ver Hb, 11:10). [2]

“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29

Nossa participação na natureza divina de nosso Senhor Jesus Cristo"Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo." 2 Pedro 1:4

Anunciando e Profetizando a segunda vinda de Cristo"Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha." 1 Coríntios 11:26 

A Ceia foi instituída por Jesus Cristo na noite em que Ele foi traído. Essa noite era o dia da páscoa judaica. "E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós." Lucas 22:19,20

O significado da Ceia do Senhor - Co 11.23-26

O entendimento de Paulo a respeito da Ceia do Senhor se originava de uma revelação direta de Deus. O apóstolo apresenta a autoridade da sua narrativa “fundamentada em um alicerce imutável”. Quando Paulo recebeu o evangelho diretamente de Cristo (Gálatas 1:11-12), e não do homem, ele também recebeu instruções relativas à Ceia do Senhor. Além disso, ele havia transmitido estas informações à igreja de forma cuidadosa e fiel. Assim, o apóstolo podia afirmar com segurança e autoridade: Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei (23).

A Ceia representava a inauguração de um novo pacto de graça, e deveria ser observada como um memorial. Tanto o “corpo partido” quanto o “sangue derramado” deveriam ser considerados como símbolos e não como referências literais ao corpo de Cristo. Quando Jesus disse, isto é o meu corpo que é partido por vós (24), ele não estava fisicamente sentado à mesa. 

Qualquer ideia sobre uma transformação milagrosa, tanto no pão quanto no vinho, é contrária ao relato bíblico. Finalmente, a Ceia do Senhor deveria ser celebrada como um memorial ou lembrança, e não como meio de salvação. As afirmações: Fazei isto em memória de mim e Anunciais a morte do Senhor, até que venha (26) confirmam a ideia de que a Ceia é uma lembrança espiritual ou um símbolo da morte de Cristo.

Celebração da Ceia do Senhor (11:27-34)


A Ceia do Senhor é uma recordação espiritual do ato de redenção de nosso Senhor, e um testemunho público da nossa fé em Jesus Cristo. Portanto, ela deve ser celebrada como um agradecimento solene.

a) Participação indigna (11.27)


Paulo afirma que é possível comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente. O advérbio indignamente se refere à diferença de pesos; portanto ele significa “pesos diferentes” ou “indevidamente equilibrados”. A atitude de uma pessoa pode não estar equilibrada com a importância da ocasião. Se ela participar da Ceia do Senhor de forma frívola e descuidada, sem respeito ou gratidão, ou mesmo se estiver em pecado ou manifestando amargura contra outro irmão crente, estará participando indignamente.

Participar indignamente é ser culpado do corpo e do sangue do Senhor. A palavra culpado (enochos) significa “ser passível do efeito penal de um ato; aqui a palavra... [envolve] a culpa pela morte de Cristo”. Ao invés de se apresentar à mesa com uma atitude imprópria ou pecadora, o crente deve comparecer “na fé, e com o devido comportamento em relação a tudo aquilo que é apropriado a este ritual solene”.

b) Exame espiritual (11:28).

Antes de participar desse serviço sagrado, examine-se o homem por meio de uma análise rigorosa. Essa palavra significa testar; portanto, o crente deverá examinar seus motivos e seus atos. Certamente ninguém poderá ganhar, como um pagamento, a graça e o perdão de Deus. Mas, por outro lado, um sincero exame irá indicar se a pessoa compareceu à mesa sagrada levada por motivos sinceros e uma obediência ativa ao Senhor. O ensino de Paulo é totalmente positivo. Ele não diz que alguém deva fazer um auto-exame, e deixar a mesa do Senhor em uma situação de desespero. Pelo contrário, ele aconselha o homem a examinar seu coração e, em seguida, cheio de uma fé sincera, coma deste pão, e beba deste cálice.

c) Os perigos da irreverência (11:29-30)

A versão ARA (Almeida Revista e Autorizada) traduz o versículo 29 da seguinte forma: “Quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si”. A palavra krima, que a versão ARA traduz como juízo, significa condenação, como na versão ARC (Almeida Revista e Corrigida). Paulo não tem a intenção de afirmar que a pessoa que comparece à mesa sem a qualificação espiritual adequada será eternamente amaldiçoada. Ele quer dizer que tal ato irá trazer a condenação e a culpa. Não discernindo o corpo do Senhor significa que o crente não foi capaz de distinguir entre o memorial sagrado da Ceia de Senhor e outros tipos de refeição.

O apóstolo indica que como resultado do abuso da Ceia do Senhor... há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem (30). E muito grave declarar que o abuso da Ceia do Senhor resulta na maldição eterna, mas Paulo adverte que o castigo de Deus poderia acontecer, trazendo enfermidades e até a morte física. A palavra fracos (asthenes) está relacionado a enfermidades; o termo doentes (arrostos) quer dizer enfermidade e decadência, enquanto a palavra dormem (koimaomai) é usada frequentemente no N.T para indicar a “morte daqueles que pertencem a Cristo”. 

Godet diz que Paulo está descrevendo um “julgamento prévio, especificamente infligido por Deus, como aquele que Ele envia para despertar o homem para a salvação”.

d) Participação reverente (11:31-34)

A maneira de evitar o castigo de Deus é nos julgarmos a nós mesmos de modo voluntário e sincero (31). Mas, quando Deus envia seu julgamento para o crente, este é repreendido pelo Senhor (32). Nesses casos, os castigos de Deus não são severos, mas símbolos do seu amor. “Eles são enviados para nos livrar dos caminhos do pecado e para não participarmos da condenação do mundo”.

A maneira adequada de observar o sacramento é esperar uns pelos outros (33). Os membros devem esperar até que todos estejam reunidos e depois, com afeição fraterna e respeito, conduzir a festa do amor. A determinação final do versículo 34 é novamente uma advertência para não considerar a Ceia do Senhor uma refeição comum. Se um homem estiver com fome, coma em casa. A finalidade da Ceia é lembrar aos crentes a obra redentora de Cristo e despertar na igreja um espírito de unidade e amor.

Alguns outros pontos relativos a este assunto ainda exigem alguma atenção. Sobre eles Paulo escreve: Quanto às demais coisas, ordena-las-eis quando for ter convosco (34). Esses problemas estavam afetando seriamente a vida da igreja e podiam ser adiados para uma outra ocasião. Quais eram as demais preocupações que Paulo tinha em mente? Talvez ele quisesse separar completamente a ideia da festa do amor da celebração da Ceia do Senhor. Sabemos que por volta do ano 150 d.C. o costume de fazer uma refeição junto com a Ceia do Senhor havia sido abandonado.

Para os cristãos existe “Força através das Ordenanças”:

1) Elas foram instituídas pelo Senhor, 23a;
2) Elas são memoriais do sacrifício de Cristo, 23-26;
3) Elas exigem um auto-exame, 27-29;
4) Elas produzem a preocupação pelos outros, 33-34.

"Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade" - 1 Corintios 5:7, 8. Portanto, entendemos que: A Ceia do Senhor é um memorial da morte redentora de Cristo por nós e um alerta quanto à sua vinda. A Ceia do Senhor é um momento de comunhão da Igreja.

A primeira Páscoa, a qual foi realizada no Egito, foi diferente das demais que foram realizadas posteriormente. A Páscoa realizada no Egito está relacionada à décima praga; a morte dos primogênitos dos egípcios e de seus animais e, também com a saída de Israel do Egito (Êx 12). Naquele dia, cada família fora instruída a imolar um cordeiro, ou cabrito, sem defeitos, e, aplicar o seu sangue nas ombreiras e na verga da porta de suas casas, como sinal que lhes asseguraria segurança se ficassem em casa. Contudo, precisavam obedecer à ordem divina. Portanto, o sangue aspergido nos marcos das portas, fora efetuada com fé obediente (Êx 12:28; Hebreus 11:28); essa obediência pela fé, então resultou na redenção mediante o sangue (Êx 12.7,13). Evidentemente o evento da Páscoa e do Êxodo, é sem dúvida, a mais linda história de Israel no A.T. A história de um povo resgatado da escravidão. Temos realmente certeza, de que se Deus, não houvesse agido e libertado o Seu povo, da escravidão do Egito, a história de Israel seria outra. 

Conclusão 


A trajetória da igreja cristã é composta por muitas histórias, símbolos e tradições. Infelizmente, muitos deles têm sido esquecidos ou deixados de lado. Isso ocorre pelo simples desgaste do tempo ou porque nós mesmos deixamos de dar valor aos fatos históricos, às pessoas, aos costumes e às práticas de nossa igreja. As igrejas vão assim deixando de ter “cara de igreja”.

Mas pior do que deixarmos as tradições e costumes de lado é não vivermos a essência do que é a igreja, ou seja, um espaço de comunhão, amor e solidariedade. Faço uma pergunta a você, irmão ou irmã: quantas vezes na vida você já tomou a Ceia do Senhor? Sim, eu sei que é difícil responder a essa pergunta. Sabemos que a Ceia do Senhor é um sacramento que simboliza o sacrifício de Jesus Cristo por nós. Mas, ao participarmos dessa cerimônia, quantas vezes já paramos para pensar no importante significado que ela tem?

A Páscoa celebrada pelos judeus no tempo de Jesus é para eles, até hoje, um memorial que relembra a saída do povo hebreu do cativeiro egípcio. Podemos perceber pelo texto bíblico que Jesus valorizava a tradição, pois pediu a seus discípulos que preparassem a Ceia Pascal. Ele aproveita o ensejo da comemoração da Páscoa, com seu sentido de libertação do cárcere, para lhe atribuir um novo caráter, de transformação de vidas.

Talvez quisesse dar seus últimos ensinamentos aos discípulos sobre como eles deveriam se comportar e executar sua missão. Aquele era, sem dúvida, um momento crucial, a última chance que Jesus teria de instruir seus discípulos antes de ser crucificado. Quando refletimos sobre o significado de cada elemento que compõe a Ceia do Senhor, passamos a compreender quão profundo e importante é esse ato que realizamos mensalmente.

Há um elemento na Ceia que é pouco citado, mas que tem muito a nos ensinar: a mesa. Num dia a dia marcado por correria e agendas lotadas como o nosso, sentar-se à mesa para fazer uma refeição é quase um luxo. Dentro da cultura judaica, no tempo de Jesus, nunca era permitido que um pecador ou impuro dividisse a mesa com outras pessoas. Já Jesus, nos três anos de seu ministério, questiona essa restrição e assume uma nova prática. 

Em diferentes passagens do Evangelho, podemos vê-lo sentando-se à mesa com pecadores e marginalizados, pessoas consideradas impuras e não merecedoras de respeito ou da graça de Deus. Em sua última refeição, Jesus senta-se à mesa com seus discípulos, inclusive com aquele que iria traí-lo. Nós, como igreja, devemos assumir esse ensinamento que a mesa da Ceia nos transmite: ser um espaço que acolha todas as pessoas, ainda que sejam pecadoras, marginalizadas ou pensem diferente de nós. A igreja deve ser um local onde as pessoas possam entrar, sentir-se amadas e receber a palavra transformadora de vidas.

Já o pão pode simbolizar uma série de coisas, como, por exemplo, a solidariedade, a partilha, a divisão. Na Bíblia, o pão representa muitas vezes a provisão de Deus a seu povo. 

Podemos lembrar-nos do maná no deserto e também da multiplicação dos pães por intermédio de Jesus. Na noite de sua última ceia, Jesus diz, referindo-se ao pão: “Isto é o meu corpo oferecido por vós”. Portanto, quando juntos nos alimentamos do pão, passamos a fazer parte de um só corpo – o corpo de Cristo (cf. 1 Co 10:17). A raiz latina da palavra “pão” é com panis, que curiosamente também é a raiz das palavras “companhia” e “companheiro”. Ou seja, quando comemos do pão, estamos entendendo e aceitando o desejo de Jesus de sermos companheiros de caminhada, ou um corpo que se une e reconhece seus diferentes membros e a importância de cada um deles para o cumprimento da missão.

O terceiro elemento da Ceia é o vinho. Na verdade, ele nem é citado no texto bíblico, mas podemos subentender que era esse o conteúdo do cálice de que a Bíblia fala, já que Jesus se refere ao fruto da vinha. Mas não é qualquer cálice; é o Cálice da Nova Aliança, que simboliza o sangue de Jesus vertido na cruz, que desfez o jugo do pecado e da morte. Assim, não há mais nada que nos condene ou nos afaste do amor de Deus, nem a lei, nem a religião, nem coisa alguma.

Uma igreja que quer realizar a missão de Jesus Cristo precisa viver a dimensão do perdão que se manifestou na cruz. Não cabe a nós acusar, julgar ou condenar quem quer que seja. Só nos foi dada uma alternativa: perdoar. Assim como Jesus nos salvou por meio de um sacrifício, precisamos estar dispostos a sacrificar nosso orgulho, nossa arrogância e, em muitos momentos, nossa teimosia, e perdoar nosso próximo.

Fonte / Bibliografia: [Antonio Gilberto - Uma jornada de fé — A formação do povo de Israel e sua herança espiritual; 4° LIÇÃO 1°TRI 2014-A CELEBRAÇÃO DA PRIMEIRA PÁSCOA; CHAMPLIN, Russell Norman; Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pág. 101-102; Donald S. Metz, Comentário; Bíblico Beacon, Editora CPAD. Vol. 8. pág. 329-331; PFEIFFER Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe, Ed. CPAD; Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal; Bíblia de Estudo Pentecostal; Bíblia Defesa da Fé.

domingo, 27 de dezembro de 2015

PARÁBOLA DE UM MACONHEIRO CRISTÃO

A legalização do uso das drogas é um Projeto de Lei (PL 7270/14) proposto pelo inominável deputado Jean Wyllys (PSol -RJ) que tramita no Congresso. O tema do tal controverso PL é uma fonte de inspiração para consumidores (famosos e anônimos), sociólogos, artistas, livres pensadores, intelectuais, médicos, biólogos, cientistas, filósofos - eis formado o bloco da Marcha da Maconha -... e mexe com a estrutura dos seguidores dos vários credos e crenças. 

Há os prós - defendidos por alguns especialistas em segurança que afirmam que a legalização minimizaria o tráfico (Será?) e por médicos que afirmam que medicamentos que levam a Cannabis sativa são eficaz em sua posologia (Sim, pode ser!) e os contras, defendidos pela ala mais conservadora da sociedade. Entretanto, em países onde o consumo da maconha já foi legalizado (ou liberado), como a Holanda, por exemplo, já assumiram o arrependimento pela decisão. Foi o típico caso de tentar reter água em peneira. Também pode ser considerado um tiro dado no próprio pé.

Indo aos fatos


Há muita gente fumando maconha, pesquisa do LENAD – Levantamento Nacional de Álcool e Drogas apontou que cerca de 1,5 milhão de adolescentes e adultos usam maconha diariamente no Brasil. Dentre estes há muitos cristãos que sofrem o tormento diário tentando saber se o que estão fazendo é da vontade de Deus ou se há alguma coisa na Bíblia que condene esta prática.

Imagino que todo cristão tem ocasiões em que fica angustiado para saber a vontade de Deus sobre determinada decisão que tem de tomar. O cristão que age assim, ama a Deus e tem a preocupação de servi-lo bem e quer colocar suas decisões pessoais nas mãos do Senhor. As pessoas querem saber a vontade de Deus sobre os mais variados assuntos e circunstâncias, desde saber se aquele cigarrinho de maconha que ela tanto gosta faz mal ou não, até a um relacionamento amoroso incluindo aí as questões relacionadas a sair ou permanecer em um emprego.

Há alguns indicadores seguros a respeito da vontade de Deus, o apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos registrou o que consideramos como a sendo perfeita, agradável vontade de Deus. Falando ao Filipenses, Paulo deixou dicas super importantes para nossas decisões cotidianas (Filipenses 4:8).

Meu propósito neste artigo é trazer uma reflexão sobre os limites da liberdade cristão ao apresentar uma parábola com momentos e situações de intimidade de um maconheiro com Deus. Imagino algo mais ou menos assim:

O Maconheiro e Deus


Oração de um maconheiro para aliviar sofrimento


Aew Sinhô, tô chegando na humildade morô? Aew, tô caretaço. Tô aê mor bad trip, vim pedir manow pra por uns panos, aew pega leve.

Na consagração


O pastor solicitou que a igreja fizesse uma consagração, o maconheiro também quer participar, imagino assim a sua oração: 
Aew Sinhô, tô ma maior larica, mas então, tô aqui pro Manow resolver aquela parada lá, sei que o Sinhô é ponta firme e não vai dar guela. É nois!

Reclamando do irmão na oração


– Pôrra Deus! Zé povinho é foda, só porque o manow é fariseu foi caguetar nois pro pastor, manin é mor 171, maior nóia do pastor dar um gelo em nóis. Vacilo total. Mas aew, tem nada não, suave. Deixa rolar essa  bronca.

Na hora do louvor


Na hora do louvor ele está extasiado, bate palmas, canta e participa efusivamente do culto, ele cutuca seu amigo ao lado e ambos comentam:

– Ih, jou! Mor barato, morô! Que viage, véiAew, este batera é fera, hein mermão?

– Só, mas então, o mano é nosso parça. Vida loka, certooo?

No dia do seu batizado, o pastor o chama para descer às águas, horas antes ele esteve com Deus em oração


Aew Sinhô, tô no mor sussu, aew, ó sinhô me salvou da sujeira. Aew manow, peço forças pra num estar mais com us mano da vida loka, mor chinfra. Suave, é nóis!

Moral da história


Somos livres em nosso relacionamento com Deus. Mas tal liberdade não pode em nenhuma hipótese sobrepujar a necessária reverência devida ao Todo Poderoso. Somos completamente livres em nossas escolhas, sejam elas quais forem. Entretanto, é necessário entendermos que "todas as coisas nos são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas nos são lícitas, mas eu não devemos nos deixar ser dominados por nenhuma." E que "fomos chamados à liberdade, mas não devemos usar da liberdade para dar ocasião à carne" - 1 Coríntios 6:12, Gálatas 5:13a

sábado, 26 de dezembro de 2015

CRÔNICA DE UM TALENTO

Seguindo a série especial de reflexões, aqui trago não uma parábola, mas uma crônica da vida real. Há anos uma mulher concorreu a uma competição televisiva de procura de talentos, muito popular na Grã-Bretanha, o Britain's Got Talent.

O que aparento ser?!


Tratava-se de uma mulher desempregada, de 47 anos, uma fraca figura, mal vestida, cabelo maltratado, sobrancelhas tipo homem das cavernas, penteada sem gosto, e com um sentido de humor, digamos, estranho. Tinha tudo para sair do palco vaiada e humilhada. Não seria a primeira. Ela era uma figura feia. Patética. Digna de dó.

O que esperam de mim?!


Quando a plateia e o júri se preparavam para uma vaia monumental, mal ela abrisse a boca para cantar as primeiras notas, aconteceu o inimaginável: brotou de dentro dela uma voz notável, bem timbrada, colocada, afinada e expressiva que deixou incrédulos os presentes durante uns segundos decisivos. Depois a plateia rompeu em aplausos, tendo aclamado de pé a candidata a artista, que interpretou um tema não muito fácil: “I Dreamed a Dream” (Sonhei um Sonho), do musical Les Misérables.

O que eu realmente sou!


O passo determinado e firme com que entrou no palco parecia não se conjugar com o aspecto da senhora, mas era o único elemento que deveria ter feito desconfiar a assistência. Desconfiar da sua aparência rústica e quase boçal, e que, como bem sabemos mas quase sempre esquecemos, nem sempre o que parece é.

O que eu posso oferecer!


O preconceito (pré-conceito) foi assim destruído, desta forma violenta, frontal e decisiva, num meio de comunicação de massas como a televisão, onde quase tudo é artificial, e numa época em que se avaliam as artistas da música não pelos dotes vocais mas pelo corpo e a forma ousada como o expõem.

Moral da história


A personagem dessa crônica é a britânica Susan Boyle. Com ousadia, confiança e objetivo, Susan centrou-se em cantar e secundarizou o resto. Acreditou que o júri estava ali para avaliar os seus dotes como cantora e não como modelo. O seu passo firme pode querer dizer que, quanto a isso, estava à vontade. Sabia o que valia, de modo que nem pareceu surpreendida pela reação inicial de quase desprezo do público, nem pela reação subsequente, quando teve a oportunidade de a ouvir cantar, esta extremamente positiva.

Um dos cronistas da nossa praça jornalística classificou-a como “velha, feia e com sucesso; feia a conquistar um mundo de glamour, velha insistindo num sonho”. Não sei se Susan Boyle tinha mesmo o sonho de vir a ser cantora profissional - aliás, depois de sua apoteose, e do alvoroço sequente, ela meio que saiu de cena (Afinal, por onde anda Susan Boyle? E você, ainda se lembrava dela?) -, mas pelo menos levou a satisfação de ter levado um júri, uma audiência física, e milhões através dos ecrãs, a engolir o seu preconceito.

O vídeo deste acontecimento (abaixo), no Youtube, registra até aqui 13.052.654 de visionamentos. Misericórdia! É muito preconceituoso junto neste nosso mundo de meu Deus.


sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

A PARÁBOLA DA COBRA E DO PIRILAMPO

As parábolas (narrativas alegóricas que transmitem uma mensagem indireta, por meio de comparação ou analogia) são muito comuns na literatura oriental e consistem em histórias que pretendem trazer algum ensinamento de vida. Possuem simbolismo, onde cada elemento da história tem um significado específico.Vou postar uma série de parábolas e uma reflexão sobre cada uma delas. A primeira dessa série é a conhecida Parábola da cobra e do pirilampo (ou vagalume).

A cobra e o pirilampo


Conta-se que certa vez uma cobra começou a perseguir um pirilampo. Ele, coitado, fugia com medo da predadora, mas a cobra não desistia. Um dia, já sem forças, o pirilampo parou e disse à cobra:
– Posso fazer-te três perguntas?
– Podes. Não costumo abrir precedentes, mas já que te vou comer, podes perguntar.
– Pertenço à tua cadeia alimentar?
– Não.
– Fiz-te algum mal?
– Não.
– Então porque é que me queres comer?
– Porque não suporto ver-te brilhar!…

Moral da história


Esta deliciosa metáfora ilustra de forma exemplar a inveja social que envenena demasiadas vezes as relações humanas. É da natureza dos pirilampos brilhar do mesmo modo como é da natureza das cobras rastejar.

Quando as diferenças de competências, características e capacidades entre seres humanos não são percebidas, o mais natural é estabelecerem-se comparações desajustadas, injustas, inúteis e normalmente frustrantes para quem sai desfavorecido.

Há coisas que, por mais que se tente mudar, não há como. Há uns milhares de anos, o sábio Salomão perguntava, de forma claramente retórica: “Pode o leopardo apagar as suas manchas?”

O igualitarismo social é utópico e contranatura porque as pessoas são intrinsecamente diferentes e complexas.

O importante é assegurar a igualdade dos seres humanos em termos de dignidade, o que, desafortunadamente, está muito longe (cada vez mais!) de acontecer. Depois, cada um faz com o que tem e é aquilo que quer e pode, sujeito ainda às vicissitudes da vida.

Até lá, ainda andamos a tropeçar em cobras quase todos os dias. Cobras que não suportam o nosso brilho e que nos querem “apagar”. Daí termos um mundo cada vez mais cinzento, triste e sombrio.

OS NOMES DE DEUS E SEUS SIGNIFICADOS

O nome sempre teve valor significativo na história de uma pessoa, especialmente quando se trata de uma família com princípios religiosos. Buscando o sentido bíblico, os nomes eram escolhidos visando uma característica da própria pessoa, de sua personalidade, ou mesmo um significado profético. 

Na maioria das vezes, como a religiosidade era muito forte entre os povos da Bíblia, os nomes estavam ligados a Deus ou faziam referência a alguma graça alcançada. No caso dos judeus, vemos isso em quase todos os nomes bíblicos: Natanael, que significa “dádiva de Deus”; Samuel, “ouvido por Deus”; Adonias, “Javé é meu Senhor”, e por aí vai.

Outras vezes, o significado do nome descrevia uma característica. Isaque, “riso”, para lembrar o sorriso de seus pais idosos ao ouvirem que teriam um filho (Gn 17,17); Esaú, “peludo”; Edom, “vermelho”; Moisés, “tirado da água”, pois a filha do Faraó o encontrou numa cesta boiando nas águas do rio (Ex 2,10).

O nome era tão importante que, após a pessoa assumir uma missão especial ganhava um novo nome para dar sentido ao compromisso assumido. Abrão, era o nome quando ele era pagão e adorava outros deuses, depois da conversão, mudou para Abraão; Saulo, quando perseguia os cristãos tinha este nome, depois da conversão virou Paulo. Esse costume foi trazido para as ordens religiosas da Idade Média. O conhecido Santo Antônio, por exemplo, chamava-se Fernando de Bulhões.

Hoje, muitas famílias cristãs recorrem à Bíblia para buscar o nome de seus filhos, o que é um costume muito bonito. Mas, há também aquelas que não valorizam essa característica tão especial e que dá identidade cristã ao filho, e escolhem apenas por achar bonito, o nome de um artista, jogador de futebol, cantor sem saber o verdadeiro significado.

Primeiro quero acrescentar que o nome é a própria personalidade, por assim dizer, pois é individual. Veja no "princípio" os indivíduos não costumava usar sobrenomes, podemos constatar isso na Bíblia, que é o nosso foco: Abraão, Jacó, Ruth; o que costumavam fazer era acrescentar algo que o fizesse lembrar. 

Hoje em dia ainda costumamos fazer assim; dizemos: "O Daniel da padaria, O Daniel da locadora, etc." Jesus era conhecido como "Jesus de Nazaré", aqui usaram o local de nascimento; Paulo, após sua conversão era conhecido como "Saulo de Tarso"; o primeiro homem criado por Deus, Adão significa "da terra ou tirado da terra vermelha", isso indicava sua origem.

Para falar de ou a respeito de Deus nós precisamos ter um certo cuidado sobre qual "Deus – deus" nós estamos realmente falando. Portanto iniciaremos com:

Nomes genéricos de Deus


Genérico, por si só já diz não ser peculiar ou específico da divindade. Genericamente podem ser usados pelo Deus verdadeiro como por falsos; feminino ou masculino. Vejamos biblicamente:

Elohim – (plural אלחים) e Eloah – (singular אלוה) = Deus, Criador "implícito o poder criativo e a onipotência". É o primeiro nome que surge na Bíblia: "No princípio criou Deus (Elohim – אלחים) os céus e a terra" (Gênesis 1:1). Elohim (אלחים) aparece 2498 vezes e Eloah – אלוה, aparece 57 vezes e desse total apenas 245 não se refere ao verdadeiro Deus de Israel. Esse substantivo vem do verbo hebraico "Aláh"- "Alá", e significa "ser adorado, temido e reverenciado, ser excelente". El (אל) = Deus, "aquele que vai adiante ou começa as coisas". Nome apenas no singular e aparece 250 vezes. Extremamente conhecido pelos povos que falam a língua semita.

Pode ser usado com "deus" para divindades falsas, mas também "Deus" para o verdadeiro Deus de Israel. Com pouca frequência foi usado para significar "o poderoso", mas apenas ara homens e anjos. Normalmente aparece sozinho, mas foi combinado formando termos compostos significando deidade, ofício, natureza ou atributos do Deus verdadeiro.

El-Berit = Deus que faz pacto ou aliança (Gênesis 31:13, 35:1-3),
  • El-Elyon (אל עליון) = Deus que faz pacto ou aliança (Gênesis 31:13, 35:1-3), Elyon, adjetivo que deriva do verbo hebraico "Aláh" e usado para coisas significa: "subir, mais alto, mais elevado, superior e utilizado para se referir a Deus significa "o excelente, o alto, o Deus glorioso".
  • El-Ne‘eman = Deus de graça e misericórdia (Deuteronômio 7:9),
  • El-Nosse = Deus de compaixão (Salmos 99:8),
  • El-Olan (אל עלם) = Deus eterno, da eternidade (Gênesis 21:33),
  • El-Qana = Deus zeloso (Êxodo 20:5; 34:14),
  • El-Ro‘i = Deus da vista (Gênesis 16:13),
  • El-Sale‘i = Deus é minha rocha, o meu refúgio (Salmos 42:9-10).

Nomes específicos de Deus


Totalmente contrário aos genéricos, os nomes específicos de Deus, que são os utilizados na Bíblia para o único Deus verdadeiro e jamais serão utilizados para outras divindades.

Shadday (שדי) – Todo-poderoso, tanto pode aparecer sozinho (שדי = todo-poderoso, Gênesis 49:24; e, em Jó encontramos 31 vezes) como também utilizando El - אל  e obtendo uma forma composta (El-Shadday –  אל שדי  = Deus Todo-poderoso, Gênesis 17:7; 28:3; 35:11; 43:14; 48:3; Êxodo 6:3 e Ezequiel 10:5). Encontramos na Vulgata Latina sua tradução por omnipotens e na Septuaginta como Pantokrator.

Adonay (חשם) – Senhor. Passaram a utilizar Adonay (השם) em serviços religiosos e há’Shem השם para conversas informais, devido à lei explícita: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão". (Êxodo 20:7) assim como, "E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente será morto; toda a congregação certamente o apedrejará. Tanto o estrangeiro como o natural, que blasfemar o nome do Senhor, será morto" (Levítico 24:16), nunca o tetragrama יהוה .



YHWH – ( יהוה ) = Senhor
há’Shem – ( השם ) = Senhor

Existem muitos textos, mensagens e estudos a respeito do verdadeiro nome de Deus, mas o meu intuito não é querer saber mais ou menos que muitos assim intentaram fazer. O que eu acredito é que em manuscritos antigos e versões próximas do original é que nos dá a indicação de como escrever o nome de Deus, mas quanto à pronúncia correta não há como sabermos exatamente como os judeus pronunciavam, e tornou-se, na verdade, impronunciável pelos hebreus desde o período inter-testamentário, pois conforme ordem divina era proibido tomar o nome do Senhor (YHWH - יהוה) em vão. Assim temiam e temem pronunciar o tetragrama e, em seu lugar, substituem-no por Adonai = Senhor ou "O Nome" ou há’Shem - em "conversas informais" em hebraico.

O "Tetragrama Sagrado - יהוה escrito apenas por quatro consoantes: yod, he, vav, he (o alfabeto hebraico não possuía vogal): YHWH aparece 5321; e são dos textos mais antigos que se originaram os livros do Velho Testamento bíblico.

Muitas Bíblias, assim como muitos cristãos – onde me incluo, ainda que raramente – se utilizam da pronúncia "JEHOVAH" (Jeová), para o tetragrama YHWH - יהוה . Não podemos dizer que o nome Jeová seja a forma incorreta ou correta de pronúncia, mas aceitável. Os mais letrados em teologia, entretanto, consideram uma forma mais acertada pronunciar "YAHWEH" (Iavé - Javé) ou então "YAHWO" (Iavô), mas acredito que se Deus não deixou de forma revelada tal tradução, então não há a necessidade de nos aprofundarmos nisso!

Nomes compostos de Deus


Utilizados para revelar aspectos a mais do caráter de Deus; mais alguns adjetivos de Deus: YHWH Elohim – (יהוה אלהים) = Criador de todas as coisas, YHWH Jireh – (יהוה יראה) = O Senhor proverá – Deus proverá. Foi o que disse Abraão a Isaque sendo interrogado por ele quanto ao cordeiro para ser sacrificado. "Respondeu Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. E os dois iam caminhando juntos". (Gênesis 22:8).

Também foi o nome que deu Abraão após a providência do Senhor para aquele sacrifício, não tendo ele que sacrificar Isaque, seu filho: "Pelo que chamou Abraão àquele lugar Jeová-Jiré; donde se diz até o dia de hoje: No monte do Senhor se proverá". (Gênesis 22:14). E tal como aconteceu com Abraão, também Deus proveu para nós, pecadores, um Cordeiro; Jesus (João 1:29)!
  • YHWH Rafa – (יהוהדפה) = O Senhor que te sara (Êxodo 15:26).
  • YHWH Nissi – (יהוה נסי) = O Senhor é a Minha Bandeira.
  • Moisés assim chamou o altar que edificou. (Êxodo 17:15).
  • YHWH Shalom – (יהוהשלום) = O Senhor é Paz. Hoje pregamos ao mundo a Paz que é o Senhor; a Paz que só o Senhor pode trazer aos corações aflitos. Foi o nome dado por Gideão ao altar que edificou. (Juizes 6:24).
  • YHWH Raah – (יהוהדעה) = O Senhor é o Meu Pastor. Acredito que não haja quem não conheça essa passagem nas Escrituras. Mas, para podermos clarear nossa mente vamos ao Salmo escrito por Davi "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará" (Salmos 23:1). E como é bom saber que o nosso Pastor é o Senhor; Quão bom é saber que à frente das nossas veredas segue o Senhor tirando os espinhos, e, melhor ainda; quão bom é saber que as veredas eternas prometidas pelo Senhor são maravilhosas.
  • YHWH Tsidikenu – (יהוהצדקנו) = Senhor Justiça nossa. Jeremias profetizando a respeito de Judá disse: "Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O Senhor Justiça Nossa". (Jeremias 23:6).
  • YHWH Sabaoth (Sebhãôh) – (יהוהצכאח) = O Senhor dos Exércitos Todo exército tem um General; ele cuida, ele dá ordens, ele vai adiante dos seus soldados, e nós temos ao Senhor dos Exércitos que comando miríades de anjos celestiais que estão sempre ao redor e à disposição daqueles que O buscam (Salmos 24:10).
  • YHWH Shammah – (יהוהשמה) = O Senhor está ali. A divisão das tribos. "Dezoito mil côvados terá ao redor; e o nome da cidade desde aquele dia será Jeová-Samá". (Ezequiel 48:35).

Nomes de Deus no Novo Testamento


A Septuaginta foi a primeira tradução Bíblica hebraica para o grego, isso porque havia uma clima de desacordo entre os Judeus e os gregos (detalhes aqui  → http://circuitogeral2015.blogspot.com.br/2015/12/septuaginta-biblia-como-ela-e_90.html). Os Judeus sempre foram monoteístas, mas os gregos existiam vários deuses. O Panteão grego, que, etimologicamente, deriva de Pan (todo) e theos (deus), literalmente significando o templo dedicado a todos os deuses. Aristóteles, o filósofo, para demonstra a fragilidade da religião grega, afirmou: "O homem fez os deuses à sua semelhança e lhes deu seus costumes".

É devido a Septuaginta que notamos a demonstração de zelo pela sua religião, e, é por meio dela que descobrimos os equivalentes gregos dos nomes usados para Deus no Antigo Testamento, como El, Elohim, Eluon e YAWH.

  • Өєόζ (Theos) - Deus


O nome mais comum utilizado no Novo Testamento é (Өєόζ - Theos). Assim como as palavras hebraicas el, elohim, eloah no Antigo Testamento, theos no Novo Testamento pode significar "Deus" ou "deuses". "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus (Өєόζ - Theos) , e o Verbo era Deus (Өєόζ - Theos)." - João 1:1.

  • Қύριοζ (Kurios) - Senhor


Podemos notar que no Novo Testamento a tradução na Septuaginta de ambas as palavras Adonai e do nome impronunciável YHWH foi pela palavra grega Қύριοζ (Kurios - Kuriov), "Senhor". Kurios/Adonai traz a ideia básica da soberania de Deus, da suprema posição do Criador, em todo o Universo que criou. E mais, tanto o Pai (Deus) como o Filho (Jesus) são chamados pelo termo grego Kurios. "E tocou o sétimo anjo a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: 'O reino do mundo passou a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos'" (Apocalipse 11:15). "... e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor (Қύριοζ - Kurios), para glória de Deus Pai (πατήρ - pater)" - (Filipenses 2:11). "Portanto vos quero fazer compreender que ninguém, falando pelo Espírito de Deus, diz: Jesus é anátema! e ninguém pode dizer: 'Jesus é o Senhor!' (Қύριοζ - Kurios) senão pelo Espírito Santo" - (1 Coríntios 12:3).

  • πατήρ (Pater) - Pai


"Portanto, orai vós deste modo: Pai (πατήρ - pater) nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome" - Mateus 6:9. O Cristão fala de muitos privilégios, mas acredito que o maior deles seria chamar ao nosso grandioso Deus de Pai - "Pai Celestial". Sabe por que? Os judeus afirmam que Deus jamais teve um filho, portanto não reconhecem Cristo como o Unigênito de Deus. O islamismo rejeita a idéia de Deus ser Pai. A grande diferença entre as três grandes religiões monoteístas, que torna um privilégio único, é que somente nós os cristãos, ou seja, o cristianismo é que mantém um relacionamento de Pai para filho com seu Deus.

Mais algumas particularidades bíblicas


O nome Jesus vem do hebraico Yehoshua - "Josué", que significa "Iavé é salvação". Josué era chamado de Oshea ben Num que significa "Oséias, filho de Num", podemos comprovar pela Palavra de Deus "Da tribo de Efraim, Osias, filho de Num" (Números 13:8).

A Septuaginta (tradução grega do Velho Testamento) usou o nome Iesus (Iesous) para Yehoshu'a (Jeshua, Jehoshu'a); Portanto Iesous é a forma grega do nome Yehoshua (Yehoshu'a). Depois do cativeiro de Babilônia, o nome Yehoshua (Jehoshu'a) era conhecido por Yeshua (Jeshua). "E toda a congregação dos que voltaram do cativeiro fizeram cabanas, e habitaram nas cabanas, porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria" (Neemias 8:17). Josué era chamado Yeshua ben Num. Yeshua é o nome hebraico para Jesus, até os dias de hoje em Israel. Isso pode ser comprovado em qualquer exemplar do Novo Testamento hebraico. 

Todos sabemos que nome não se deve traduzir, mas sim transliterar conforme a natureza de cada língua. Por exemplo: os nomes de Eva, David e outros que em nosso idioma levam a letra v. Em hebraico o v substituído por u, aparecendo nos textos como Eua e Dauid. A letra beta b, na antiguidade, no grego moderno v. Hoje se escreve Dabid, para David, e Eba para Eva.

Ainda assim, existem nomes que permanecem inalteráveis em outras línguas, mas não em sua maioria. Por exemplo:
O nome João, Yohanan ou Yehohanan (decomposição Yeh, Yo, Yaho, contração de Yahweh, Javé = Deus) e hanan (compadecer-se), tendo o sentido de Deus teve misericórdia, Deus se compadeceu.) em hebraico; Ioannes em grego; John Inglês; "Jean" em francês; "Giovani" em italiano, "Juan" em espanhol; "Johannes" em alemão, e assim por diante. E isso ocorre com vários nomes.

Há nomes que mudam substancialmente de um idioma para outro. Lázaro em grego é Eleazar em hebraico. Elizabete é a forma hebraica do nome Isabel. O argumento, portanto, de que o nome deve ser preservado na forma original, em todas as línguas, é contraditório não havendo assim muito apoio bíblico, como por exemplo Tzevaoth – (Sebhãôth).

Vejamos abaixo uma lista dos nomes de Deus


Aará → Meu Pastor,
Adon Hakavod → Rei da Glória,
Adonay ( חשם ) → Senhor,
Attiq Yômin → Antigo de Dias,
El  ( אל ) → Deus "aquele que vai adiante ou começa as coisas",
El-Berit  Deus que faz pacto ou aliança,
El Cana → O Deus zeloso,
El Deot → O Deus das Sabedorias,
El Elah → Todo Poderoso,
El Elhôhê → Israel Deus de Israel,
El-Elyon ( אל עליון ) →  Deus que faz pacto ou aliança,
El-Ne‘emanDeus de graça e misericórdia,
El-Nosse  → Deus de compaixão,
El-Olan ( אל עלם ) → Deus eterno, da eternidade
El-Qana  → Deus zeloso,
El Raí → O Deus que tudo vê,
El-Ro‘i Deus que vê (da vista),
El-Sale‘i Deus é minha rocha, o meu refúgio,
El-Shadday  ( אל שדי ) → Deus Todo Poderoso,
Eliom → Altíssimo,
Elohim – (plural) ( אלחים ) → Deus; Criador "implícito o poder criativo e a onipotência",
Eloah – (singular) אלוה Deus; Criador "implícito o poder criativo e a onipotência",
Gibbor  → Poderoso,
há’Shem – ( השם ) → O Nome - Senhor - o mesmo que YHVH Jehoshua (Jehoshu'a) Javé é a Salvação,
Kadosh Israel → Santo de Israel,
Malah Brit  → O Anjo da Aliança,
Maor  → Criador da Luz,
Margen → Protetor,
Nikadiskim → Que nos santifica,
Palet  → Libertador,
Robeca  → Que te sara,
Salvaon  → Senhor Todo Poderoso,
Shadday ( יהוה ) → Todo Poderoso,
Shaphatar  → Juiz,
Yahweh Javé → Deus Yaveh (Yahweh)m
El Elion Norah → O Senhor Deus Altíssimo é Tremendom
Yaveh (Yahweh) Tiçavaot → Senhor das Hostes Celestiaism
Yeshua → Jesus...

veja também [Jesus um Nome sobre todo o Nome],YHWH – ( יהוה ), tetragrama; um nome difícil, quase impronunciável, de Deus, sempre é traduzido por Senhor. Yehoshua (Iesus, Iesous), Javé (Iavé) é a Salvação:

YHWH (Jeová)  Elohêkha → O Senhor teu Deus,
YHWH (Jeová) Elohim – ( יהוה אלהים ) → Senhor (criador) de todas as coisas
YHWH (Jeová) Hosseu → O Senhor que nos criou,
YHWH (Jeová) Jaser  → O Senhor é Reto,
YHWH (Jeová) Jireh – ( יהוה ידאח ) → O Senhor proverá – Deus proverá,
YHWH (Jeová) Nissi – ( יהוה נסי ) → O Senhor é a Minha Bandeira,
YHWH (Jeová) Raah – ( יהוה דעה ) → O Senhor é o Meu Pastor,
YHWH (Jeová) Rafaf – ( יהוה רפה ) → O Senhor que te sara,
YHWH (Jeová) Sabaoth – (Sebhãôth) – ( יהוה צבאות ) → Senhor dos Exércitos,
YHWH (Jeová) Tzevaoth – ( יהוה צבאות ) → Senhor dos Exércitos,
YHWH (Jeová) Shalom – ( יהוה שלום ) → O Senhor é Paz,
YHWH (Jeová) Shammah – ( יהוה שמה ) → O Senhor está presente; O Senhor está ali,
YHWH (Jeová) Tzidikenu – ( יהוה צדקנו ) → Senhor Justiça nossa; O Senhor é a nossa Justiça,

Yohanan (Yehohanan) → no sentido de Deus se compadeceu, Deus teve misericórdia.


Conclusão


Os nomes são importantíssimos para o homem, desde que fomos criados por Deus estamos colocando nome em tudo, pois esse foi um dos trabalhos que Deus nos deu, por isso é um despropósito negarmos a existência de nomes para igrejas. Devemos deixar simplesmente as questões sobre os nomes de lado e procurar engrandecer o nome de Deus e o depois: "Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" - Romanos 10:13. Além de que Deus também faz grande o nome de alguns como foi o caso de Abrão: "Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção" - Gênesis 12:2. Nossos nomes estão escritos no Livro da Vida, ou seja, é o registro de nossa inclusão na Eternidade (Lucas 10:20; Apocalipse 20:12, 15 em conformidade com Êxodo 32:32, 33 e Daniel 12:1b).

[Fonte: Dicionário Bíblico Hebraico-Grego]